Claro que quando o Calum tinha chegado a casa também ele tinha ficado todo derretido com a Éris, fazendo com que todos os moradores aceitassem de bom grado a nossa nova hóspede.
E foi graças a ela que eu passei os dias seguintes a fazer alguma coisa em vez de me dedicar a estar deitada no chão da sala a morrer de tédio. Ser a única que não trabalhava era uma autêntica porcaria mas pelo menos agora tinha companhia e alguém que me dava algum trabalho e distracção.
- Até logo. — suspirei quando o Ashton se baixou na minha direção para me beijar a bochecha como fazia todas as manhãs antes de sair para o trabalho — Tenta não matar o Luke em nome dos velhos tempos.
Ainda estava mais a dormir que acordada mas aquela frase deixou-me confusa. Juntei as sobrancelhas e abri um olho de cada vez, tendo de seguida de me virar na cama porque o Ashton já se tinha dirigido para a porta para sair do quarto. O Luke? O Luke ia trabalhar como eles todos, o que é que o meu irmão queria dizer com aquilo?
Foi então que uma luzinha se acendeu na minha cabeça e eu percebi do que é que o Ashton estava a falar. Hoje era o dia de folga do Luke o que queria dizer que o tinha só para mim. Não num sentido romântico, credo, mas estávamos de volta ao passado em que eu tinha o dia todo para chatear o Luke e divertir-me às custas dele.
Os cantos dos meus lábios subiram para um sorriso antes de eu saltar da cama à velocidade da luz; caminhei até à secretária onde se encontravam as minhas coisas e remexi nas mesmas até encontrar a minha bolsa com a maquilhagem. Voltei a sorrir quando encontrei o meu batom vermelho e pintei rapidamente os meus lábios com o mesmo.
A casa encontrava-se em completo silêncio uma vez que o Ashton, Calum e Michael já tinham saído para o emprego e as únicas pessoas que se encontravam em casa era eu, que me estava a preparar para o plano mais maquiavélico de sempre e o Luke e a Éris que estavam ambos a dormir, apenas em divisões diferentes.
Pousei a mão na maçaneta da porta do quarto do Luke e abri a mesma fazendo o mínimo barulho possível. O Luke encontrava-se deitado na cama de barriga para baixo e com os lençóis todos ao fundo da mesma, tornando possível ver todo o corpo dele que estava apenas tapado pelos boxers pretos que ele tinha vestido.
Abanei a cabeça para forçar as minhas ideias a irem para o sítio e caminhei em bicos de pés até à cama antes de me atirar para cima da mesma com um salto.
- Luke! — gritei enquanto me punha aos pulinhos na cama antes de cair em cima das costas dele — Não tinhas saudades dos nossos dias juntos? — perguntei enquanto lhe beijava as costas, pescoço e passava para a cara.
- Hm? O que é que estás a fazer? — a voz do Luke saiu rouca por ter estado a dormir e continuei a encher-lhe a bochecha e a testa de beijos — Porque é que me estás a beijar? Estou a sonhar?
- Não, fofinho. Isto é mesmo real. Levanta-te que todos os segundos têm de ser bem aproveitados. — afastei-me dele e sentei-me de pernas cruzadas ao fundo da cama enquanto olhava para ele, ou melhor, para a obra de arte que eu tinha acabado de fazer — Estás lindo. O vermelho fica-te mesmo bem.
- Do que é que estás para aí a falar? Porque é que não me deixaste dormir? — resmungou ele enquanto se sentava também e só quando virou a cara para o lado e viu uma marca dos meus lábios a vermelho no ombro dele é que percebeu — Tu acabaste de me encher de batom vermelho? Alexis, vou matar-te.
Encolhi os meus ombros e comecei a rir — Ficas sexy assim. — foi a única coisa que tive tempo de dizer antes de ter de começar a correr pela minha vida pelo quarto do Luke. Claro que a correria não durou muito tempo porque não foi muito difícil ele apanhar-me.
- És pior que as crianças. — queixou-se ele enquanto agarrava em mim como se eu não pesasse absolutamente nada e me colocou por cima do ombro dele como se eu fosse um saco de batatas. Para ele podia ser uma ideia maravilhosa mas eu estava habituada a tirar o lado bom de qualquer lado mau por isso aproveitar para lhe morder o rabo por cima dos boxers — Então?!
Voltei a rir por ele ter sido apanhado desprevenido mas juntei as sobrancelhas quando em vez de me pousar em cima da cama dele, o Luke caminhou para fora do quarto comigo ainda no seu ombro.
- Onde é que vamos? — perguntei enquanto afastava os meus cabelos da cara — Porque é que me estás a levar para a casa de banho? Queres que eu acabe de te fazer a maquilhagem?
- Que gracinha. Não, vais ajudar-me a tirar o batom já que foste tu que o meteste e uma vez que ele está nas minhas costas e eu não consigo chegar lá bem.
- Oh, não tires, fica-te super bem. — quando finalmente voltei a sentir os meus pés no chão, ajeitei o cabelo que tinha ficado todo fora do sítio antes de juntar as sobrancelhas ao mesmo tempo que fixava o meu olhar no corpo muito despido do Luke — Isso quer dizer que eu vou ter de me enfiar na banheira contigo? O meu irmão vai adorar saber quando eu lhe contar o que é que fizemos na tua folga. Au. — queixei-me quando levei com uma embalagem de toalhitas na cabeça — Não precisas de ser bruto. As coisas resolvem-se com um simples "por favor".
Baixei-me para apanhar as toalhitas enquanto o Luke puxava o tampo da sanita para baixo e se sentava no mesmo — Se eu soubesse que por favor resultava contigo, não precisava de as atirar. É bom que me limpes como deve ser ou vais passar o dia trancada aqui dentro.
- Ao menos deixas-me com água potável e luz solar, até és um raptor bonzinho. – gozei enquanto me aproximava do Luke já com uma toalhita na mão e comecei a passar as mesmas pelas costas despidas dele – É uma pena, os meus beijos ficam-te mesmo bem. E até parece que recebes mais beijos para além dos meus. – ele olhou-me por cima do ombro – Pronto, já está.
- Não, não está.
Bufei e tirei outra toalhita enquanto passava para o outro lado de maneira a estar de frente para ele — Mas na cara é onde fica melhor... - fiz beicinho enquanto o olhava o que não foi propriamente uma boa ideia porque aqueles olhos azuis fixaram-se em mim e eu perdi o raciocínio por alguns segundos. Porque é que o idiota tinha de ter uns olhos assim? Limpei-lhe a cara e o pescoço onde ainda se encontravam restos do meu batom vermelho e mal acabei, atirei-lhe com a embalagem das toalhitas para a cara exatamente como ele me tinha feito antes — Estás pronto.
- Linda menina. — revirei os olhos e estive mesmo para lhe dar um soco na barriga mas consegui controlar-me e não fazer nada — O que é que me vais obrigar a fazer hoje? Para além de me teres pintado todo?
- Hm... ainda não sei. — abri a porta da casa de banho para sair da mesma enquanto pensava no que é que podíamos fazer, algo que deixasse o Luke muito irritado e chato e que me deixasse a mim muito divertida e animada — Podíamos-
- Já sei o que é que podemos fazer. — voltei a abrir a boca para falar mas ele decidiu interromper-me novamente — Tenho que acabar de pintar a parede do meu quarto e tu vais ajudar-me.
- O quê? Eu? Porquê? — caminhei de costas em direção à cozinha para comer alguma coisa — Não quero pintar o teu quarto. Vou ficar cheia de tinta e a cheirar mal.
Tirei um iogurte líquido do frigorífico e depois de beber o mesmo, atirei a embalagem vazia para o caixote do lixo. O objetivo do dia de hoje era aproveitar para chatear o Luke, não era para lhe fazer as vontades e o ir ajudar a pintar o quarto. Se bem que... ir para o quarto do Luke era uma oportunidade para o chatear ainda mais.
- Está bem, eu ajudo-te. Mas depois de pintarmos o quarto vais ter de fazer tudo o que eu quiser. — acrescentei com um sorriso enorme.
- Está bem. — juntei as sobrancelhas por o Luke ter aceitado as condições sem discutir — Vamos demorar muito tempo a pintar por isso não vai sobrar assim tanto tempo para tu me fazeres ir a sítios ridículos contigo.
Voltei a sorrir e dei a volta ao balcão, passando de seguida pelo Luke que levou uma palmada no rabo – Lucas, vê-se mesmo que não me conheces assim tão bem. Quando eu quero uma coisa, faço de tudo para a conseguir. – atei o meu cabelo num rabo de cavalo e continuei a andar até ao quarto dele – Despacha-te, preguiçoso. A parede não se pinta sozinha.
Fiquei à espera do Luke no quarto enquanto ele ia buscar a lata de tinta e os materiais que eram necessários para começarmos a trabalhar e que ele tinha arrumado não sei onde, não tinha prestado atenção nenhuma ao que ele estava para ali a dizer porque tinha que planear o nosso dia, de maneira a aproveitar ao máximo e irritar o mais possível o Luke. O meu dia já não era nada se eu não pudesse chateá-lo.
- Preciso de mudar de roupa.
- Então vai mudar. Podias ter mudado enquanto estavas à espera, ou precisavas da minha autorização?
Assenti com a cabeça ao mesmo tempo que lhe sorria e caminhava até ao armário do Luke onde ele tinha as suas roupas — Tecnicamente sim. — retirei da gaveta a primeira t-shirt que me apareceu à mão e coloquei-a à frente do meu corpo — Espero que não gostes muito desta camisola. Ou que prefiras vê-la com manchas azuis.
- Nem penses, Alexis. — o Luke pousou rapidamente tudo o que tinha nas mãos no chão e caminhou até mim, arrancando-me a camisola da mão como se se tratasse de ouro — Não tens roupa tua para teres que usar a minha?
- Tenho mas nada que seja útil para pinturas. – encolhi os ombros e não me mexi um centímetro para ele perceber que só ia sair dali quando ele me desse uma camisola dela para vestir – Por isso escolhe uma antes que escolha eu. És mesmo estúpido. – reclamei quando levei com uma t-shirt preta na cara – Vira-te.
- Porquê? Estás com vergonha? — o sorriso provocador do Luke só me dava mais vontade de lhe bater — Passas a vida a despir-te à nossa frente não me digas que agora estás com complexos.
- Tens razão. Eu não me chamo Luke Hemmings. — pisquei-lhe o olho como forma de provocação antes de despir a minha camisola do pijama e atirar a mesma para cima do Luke que a apanhou antes que esta chegasse à sua cara. Vesti a camisola dele em substituição enquanto sentia os olhos dele postos em mim como não me lembro que ele já tivesse feito antes. Claro que isso fez com que eu tivesse de evitar que os cantos dos meus lábios subissem para um sorriso — Pronto, podemos começar. — juntei as sobrancelhas quando o Luke continuou parado à minha frente e apontei para a minha esquerda — A parede está ali.
- Ahm, sim. — disse ele rapidamente e para fingir que não tinha estado embasbacado a olhar para mim, revirou os olhos — Vamos começar que eu não tenho o dia todo para isto.
Soltei uma gargalhada e baixei-me para apanhar um dos rolos que se encontravam no chão, enquanto o Luke despejava alguma da tinta para um recipiente próprio.
- Eu sabia que estavas ansioso por passar o dia comigo a fazer o que eu quero. Admite que estavas com saudades destes nossos dias.
- Estás a sonhar, Alexis. Não tenho saudades nenhumas de passar o dia contigo a chatear-me e a levar-me para todo o lado. Acho que vou abdicar das minhas folgas.
Passei o rolo pela tinta em primeiro lugar e de seguida aproximei-me da parede, pisando as folhas de jornal que se encontravam encostadas à mesma para onde iriam os restos de tinta que caíssem.
- Não sejas mentiroso, está na altura de admitires que me adoras. — encostei o rolo à parede e comecei a pintar a mesma, o que claro foi rapidamente interrompido quando senti algo húmido contra a minha bochecha — Lucas! Vou matar-te, estúpido!