O Intercâmbio

By beatriz_on11

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Eliza Claire talvez tenha se precipitado quando implorou aos pais por um intercâmbio para a California, e tal... More

01_ Que morra cagada!
02_ Acaba com ele!
03_ Xereca flash.
04_ Engasgue com um pau.
05_ Bolsa de estudos.
06_ Castigo com o Theo.
07_ Ladybug.
08_ Que boca suja...
09_ Pau do Theo.
10_ Atropelada por 8 professores.
11_ Cicatrizes.
12_ Leite do meu ex.
13_ Escravo sexual?
14_ Brenda.
15_ Você é insubstituível, amor.
16_ Existência miserável.
17_ Morta e muito bem enterrada.
18_ De joelhos.
19_ Eu te odeio.
20_ Prima do Bolsonaro.
21_ Estupidamente cruel.
22_ ACORDA!
23_ Ele me traiu.
24_ Você é um ser humano horrível.
25_ Santa misericórdia.
26_ VAI DAR NAMORO!
27_ Urubu do Theo.
28_ Mãe.
29_ Você sonha comigo?
30_ Só tem uma cama.
31_ Barbie sereia.
32_ Bosta da ratazana do esgoto voadora.
33_ Theo safadão.
34_ Brigando ou flertando.
35_ Orgulhoso, banal, inútil e insensível.
36_ Maldito elevador.
37_ Tesoura.
38_ Quem fez isso com você?
40_ Pau sabor especial banana?
41_ Seu cachorro!
42_ Capeta.
43_ Rasteira.
44_ Vingança.
45_ Bate de novo.
46_ Absolutamente perfeita.
47_ Espelho.
48_ Felizes para sempre.
49_ Você estava lá?
50_ Sonhos destruídos.
51_ Você é suficiente.
52_ Senhorita Claire!
53_ Pai?
54_ Minha querida.
55_ Fim.

39_ Eu te amo.

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By beatriz_on11

Eliza Claire

- Quem fez isso com você?

O Theo levantou o seu rosto e eu notei os seus olhos arregalados pela pergunta, demonstrando que ele foi pego totalmente de surpresa.

Ele permaneceu em silêncio enquanto os seus olhos pulavam de um olho meu para o outro. Era evidente que os seus olhos gritavam de medo, aterrorizados por eu ousar fazer aquela pergunta.

Não é algo que se pergunte...

- Eu não posso... - Ele respondeu baixinho, com a voz falhando.

A sua voz estava arrastada e grossa, deixando claro que ele tinha acabado de acordar, sem contar pelo pânico que ela agora apresentava.

- Eu preciso que você converse comigo e que me conte isso. - Pedi tocando a cicatriz que eu havia tocado antes, só que dessa vez, o Theo não recuou. Ele estava em choque demais com a minha pergunta para recuar.

- Eu... - Ele negou com a cabeça e os seus olhos se arregalaram.

- Por favor. - Soltei, também surpresa por eu estar me submetendo a essa palavra.

- Eu imploro... Me pergunte sobre qualquer outra coisa, menos isso. Você sabe que eu responderia e daria qualquer coisa que você pedisse. Me pergunte sobre a minha cor favorita, experiências sexuais, o que eu senti quando te vi pela primeira vez, sobre a Brenda ou o Adam e até mesmo sobre a minha mãe, mas não me faça responder isso. Por favor. - Ele tocou a minha mão livre com as suas, implorando.

Abaixei o olhar para as suas mãos levemente trêmulas segurando a minha com carinho, apesar daquele toque ser resultado do pânico.

As sobrancelhas dele estavam em uma luta interna e os seus olhos piscavam em uma velocidade irregular, tudo me deixando confusa, até que eu vi lágrimas se formando nos olhos dele, mas o Theo rapidamente as afastava enquanto piscava os olhos.

Eu engoli seco, levando a minha mão que estava no seu ombro até a lateral do seu pescoço, perto da sua garganta, onde eu podia sentir o seu batimento cardíaco.

Dei um breve sorriso reconfortante para o Theo e me aproximei dele, passando o meu outro braço pelas suas costas e tocando a sua pele.

Eu abracei o Theo com hesitação, e ele, também com incerteza, segurou a minha cintura.

Fechei os olhos sentindo a temperatura quente em que o corpo dele estava e fiz questão de passar as minhas unhas pelas costas nuas do Theo. Com o meu movimento, o Theo pareceu finalmente perceber que estávamos nos abraçando e apertou a minha cintura, me puxando mais pra perto.

O cheiro de menta que saia do cabelo do Theo fez o seu caminho até as minhas narinas e eu senti o Theo fazer carinho na minha cintura de forma lenta, se focando na borda da minha blusa branca que subiu e tocando a minha pele.

Eu depositei um beijo no seu ombro, propositalmente beijando a cicatriz que eu vi e toquei alguns segundos antes, e como resultado, o Theo estremeceu se encolhendo contra mim.

A minha boca estava próxima do seu ouvido agora e eu sussurrei o que já sabia:

- Foi o seu pai, não foi? - Soltei, sentindo o carinho na minha pele parar e o corpo do Theo ficar paralisado contra o meu.

Quase de um jeito imperceptível, a sua respiração acelerou.

- Theo, você pode confiar em mim. Me deixe carregar um segredo seu... - Pedi ainda no abraço.

O Theo me afastou na hora e me encarou em pânico.

O meu corpo foi rapidamente preenchido pelo frio da noite e a ausência das mãos do Theo em mim, me fazendo engolir seco e respirar profundamente.

- Você não pode simplesmente dizer isso. - Ele franziu as sobrancelhas. - Você não entende...

- Me deixe entender. - Pedi.

Ele permaneceu em silêncio, parecendo estar em uma briga interna. Engoli seco mais uma vez e abaixei o rosto antes de voltar a erguer o mesmo para encarar o Theo.

- Eu nunca contei isso para ninguém. - Ele admitiu assim que os nossos olhares se cruzaram.

- Eu posso ser a sua primeira? - Sugeri com receio.

- Em tudo que você quiser. - Ele respondeu, dando um leve sentido de humor para a conversa.

Pisquei confusa, mas mesmo assim permaneci em silêncio.

- O meu... Ele... - Ele falou baixinho franzindo a testa e não conseguindo me encarar.

Eu respirei fundo me aproximando do Theo.

Eu não posso pedir algo tão grande dele sem dar nada...

- A minha mãe engravidou muito cedo de mim. - Contei. - Com 15 anos, especificamente. A família dela não foi nada compreensiva ou se importou em ajudar com alguma coisa na época, e nem agora, pra ser sincera. Eles chegaram até a expulsar a minha mãe de casa por um tempo enquanto ela estava grávida... Eu nunca conheci os meus avôs e apesar da minha mãe já ter insistido muitas vezes, eles sempre se negaram me conhecer, por me considerar o maior erro da minha mãe. A pessoa que destruiu a vida e os sonhos da filha deles. Como se eu tivesse algum controle... - Soltei uma risada nasal desacreditada.

Erguendo o olhar para o Theo, senti o meu coração acelerar.

- Eu nunca cheguei a pensar exatamente sobre como não ter conhecido nenhum dos meus avôs pode ter me afetado. Eu nunca achei que isso poderia me afetar tanto. É apenas... não é fácil ser encarada por toda a família como uma espécie de monstro que destruiu a vida da sua mãe, mesmo quando você sempre fez de tudo pra trazer um pouco de felicidade e orgulho pra ela. Eu gostaria de ter presenciado pelo menos um jantar em família para que eles pudessem me conhecer ou ver que eu amo a minha mãe e que eu não queria destruir a vida dela...

Os olhos do Theo estavam sobre mim e eles pareciam confusos e preocupados ao mesmo tempo, fazendo o pânico desaparecer deles lentamente.

- Mas a minha irmã já viu eles várias vezes e segundo ela, eles são muito simpáticos e amorosos e a comida deles é maravilhosa. - Sorri fraco. - E sobre a minha irmã: ela é a minha meia irmã. O meu pai biológico sempre prometeu ficar com a minha mãe, mesmo em uma gravidez, mas não foi isso que aconteceu. Ele enganou ela, tirou a virginidade dela com promessas de amor e eternidade e assim que descobriu sobre a gravidez, foi embora.

Eu abaixei o olhar mordendo o interior da minha bochecha e tentando evitar as lágrimas.

- Eu tento não pensar no que ele fez como abandono, porque ele era jovem e tinha um futuro enorme pela frente, mas a minha mãe também tinha... Às vezes, eu também tento não colocar a culpa nele por tudo que eu não tive, incluindo os primeiros anos da minha vida com um pai, ou estabilidade financeira e emocional, ou até mesmo não ter nascido em um lugar onde eu não era definitivamente desejada e tratada com amor. Ele morreu atropelado um dia antes de eu nascer. - Falei a ultima frase com o rosto neutro, estando ciente da quantidade de vezes que já tive que contar isso.

Ergui o rosto depois de um tempo em silêncio e encarei o Theo que também me observava com atenção.

- A minha mãe mesmo depois de tudo que ele fez, ainda amava muito ele e quando ela descobriu sobre a morte dele, aquilo fez ela entrar em trabalho de parto. Depois de algum tempo, a minha mãe conseguiu se apaixonar de novo, dessa vez pelo meu padrasto e então eles tiveram a Luma, minha irmã. - Sorri afastando as lágrimas. - Eu fico feliz que ela não precisou e nem vai precisar passar por todas as rejeições que eu vivi na nossa família.

Eu tinha certeza que podia escutar se uma agulha caísse no chão pelo silêncio assustador que preencheu o quarto.

- Não é a primeira vez que eu conto sobre o meu passad...

- Por que você se importa? - Ele perguntou me interrompendo e eu ergui as sobrancelhas surpresa.

- O quê? - Indaguei com um sorriso leve e chocado.

- Querida, se eu vou te contar sobre as minhas cicatrizes mais profundas, eu mereço pelo menos saber por que você se importa. - Ele justificou se aproximando de mim.

Observei ele ficar por completo na minha frente, também ajoelhado de um jeito confortável na cama, apesar do seu corpo curvado e quase nu, se não fosse pela calça de pijama que ele estava usando.

- Por que eu não me importaria? - Questionei acompanhando os movimentos do Theo.

Ele me observou por um tempo e eu mantive o contato visual dele firmemente, até que ele abaixou o olhar.

- Eu não estou acostumado a me sentir indefeso. - Ele admitiu. - Tirando com o meu... com ele. Não é exatamente o tipo de sentimento que alguém deveria sentir quando pensa em uma figura paterna. Eu não consigo lembrar de uma vez que eu senti algo por ele além medo e pavor, e acredite em mim, eu tentei muitas vezes sentir algo bom perto dele, mas é difícil sentir isso quando você é frequentemente desprezado por alguém que você só quer ouvir um genuíno "Eu estou tão orgulhoso de você".

O Theo encarou uma das suas cicatrizes mais longas. Ela estava na cintura e descia até onde eu não conseguia ver, dentro da sua calça.

- Isso tudo não é recente. - Ele continuou. - Eu lembro de ter 11 anos e estar aterrorizado de voltar pra casa. Todos os dias eu fazia os caminhos mais longos e me perdia propositalmente pela cidade, mas ele sempre me achava ou mandava alguém me encontrar. Eu era tão ingênuo por achar que um dia, ele simplesmente pararia. E eu lembro de um dia, que eu estava voltando pra casa com ele, e ele parecia feliz, ele parecia ter mudado, mas assim que chegamos em casa, nós tivemos uma briga... As brigas. Tudo começa nas brigas.

A briga...

- Eu nunca achei que ele chegaria tão longe ao ponto de realmente deixar uma marca permanente. Antes eram apenas tapas, o cinto e raramente socos... mas teve um dia que ele pegou uma faca. Eu achei que morreria naquela noite. - Ele sussurrou a última parte com a voz falhando. - Eu só tinha 12 anos, não era suposto eu estar me preocupando em como implorar pela minha vida.

Senti um arrepio passar pelo meu corpo e eu fechei os olhos. Levantei o rosto para encarar o Theo e encontrei algumas lágrimas se formando na frente do castanho dos olhos dele.

- Ele só piorou com o passar dos anos e quando ele já não tinha mais nada pra deformar no meu corpo com lâminas, ele passou a queimar. Quando você acaba se acostumando com a dor, é difícil encontrar algo que consiga te machucar de verdade. Sentir café fervendo descer pelo seu corpo imobilizado, era... aterrorizante. Estar com ele sozinho é aterrorizante.

O cheiro de café que eu admiti gostar no Theo não passava de...

Eu cerrei a minha mandíbula, desviando o olhar pra baixo e fechando os olhos com força.

- Você provavelmente me consideraria um idiota por ter perdido a esperança há muito tempo. As pessoas dizem que eu devo apenas acreditar que tudo acontece por um motivo e que no final tudo vai fazer sentido, mas eu sinto que isso tudo não vai ter final. Eu não quero ver o final... Que tipo de motivo seria esse? Me ensinar alguma coisa? Como eu vou aprender algo temendo pela minha vida? Não tinha um outro jeito melhor de eu aprender a lição? Eu juro que eu me esforçaria o suficiente pra aprender a lição... Eu daria tudo de mim pra aprender a lição de outro jeito. Uma criança não aprende algo temendo pela sua vida a cada segundo que está perto de alguém que era suposto proteger ela.

Lágrimas rolavam pelo rosto do Theo e eu encarava o mesmo sem saber exatamente o que fazer.

- Eu deixei de acreditar na frase "eu te amo" por causa dele. - O Theo confessou e eu limpei a lágrima que caiu do meu olho com rapidez. - Ele diz que me ama, mas ele me faz sentir medo. Amor não deveria ter sabor de medo ou terror.

Eu puxei um dos dedos da mão direita do Theo e segurei o mesmo.

- É por isso que eu preciso da bolsa. - Ele me encarou. - Eu tenho medo que um dia, o simples fato de eu implorar pela minha vida não será o suficiente.

Eu assenti apertando o dedo do Theo na minha mão e com o seu dedão, ele fez carinho no meu pulso. As lágrimas ainda desciam pelo rosto do Theo e eu seguia todas por todo o caminho da sua bochecha.

Eu queria ver ele chorar, mas não assim...

Eu queria ver ele chorar porque eu causei dor nele, mas agora, eu queria que o simples fato de eu tocar na pele dele, pudesse arrancar toda a dor existente nele.

- Você me perdoa por ter pegado o seu trabalho? - Ele soltou do nada, me fazendo perceber que eu ainda estava o encarando.

Franzi as sobrancelhas, surpresa e confusa.

- Eu imploro o seu perdão... - Ele sussurrou pra mim deixando uma última lágrima rolar pela sua maçã do rosto.

- Não implore. - Falei franzindo a testa ainda mais. - O meu perdão não vale assim tanto. - Sorri fraco.

- Pra mim vale. Vale mais que tudo. - Ele admitiu e eu ergui as sobrancelhas levemente surpresa.

- Eu sempre vou perdoar você. - Sorri. - Agradeça à minha mãe por me ensinar a perdoar... - Brinquei depois de um tempo em silêncio.

O Theo sorriu brevemente e eu abaixei o olhar.

- É por isso que eu preciso da bolsa de estudos. - Contei. - A minha mãe. Ela ficaria tão orgulhosa se eu ganhasse a bolsa e talvez eu não me tornasse o fardo que todos falam que eu sou pra ela. Talvez se os meus avôs descobrirem que eu ganhei uma bolsa, eles me perdoariam e gostariam de me conhecer, passando a ver que eu não quis destruir a vida da minha mãe.

O Theo segurou o meu queixo com a sua mão livre e levantou o mesmo com o seu dedo indicador, apenas pra me fazer encarar os seus olhos com atenção.

O castanho dos seus olhos parecia brilhar ao me encarar e o Theo me ofereceu um pequeno sorriso de canto, fazendo a sua covinha aparecer.

- Nós estamos em uma grande e bela bagunça, não? - Disse com as sobrancelhas juntas e eu assenti.

continua...

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