Só Agora Eu Sei ✓

By JBoreggio

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Duas almas, dois destinos separados pelo tempo e circunstâncias, mas o fio sempre volta a aproximá-los. Duas... More

0 | PRÓLOGO
1 | FIO VERMELHO
2 | UM ESTRANHO EM MINHA VIDA
3 | NUNCA DIGA NUNCA
4 | PEÇAS SE ENCAIXANDO
5 | VOCÊ SE SUPERESTIMA DEMAIS
6 | UM JOGO DE XADREZ
7 | ME DESCULPE
8 | ESCOLHAS E DECISÕES
9 | COMO ANTES...
10 | O LADO BELO DA FLOR
11 | O IMPOSSÍVEL POSSÍVEL
12 | EXAUSTÃO
13 | "MEU AMOR"
14 | SOU UM CASO PERDIDO
15 | DECEPÇÃO
16 | "AS COISAS NÃO PEDEM A NOSSA OPINIÃO"
17 | O MUNDO É, REALMENTE, PEQUENO
19 | UMA SÚBITA REFLEXÃO
20 | PERDIDAMENTE APAIXONADOS
21 | ABISMO
22│A CULPA
23│NÃO ESTAVA SÓ
24│ALGUÉM COMO ELA
25│UM OÁSIS PARA DOIS
26 | UMA ÚLTIMA VEZ
27 | SUA VOZ
28 | LÁGRIMAS SILENCIOSAS E PALAVRAS SUSSURRADAS
29 | ANSIEDADE
30 | PESADELO
31 | NEGAÇÃO
32 | SENTIMENTO DE PERDA
33 | COMO VOCÊ REALMENTE ESTÁ SE SENTINDO?
34 | ESTRAGO PERFEITO
35 | JUSTIÇA INJUSTA
36 | QUAL... QUAL É O SEU NOME!?
37 | A HISTÓRIA POR TRÁS DO NOME
38 | SOZINHA COM ELE
39 | INDEPENDENTEMENTE DO QUE ACONTECER
40 | EPÍLOGO
40.1 | "SONHOS"
40.2 | "SONHOS" NÃO. ENFIM, REALIDADE
ᴀɢʀᴀᴅᴇᴄɪᴍᴇɴᴛᴏs
ᴄᴏɴᴛɪɴᴜᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ

18 | VISITA

805 100 25
By JBoreggio

Seu turno acabara de começar. Hanna limpava as mesas e os balcões com agilidade, já acostumada com o trabalho. Durante a aula, pensara diversas vezes se demitia-se ou não, por fim, acabou por não. Ela se demitir, seria mais uma prova — para ela mesma — de que tudo o que fazia em sua vida era em prol de agradar seu pai, alguém que nem olhava para ela. Então, para manter sua dignidade e orgulho, decidiu manter o emprego.

Ao terminar de limpar todo o estabelecimento, ficou no caixa à espera de algum cliente. Enquanto mexia em seus cabelos um pouco desbotados, pensando que logo teria que pintá-los mais uma vez, ouviu o sino da lanchonete tocar. Ao ver quem era seu mais novo cliente, abriu um sorriso.

— Bryan, não? — Ela pergunta receosa, com medo de não ter lembrado bem de seu nome.

— Sou eu sim, ruiva.

— Pode se sentar. — Ela aponta para a cadeira alta de frente para o balcão à sua frente.

Ele senta-se de bom grado.

— O que irá querer?

— Vocês, por acaso, vendem peixe com fritas?

Aham, deseja algo mais?

— Uma coca-zero.

— Está bem!

Ela vira-se e faz o pedido do garoto, e, enquanto espera ficar pronto, move a cabeça um pouco para trás, tentando, em vão, vê-lo novamente.

— Soube que os dois garotos aí viram filmes tristes e choraram a noite inteira... — Ela diz rindo, indo até à sua frente e lhe entregando o que foi pedido.

— Peter te contou? — Bryan ri enquanto come.

— Então é realmente verdade! Nossa, e eu achando que vocês dois tinham masculinidade frágil...

Bryan, ao cessar a risada e voltar a comer calmamente, faz uma pergunta um tanto afiada para Hanna.

— Peter me contou sobre ontem... — ele hesita — você está bem?

Hanna, enquanto o observa atentamente, move a cabeça um pouco para o lado, dando um sorriso sincero em troca.

— Estou sim.

Não era mentira, mas não era toda a verdade. A questão era que, sim, seu coração ainda se apertava ao lembrar-se e, diversas vezes ao dia, sentia a vontade imersa de gritar — algo que lutou para não fazer. Entretanto, a conversa que tivera com Peter melhorou seu ânimo em setenta por cento! Sentira-se muito melhor após o jogo de basquete, mesmo que seu orgulho não a deixasse admitir isso em voz alta.

Bryan sorri de forma acolhedora de volta, quando Hanna lembra-se de algo.

— Bryan, onde Peter foi? — a ruiva pergunta ao lembra-se que, logo após eles conversaram de amanhã, o mesmo não compareceu à aula, fazendo-a ficar preocupada — Ele sumiu de repente da escola e hoje a professora passou o assunto das provas....

O mais velho contrai as sobrancelhas confuso.

— Que estranho, ele não me disse nada... — Bryan fica pensativo — se tiver preocupada, vá ao hotel em que ele está hospedado, acho que sabe onde é, não? O seu quarto é o 1207, se eu não me engano.

— Obrigada. — Ela agradeça do fundo do coração. Realmente estava preocupada com Peter.

Eles continuaram a conversar naturalmente até Bryan acabar de comer e então se despediram, mas, mesmo assim, Hanna continuava preocupada. Por que ele faltaria a aula se estava tudo bem?

Ao terminar seu turno uma hora mais tarde, Hanna trocou-se na sala de funcionários. Estava receosa, não queria encontrar seu pai, já que sabia que ambos estavam hospedados no mesmo hotel, mas sua preocupação com o garoto era maior. Então respirou fundo, pediu um Uber e foi se encontrar com Peter.

Ao chegar no hotel, começou a mexer repetidas vezes em seu cabelo desbotado enquanto ia em direção aos elevadores com certa hesitação. "Eu posso ir lá? Sem mais, nem menos?", ela se perguntava, "É por uma boa causa, preciso entregar o assunto da prova, só isso...".

Ao entrar no elevador e as portas se fecharem, ficou encarando os botões.

— Tá, ele disse que era o quarto 1207... isso quer dizer que ele é no décimo segundo andar, não? Bom, vamos tentar.

Ela clicou no botão e o elevador começa a subir e, ao abrir novamente as portas, andou pelo extenso corredor.

"1207... 1207... 1207... achei!".

Ela, hesitantemente, deu três batidas na porta.

Eu não pedi nada... — Ela escuta a voz de Peter e sente um alívio estranho dentro de seu peito.

"Ele está bem, então...", ela pensa ao suspirar aliviada, sentindo-se uma tola por achar que o mesmo estava com algum problema.

A porta, ao abrir, mostra um Peter com a cara amassada, como se estivesse acabado de acordar. Ele veste uma blusa branca sem nenhuma estampa, uma calça de moletom cinza e pantufas da mesma cor nos pés.

— H-Hanna? — Peter pergunta surpreso e confuso.

— Oi, só queria ver se estava bem mesmo. Hoje, de repente, você faltou à aula, bem depois de nos encontramos...

— Ficou preocupada, foi? — Peter a provoca.

Ela coloca a mão em seu peito e faz uma expressão dramática.

— Quanto eu fiquei! Eu quase morri do coração quando vi que você não foi para a aula, e eu, como sua fã número um, tive que vir aqui!

Peter ri e abre espaço para Hanna entrar e é isso o que a mesma faz.

— Estava dormindo? — Ela perguntou ao apontar para a cama desarrumada.

— Não, estava vendo um filme.

— Deixa eu adivinhar.... — Hanna se vira para ele — outro que o fez chorar?

— Assim você me magoa! — Peter põe a mão no peito, até que bufa — Sim, eu admito.

Hanna revira os olhos com o drama e joga sua bolsa em cima de uma mesa próxima.

— A professora de biologia nos passou o assunto dá prova e eu, como sua ex-professora particular, vim te avisar, já que, caso você tire nota baixa, a culpa seria minha.

— Nossa, quanta consideração! Acho que deveria fazer uma estátua somente para você!

Eles se encaram e começam a rir baixo, desviando um pouco os olhares. Desde a conversa que tiveram de manhã, ambos sentiam que já estavam mais próximos do que antes e ambos estavam felizes e confortáveis com essa aproximação.

— Você veio do trabalho?

— Como sabe?

— Você cheira a gordura e refrigerante. — Peter ri e Hanna envergonha-se.

— Foi mal.... — Ela coça a nuca, em um gesto de vergonha.

— Pensei que se demitiria depois do que me contou.

— Bom, eu até pensei em me demitir, mas, se eu fizesse isso, só mostraria o quanto eu sou imatura e que tudo o que aconteceu não me mudou em nada.

— É, bom, faz sentido...

Ela decide mudar de assunto:

— Qual foi o filme dá vez? — Hanna pergunta, virando-se para a televisão.

Peter fica pensativo e logo sorri.

— Quer assistir? Provavelmente, você nunca o viu.

— Você está certo. — ela vira a cabeça com indiferença — É sobre o que, esse filme?

— Ele se chama Como Eu Era Antes de Você. É um romance, topa?

A ruiva fica pensativa e logo concorda com a cabeça.

— Com uma condição — ela ergue seu dedo indicar —, você terá que comprar algo para eu comer. Tipo, agora! Eu estou morrendo de fome.

Ele revira os olhos, mas abre um sorriso ladino.

— Não te deixam comer no seu trabalho?

— Bem, às vezes eu pego, em segredo, alguma coisa, mas acontece que hoje não deu tempo de comer nada. Faz uns vinte minutos que minha barriga está roncando.

— Se é assim, está bem. — Peter ergue as mãos e, no mesmo instante, Hanna pula sobre a cama se acomodando na mesma — Você me lembra um certo alguém... Folgada. — Ele murmura revoltado e Hanna escuta.

— Me chamou do quê? — A mesma pergunta com uma das sobrancelhas erguidas.

— Nada. — Peter responde com o riso abafado.

— Aham.

Hanna estendo o corpo pela cama e pega o controle da televisão.

— Posso dar play?

O filme já estava à mostra, só bastava um clique para começar.

— Me espera! — Ele grita do outro cômodo enquanto pede ao serviço de quarto que tragam uma porção de comida.

Peter volta correndo e pula em cima da cama, dando um susto na ruiva que se concentrava em olhar a TV. Hanna coloca a mão no peito e murmura um palavrão.

— Deu para falar palavras obscenas, agora, Hannazinha? — Provoca-a.

— Desculpe-me, vossa alteza. Creio que meu vocabulário não esteja à sua altura, peço que tenha misericórdia e me deixe viver.

— Seu pedido foi concedido.

Hanna aperta um dos botões do controle e logo o filme se inicia.

— Você já viu esse filme? — A ruiva pergunta-o.

— Uhum. Já vi sim, mas ele é tão magnifico que terei de vê-lo duas vezes. E farei questão que você o assista também.

O filme logo se inicia e Hanna surpreende-se em algumas partes. Não esperava aquilo em apenas dez minutos de filme. Depois de algum tempo, escutam um bater na porta.

— É o serviço de quarto. Vou pegar.

— Está bem. — Hanna responde-o sem tirar os olhos da tela, fazendo o garoto rir baixo.

Peter logo volta com três hambúrgueres — sendo, obviamente, dois para ele e o outro para a ruiva — e dois refrigerantes de 600ml. Hanna, nem ao menos, se dá ao trabalho de olhar para o garoto e pega o que é seu.

"Quinze minutos de filme e ela já está assim....", ele pensa enquanto sorri, "Como que ela só assiste filmes do século passado?".

Eles começaram a comer e Hanna prestava atenção aos mínimos detalhes do filme, ora rindo, ora revirando os olhos e xingando de "idiota" ou "babaca" algum personagem do qual não gostara. Peter se divertia com aquilo e, por um breve instante, sentiu culpa ao deixar Hanna sozinha na escola depois do "momento amigável" que tiveram mais cedo. Depois que conversara com a garota, tinha em mente voltar para a sala e ter a aula como qualquer outro dia que tivera nessas últimas semanas, contudo, recebera uma ligação urgente de seu agente, Will, dizendo que ele teria que comparecer à reunião de última hora, coisa que Peter achara um absurdo, mas, infelizmente, teria que ir e ficar altas horas nela. Não teve nem tempo de falar com Hanna ou mandar uma mensagem a Bryan. Assim que chegara em seu quarto, lá para as duas da tarde, trocou-se de roupa e capotou na cama. Sentia dor em todos os seus músculos, a ponto de ter dificuldade ao andar. Estava exausto.

Peter, quando viu Hanna de frente à sua porta, surpreendeu-se pela repentina visita. Há menos de três dias brigavam por qualquer motivo, agora ela fazia visitas a ele e assistia, até mesmo, filmes contigo. Claro, eles ainda se xingavam, o que era normal na relação dos dois, mas algo havia mudado drasticamente.

O que uma simples conversa pode fazer em relação a um relacionamento de duas pessoas?

***

Duas horas se passaram e, algo que deixara Peter indignado, aconteceu. Hanna não havia chorado.

Você é feita de gelo ou o quê!? — Ele perguntava em choque com seus olhos marejados.

Mesmo que Peter já tivesse visto milhares de centenas este filme, sempre chorava vendo. Ele se considerava uma pessoa de "coração mole".

— Ei! Olha, para a sua informação, o filme foi muito bom!

— Acha isso e não chorou!? — Ele senta-se de supetão.

— E qual é o problema?

— Hanna, você deve ter, não, você tem um parafuso a menos...

— O quê!? Que absurdo! Blasfêmia! Calúnia! — Ela falava em um tom de voz mais alto.

Peter deita-se novamente, colocando suas duas mãos atrás da cabeça e fechando os olhos. Ele suspira e continua a falar:

— Sim, Hanna. Aceite-se do jeito que você é, é melhor para a sua futura recuperação.

— Por que você diz isso, como se eu fosse uma alcoólatra?

— Não, você é pior. Você é tipo, um monstro sem coração.

Hanna pega um dos travesseiros postos e bate com toda a sua força no rosto do garoto, fazendo-o levar um susto.

— Ai! Sua louca! — Ele massageava a cabeça, bem no local onde tinha levado a pancada.

— Retire o que disse agora!

Ele subitamente levanta-se, dando dois passos para trás quando já de pé. Sua expressão é uma mistura de dor e determinação.

Nun-ca. — Ele fala silabicamente, desafiando a ruiva.

Hanna, em uma velocidade absurda, pula da cama, tentando consecutivamente acertar outra "travesseirada". Depois de poucos segundos, a mesma consegue e acaba por derrubá-lo no chão. Ela se senta por cima de seu quadril e, ainda com o travesseiro em suas mãos e uma expressão ameaçadora, determina:

Retire. O. Que. Disse. — Hanna diz pausadamente.

Peter engole em seco e move a cabeça para o lado, deixando de encará-la. Seu orgulho, algumas vezes, pode ultrapassar seu próprio tamanho, impossibilitando de fazer coisas assim.

Peter... — a ruiva aproxima-se de seu pescoço e sussurra em seu ouvido — é melhor fazer isso... pelo seu bem.

Hanna pode não perceber, entretanto, naquele momento, o rosto de Peter ruborizou e todos os seus pelos se arrepiaram, dos pés à cabeça. O que anda acontecendo com o seu corpo? Ele não sabia. Seria a adolescência? Os hormônios voltaram a atacar? Naquele momento ele não conseguia pensar, sua mente estava nublada. Ele inalava o cheiro da garota como se fosse um perfume. Um perfume que o embriagava por completo. Mesmo que estivesse cheirando um pouco à sanduíches e ketchup, Peter não se importava.

"Desde quando sou um tarado pervertido?", ele pensava consecutivamente.

Caso contrário... — Ela sussurra.

Peter engole em seco novamente. Ele observa a proximidade da garota, fita cada detalhe de seu rosto, como se estivesse tentando desvendar um enigma.

— Caso contrário? — Peter retruca sem pensar.

"Porra! Por que eu só não calo a minha boca?"

— Caso contrário eu farei isso...

Ela, em um movimento rápido e preciso, ergue-se e bate com o travesseiro na face do garoto, fazendo-o voltar a si.

— Ai! Ai! Tá legal! — ele ergue as mãos para o ar, colocando-as em seguida sobre os olhos, tampando sua visão. Ele volta a respirar o ar que nem sabia que estava segurado — Para com isso agora! Eu retiro o que eu disse...

— Diga com todas as palavras.

Peter suspira e senta-se com Hanna ainda em seu colo, preparada para desferir outro golpe. Ele retira as mãos dos olhos e, enfim, os abre. Seus olhos cinzentos brilham com tamanha intensidade que Hanna nunca vira. Ele a fita sem nem ao menos piscar. Hanna, assim como ele, não consegue e não quer desviar do olhar. A ruiva observa a pequena marca de nascença embaixo do olho esquerdo de Peter e, por algum motivo desconhecido, ficara fissurada.

A ruiva, ao escutar a voz de Peter que, por agora, parece mais grossa do que o normal, volta a encarar seus olhos tão penetrantes.

— Eu retiro o que disse. — Ele fala baixo.

— Retira o que? — Hanna pergunta no mesmo tom.

— Retiro que você é um monstro sem coração. Você não é.

Hanna ficou satisfeita com as palavras que ouvira. Ficara até mesmo... aliviada? Ela não entendia.

Hanna, como se tivesse sido atingida por uma luz divina, percebeu em que situação e posição se metera e logo ficara envergonhada — por mais que não demonstrasse. Ela pega seu travesseiro e, como forma de esconder e aliviar sua vergonha, bate mais uma vez no rosto de Peter e aproveita o momento para se levantar.

— Ei! Pra quê isso?! Eu já retirei o que disse! — Peter se levanta enquanto massageia a cabeça.

— Preciso de motivo para bater em você?

Peter fica em choque.

— Vou ligar para a delegacia do homem e a denunciar por abuso!

— Isso existe? — Hanna contrai as sobrancelhas.

— Sei lá!

Eles se encaram e logo caem na gargalhada.

Estavam felizes. Verdadeiramente felizes. Isso era raro para os dois. Normalmente, ambos tinham que encenar sorrisos e risadas para agradar aos outros. Momentos como esse, não existem no cotidiano de nenhum dos dois e ambos estavam felizes e aliviados por isso.

Ao cessarem a risada, Peter volta a falar.

— Você realmente gostou do filme? — Pergunta ao recuperar o fôlego

Hanna respira fundo e larga o travesseiro em cima da cama, jogando-se em cima da mesma em seguida.

"Folgada.", ele pensa.

— Por mais que eu não tenha chorado...

— Coisa que eu não sei como não fez... — Ele a interrompe.

— Por mais que eu não tenha chorado! — Hanna repete falando mais alto — Eu, na verdade, gostei muito do filme... — Ela para de falar.

— E...? — Ele pergunta ao perceber que Hanna desejava falar mais alguma coisa.

— Obrigada... — A ruiva senta-se na cama e sorri de canto ao olhar Peter.

— Obrigada? — Ele repete confuso.

— Sim, não só pelo filme, mas com o lance de hoje de manhã. Isso... — ela hesita — isso me ajudou muito, obrigada mesmo, Peter.

O garoto se surpreende com o que Hanna fala. Não esperava que ela lhe dissesse isso e, no fundo, no fundo, ficou feliz pelo agradecimento.

Peter, ao perceber que o clima ficou meio estranho, muda de assunto.

Como Eu Era Antes de Você é melhor que As Branquelas?

Hanna sorri aliviada ao ver que ele se livrou do clima estranho que havia se instalado no quarto.

— Nada vence As Branquelas, Peter.

O garoto pensa e balança a cabeça.

— É, preciso concordar.

Ela ri.

— Mas, sim, esse filme realmente foi muito bom.

— Quer ver outro?

— Eu bem que queria, mas preciso voltar para casa... — Hanna fala ao olhar para as horas no celular.

— Vem amanhã, então.

A ruiva se surpreende e pondera sobre, logo encara o garoto.

— Okay, mas tenho minhas exigências.

— E elas seriam...?

— Primeiro — ela ergue um dedo —, você escolhe o filme.

— Eu já ia dizer isso...

— Deixe-me continuar! Segundo, você vai precisar pedir comida e você que vai pagar.

— Tá, tá legal. Eu que pago! — Peter diz ao suspirar.

— Bom, só tenho essas duas exigências.

Hanna levanta-se e espreguiça-se.

— Ah! Antes que eu esqueça... você tem algum papel por aqui?

Peter aponta com uma de suas sobrancelhas curvadas para a cabeceira de cama ao lado da ruiva.

— Esse... — ela anota algo no papel com a caneta que retirara de sua bolsa — é o assunto da prova de biologia. Toma. — Ela o entrega o papel.

— Obrigado, my Lady. — Peter agradece ao pegar o pedaço de papel.

— Bom, eu já vou indo.

Assim ela vai embora e, por algum motivo, Peter e Hanna sentem-se sozinhos. Um vazio se instala em seus peitos.

— Estou tão carente, assim? — Peter sussurra ao aconchegar-se na cama.

Hanna, já dentro do elevador, suspira.

— O que deu em mim?

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