Por acaso
Deve aver um lado seu que só eu conheço
Como a primeira neve durante uma noite de verão
Como um milagre inacreditável, um momento surpreendente, você
Christmas TreeV (BTS)
- Mentirosa! - Murmurei pra mim mesmo enquanto descia as escadas com o meu notebook, nas mãos.
Minha mãe acha mesmo que vai me enganar com aquela desculpinha esfarrapada? Eu sei muito bem que ela tá escondendo alguma coisa, vou descobrir do que se trata nem que para isso eu tenha que dar uma de Sherlock Holmes.
Quer saber, vou tirar essa dúvida agora mesmo!
Sentando no sofá da sala de estar abri meu notebook na aba de pesquisas, digitei o nome dessa tal Seon Young. Todo mundo hoje em dia usa redes sociais, mesmo que ela tenha morrido, acho que consigo encontrar alguma coisa relacionada a ela, nem que seja um Facebook. Tenho que encontrar algo que me dê alguma pista sobre quem é essa bendita senhora.
- O QUE? - Apareceu fotos de atrizes, cantoras, modelos, mas nenhuma que tenha o mesmo semblante da mulher do sonho. - Vou procurar no Instagram. - Abri o app, e a primeira foto que aparece é uma do Yoon abraçado com Taehyung, ambos estão fazendo um sinal de V com os dedos. - A postagem faz cinco minutos. - O que será que esses dois bocós estão aprontando? Coloquei para pesquisar o nome e adivinhe só? NADA, não tem nenhum perfil com a foto da mulher. QUE CARAMBOLA! ESSA MULHER VIVIA EM UM CATIVEIRO PRA NÃO TER UMA REDE SOCIAL SEQUER?
Ela ao menos existe?
PARA, DE TENTAR ME CONFUNDIR SUBCONSCIENTE!
Impossível ela não ser real, tenho certeza absoluta. Tudo bem se fosse apenas coisa da minha cabeça, mas não a reação que minha mãe teve, foi suspeita demais, isso tá me cheirando a um passado com segredos e eu não gosto nada disso. Por qual motivo ela não iria contar o nome da pessoa que foi tão amiga a ponto de eu a chamar de tia? O que que aconteceu? Como aconteceu? Por que eu não consigo lembrar de nada? Eu quero saber, preciso descobrir. Que cérebro de bosta esse meu! Já não basta esquecer das coisas frequentemente, agora vou ter que viver com essa dúvida pro resto da vida? Ah, mas não vou mesmo! Tenho que procurar mai-
Escutei batidas na porta, pus o notebook do meu lado esquerdo e levantei para abrir.
O que esse mané tá fazendo aqui em dia de domingo? Ele não abusa da minha cara não? E ainda trouxe companhia.
- Entrem. - Falei para Yoongi e Taehyung, que passaram por mim esbanjando um sorriso enorme. Tae está com um tripé na mão enquanto a outra segura seu celular. Yoon está com uma maleta de... maquiagem?
- O que vocês vieram fazer? - Perguntei depois de trancar a porta e voltar para o sofá. Yoongi colocou a maleta em cima da mesinha. Tae levou o tripé próximo da minha tevê para posicioná-lo?
- Vamos pegar sua televisão emprestado. - Yoongi nem esperou eu responder, para pegar o controle remoto ligando a televisão, pesquisando por - forcei minha visão um pouco mais para conseguir ler o que estava escrito na tela, tô sem óculos e não coloquei as lentes ainda - just dance?
- Não vai demorar muito, é só um vídeo de desafio pro canal do Taehyung. - Explicou, conectando o jogo.
- E desde quando ele tem um canal?
- Decidi criar ele há uns vinte minutos atrás, postei uma enquete no Insta, de sugestão de desafios e uma galera respondeu. Entre eles eu escolhi o de se maquiar enquanto dança just dance. - Terminou de arrumar seu equipamento e sentou ao meu lado.
- E porque na minha casa? - Olhei pros dois confusos.
- As mães do Yoon, expulsaram a gente da casa dele. - Tae respondeu.
Sim, meu primo é filho de duas mães.
Minha tia se apaixonou por uma turista da Noruega que veio conhecer a Coreia. Elas se envolveram romanticamente, tempos depois decidiram se casar. Viajaram para Inglaterra já que seria impossível realizar um casamento entre duas mulheres no nosso país. Foi no último passeio conhecendo toda a cidade, enquanto passavam próximo a um viaduto, que elas ouviram o choro de uma criança. Quando minha tia, irmã da minha mãe foi atrás do barulho deu de cara com um bebê com a aparência coreana em cima de um papelão enrolado com várias mantas sujas de terra. Elas contam que ele chorava muito e sua temperatura estava baixa, seu corpo era roxo e desnutrido. Imediatamente elas o levaram para o hospital. O que foi a melhor atitude a ser tomada já que os médicos contaram que se demorasse mais cinco minutos provavelmente o bebê, não conseguiria resistir.
Minhas tias passaram mais tempo do que esperavam na Inglaterra porque não conseguiam desapegar da criança. Foi aí que decidiram adotar ele mesmo sendo uma ideia precipitada para um casal que havia acabado de se casar e que não pretendiam ter filhos. Enfim, hoje todos eles vivem na Coreia e agradeço imensamente por isso porque não sei como seria minha vida sem o desmiolado do Yoongi.
- Pois é, as veias resolveram fazer o clube do livro justo hoje, porque não fizeram na semana passada. Aí eu dei a ideia de vir fazer o vídeo aqui na sua casa já que sabia que a tevê não ia estar ocupada. - Explicou o cabeçudo, arrastando a mesinha de vidro que fica no centro pro canto, abrindo mais espaço na sala.
- E por que não foram pra casa do Taehyung?
- Muito longe. - Tae disse simples colocando na música 'Con Calma', onde os personagens são um urso com um conjunto de roupa amarelo com alguns desenhos de abacaxi e o outro, um alce com um conjunto de roupa verde com desenhos de banana.
O único que eu consigo dançar.
- Vocês vão se maquiar mesmo? - Perguntei para eles enquanto Tae escolhia um entre os vários batons dentro da maleta. Me pergunto onde ele arranjou tantas maquiagens. Comprou só pra fazer o vídeo?
- Você também vai participar do vídeo. - Yoongi me puxou pelo o braço e começou a passar um pincel com pó rosa nas minhas bochechas, enquanto eu batia na sua mão Tae fazia os últimos ajustes no equipamento de gravação.
Essa vergonha eu não passo nem a pau! Onde já se viu, eu Jeon Jungkook, me submeter a tal humilhação.
Nem que me pague.
- Pronto! Vamos começar. - Anunciou Taehyung, pegando seu celular em seguida entregando o outro para o meu primo que recusou dizendo que eu dançaria primeiro.
- Você tá fazendo uma live? - Yoongi perguntou, dando tchau pra tela do celular. - Caraca Taetae você é famoso tem quase mil pessoas assistindo à live.
- Eu não vou dançar pra esse tanto de gente nem que me pague! - Coloquei o celular em cima da mesa e me sentei de novo. Yoongi tirou o celular do tripé e se sentou ao meu lado colocando o seu braço esquerdo em volta do meu pescoço focando a câmera frontal em nós.
- Olha gente, meu primo tá arregando dizendo que não vai dançar, comentem aí pedindo pra ele dançar. - Falou apontando pra tela do celular, enquanto eu tentava não encarar a tela. Mas foi preciso apenas algumas olhadas de relance para notar os comentários na tela. Tipo muitos deles, uma chuva, meu Deus, por que tanta gente quer me ver dançando, o vídeo nem é meu.
Taehyung sentou no meu lado direito.
- E aí pessoal, estão pronto para o primeiro vídeo do canal? Bom, acho que vocês já conheceram os nossos primeiros convidados especiais. Esses são meus amigos Yoongi e Jungkook. A pedido de uma seguidora, hoje nós vamos fazer o desafio de dance e mek. Já escolhemos a música, agora vamos começar! - Yoongi entregou o seu telefone sorrindo e ele colocou no tripé novamente. - Ah, antes que me esqueça se você caiu aqui de paraquedas, já me segue lá no Instagram @Brotae que é o mesmo nome do canal. Vamos Jungkook.
- Eu não vou. - Falei cruzando os braços.
- Tá com medinho de perder pros meus movimentos sexy? - Provocou mexendo seu corpo em um movimento esquisito. Yoongi levantou novamente e ficou lendo os comentários, dando risada. - Vai cara, é só uma dancinha boba.
- Eu já disse que eu não vou Taehyung, tá surdo? - Perguntei irritado, não com ele e sim comigo mesmo por não conseguir ter coragem nem ao menos para participar de uma brincadeira idiota de um vídeo.
Ele pareceu entender que eu não estava afim, se virou olhando para o meu primo que logo caminhou vindo até nós pegando o celular. Dizendo que iria arrasar no rebolado e que Taehyung deveria tomar cuidado pois um novo astro da dança está prestes a nascer.
Meio envergonhado abaixei minha cabeça, erguendo minutos depois quando eles começaram a dançar.
Taehyung bem que podia mudar o nome do seu canal, para 'Taedohorror' porque por Deus, que horror ele tentando dançar, e pintar a cara ao mesmo tempo, o coitado não tem um pingo de coordenação motora.
Não posso nem julgar porque tô quase no mesmo nível. Pelo menos está sendo divertido, assistir eles fazendo palhaçadas - uma alteração no meu fim de semana monótono - até que isso é legal.
Enquanto eles dançavam, peguei meu celular no bolso, da calça e entrei na live do 'Brotae'. Para ver o que a galera estava comentando. Tirando os comentários das pessoas sorrindo, alguns estavam elogiando nossa aparência, um entre os diversos perguntou "qual o Instagram do menino de camisa preta?'' O que essa pessoa quer comigo?
Que engraçado, um perfil respondeu o comentário dizendo:
"Não te interessa."
Estranho a pessoa da foto parecia com o - engoli em seco - L-loirinho? Não, por favor que não seja ele. Eu imploro por tudo que é mais sagrado. Eu vendo o Yoongi se for preciso.
Quer saber? Eu estou sem óculos então provavelmente acabei enxergando errado. É isso.
- Caralho não preciso nem fazer mais exercícios. Só nessa dança eu já perdi uns vinte quilos. - É impossível olhar pra ele com esse batom todo borrado, sombra preta no olho, glitter no nariz e conseguir ficar sério.
Não sabia que era possível chorar de rir.
Minha barriga dói agora.
Taehyung caminhou até o tripé pegando seu celular sentando em seguida no sofá. Se despedindo dos seus fãs a qual ele se referiu de 'brotinhos', um pouco envergonhado dei um tchau pra tela. Meu primo jogou parte do corpo em cima do meu para ficar bem próximo do celular e se despedir também. Quando Taehyung encerrou a live, tudo ficou em silêncio, cada um em seu canto Yoongi deitou no chão com as pernas atreladas no sofá, Tae ficou sentado igual gente diferente do boiola do meu primo e eu decente como sou cruzei minhas pernas em um movimento borboleta. Como não tinha nada pra fazer, abri no grupo da escola, pelo menos pra disfarçar que eu tava fazendo algo de interessante.
- O pessoal amou o vídeo! - Taehyung comentou sorrindo. - Tão pedindo o número de vocês.
- Coloca o meu na sua bio.
- Pro Hoseok me matar, dizendo que eu tô liberando o namorado dele, pra geral? Melhor não.
- Vai te fuder Tae, eu e ele nem estamos namorando ainda, posso pegar quem eu quiser, assim como ele também pode ficar com quem quiser.
- Ah, é? - Taehyung se levantou de supetão, caminhando até Yoongi, sentando em cima dele com uma perna de cada lado do seu corpo. - Então deixa eu desbotar esse seu batom com minha boca. - Foi aproximando o rosto, lentamente.
Ele vai fazer isso mesmo?
- Sai fora maluco, gosto de gente bonita. - Afastou Taehyung. - E que de preferência tenha o cabelo vermelho.
- Não seja por isso, amanhã mesmo pinto o meu. - Nos entreolhamos e caímos em uma gargalhada exagerada.
Não sei como minha mãe ainda não acordou. Falando nela agora que lembrei, a bonita está em casa. Graças aos raios do pikachu, ela ainda não levantou, porque se visse as almofadas dela debaixo da cabeça do Yoongi no chão, ela surtaria.
- Quem é Seon Young, Jungkook? - Perguntou Tae olhando pra tela do notebook que eu esqueci de fechar. - É o nome de alguma atriz de porno? Tu tava vendo porno Jungkook, seu safadinho. - Como pode um ser ter uma cara tão deslavada dessa?
Ele fala disso numa naturalidade.
- É mais fácil o primo estar pesquisando por nomes aleatórios na internet do que vendo porno. - Falou Yoongi se levantando. - Jungkook não gosta disso, ainda mais se for porno hetero. - Concluiu dando risada.
Peguei o notebook das mãos de Taehyung.
- Tava pesquisando sobre uma mulher, aquela que eu comentei contigo Yoongi, naquele dia na escola. - Relembrei com ele que concordou com a cabeça. - Tenho certeza que ela tem alguma ligação com minha mãe, mas já pesquisei em algumas redes sociais e nada de encontrar ela. Nem mesmo uma foto sequer. Apareceu alguns perfis sem foto, mas não sei o sobrenome dela aí dificulta tudo. - Expus de vez.
- E por que você não tenta perguntar pra sua mãe? - Curioso sobre o assunto Tae questionou apoiando o cotovelo em cima da perna esquerda e o queixo sobre a mão.
- Já perguntei, mas ela muda de assunto na hora.
- Por que você não procura alguma coisa no escritório dela? - Yoon tem razão, por que eu não pensei nisso antes? Minha mãe costuma anotar tudo que faz na sua agenda pessoal. Isso inclui números de telefones e consequentemente nomes entre outras coisas, ela anota tudo.
Como eu fui burro.
- Você tem razão Yoongi. . - DDisse me levantando.
- Confia no Pai que é sucesso!
- Onde tá sua mãe? - Tae perguntou se levantando também.
- Caramba, eu esqueci. - Cocei minha nuca. - Ela tá dormindo lá em cima, chegou cansada ontem, do trabalho. - Bocejei... - E agora?
- Vamos dar uma de espiões. - Taehyung deu a ideia. Olhei pra eles que olharam pra mim, nos comunicando apenas por olhares.
Não tenho nada a perder então quer saber, vamos nessa! Concordei de leve com a cabeça e subimos as escadas.
Por sorte o escritório fica entre o meu quarto que é o primeiro do corredor e o da minha mãe que é o último.
Ela não costuma trancar a porta com a chave então demos sorte nisso também.
Entramos no cômodo como se estivéssemos pisando em ovos, o escritório da mamãe não é tão grande - tem apenas uma mesa, com um computador e um quadro com uma frase motivacional em cima, de costa para uma janela com cortinas brancas e uma poltrona bem antiga do lado esquerdo. Do lado direito uma estante enorme quase chegando ao teto com vários livros sobre medicina. E alguns artigos de decoração.
- Vou procurar nas gavetas e vocês procuram na estante. - Disse para os meninos. Assim começamos nossa missão impossível, se duvidar até suicida. Porque se minha mãe pega a gente aqui, estamos mortos.
Abri a primeira gaveta da direita, tirei uma pilha de papéis, comecei a folhear mas eram apenas coisas de serviço dela, por isso guardei novamente. Fui para a gaveta de baixo e tudo que encontrei foi uma caixa de lápis, antigos - minha mãe gosta de colecionar eles. - Onde será que ela guarda essa agenda? Procurei na última gaveta do lado esquerdo e acabei encontrando algo que não pertence à minha mãe e sim ao meu pai.
Encontrei sua palheta, da cor vermelha com a inicial do nosso sobrenome gravada nela. Segurei ela no centro da palma e fechei o punho com muita força.
Isso ainda dói tanto. Por que ele teve que me deixar tão cedo? Tudo que eu queria era que ele pudesse estar aqui comigo agora nesse momento. Ele prometeu que iria me ver crescer e que faríamos uma música juntos, mas ele não cumpriu sua palavra... ele se foi e... nunca mais vai voltar para ver que assim como prometi quando criança fiquei bem maior do que ele - meus olhos começaram a se encher, de lágrimas com as lembranças repentinas que invadiram meus pensamentos - tínhamos tanto pra viver papai, eu queria tanto que você conhecesse meus novos amigos, queria conversar sobre com me sinto quando estou perto do loirinho, eu queria... queria... que você estivesse aqui comigo pai, comigo e com a mamãe - funguei enxugando as lágrimas que escorriam no meu rosto.
- Você está bem Jungkook? - Taehyung perguntou.
Guardei a palheta no bolso. - Uhum. Encontraram alguma coisa? - Yoon estava olhando nas gavetas de baixo, e Tae na parte de cima.
- Ainda não. - Falaram em uníssono.
- Espera... Encontrei uns papéis de hospital aqui. - Yoongi falou se levantando com folhas nas mãos.
- Devem ser iguais dos outros que eu encontrei aqui na gaveta. - Batuquei meus dedos sobre a mesa.
Ele continuou - Mas esses nem são do hospital que sua mãe trabalha e... - Passou a pagina. - Aqui tem seu no-
- Olha o que eu encontrei! - Anunciou Taehyung de repente, Yoon guardou os papéis de volta. Eu e ele nos aproximamos para ver do que Tae estava se referindo. - É uma caixa com várias fotos.
- Nossa, por que minha mãe nunca disse que tinha essas fotos aqui? - Começamos a olhar as imagens.
O que anda acontecendo com a senhora Ji-won? Ela sabe que eu gosto de saber sobre histórias da nossa família e me esconde uma relíquia dessas. Nesta caixa deve ter tantos momentos únicos e com certeza momentos dos quais eu nem estive presente porque algumas fotos são bem antigas.
Encontrei uma minha com meu primeiro cachorrinho que eu ganhei de presente do meu pai, quando completei meus oito anos de idade. Romeu, um Border Collie preto, meu eterno melhor amigo.
- A tia Ji-won e a mamãe eram prejudicadas de face, na infância, viu. - Disse Yoongi sorrindo de uma foto, na qual as duas estão com uniformes escolares.
Preciso tirar uma foto e zuar com a cara da minha mãe.
Ops!!! Ah não, estou aqui escondido se eu faço isso capaz de botar a minha sobrevivência e a de todos aqui presente em jogo.
Melhor não arriscar.
- Eu sou você... - Taehyung murmurou lendo atrás de uma foto. - Esse menininho deve ser você Jungkook, mas quem é esse outro?
- Deixa eu ve... - Quando estava indo pegar o papel de sua mão escuto passos no quarto ao lado. Minha intuição não falha.
Minha mãe acordou.
- Minha mãe! Guarda isso logo, vamos. - Eles me olharam espantados. Tae guardou a caixa no lugar onde havia encontrado, Yoongi ajeitou alguns papéis, eu virei o homem mais rápido do mundo e chequei se não tinha deixado nada fora do lugar, sem demorar mais nem um segundo sequer, saímos pra fora do cômodo fechando a porta lentamente. Entramos no meu quarto que era mais perto do que descer para a sala novamente.
- Ufa! Achei que a gente ia ser pego. - Falou Yoongi, sentindo os batimentos do peito. - Já pensou se ela pega a gente Kook? Você ia tá ferrado.
Errado ele não tá.
- Qual era a frase que tinha atrás da foto que você achou mesmo Tae? - Perguntei esfregando os olhos, caminhei até a gaveta e peguei meus óculos.
- Eu sou você. - Começou a alisar o queixo. - Não sei vocês mas achei aquela foto muito suspeita. - Suspeita por que? - Você conhece aquele menino da foto Jungkook?
- Eu nem consegui ver a foto. - Falei frustrado com minha lerdeza. - Você tem certeza que era eu na foto?
- Olha, eu tava na dúvida, mas parando pra pensar, o nariz entrega tudo. - Bullying dessa hora? - Brincadeira, mas eu acho que era sim você, agora o outro garoto eu já não faço a mínima ideia de quem seja. Você não se lembra de nenhum parente seu que seja bochechudo de cabelos castanhos claro?
Quem será que deve ser essas pessoas, não me recordo de ninguém com essa aparência, o único que sua descrição se encaixa é... o garotinho do sonho da sorveteria.
Será que...
- Não conheço - respondi simples -, e os papéis que você achou Yoon, o que tinha neles?
- Não deu tempo de ler direito porque tava um pouco amassado e velho, mas acho que não era nada de importante.
Suspirei fundo.
Que maravilha, vim atrás da solução de um problema e acabei ganhando outro de brinde. Agora além de tentar descobrir quem é a mulher do sonho, tenho que saber quem é o garoto da foto.
Um belo começo de semana pra você Jungkook.
Batidas na porta.
- Filho, você está acordado? Posso entrar? Não tá pelado né?
Olhei para os meninos engolindo um seco e depois para a porta e respondi:
- Tou acordado mãe e sim, pode entrar. - A porta se abriu não por completo apenas a medida do espaço de sua cabeça.
- Ah, achei que você estava sozinho, oi meninos.
- Oi, tia.
- Olá senhora.
- Vou pedir comida, quer alguma coisa?
- Queremos sim tia, um balde de coxa de galinha assado, pizza, refrigerante, ambu-
- Quer uma cesta básica? - Perguntou minha mãe sorrindo, antes de sair dizendo que compraria salada. Só pra implicar com Yoongi.
- Ô TIA JI-WON, ESPERA AÍ. - Saiu correndo pra fora do quarto.
- Se eu não conhecesse ele, diria que precisa de ajuda. - Falou Taehyung tocando no meu ombro.
- Concordo.
[•••]
Aula de música. Vou finalmente poder conversar um pouco mais com o professor. Será que a melodia que eu criei tá legal? Não tenho tanta experiência em criar, sou mais de cantar.
Imaginei enquanto subia as escadas do prédio de artes.
E se eu passar na sala de dança, pra ver como é por lá, antes de ir pra minha aula?
Não que eu queira ver um tal loirinho que se chama Jimin, longe disso, é por pura curiosidade.
É pela arte!
Quer saber, é só uma olhada, o que de mal tem nisso?
Entrei no corredor da sala de dança.
Semana passada Jimin não veio pra escola. Quando fui no Ho'omau entregar o dinheiro que eu tava devendo pra senhora Choi, ela me disse que ele havia avisado que ia faltar porque estava ocupado com trabalhos escolares. Mas se ele não veio à escola e nem ao trabalho, o que deve ter acontecido? Espero que ele esteja bem.
Parei em frente a porta já ouvindo o som da música alta que tocava dentro do cômodo. Me escorei nela, destrancando a maçaneta lentamente rezando para quem quer que estivesse lá dentro não se incomodasse com a minha presença. Pra minha surpresa só tinha uma pessoa. O loirinho. No entanto, nem percebeu que eu o admirava, porque ele dançava como um louco, seus passos não eram mais leves e delicados como da última vez que o vi e sim carregados de tensão, dor... raiva. Fiquei tão hipnotizado com seus movimentos que só despertei quando dei de bunda com o chão, quando a porta abriu de uma vez, chamando sua atenção.
Ele pareceu se espantar quando me viu. Sem saber como fugir da situação vergonhosa que me meti, não consegui manter contato visual e fitei o chão.
É agora que o chão deveria se abrir e me exilar da terra. Por que tá demorando tanto?
- Jungkook?... O que você veio fazer aqui? - Estranhando seu tom de voz trêmulo e baixo. Levantei minha cabeça. Percebi que seus olhos estavam com uma coloração mais avermelhada, como se tivesse passado horas chorando.
Me levantei. - Jimin, o que aconteceu? - Seus olhos encheram-se de lágrimas e mesmo contraindo a boca tentando disfarçar sua súbita vontade de chorar. Ele não conseguiu se controlar e desmoronou na minha frente. Me mostrando um lado que eu nunca imaginei que veria. Seu lado frágil, ele parece tão desolado, como se tudo que precisasse fosse um abraço. Por isso não pensei duas vezes e o abracei. Sentindo seu corpo pouco menor que o meu tremer enquanto ele fungava com a cabeça escondida no meu ombro. Meio sem saber o que fazer para o acalmar levei minha mão até seus fios loiros e brilhantes, comecei a fazer um leve carinho. O mesmo que minha mãe sempre fazia em mim quando eu era criança.
- Vai ficar tudo bem Jimin, eu estou aqui com você. - Sussurrei para ele, mesmo sem saber o mínimo do que se passava em sua cabeça.
Minutos depois ele conseguiu se acalmar, seu rostinho pequeno estava um pouco vermelho e os olhos quase que fechados por conta do inchaço que o choro causou. Passando a mão no rosto e se virando ele pediu que eu sentasse em um colchonete vermelho próximo a parede no chão enquanto ele iria até o banheiro lavar sua face.
Quando voltou já com um aspecto mais vivo, sentou do meu lado me entregando uma barrinha de cereal que tirou da sua bolsa.
- Desculpa por isso. - Falou abrindo o pacote de barrinha. - Não era pra você me ver nessa situação, agora você vai achar que eu sou um bebezão chorão.
- Não precisa se desculpar por deixar seus sentimentos escaparem. - Comi um pedaço do doce. - E fica tranquilo porque você é bonito até chorando. - Me engasguei quando percebi o que eu falei em voz alta. Ele começou a bater nas minhas costas tentando me ajudar até que segundos depois consegui me recuperar.
- Cuidado aí coelhinho, você não aprendeu a comer direito não? - Perguntou sorrindo de canto. Não respondi sua pergunta, apenas continuei comendo em silêncio me condenando mentalmente por ter dito que ele é bonito em voz alta. Tudo bem eu imaginar isso, agora verbalizar assim na cara dura perto dele, com seus olhos vidrados nos meus com sua boca rosada e cheia sendo vez ou outra pincelada com sua língua, com o cheiro do seu perfume leve que ficou na minha roupa co-
- Jungkook? - Passou a mão em frente ao meu rosto, me tirando do transe em que eu cai simplesmente por ficar admirando sua beleza.
Agora não é hora pra isso Jungkook!
Chacoalhei minha cabeça reorganizando os pensamentos. - O que aconteceu, quer conversar? - Ele olhou para os próprios dedos suspirando fundo. - Sabe, um anão de jardim me disse uma vez que é legal conversar com estranhos. - Disse sorrindo, e levando um tapa seu no meu ombro.
Ele passou a mão pelo os fios, encostando a cabeça na parede, virando o rosto para mim. - É meu pai... ele meio que descobriu onde eu estou trabalhando, e disse que se eu não sair do emprego vou sofrer as consequências. E antes que você me pergunte porque eu faltei na escola semana passada. - Suspirou fundo. - Ele me obrigou a ir em uma viagem de negócios por isso não pude vir. Enfim, minha vida perfeita não é tão perfeita assim. - Concluiu com um sorriso forçado no rosto.
- E-E eu...
- Não precisa dizer nada Jungkook, sua presença aqui já é o suficiente.
Ficamos em silêncio por mais alguns minutos até eu quebrar isso quando comecei a falar:
- Jimin. - Chamei olhando para a parede branca na minha frente. - Eu não sou muito de abraçar as pessoas, mas... - Virei meu rosto pra olhá-lo, engoli um seco quando percebi que ele aguardava esperançosamente que eu concluísse a frase. - Eu...
- O que? - Deitou a cabeça no meu ombro.
- Eu... - Gostei de abraçar você. - Eu... Lembrei que tinha aula de música hoje! - Falei de uma vez, quando essa lembrança invadiu minha cabeça. Ele se afastou de mim se levantando logo em seguida estendendo a mão para me ajudar a ficar de pé também.
- Desculpa ter te atrapalhado. - Disse sem me encarar. - Vai lá, talvez ainda dê tempo.
Ouvimos a porta da sala ser aberta, quando de repente passa por ela meus professores de artes e de música.
Kim Namjoon e Kim Seokjin. O que eles vieram fazer aqui?
- Jin? O que você veio fazer aqui? - Jimin perguntou quando seu irmão se aproximou de nós.
- Eu e o Nam vamos comer, quer ir com a gente? Ah, olá Jungkook. - Me curvei em cumprimento.
- Jungkook matando aula para ficar na sala de dança? O que aconteceu, por que não foi para a aula? - Perguntou o professor Namjoon.
- Sinto muito professor, é que eu... - Olhei para Jimin. - Acabei me confundindo com os horários de hoje. Mas isso não vai se repetir novamente!
Ele me desculpou, dizendo que dessa vez deixaria passar. Jimin acabou aceitando o pedido do irmão, com a condição de que eu pudesse ir junto com eles. Mesmo negando. No final das contas acabei cedendo ao pedido do loirinho
Tenho que parar de dizer sim pra tudo que ele me pede!
Saímos da escola, o professor Seokjin nos levou no seu carro até um restaurante a céu aberto que fica algumas quadras de distância da escola. Quando chegamos no local, muito bonito com as cadeiras e mesa em móveis rústicos, cercado por uma pequena vegetação, um ambiente digno de muitas fotos. O paraíso para a minha mãe que ama tirar fotos com plantas.
- O que vocês vão querer? - Perguntou Seokjin.
- Eu quero o que você quiser meu amor. - Disse Namjoon dando um beijo de leve na bochecha do professor de artes.
É O QUE??? EU ACABEI DE VER O PROFESSOR NAMJOON CHAMANDO O PROFESSOR SEOKJIN DE AMOR???? E ELE AINDA BEIJOU A BOCHECHA DELE? E POR QUE EU SOU O ÚNICO SURPRESO NESSA MESA?
O professor Seokjin sorriu e começou a falar - Acho que o Jungkook ainda não sabia que a gente tá junto. Estou certo Jungkook? - Concordei rapidamente com a cabeça.
- Eu quero Kimchi, com bastante pimenta. - Comentou o loirinho analisando o cardápio.
- E você aguenta comer comida tão apimentada assim? - Perguntei pra ele, que colocou o cardápio sobre a mesa e disse:
- Pimenta é como água pra mim Jungkook, não importa a quantidade eu como de boa.
- Tão afobado. - Comentou o professor Jin, sendo repreendido pelo olhar de Jimin.
Por outro lado, só consegui sorrir. Duvido que esse tampinha dê conta de comer tanta pimenta assim.
- O que, não acredita? Então compete comigo, vamos ver quem aguenta comer mais pimenta. - Me propôs estendendo a mão em um acordo. No qual ele seria o vencedor se eu não fosse um amante de comida apimentada. Como pimenta desde meus quatro anos de idade. O bico da minha mamadeira era uma pimenta.
Vocês acham mesmo que eu vou perder pra ele?
- Fechado! - Apertei sua mão. - Mas não vale beber água ou nenhum outro tipo de líquido. - Acrescentei, ele deu de ombros e chamou o garçom, que assim que veio anotou o pedido dos professores e nosso pedido. Além de uma exigência especial que o loirinho acrescentou.
- Se puderem por favor traga um vidro da sua pimenta mais picante. - O homem que nos atendia já de idade nem questionou o pedido, simplesmente concordou e saiu.
- Jungkook e como anda o processo de criação da sua música? Conseguiu terminar? - Namjoon perguntou.
- Consegui sim professor! Na verdade queria mostrar ele hoje para o senhor, mas acabou que como eu disse antes, me confundi com os horários.
- Mostra agora então! - O que? Com esse tanto de pessoas em volta?
- O único jeito de você perder mais sua vergonha é se desafiando. Só nós três estamos prestando atenção em você, o resto das pessoas nem estão olhando.
Observei aos arredores, passando as mãos suadas por minha calça, sentindo meu coração acelerar só de imaginar a possibilidade de abrir minha boca e cantar.
- Eu... Eu não, não sei se consigo professor.
- Vai Jungkook, estou curioso pra te ouvir cantar. - Comentou o loirinho me oferecendo um sorriso.
- Verdade Jungkook, o Namjoon já me contou que sua voz é absurdamente linda. Também estou curioso. - Acrescentou o professor Jin.
Ok, Jungkook relaxa, você só precisa relaxar e respirar, são apenas três pessoas olhando para você, o resto estão vivendo suas vidas e nem te conhecem então deixa de medo e faça!
- Ok, eu canto. - Disse baixo, respirando fundo mais uma vez e engolindo um seco quando eles pararam pra me olhar.
Então comecei: - Você é o so... - Parei porque acabei errando o tom da nota. Olhei para minha mão quando senti um toque macio da mão de Jimin entrelaçando seus dedos sobre a minha. O encarei e ele sorriu balançando a cabeça de leve pedindo que eu continuasse.
Não sei explicar como nem o porquê, mas seu toque fez cessar todo o furacão dentro de mim. Foi como se ele tivesse filtrado todos os meus sentimentos ruins e colocado a paz no lugar.
Como um simples toque é capaz de ter tanto poder?
Com a confiança repentina que me invadiu comecei a cantar novamente. - Você é o sol que iluminou outra vez a minha vida
Uma reencarnação dos meus sonhos de infância
Eu não sei o que é esse sentimento
Ainda estou sonhando?
Há um oásis verde no deserto
A priori dentro de mim
Estou tão feliz que não consigo respirar
Meus arredores tornam-se mais e mais transparentes
Eu ouço o oceano de longe
Através de um sonho, sobre o horizonte
Estou indo para aquele lugar que está clareando
Pegue minhas mãos agora
Você é a causa da minha euforia
O nervosismo de antes foi completamente esquecido entre a melodia da música. Não cantei ela inteira apenas as três primeiras estrofes, o que foi o suficiente para ser aplaudido por todos os outros clientes que estavam no local. Minha ficha caiu quando o garçom chegou com nossos pedidos. Me parabenizando por ter uma voz tão bela.
- UAU Jungkook, se antes eu tinha uma quedinha por você, agora eu tenho um precipício. - Falou Jimin pegando o molho de pimenta. - Quando a gente começar a namorar você vai ter que cantar assim no meu ouvido todos os dias.
- Jimin! Para de deixar o garoto constrangido. - Obrigado professor Jin. É bom o senhor colocar uma coleira nesse sem vergonha do seu irmão.
- É brincadeira idoso, deixa de ser chato! - Se virou pra mim. - E aí Jungkook, pronto pra perder para mim? - Perguntou sacudindo o vidro de pimenta na mão.
Eu retirei o objeto dele e sem pensar muito só abri e despejei a maior quantidade de pimenta possível. Deixando ele e todos na mesa espantados. Peguei meus hashis, e quando levei o kimchi até minha boca fiquei em dúvida se tava comendo comida ou lava vulcânica. Engoli na maior dificuldade sentindo meus olhos arderem e minha garganta queimar.
Tudo bem, talvez não tenha sido uma boa ideia ter colocado tanta pimenta assim, mas eu aguento! Jimin também não tá tão diferente de mim. Mesmo ele tentando disfarçar sei que quando vira a cabeça pro lado é pra que eu não veja ele abanando sua boca.
Sem um aviso prévio começamos uma disputa de quem come mais rápido assim, fizemos. Porém nenhum de nós conseguimos terminar o prato inteiro.
Ficamos ambos respirando fundo, com os lábios vermelhos de tanta ardência.
- Eu não aguento comer mais. - Disse Jimin, soprando o ar quente.
- Também não! - Falei.
- Vocês dois são estranhos, sabia. - Comentou o professor Jin. - Agora vamos embora porque ainda preciso passar na escola para pegar alguns papéis, e o Nam também, né Juninie? - O professor de música concordou.
Pedi licença com a desculpa de que iria aproveitar e levar algo para minha mãe comer. Fui até a parte onde o vendedor fica e pedi quase morrendo que ele me desse um pouco de açúcar ou água. Qualquer coisa que me ajudasse a livrar aquela ardência da boca, sorrindo da minha cara o senhor foi até a cozinha não demorando muito e me trazendo o que havia pedido. Voltei para a mesa onde me aguardavam para ir embora.
- Sabia que você não ia comprar comida e sim beber água Jungkook. - O loirinho me acusou, comemorando a vitória. Essa que foi por terra quando seu irmão dedurou que ele aproveitou minha ausência na mesa para beber também.
Sendo assim, como eu comi mais pimenta, eu ganhei!
Seokjin nos levou de volta para a escola. Onde eu e Jimin seguimos para o Ho'omau que fica no caminho da minha casa.
- Qual seu Instagram Jungkook? - Perguntou Jimin enquanto andávamos, olhando pra tela do seu celular.
- Ah, meu Instagram é... pspspspspsp.
- O que? - Me olhou confuso. - Fala direito pra mim pesquisar aqui.
Como eu explico que o nome é praticamente todas as letras do alfabeto, sem que ele ria da minha cara?
- É... Abcdefghi_lmnopqrstuvwxyz. - Falei encarando o céu.
- Para de zueira Jungkook, eu tô falando sério. - Bateu de leve no meu braço, porém parou de andar quando percebeu que eu realmente estava dizendo a verdade. E começou a rir alto da minha cara tendo que colocar as mão no joelhos para não cair no chão.
Quando cessou a risada, disse que iria seguir o abecedário. E que eu teria que fazer o mesmo quando chegasse a notificação. Foi o que fiz assim que o celular vibrou.
Logo chegamos na rua em que precisaremos nos separar então, me despedi e ele seguiu caminho.
🐥
Me aproximando do Ho'omau notei um carro preto idêntico ao do meu pai, o que me deixou com mais certeza ainda de que minhas suspeitas estavam corretas, foi quando vi o motorista entrar e dar partida no carro.
Entrei no estabelecimento, a senhora Choi estava cabisbaixa no balcão. - Olá senhora Choi, aconteceu algo?
- Jimin querido, que bom que você voltou, senti sua falta. - Sorriu alegre ao me ver.
- Desculpa por ter faltado esses dia senhora, eu prometo que isso não vai mais acontecer. - Ela concordou com a cabeça e voltou a ficar triste, foi quando curioso decidi perguntar:
- Senhora, o que aquele homem que acabou de sair daqui queria?
- Era um homem muito importante, ele veio me dizer que será o futuro dono do Ho'omau.
- O que? - Perguntei surpreso. O que meu pai quer com um estabelecimento desse?
Ela explicou que seus pais antes de morrer deixaram algumas poucas dívidas no nome da família. Dívidas essas que apesar de serem poucas custavam muito dinheiro. Em respeito à morte de seus pais ela acabou fazendo a burrada de comprometer a pagar tudo. O que custou a ela suas economias que guardava no banco há muito tempo. O que não foi o suficiente para cobrir as dívidas. Por isso acabou hipotecando o cyber. Agora o banco está cobrando o investimento. E se ela não conseguir o dinheiro em menos de um mês terá que fechar ou o banco vai vender o Ho'omau.
Como meu pai ficou sabendo disso eu não faço a mínima ideia, mas eu não vou deixar ele fazer isso! Não para descontar a raiva que ele sente de mim, na senhora choi.
Isso nunca!
- Me desculpa Jimin, eu deveria ter contado a você que a situação aqui não estava boa, mas eu achei que conseguiria o dinheiro a tempo. Antes o banco havia me dado um prazo de dois anos para quitar a dívida, porém de repente me ligaram avisando que tudo que eu tenho é menos de um mês. Eu não entendo.
Mas eu sim!
- Não se preocupa senhora Choi, eu vou dar um jeito nisso! - A conformei fazendo um leve carinho com meu polegar em sua mão que descansava em cima do balcão.
Sem dizer a ela como ajudaria fui para a salinha trocar meu uniforme antes que chegasse algum cliente.
[•••]
Meu condomínio bem que podia ser mais perto do trabalho porque puta que pariu tô morto. Um cara de moto com uma bolsa de entrega nas costas estava parado tocando a campainha da minha casa.
- Sim? - Perguntei.
- Entrega para a senhora Seon Young. - Me mostrou umas sacolas.
- Ah! Pode deixar que eu entrego. - Ele agradeceu antes de ir embora. Entrei em casa assim que a porta foi aberta pelo o porteiro que se desculpou pela demora, em atender a campainha.
Analisando o que tinha dentro da sacola gritei. - MÃE, ENTREGA PRA SENHORA.