The Colors Between

By yassromano

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Em Prescott High, tudo tem o seu lugar. 𝘛𝘰𝘥𝘰𝘴 𝘵𝘦𝘮. Allison Hastings sempre esteve ciente disso, bem c... More

The colors between
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Epílogo
Notas finais
Epílogo Bônus

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By yassromano

De alguma forma, eu me encontrei em Prescott High na quinta-feira de ação de graças e, ainda por cima, carregando uma bolsa com meus patins dentro. Eu não sabia exatamente em que momento Hunter havia me convencido a comparecer, mas ali estava eu e, surpreendentemente, havia uma certa animação adorando em mim, uma empolgação que eu não achei que sentiria.

Desde que Michael havia ido se encontrar com alguns amigos antigos e Jasmine havia viajado com a família para passar o feriado com os avós, eu me acomodei sozinha na arquibancada do rinque, esperando pelo jogo de hóquei que ainda iria acontecer. Embora houvesse uma maioria de jogadores do time prestes a jogar, outros alunos também estavam no gelo, incluindo algumas garotas, desde que era um amistoso aberto. Nenhum deles estava usando equipamento de proteção, o que me dizia que a violência ocasional do esporte estava banida por hoje.

Eu vi Aidan com Matthew e Jason, os três vestindo camisetas vermelhas de treino dos Crimson Knights e segurando seus tacos de hóquei. Meu irmão havia sido permitido participar hoje e sua satisfação em estar de volta ao gelo era evidente, mesmo que este estivesse longe de ser um jogo oficial. Era isso que mostrava que meu irmão amava o esporte, não a competição especificamente.

Eu sabia, que quando ele se virou para ajudar algumas pessoas que não eram jogadoras, dando-lhes dicas e demostrando movimentos ele próprio, que ele não estava fazendo isso para provar qualquer coisa, mas sim porque aquele era quem ele realmente era, um líder, e isso era perfeitamente evidente no gelo.

— Ei, você. — Hunter patinou até a mureta de contenção quando me avistou, suas covinhas aparecendo quando ele sorriu. Ele parecia genuinamente feliz em me ver, o que agitou meu interior da forma que ele era exclusivamente capaz de fazer — Você realmente veio.

— Ei. — eu sorri de volta — Eu vim e a culpa é toda sua.

— Você não parece muito infeliz aqui, no entanto. — Hunter apontou com uma expressão conhecedora, porque ele sabia que estava certo.

— Bem, é melhor você ganhar. — eu provoquei, vendo um brilho competitivo surgir em seus olhos.

— Talvez eu precise de um prêmio para me motivar. — ele retrucou, e a provocação fez minha pele esquentar. Nas últimas semanas, essas reações pareciam apenas mais e mais evidentes, fazendo crescer também a minha consciência e inquietação em relação à elas. Eu não era completamente ingênua sobre o que elas significavam, mas ao mesmo tempo não sabia o que fazer em relação à isso.

— Eu acho que você é competitivo o suficiente, hm? — eu retruquei suavemente.

— Isso vale para nós dois, senhorita patinadora. — Hunter apontou. Bingo. Eu sem dúvidas era competitiva quando se tratava do esporte que praticava, não de uma maneira hostil, mas sim de forma que eu estava sempre completamente empenhada em dar o meu melhor, com uma boa pitada de perfeccionismo.

Touché. — eu sorri. Do gelo, alguém chamou por Hunter, indicando que o jogo estava prestes a começar.

— Minha hora. — ele disse. Eu lhe desejei boa sorte mas, ao invés de se afastar, Hunter estendeu a mão para mim e eu inclinei a cabeça, confusa — Vamos lá, Hastings, a essa altura, nós precisamos de um aperto de mão.

Após a mais breve hesitação, eu estendi minha mão também, abraçando a ideia. Eu sabia que muitas pessoas, atletas ou não, tinhas seus próprios apertos de mão que simbolizavam as mais diversas pessoas coisas, inclusive "boa sorte". Hunter me surpreendeu com seu pedido e com o fato de que ele já tinha algo em mente, pois no minuto seguinte nós já tínhamos um cumprimento complexo que praticamos um par de vezes para memorizar.

Agora, é melhor você ganhar. — eu provoquei. Hunter piscou para mim antes de se afastar. Sorrindo para mim mesma, eu me acomodei na arquibancada, deixando minha bolsa cair sobre o assento ao meu lado. Havia uma quantidade considerável de espectadores, entre alunos e familiares, que vieram não apenas para o jogo mas também para a feira que ocorria do lado de fora, contando com todo o tipo de comida da estação.

Quando o jogo começou, eu mantive minha atenção no gelo, inconscientemente focando mais em Hunter do que no restante dos jogadores. Ele não estava jogando em sua posição habitual, talvez porque não houvessem posições completamente definidas,  mas isso não o impedia de mostrar seu talento e eu me encontrei vibrando internamente mesmo que aquele não fosse um jogo real.

Ao mover minha atenção para Aidan, que estava jogando no mesmo time — o que felizmente me fazia não ter que escolher uma torcida — era como se ele estivesse brilhando no gelo, puro êxtase em sua expressão. Meu irmão mais velho nunca havia sido tímido em relação às suas habilidades, nunca havia hesitado em deixar o mundo saber que ele respirava hóquei e era extremamente bom no que fazia mas, naquele momento, eu podia dizer que ele estava de certa forma se contendo, mantendo o ritmo leve e, ao invés de tentar qualquer exibição para compensar seu tempo fora do gelo, estava se esforçando para manter o jogo aberto para todos, criando oportunidades para que todos se sentissem incluídos. Ele era o capitão dos Crimson Knights e, em momentos assim, era evidente. Eu sabia que o treinador estava por perto em algum lugar, assistindo, e sabia que de alguma forma ele levaria as atitudes do meu irmão em consideração. Era um teste velado, e Aidan passaria com sucesso, eu sentia isso.

Perto do final do período, cujo tempo estava sendo adaptado para a situação especial, Hunter acabou de fato marcando um gol, que me fez levantar e comemorar com um sorriso bobo no rosto. Ele procurou por mim nas arquibancadas e balançou a cabeça quando me avistou, como se dissesse "eu te disse." Sim, sem dúvidas ele me provocaria sobre isso mais tarde.

— Eu gosto da sua bolsa. — uma voz suave disse e eu virei a cabeça para ver Marlowe, a irmã de Matthew, no degrau acima do meu. Ela estava vestindo um casaco mais grosso do que o de qualquer um ali, uma peça rosa bebê estofada e um cachecol com estampa de lhamas enrolado ao redor do seu pescoço. Seu cabelo estava dividido em duas tranças que a faziam parecer completamente adorável.

— Obrigada, Marly. — eu sorri para ela, incapaz de não me aquecer para a garotinha diante de mim. Eu podia não ser próxima de Matthew ou os outros amigos de Aidan, mas eu conhecia os Larson a minha vida toda, afinal, os garotos cresceram juntos e nós vivíamos em uma cidade pequena — Você está vendo o Matthew lá? — perguntei, apontando para onde o irmão dela estava no gelo.

— Sim, mas hóquei é chato. — ela me disse sem delongas, fazendo-me engolir uma risada.

— Não deixe seu irmão ouvir você dizer isso. — eu avisei, tentando imaginar a cara que Matthew faria ao ouvir um comentário daqueles.

— Ele sabe que eu acho patinação muuuito mais legal. — Marlowe disse, movendo-se para se sentar ao meu lado. Eu escannei as pessoas na arquibancada procurando pela Sra. Larson, mas acabei encontrando apenas Sawyer, o irmão do meio dos Larson. Eu acenei para chamar a atenção dele e apontei para que ele visse Marlowe sentada ao meu lado e ele assentiu, provavelmente sabendo que entraria em apuros caso perdesse a irmã mais nova ali.

— Então você gosta de patinação? — eu perguntei para Marlowe, que assentiu enfaticamente, fazendo-me sorrir novamente. Eu puxei meu celular do bolso do casaco que estava vestindo, procurando entre as minhas fotos aquelas específicas que sabia que atrairiam o interese da garotinha — Quer ver uma coisa legal então?

Eu mostrei para Marlowe fotos minhas e de Jasmine durante nossa prova de figurino, onde experimentamos as roupas cheias de brilho que usaríamos na competição desse ano. Marlowe analisou as fotos com contemplação, seus olhinhos escaneando cada detalhe que ela podia capturar.

— É tão bonito. — ela disse — Como eu disse, muuuito mais legal que hóquei.

— Bem, nós temos roupas mais bonitas pelo menos, certo? — eu sussurrei para ela como se contasse um segredo e ela riu, concordando com a cabeça.

— Marly, o que eu te disse sobre sair de perto do Saywer? — a voz de Matthew chamou nossa atenção e eu me virei para ver que ele estava diante de nós agora, atrás da mureta de contenção e olhando para a irmã com as sobrancelhas erguidas. Eu nem sequer havia percebido que o jogo havia acabado, mas agora podia ver as pessoas que participaram se dispersando, mesmo que a maioria tivesse continuado no gelo.

— Ele é chato. — Marlowe disse, como se isso fosse todo o motivo que ela precisava para escapar de seu irmão.

— Ainda assim, você não pode fugir dele. — Matthew apontou.

— Nós podemos patinar agora? — ela perguntou, se levantando. Matthew revirou os olhos ao ver que sua bronca havia sido ignorada, mas ainda assim estendeu a mão para a irmã, que correu para ele. Antes de dar sua completa atenção à ela, ele olhou para mim, acenando com a cabeça:

— Obrigado por não deixá-la escapulir completamente. — ele disse.

— Foi ela quem me achou. — eu disse. Marlowe sorriu para mim como se compartilhássemos um segredo e então deixou seu irmão levantá-la sobre a mureta e então colocá-la sobre seus ombros, sorrindo em deleite quando ele começou a patinar pelo gelo.

— Então, o que achou? — Hunter se aproximou novamente, agora com o rosto vermelho e o cabelo bagunçado. Eu me levantei do meu lugar, indo até ele.

— Você sabe que é bom, Hunter Collins. — eu balancei a cabeça, incapaz de esconder meu sorriso.

— Entra aqui. — ele chamou — Você trouxe patins, certo?

Eu assenti e rapidamente calcei meus patins, pisando no gelo ao lado de Hunter. Era a primeira vez que que eu entrava no mesmo rinque em que o hóquei acontecia, estando muito mais familiarizada com o espaço onde eu treinava, mas eu não me senti tão insegura quanto achei que ficaria quando me movi para patinar pelo gelo, deslizando com facilidade alguns metros adiante.

E, uma vez que eu estava patinando, eu me senti automaticamente confortável, porque o gelo era o meu lugar seguro. Havia uma confiança, uma força, que eu só sentia quando estava ali, era mágico e libertador.

— Faça. — Hunter disse, patinando ao meu lado com um sorriso conhecedor — Você sabe que está morrendo de vontade de fazer um dos seus truques.

E eu estava.

Eu ergui uma sobrancelha para ele e então deixei meu instinto de patinadora assumir o controle. Com a graça de anos de treinamento, eu executei alguns giros e espirais, que fluíram tão naturalmente quanto respirar.

— Eu acho que nunca vou entender como você consegue fazer isso. — Hunter balançou a cabeça, quase que conformado com o fato de que ele não tinha tamanha leveza, afinal, o hóquei era infinitamente diferente da patinação nesse quesito.

— Bem, e eu não duraria cinco minutos em um jogo de hóquei. Aliás, um minuto sequer. — eu respondi — São habilidades diferentes.

— Não posso discutir com isso. — Hunter concordou — Mostre o que você tem então, Hastings.

— Isso é um desafio, Collins? — eu rebati, erguendo minhas sobrancelhas em falsa rivalidade. Aceitando a provocação e com a confiança que parecia ter florescido em mim naquele dia, eu deslizei mais alguns metros e, respirando fundo, executei um triple lutz bem ali, que felizmente foi bem executado. Depois de tanto praticar esse salto nos últimos meses, me enchia de alegria conseguir executá-lo assim, livremente e claro, fazia minhas expectativas em relação à minha apresentação na competição crescerem.

— Merda, é ainda mais impressionante de perto. — Hunter murmurou, provando que eu claramente havia sucedido em seu desafio.

— Isso foi incrível. — uma segunda voz elogiou e eu me virei surpresa ao ver Aidan se aproximar. Assim como Hunter, ele tinha essa aparência desarrumada pós-jogo e em seu rosto não havia mas aquela expressão vazia e por vezes incomodada quando ele me olhou nos olhos, que transbordavam honestidade — Se você trouxe patins, devia ter entrado no jogo.

— Como eu acabei de dizer para o Hunter, eu não duraria um minuto. — eu disse ao meu irmão — Mas vocês foram ótimos. Não que eu precise dizer isso para você, dentre todas as pessoas.

— Você pode repetir quantas vezes quiser. — Aidan me deu um sorriso convencido — Agora, faça essa coisa de novo.

— Nunca mande uma patinadora fazer alguma coisa a não ser que você seja o treinador dela. — eu apontei. Ainda assim, talvez porque uma parte de mim realmente quisesse impressionar meu irmão superestrela, eu repeti o salto, ainda mais concentrada dessa vez e aterrissando com a mesma graciosidade da primeira. Aidan soltou um assobio impressionado e eu sorri satisfeita — Quer tentar isso, capitão? — a provocação escapou antes de eu pudesse contê-la e eu esperei pela reação de Aidan diante disse, sabendo que estava pisando em um terreno novo e potencialmente perigoso, mas Meu irmão apenas balançou a cabeça.

— Boa tentativa. — ele disse, apontando o taco de hóquei que ainda segurava na minha direção — Que tal você?

— Eu passo. — disse com convicção mas Hunter, ainda ao meu lado, me cutucou.

— Vamos lá, eu vou te ensinar. — ele disse. Sem esperar pela minha resposta, que provavelmente teria sido "não", ele segurou meu pulso e me levou consigo até perto de um dos gols, empurrando seu próprio taco em minhas mãos e, de alguma forma, tirando um disco do bolso de seu moletom.

— Você simplesmente carrega isso por aí? — eu questionei.

— Força do hábito. — ele deu de ombros, jogando o disco aos meus pés — Vamos lá, é fácil.

Eu também acho espirais fáceis, mas você provavelmente cairia de bunda se tentasse agora, eu pensei. Eu não estava brincando quando lhe disse que era completamente sem noção sobre hóquei. Eu entendia grande parte da teoria por conta dos meus irmãos e todos os jogos que eu já havia assistido, mas a prática era uma coisa completamente diferente. Hunter não me deixou escapar, no entanto, então, com um suspiro, eu me posicionei da forma que acreditei ser correta e acertei o disco com o taco, assistindo quando ele deslizou para longe, não chegando nem perto de entrar no gol.

— Bem? — eu disse, virando-me para Hunter e esperando ter provado meu ponto, mas ele simplesmente veio até mim, parando exatamente atrás de mim e, devagar, mudando minha posição, corrigindo minha postura. Ondas de arrepios surgiram nos lugares onde ele me tocou, mesmo com minhas roupas entre nossas peles e, de repente, minha exasperação deu lugar a algo muito mais intenso, que fez as borboletas no meu estômago se agitarem absurdamente e meu pulso acelerar de maneira inexplicável. Ainda atrás de mim, seu peito quase colado as minhas costas, ele disse:

— Tente de novo.

Eu precisei respirar fundo para recobrar pelo menos um pouco da minha concentração, afastando a névoa que havia se formado sobre a minha mente e então, foi como instruído, observando incrédula quando dessa vez o disco deslizou sobre o gelo em uma linha perfeita que terminou dentro do gol.

— Viu? — Hunter disse e eu podia ouvir o sorriso em sua voz. Virando-me para encará-lo, eu prendi a respiração diante da maneira como nossos rostos estavam próximos, o dele pairando sobre o meu uma vez que ele era uma cabeça mais alto do que eu.

— Você fez mágica, Hunter Collins. — eu sussurrei como se estivesse encantada e, naquele momento, era exatamente assim que eu me sentia. O mundo desapareceu ao nosso redor por um instante, mas eu rapidamente recobrei a consciência de nossos arredores ao voltar a ouvir o som das lâminas contra o gelo, lembrando-me de que nós não estávamos sozinhos. Haviam pessoas ao nosso redor, incluindo meu irmão que potencialmente estava assistindo o desenrolar da cena. Eu me afastei apenas o suficiente para criar algum espaço entre nós, mesmo que a conexão criada naquele momento ainda parecesse paupável, fazendo minha pele esquentar e meu coração bater forte contra o peito. Bem ali, eu soube que seria impossível fingir para sempre, ignorar a crescente tensão entre nós e, acima de tudo, soube que eu acabaria derrubando minhas barreiras completamente para Hunter, deixando-o entrar como minha alma parecia implorar para eu fazer.

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