- Essa coisa vai arrancar a minha pele morta e a pele viva junto! - Choraminga Matheus ao lado do amigo que também sofria ao tirar a máscara.
Tudo era culpa de Fernanda que queria testar uma máscara de gelatina que tinha visto na internet, pelo menos as cobaias foram os meninos.
- Vocês que são frouxos. - Nanda pintava as unhas com um esmalte preto, que realmente chamou minha atenção. Precisava pintar minhas unhas. Elas eram relativamente grande.
Matheus correu para o banheiro para retirar a máscara, já Vina havia conseguido se livrar, suspirando aliviado. O rosto vermelho, parecia um pimentão maduro.
- Vocês são realmente guerreiras. - Rimos de seu comentário e continuamos a conversar.
- E você acha que a gente costuma usar essa máscara? Ainda bem que foram vocês que fizeram, vou ficar com a minha máscara de argila preta mesmo. - Tento segurar a risada enquanto ele me olha indignado.
- Pelo menos eu tô com a pele diva! - Exclama tetando afeminar a voz e desfilar pelo cômodo.
.
.
.
- Então meninas, como vão os boys? - Brinca Nanda e vejo os garotos surpresos.
- Amiga, nem te conto! - Math afina a voz e todos caímos na gargalhada inevitavelmente.
No início pensei que fosse uma ideia estranha fazermos uma noite das garotas com os garotos. Para minha surpresa estava sendo muito divertido, além de poder os conhecer melhor.
- O que você tanto pensa?
Coloco o pote de sorvete e encaro minha amiga. Ela estava usando um pijama de unicórnio azul, que era muito fofo por sinal.
- Me sinto mais próxima de vocês a cada dia que passa. - Sorri relembrando alguns momentos. - Mas você sabe que tô com um pouquinho de receio.
Seu semblante sério demonstrava estar pensando no que acabara de dizer. Me assusta a ideia de não poder vivenciar tantas coisas incríveis ao lado de pessoas maravilhosas como eles.
Eu não quero mais sair daqui.
E é um fato.
- Nada vai acabar, confia em mim. - Sua mão faz cócegas em minha barriga e engasgo em meio das risadas.
Corri para o outro lado da cozinha tentando ao máximo me defender e então ela apanas parou e deu um sorriso gentil, ao mesmo tempo, confortante.
- Agora vamos atormentar os garotos.
- Como? - Ela apenas deu de ombros e caminhamos ainda rindo.
.
.
.
- Vocês querem o quê?! - Os olhos arregalados de Vina fazia tudo ficar ainda melhor.
- Nós queremos maquiar vocês. - Aquilo parecia tão simples pela forma que ela dizia.
Matheus levantou, ainda pensativo sobre a proposta. Ele usava uma calça moletom e estava sem camisa. Chamaria isso de perdição. A minha perdição.
Era engraçado a maneira que ele se sentia tão a vontade conosco.
- Nem pense em concordar com elas! - Reclama Vinícius ainda em choque. - Qual é! Não estamos em um livro ou algum filme. Normalmente esse tipo de coisa acontece por lá.
- Vai ser divertido! - Exclamei ainda degustando do sorvete de flocos, que por sinal estava uma delícia.
Suspiramos quando não acabou acontecendo o que queríamos e jogamos almofadas nos garotos que se divertiam.
- Mel, que tal você nos contar como era a sua outra vida? Eu sempre tive curiosidade.
Matheus
Sua história de vida era bem interessante, totalmente o contrário de como imaginávamos.
Ela foi realmente forte em ter passado por tantas coisas, queria ter estado lá para ajudá-la. O sentimento de impotência é muito ruim, tenho que admitir.
Sinto um alívio enorme em saber que agora ela está bem e estou aqui para o que precisar.
- Cara, ontem foi realmente legal. - Meu amigo não conseguia tirar os olhos do vídeo game enquanto conversávamos.
Ele estava praticando bastante, já que havia perdido várias partidas contra a Mel. Sorri com a lembrança.
- Verdade, e quem diria que você iria se confessar para a Fernanda. - Seu rosto ficou vermelho como um camarão.
- Só cala a boca.
- Nem foi ruim, me surpreende ela ter dito que sentia o mesmo. - Relembro tudo e franzi o cenho. Imaginá-los juntos era tão inusitado. Eles são como gato e rato. Acho que já sabemos quem seria o gato e o rato.
Meu primo nunca comentou muito sobre sua vida amorosa. Lembro de ter se envolvido com uma garota chamada Jeniffer, mas terminaram em menos de três meses. Nunca soube o motivo exato, acho que eles apenas perceberam que não dava mais.
Quando ele se confessou me surpreendeu mais ainda.
Ele simplesmente acabou escorregando e caindo em cima da garota, os dois ficaram tão nervosos e do nada ele soltou um "Eu gosto de você". Foi a primeira vez que vi a Fernanda nervosa. Ela desconversou perguntando de que maneira o gostar significava.
Começo a prender a risada. O momento parecia de duas crianças se confessando.
Eles se beijaram e foi constrangedor tanto para mim e para Mel que olhamos para outras direções um pouco envergonhados.
Quando terminaram, receberam alguns aplausos, eles ficaram mais envergonhados ainda e passaram a noite não conversando muito.
- Pelo menos eu disse para ela o que sinto. - Ele estava implicando comigo a essa altura do campeonato?
- O que você quer dizer? - Ergui as sombrancelhas, ele tossiu de maneira falsa e eu realmente senti vontade de bater no mesmo, mas não estava irritado. - Para você saber, ela tem noção do que sinto. Só está um pouco confusa, o que já é de se esperar.
O ouvi desdenhar e o afastei do lugar para poder jogar uma partida também.
- Só pra constar, a Melissa sabe muito bem dos meus sentimentos por ela, e sempre irei esperar pela minha menina.
Melissa
Fernanda está a minutos caminhando de um lado para o outro. Sua mania ao ficar nervosa ia realmente abrir um buraco no chão.
- Eu ainda não acredito que ele falou aquilo! - Ela disse isso umas dez vezes de acordo com meus cálculos. Parecia um disco arranhado. - Tipo, sério?
- Me impressiona é você ter dito o mesmo. - Provoquei e finalmente ela ficou quieta. - Não sei qual o motivo de ficar assim tão agitada.
A vi jogar os braços para cima e me olhar de forma indignada. Era como se eu fosse de algum outro planeta. Ri com esse pensamento enquanto esperava ela finalmente dizer alguma coisa que não seja "eu não acredito nisso".
- Vocês não se gostam? Isso é bom! - Levanto organizando algumas coisas da penteadeira.
- Você tá certa, mas é que me deixa tão nervosa. - Dei leves tapas em seu ombro.
- É assim mesmo.
Comento sobre minha atual situação com Matheus e conversamos sobre a possibilidade de me declarar nessa altura do campeonato.
Disse que iria pensar a respeito.
Meu coração se agita só na possibilidade disso acontecendo.
Nota Mental
Se um dia o amor te pegar, não tente fugir, você não vai conseguir.