caring only kills love

By hesunfIower

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(ABO) Louis precisa de filhotes. Ele sonha em ser mãe e está ficando sem tempo. Seus 26 anos estão se aproxi... More

Informações.
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By hesunfIower

Capítulo 11: Can't Stand Me Now.

Zayn foi embora depois que colocou para fora tudo que Liam havia feito. O que o alfa não percebeu foi que, ao cuspir todos aqueles acontecimentos, os respingos ácidos de tamanho ressentimento cairiam em alguém, mais precisamente, em quem estava o escutando vomitar toda aquela dor amarga e enjoativa. Louis era esse alguém, como na maioria das vezes. O ômega sentiu sua pele queimar, mas ele ignorou a dor que tudo aquilo o causou e escolheu priorizar o que Zayn sentia naquele momento. Aquilo não era sobre ele, Louis repetia para si mesmo incontáveis vezes. Embora também fosse.

Sempre era, não era?

Por alguns minutos, o ômega apenas sentou no sofá de sua casa e ficou completamente parado. A porta havia sido fechada com força por Zayn quando ele decidiu que já estava cansado demais para aquilo, Louis não conseguiu criar força para levantar e tranca-la com a chave. A comida que Harry havia comprado para ele, que estava praticamente intacta em cima da mesa, também foi levada rudemente por Zayn, que alegou estar com fome e precisando de um hambúrguer gorduroso naquele dia horrível. Louis havia perdido sua fome, de qualquer maneira. O ômega não se importou com nada daquilo. Ele trabalhava amanhã, ele precisava dormir, mas sua cabeça estava a mil por hora.

Ele tentava conectar tudo que havia sido dito por Zayn, todas as coisas que Liam havia feito. Era apenas muito. O ômega estava incrédulo. Certa parte de seu coração sentia culpa penetrar suas veias. Afinal, Louis sentia culpa por quase tudo que acontecia. Liam abriu mão de seu alfa para que Louis pudesse continuar vivo. E Louis estava se perguntando se aquilo era honrável ou apenas cruel e distorcido. Ninguém faria algo assim. Nenhum ômega conseguiria abrir mão de seu alfa.

A traição machucaria suas almas para sempre. Pela ligação, Liam seria capaz de sentir cada mínimo toque que não sentia em seu próprio corpo, porque Zayn estaria tocando outra pessoa. Liam teria um coração partido. Uma alma rompida. Uma ligação estilhaçada. Nem mesmo se Liam fosse a porra do ser humano mais evoluído do mundo, ele seria capaz de realmente permitir que seu alfa transasse e engravidasse outro ômega para depois aceita-lo de volta como seu. Era quase impossível. Ele ficaria ressentido para sempre. Mesmo que tentasse perdoar Zayn e quisesse continuar sendo seu parceiro, aquele peso sufocaria o amor que sentia, transformando-o em dor.

Principalmente com uma criança envolvida, que seria o filhote de seu alfa e estaria em sua vida constantemente. A criança inocente se tornaria um lembrete diário e perverso do que havia sido feito e jamais seria apagado, apesar das incansáveis tentativas de Liam; de superar aquilo que havia sido sugerido pelo seu próprio ser, com palavras que saíram de sua própria boca e por ideias que invadiram sua própria cabeça.

Liam era o único culpado.

Louis estava tão confuso. Ele não sabia dizer qual era a intenção de Liam com aquilo. Ele queria terminar com Zayn? Ele queria se sentir livre? Independente? Ele não queria precisar ter um filhote? Ele queria machucar Zayn? Ele queria machucar a si mesmo? Ele queria destruir sua ligação? Ele queria fazer Louis afundar em culpa?

O ômega precisava falar com alguém. Ele também precisava colocar tudo aquilo para fora, senão seria incapaz de fechar os olhos e dormir como deveria. Sua cabeça latejava, e o ômega precisava que alguém segurasse sua mão e escutasse seus lamentos. Louis estava sempre lá para seus amigos, sempre pronto para ouvi-los e aconselha-los – o que não era um problema, Louis adorava ser essa pessoa – mas ele gostaria de ter alguém como ele para si. Liam era carinhoso e amável, mas ele levava tudo na brincadeira e nunca conseguia realmente entender o que o ômega estava sentindo.

Já Zayn estava sempre muito ocupado, ou cansado demais do trabalho, ele era um bom ouvinte, mas era muito protetor, muito exigente, muito julgador. Mesmo sem perceber, ele julgava Louis. Ele colocava o ômega nesse pedestal, com expectativas tão grandes para Louis. O que fazia Louis sentir que não podia falhar perto do alfa. Apesar de ajudar o ômega em tudo que precisava, Zayn nunca soube deixar suas emoções de lado e priorizar as de Louis.

O alfa sempre dava suas opiniões e, se Louis não fizesse o que Zayn queria, bem, o alfa não estaria de acordo e deixaria aquilo bem claro. Zayn só queria que Louis estivesse dentro de seu controle, fazendo o que ele achava melhor. Louis nem sempre concordava com Zayn, mas normalmente acabava cedendo para evitar brigas. Era uma relação estreita.

De repente, o nome de Harry visitou a mente de Louis e ficou lá. Fixo. Permanente. O ômega se surpreendeu com isso; sua vontade genuína de falar com Harry. Especificamente com Harry. Louis sabia que não poderia falar a verdade completa, porque o alfa não fazia ideia de sua depressão e de seu plano maluco para ter um filhote. Mesmo assim, o nome do alfa caminhou de sua mente para sua boca, até chegar na ponta de sua língua e fazê-lo sussurrar Harry para seu apartamento vazio e silencioso. O lugar pareceu se tornar mais habitável depois que o nome do alfa circulou pelo cômodo.

Então Louis pegou seu celular, deixado em cima da mesa junto ao que era sua comida, seus dedos rapidamente digitaram o número do alfa e, em segundos, Harry atendeu o telefone. Sua rapidez em atender Louis confortou o ômega, que estava se sentindo um pouco inseguro sobre aquilo; conversar com Harry sobre um problema como se eles fossem amigos de novo. Confidentes. Eles não eram.

— Louis? — Sua voz estava surpresa, quase preocupada. Louis não o ligava com frequência, principalmente no meio da noite, após um dia inteiro passado juntos. Harry estava preocupado.

— Oi... — O ômega respirou fundo, cansado. Ele deveria dormir e esquecer tudo, era impossível, no entanto. — Você está ocupado, pode falar?

— Claro. — Harry respondeu veloz, suavizando seu tom. — Nunca estou ocupado para você, ok?

O ômega sorriu levemente.

— Ok.

— O que houve? — O alfa tentou dar conforto a Louis ao mostrar interesse pelo ocorrido, que ele ainda desconhecia. — Aconteceu alguma coisa?

Louis apenas suspirou. Tantas coisas.

— Zayn veio aqui em casa quase agora.

Harry arregalou os olhos, imaginando o motivo que ele certamente já sabia. Talvez o alfa tenha errado ao esconder de Louis que Liam estava em sua casa, desabrigado e chateado, após terminar com Zayn. Deus, o alfa estava amargamente arrependido de apenas não ter dito tudo de uma vez para o ômega, aquilo não tinha nada a ver com ele.

Mas então Liam pedia, com seus olhos castanhos marejados, para Harry ficar quieto. Para Harry não dizer nada para Louis, porque não era direito seu. Porque Liam ainda não se sentia pronto para conversar com seu melhor amigo sobre seu término, e sim, Harry não tinha nada a ver com aquilo. Então Harry nada dizia. Embora odiasse muito estar escondendo algo do ômega que estava tentando fazer confiar em si.

— É? — Harry forçou uma despreocupação. Como se não visse problema naquilo. — E o que houve?

— Ele me disse que Liam terminou com ele. — Sua voz parecia confusa e perdida. Louis estava confuso e perdido. — Eu não faço ideia do que isso significa.

— Como assim? — O alfa perguntou. — Eles terminaram, isso precisa significar algo?

— Quando eles são meus melhores amigos e terminaram por mim, então, sim.

— Terminaram por você? O que isso quer dizer?

Louis engoliu em seco. Porra, ele disse mais do que devia. Ele não deveria ter ligado para Harry, ele tinha noção que acabaria dizendo mais do que o alfa sabia. Sua mente estava muito conturbada, Louis não estava com seus pensamentos organizados, ele não tinha controle de nada naquele momento; nem de suas palavras, nem de seus devaneios.

— Hm... É... — O ômega pigarreou, completamente sem jeito. — Pelo o que Zayn disse, o começo da briga foi por minha causa, a culpa foi minha. Eu preciso consertar isso, preciso fazê-los voltarem.

Honestamente, estava cada vez mais difícil conversar com Harry sobre qualquer coisa. Afinal, Louis sentia serenidade e conforto ao lado do alfa. Harry deixava Louis à vontade. Harry deixava Louis totalmente confortável. Então o ômega acabava dizendo o que sentia ou pensava, o que nem sempre – na maioria das vezes – fazia sentido para o alfa. O ômega desabafava com sinceridade, mas sempre precisava mentir no fim, porque Harry não sabia da verdade. Não realmente. Louis andava se sentindo um mentiroso, não era um sentimento bom, o ômega queria que isso acabasse. Ele queria poder contar tudo  ao alfa, sem restrições ou invenções.

— Não importa o porquê eles estavam brigando, Louis, a responsabilidade do fim de um relacionamento sempre será deles dois. Casais terminam por tantas coisas, mas a verdadeira razão para colocar o ponto final em um compromisso, embora possa haver vários motivos externos, é sempre interna. Essa necessidade de terminar veio deles... Do sentimento deles, dos pensamentos deles, das vontades deles. Se eles estavam discutindo sobre você, sobre filmes ou sobre comidas não faz diferença, foram eles que quiseram terminar. Nada nem ninguém pode colocar fim em algo que quer continuar tentando ficar vivo.

O ômega suspirou. Tudo era confuso.

— Mas se eu posso ajuda-los a perceber o quanto eles querem tentar de novo, ao invés de acabar com o relacionamento, eu devo ajudar, você não acha?

— O que você acha, ômega?

Louis se sentiu acolhido pelas palavras de Harry, como se, pela primeira vez, em anos, ele tivesse uma pessoa para se segurar. Uma pessoa que realmente estava escutando o que ele tinha para dizer, sem julgar ou colocar suas opiniões e ideais acima dos sentimentos de Louis.

— Eu acho que sim. — O ômega falou. — Liam pode ser cabeça dura, às vezes. Ele precisa ser chacoalhado até se dar conta da realidade, porque Liam se perde dentro de sua imaginação e suas ideias do mundo. Ele sempre esquece de sentir seus sentimentos, ele se prende no que ele quer sentir ou no que ele acha que deve sentir, não no que ele realmente sente. Eu preciso falar com Liam.

— Então faça isso.

Louis sorriu, apreciando o apoio.

— Eu vou.

— Eu tenho certeza que, vindo de você, Liam escutaria e entenderia o quanto o amor é precioso.

— Por que você diz isso? — O ômega estava curioso. Era engraçado que Harry pensasse assim, quase patético, já que ele havia corrido do amor de Louis. Se o amor do ômega era tão precioso, por que o alfa não havia se importado o bastante para não deixo-lo quebrar? Do outro lado do mundo, Harry não parecia se preocupar com o valor do amor.

— Porque você é uma das pessoas que mais ama, Louis. — O alfa disse, firmemente. — Você se preocupa mais que qualquer um. Você cuida e escuta e está sempre lá. Quando você diz algo, seus conselhos, todos nós escutamos, porque simplesmente sabemos que você quer o nosso melhor e provavelmente já pensou em todas as outras possibilidades para isso dar certo ou errado, e se você acha que essa é a melhor, é porque é.

Louis riu fracamente.

— Você realmente acha isso?

— Eu não diria se não achasse, ômega.

— Às vezes eu sinto que ninguém está me escutando, então é interessante você me dizer tudo isso.

— Acredite em mim, se estamos falando com você, você consegue nos convencer de qualquer coisa e, ainda, nos trazer consciência e nos impedir de cometer os erros mais estúpidos.

Louis ficou mudo por minutos. Uma dúvida amarga dominou seu paladar, o ômega estava tomando coragem para realmente descobrir mais sobre aquele sabor. Talvez ele não apreciasse o gosto.

— Por isso você foi embora sem se despedir?

Harry arfou. Sem palavras. O alfa demorou bastante tempo para dizer algo. Louis também ficou quieto. O silêncio parecia barulhento, entretanto, ele não acalmava e tranquilizava, mas deixava tudo mais intenso e intimidador. Como se o silêncio desafiasse algum deles a falar algo; ouse interromper o vazio com palavras cheias. Louis queria que Harry fosse corajoso daquela vez.

— Sim. — Foi o que o alfa conseguiu dizer. Apenas uma palavra, nenhum sentimento dentro dela. Nenhuma imensidão cheia, mas uma superfície rasa. Louis estava decepcionado, ele esperava mais. Uma explicação, talvez. Uma razão para tudo.

— Sim? — O ômega repetiu. — Só isso, um sim?

— O que você quer que eu diga, Louis?

— Não sei, mais coisa? Algo mais elaborado,
explicativo, emotivo?! Qualquer porra fora um sim que não fez diferença alguma! Que não amenizou nem um pouco da dor que eu senti!

— Você acha que o que eu fiz, ou como eu escolhi fazer, pode ser justificado? — Harry parecia genuinamente surpreso. Para ser honesto, o alfa nunca pensou que tentar explicar o que fez tornaria as coisas melhores para Louis, mais toleráveis.

— Eu não sei, Harry. Não faço ideia. Mas não custa nada tentar. Pode ser que você fale o porquê de não ter se despedido antes de ir, e eu fique ainda mais chateado, com raiva e desapontado, ou talvez eu simplesmente entenda um pouco como sua mente pensou e ache certo conforto nisso.

— Você acha que vale a pena arriscar?

— Como assim?

— Se você ficar mais ressentido, pode ser que o que estamos tentando construir agora seja afetado.

Louis parou por um segundo, ponderando aquilo. Harry tinha razão. Se sua explicação não fosse suficiente para o ômega, aquilo interferiria no sentimento que eles estavam cultivando agora. Talvez não valesse a pena o risco. Afinal, se o alfa respondesse a pergunta de Louis com palavras cheias, Harry não poderia retira-las, esconde-las de volta, guarda-las onde estavam, elas estariam na luz, na consciência de ambos dessa vez. E ela poderia mudar muitas coisas na relação deles.

— Só me diz uma coisa: Você se arrepende?

— De ter ido embora ou de não ter me despedido?

Louis não respondeu aquilo. Ele ficou em silêncio, aguardando o que Harry tinha a dizer.

— Claro que eu me arrependo, Louis. — O alfa revelou, cru e honesto. Sem voltas. — Te deixar foi o maior erro que eu cometi na minha vida.

— Você só tem 26 anos, ainda tem muito tempo.

Harry riu.

— Você tem razão, eu ainda sou novo, eu ainda tenho muito tempo pela frente, mas nada pode ser pior que partir seu coração e perder o nosso amor.

O ômega chiou alto e sensível, o barulho machucou a audição de Harry, que sentiu o que Louis sentia.

— Está tudo bem. Nós vamos ficar bem. — Harry disse, tentando acalma-lo. O ômega estava um tanto emotivo. — Eu vou consertar as coisas.

Louis chiou mais uma vez, quase esgotado.

— Agora vá descansar, meu lindo ômega, você já comeu o lanche que comprei para você?

Louis se sentia anestesiado, como se houvesse tomado vários calmantes e fosse dormir.

— Não... — O ômega resmungou. — Eu ia comer, mas Zayn veio aqui e eu não consegui, ele comeu.

— Oh, eu sinto muito por isso. Aquele hambúrguer é muito bom, eu queria que você provasse, mas está tudo bem, outro dia eu te levo para come-lo, tudo bem? — Harry disse, complacente. — Mas você precisa se alimentar, Louis. Você ainda tem comida pronta na sua geladeira? Você pode se levantar e ver isso para mim, por favor?

— Uhum.

O ômega se levantou do sofá e abriu sua geladeira, ainda tinha algumas comidas, sua avó tinha deixado algumas coisas prontas para a semana de Louis. Ela havia ido no mercado e comprado várias alimentos também, além de produtos de limpeza e o que estava faltando na casa do ômega. Jane estava o ajudando muito durante aquelas semanas de recuperação. Se não fosse por ela, Louis estaria totalmente acabado.

Jane havia chegado do mercado mais cedo e quando não encontrou Louis, o encheu de mensagens e ligações. Louis, no meio da Catedral de Salisbury, mandou uma mensagem explicando onde estava e o que estava fazendo. Jane aprovou o passeio e foi para sua casa tranquila naquele dia. Feliz porque seu neto parecia feliz como há muito tempo não via.

— Tem comida na geladeira, está tudo bem. Posso me virar agora, vou esquentar algo e comer.

— O que você vai comer? Quais são as opções?

Louis sorriu, sentindo-se cuidado por Harry.

— Tem macarrão com queijo no armário, uma carninha para fritar com salada que Jane deixou pronta e uma sopa de legumes na panela.

— O que você quer comer?

— Hm... — O ômega pensou.

— Sem ser o macarrão com queijo.

— Macarrão com queijo. — Louis falou ao mesmo tempo, o que fez ambos rirem.

— Por que não o macarrão?!

— Acho que a sopinha é mais saudável, ômega.

— Harry, você tinha comprado hambúrguer para eu jantar hoje! O que você sabe sobre saudável?!

O alfa riu.

— Tem razão, coma o que sentir vontade.

— Bom, não tem aqui o que estou com vontade.

— Não? — Harry franziu o cenho.

— Não, eu queria aqueles cookies do Mr.Darcy!

— Isso não é janta, Louis. Você precisa se alimentar bem, forrar seu estômago e dormir satisfeito.

— Tá bom, papai!

Harry riu.

— Eu gostei disso.

Louis gargalhou.

— Papai? — O ômega repetiu. — Sem chances!

— Qual é?! É um fetiche interessante.

— Papai é para ser usado quando você for pai, apenas. — O ômega decretou, firme sobre isso.

— Hm... Tudo bem por mim, sou louco para ser pai!

Louis sentiu seu coração acelerar.

— Você é?

— Desde criança, você sabe disso, ômega!

Louis piscou algumas vezes, era verdade, ele sabia.

— Sim. — O ômega pigarreou. — Mas a gente não fala sobre isso há anos, algo poderia ter mudado.

— Verdade, mas não mudou, eu quero ser pai de muitos filhotes! — A voz de Harry estava alegre.

— De quantos filhotes estamos falando mais ou menos, só para eu saber?! — Louis brincou.

— Quem sabe, no mínimo, 6!

— 6?!

— Muito? — O alfa questionou.

— Pouco! — Louis exclamou. — No mínimo, 10.

— Porra, 10?!

— Cada um com 2 anos de distância.

— Você pretender ter filhotes até seus 50 anos?!

O ômega ficou em silêncio.

— Tem razão, não tinha pensado na minha idade. Vou diminuir para 8 filhotes, então!

— Uau, quanta diferença!

Eles riram, por fim. Era um sentimento agridoce para Louis, porque embora ele estivesse se preparando e planejando ter um filhote o mais rápido possível, a ideia de realmente estar grávido e ser uma mamãe parecia tão fodidamente distante. Louis não conseguia imaginar o amanhã com uma barriga grande acompanhando seus dias, era como se aquilo fosse um universo paralelo para ele. Como se, um Louis desesperado e depressivo, estivesse pronto para um filhote, mas então, um Louis inseguro e solitário, não sentisse a mínima tranquilidade para cuidar de uma criança pelo resto de sua vida. O pior era que, se não houvesse criança, não haveria resto de vida. Não haveria mais vida. Louis estaria morto. E aquele seria seu fim.

Imaginar que teria filhotes normalmente, com um parceiro, atado, apaixonado, com uma ligação verdadeira e pura era quase doloroso para Louis. No entanto, o ômega gostava de sofrer por isso. Era bom se perder em um pensamento como aquele, que provavelmente não se realizaria tão cedo. Era uma dor quase prazerosa. Louis estava bem em senti-la, porque sua mente estaria mergulhada em uma vida boa e feliz, que o ômega sonhava em ter.

— Louis. — O alfa soava hesitante.

— Sim?

Harry respirou fundo.

— Eu teria 10 filhotes, mas só se você fosse a mamãe do meu papai. — O alfa disse docemente.

O ômega riu, seu corpo ardendo em carinho, ele se sentia enxergado e apreciado por Harry naquele momento. Naquele dia inteiro, para ser honesto. Algo que não sentia há muito tempo com algum alfa. Na verdade, nenhum alfa fez Louis, um dia, se sentir daquela forma. Apenas Harry. Era sempre Harry, não era? Louis se pegou pensando. Talvez lutar contra o destino fosse apenas uma idiotice de sua parte. Talvez Harry fosse seu destino. E talvez nada que ele fizesse pudesse mudar isso. Talvez almas pertencentes sempre se encontrassem de novo. E de novo. E de novo. Até darem certo.

— Tudo bem, papai. — Louis zombou. Harry riu.

— Vá comer seu macarrão com queijo, Louis! Depois escove suas presinhas e vá descansar, ok? Sem televisão e sem livros antes de dormir!

— Você está realmente parecendo um pai assim, está treinando para isso sem que eu saiba de algo?

— Nunca se sabe o que pode acontecer, não é? É bom sempre estar preparado para tudo.

Louis sorriu com isso, mas um pouco de culpa dominou seu peito. Ele estava literalmente planejando dormir com aquele alfa para engravidar, enquanto Harry estava se planejando para viver uma vida inteira como parceiro de alguém; talvez Louis. Provavelmente Louis. Sempre Louis.

A cada segundo, toda aquela situação se tornava pior, o ômega já não sentia tanta certeza de nada. Ele queria se salvar, e isso era sua prioridade. Não dar uma chance para o amor. Não dar uma chance para Harry. Mas seu coração se encontrava procurando pelo coração do alfa, buscando pelo sentimento que Louis somente sentia com Harry.

— Quer que eu te mande uma mensagem de boa noite antes de dormir também?

— Claro! — O alfa sorriu. — E assim ainda posso cantar para você uma canção de ninar.

O ômega desligou o celular sentindo-se bem melhor. Era bom contar com alguém. Era bom quando esse alguém era Harry. Louis esquentou seu macarrão com queijo no microondas, tirou uma foto do prato e mandou para o alfa com um emoji de saboroso. O alfa respondeu com emoji de nojo. Louis riu, sozinho naquele apartamento, sem realmente estar se sentindo sozinho. Era uma sensação nova. O ômega adorou cada segundo daquela companhia que sua alma sentia, mesmo que ninguém estivesse sentado ao seu lado. Louis sentia-se acompanhado.

O ômega terminou de comer, levou seu prato para a pia e lavou rapidamente tudo que havia sujado naquela noite. Ele limpou a mesa de jantar, desligou a televisão – como Harry havia pedido – e estava prestes a caminhar até o banheiro e escovar seus dentes – ou presinhas, como o alfa havia adoravelmente chamado – quando o interfone de sua casa tocou pela sala de estar.

Louis correu para atende-lo, estranhando o horário.

— Alô?

— Boa noite, senhor Tomlinson. — O porteiro, Alex, disse. — Seu pedido acabou de chegar.

— Pedido? — O ômega tinha sua testa franzida.
— Eu não pedi nada, Alex, deve ser um engano.

— Não, senhor, seu nome está na embalagem.

— Embalagem? O que é?

— Não sei dizer, é uma caixa fechada, senhor.

— E quem deixou essa caixa aí?

— Um motoqueiro, senhor.

Louis não fazia ideia do que estava acontecendo.

— É, tudo bem, eu preciso pagar algo?

— Não, já está pago... O entregador falou.

— Coloca no elevador para mim, por favor?

— Claro, senhor.

Louis saiu de seu apartamento, esperando o elevador chegar no seu andar. As portas abriram e uma embalagem média estava depositada no chão. O ômega entrou e pegou, sentindo-se perdido. Até que seus olhos enxergaram Mr.Darcy na caixa, junto com um papel com seu nome escrito.

O ômega abriu o papel rapidamente.

"Para adocicar a sua noite e roubar outro sorriso seu, porque você é lindo, e eu estou coletando todos os seus sorrisos para mim! Quando fecho meus olhos, você está sempre sorrindo agora. Acho que é minha nova coisa favorita. Principalmente quando sou eu o motivo da sua alegria.

ps: Espero que eu tenha escolhido os melhores sabores de cookie para você.
ps.s: E feito você sorrir outra vez.

̶H̶a̶r̶r̶y̶ Papai xx"

Louis estava com um sorriso tão grande que achou que rasgaria seu rosto. Ele gargalhou com o papai no final, Harry era apenas demais. Louis estava começando a se sentir diferente. Como nos velhos tempos. Seus sentimentos e pensamentos estavam cada vez mais misturados. E era tudo culpa de Harry Styles e seu jeito surpreendente.

O ômega abriu a caixinha com os cookies e sua boca salivou ao ver os sabores: dois cookies de M&M's, dois cookies de Nutella, dois cookies de Ferrero Rocher. Louis estava sorrindo outra vez, o alfa literalmente escolheu todos os seus cookies favoritos. Louis não podia acreditar naquele alfa, ele ainda o conhecia com a palma de sua mão.

O ômega puxou seu celular do bolso, aproximou a caixa com os cookies de seu rosto e tirou uma foto com o maior sorriso que conseguiu abrir, o que foi fácil, porque Louis se sentia feliz naquele momento e seu sorriso imenso fora genuíno.

O ômega enviou a foto para Harry com a mensagem:
"Sorrisos e mais sorrisos... Por sua causa."


::

O trabalho de Louis começava às 9 da manhã. No início, ele estranhou aquele horário para abrir e deixar um bar funcionando, mas logo o ômega se surpreendeu com a quantidade de pessoas que realmente iam beber ou, até mesmo, realizar refeições naquele lugar. Cada pessoa levava seu estilo de vida, Louis esquecia disso. Condicionado a funcionar como ômegas deveriam, a ideia da liberdade era apenas irreal e cruel.

— Ômega! — Jim exclamou, saindo de trás do balcão para abraçar Louis. — Que saudade, pequeno!

O ômega sorriu, apertando o corpo do alfa. Jim era seguro. Mais que um chefe, um amigo.

— Como você está, Jim?

— Estou bem, mas esse bar quase parou sem você!

Louis riu.

— Me sinto honrado assim.

— Você faz falta, Louis! Muita.

— Você é tãooo fofinho! — O ômega apertou a bochecha gorda do homem. Jim fez uma careta, logo tirando as mãos de Louis de seu rosto.

— Esquece o que eu falei, eu não senti sua falta.

Louis riu de novo.

— Bom, vamos aos trabalhos?!

— Opa! — O alfa exclamou. — Assim que se fala!

O turno de Louis começou. Harry o buscaria mais tarde, eles iriam almoçar juntos. O ômega estava empolgado para isso; ver Harry, sair com Harry, conversar com Harry, apenas estar com Harry. Ele foi dormir sorrindo, mesmo com tudo que havia descoberto naquela noite. Ele também acordou sorrindo. O ômega foi trabalhar sorrindo, pelo amor de Deus, com um idiota. Leve como uma pétala de flor. Se ventasse forte, Louis sentia que seria carregado para longe, sem poder impedir.

Apesar da alegria que sentia, Louis tentou ligar para Liam quando acordou. Enquanto tomava seu café da manhã, o ômega tentou falar com Liam 3 vezes. Louis deixou mensagens de texto para seu amigo, deixando claro que gostaria de conversar, mas respeitaria seu tempo. Liam não havia o respondido, muito menos atendido o celular. Nenhuma resposta.

Louis também passou no apartamento de Zayn antes de sair para seu trabalho. Ele tocou a campainha, mas o alfa não abriu a porta. Então o ômega pegou a chave extra que ficava escondida embaixo do vaso de planta que Liam havia comprado para enfeitar o corredor. Louis abriu a porta e foi direito para o quarto do alfa; ele ainda estava dormindo.

A casa estava organizada. Muito organizada. Mais do que costumava estar quando Liam estava lá. O que não foi uma surpresa para o ômega. Zayn era organizado e gostava das coisas arrumadas. Se algo ruim ou estressante acontecia, ele sempre arrumava tudo que podia. Até as coisas que não precisava. O apartamento estava perfeito, sem uma peça fora do lugar. Entretanto, Liam não estava lá. Zayn poderia colocar tudo no seu devido lugar, se seu ômega não estava em casa, aquele não era mais seu lar. Apenas uma casa muito arrumada.

Louis foi até sua cama e acariciou levemente o rosto do alfa com sua mão, ele notou quando Zayn despertou, mas continuou com os olhos fechados. Cansado demais para abri-los. O ômega levou sua boca até a testa do amigo e deixou um casto beijo na área. Ele sussurrou "vai ficar tudo bem" antes de ir para a cozinha e deixar o café da manhã de Zayn pronto; sanduíches e café. O ômega avisou que havia feito sua comida e que o alfa deveria come-la, antes de fechar a porta e ir para o trabalho.

Louis esperava ter razão. Louis esperava que tudo fosse ficar bem. Porque eles mereciam.

— O que o senhor vai querer? — O ômega perguntou para um cliente que sentou no bar. Ele não reparou quem era, focado demais em cumprir suas obrigações, o ômega estava no automático.

— Uma Heineken, Louis.

O ômega logo levantou sua cabeça quando seu nome foi chamado. Ele reconhecia aquela voz. Encarou o rosto do homem a sua frente. Era Sam. Louis arregalou os olhos, surpreso ao vê-lo naquele momento. Deus, se existisse um, estava brincando com sua cara, o ômega tinha certeza. O Grande Senhor deveria estar gargalhando lá de cima, se divertindo com todas as coisas que aconteciam na fodida vida de Louis. Um novo drama para o capítulo, tantas emoções! Tantas confusões! Viva!

— Sam! — Louis forçou uma animação inexistente. Ele queria gritar "Agora não! Desapareça!".

— Oi, lindo. — O alfa disse. O ômega detestou como lindo soou nos lábios de outro alguém. Louis gostava de ser chamado de lindo, o ômega percebeu isso, mas só se fosse Harry dizendo. Ele quase queria que lindo desaparecesse do vocabulário de todos os outros alfas, porque eles seriam capazes de destruir tal doce apelido. — Parece que faz anos que não nos falamos! Como você está?

O ômega piscou, digerindo a presença de Sam.

— Bem... — Louis foi curto ao responder. — E você?

— Estou ótimo! Resolvi tudo que precisava do trabalho, consegui o acordo que queria e agora estou um pouco mais livre, disponível para um certo ômega em especial... — Sam sorriu maliciosamente. — Eu tentei te ligar alguns dias atrás, mas você não me atendeu, queria avisar que estava chegando e falar com você, foi impossível te alcançar nesses últimos dias, então decidi arriscar e passar aqui.

— Oh, eu não fazia ideia.

— Sem problemas, deu certo, eu te encontrei!

Outro sorriso. Louis não queria mais sorrisos.

— É.

Sam franziu o cenho quando o ômega não pareceu alegre, muito menos, animado com isso. Ele achava que Louis ficaria tímido, suas bochechas rosadas ao descobrir que o alfa andou o procurando por aí, tentando liga-lo, mas nada aconteceu. O ômega continuou sério, suas expressões inabaláveis. Quase apáticas. Quase indiferentes. O alfa se sentiu um pouco incerto, diminuindo suas expectativas automaticamente. Principalmente quando o ômega se afastou de seu corpo e foi buscar sua cerveja sem dizer outra palavra. Nada. Nem mesmo um estranho desculpe por não ter atendido o celular ou respondido suas mensagens.

Louis voltou para seu lugar, entregando a Heineken gelada em suas mãos e tentando agir normalmente, como se Sam não fosse alguém que ele conhecesse, mas apenas um desconhecido que o ômega estava atendendo no bar que trabalhava.

— Louis? — Sam o chamou. — Eu perdi algo?

— Hm? — O ômega não sabia o que fazer.

— Aconteceu alguma coisa enquanto eu estava fora?

— O que te faz pensar isso?

— Você está distante e estranho, meio indiferente. Só me fale, não me deixe fazer papel de bobo.

O ômega suspirou. Inseguro e confuso.

— Eu... Eu conheci alguém. — Louis contou.

— E?

— E eu acho que não devo mais me encontrar com você. — O ômega estava confuso e indeciso sobre aquilo. Ele não queria descartar seu plano reserva, sua segurança. Mas então sair com Sam naquele momento, quando as coisas estavam indo para um bom caminho com Harry, quando as peças pareciam estar se encaixando e eles pareciam estar começando a funcionar juntos de novo, não parecia mais certo. Não enquanto mentia para Harry. Não enquanto cogitava dar uma chance para Harry.

— Ah. — O alfa soou decepcionado, mesmo que suas expectativas tenham sido diminuídas. Ainda era uma decepção ter algo em sua mente, sendo alimentado constantemente, destruído tão de repente. Sam gostaria de ter sido avisado antes. Ele não teria ligado ou mandado mensagens. E ele definitivamente não teria ido ao local de trabalho de Louis. Sam se sentia bobo. — Tudo bem, acho legal você pensar assim. Não gostaria de estar disputando com outro alfa, sem saber disso.

Louis corou, envergonhado.

— Eu sinto muito por não ter contado antes, você merecia mais consideração da minha parte. Mas tudo aconteceu muito rápido, eu não percebi o quanto sair com você pareceria errado.

— Está tudo bem, Louis, nós não temos nada. Nem mesmo chegamos a ter de novo. Eu aprecio que você seja honesto e não deixe isso crescer para um lugar onde você não gostaria de ir.

O ômega assentiu, sorrindo fracamente. Sem mostrar os dentes. Não havia alegria naquilo, afinal.

— Obrigado pela cerveja. — Sam levantou do banco que estava sentado, pigarreando. — Quanto é?

— Não! — Louis exclamou, quando o alfa pegou sua carteira. — Deixa comigo, essa foi da casa.

— Tem certeza?

— Sim!

O alfa olhou para Louis uma última vez, sua expressão vazia. Não era como se aquilo houvesse partido seu coração ou o machucado, mas era uma situação que mexia um pouco com sua autoconfiança.

— Adeus, ômega.

Louis levantou sua mão e acenou para o alfa que logo começou a andar para longe. Apressado. Envergonhado. Com seu ego afetado. Louis não o julgaria. Teria corrido muito antes e muito mais rápido, se estivesse em seu lugar. O ômega apenas fechou os olhos, apertando-os com força e torcendo para ter tomado a decisão certa ao deixar Sam ir embora de sua vida para sempre. Louis torcia para não precisar do alfa novamente. Ou estaria ferrado.

::

— Vou almoçar com Louis agora e quero contar que você está ficando na minha casa... — Harry informou, olhando para Liam, que estava deitado no sofá, ainda com seu pijama. — Tudo bem por você?

Liam pausou o filme que assistia, encarando o alfa de volta, que estava em pé perto dele.

— Não. — O o ômega respondeu, calmo. — Eu não quero que você fale sobre mim, já disse.

O alfa bufou, um pouco impaciente.

— De novo isso? Eu não vou me meter ou interferir mais na relação de vocês, mas eu não quero continuar guardando algo de Louis. Ele não faz ideia que eu sabia do seu término, muito menos que você está ficando aqui em casa... Ele quer falar com você, te escutar, te ajudar. Eu não posso ficar no meio de vocês, não dessa forma pelo menos. Fingindo que não sei de nada, quando você está literalmente dormindo no quarto ao lado do meu!

O ômega levantou do sofá, indo para Harry.

— Escute, eu não quero fazer você esconder algo de Louis, mas eu não estou pronto para conversar. Eu sei, claro que eu sei, que Louis vai querer me ajudar, mas eu não quero ajuda agora. Eu não quero conselhos, eu não quero sermões, eu não quero pensar sobre isso mais do que já estou fazendo ou falar sobre como me sinto. E sabe? É um direito meu, eu posso me permitir ter um momento sozinho, um tempo e um espaço para mim. Então eu te peço para que não estrague isso.

— Mas você também está pedindo para eu continuar escondendo algo e mentindo para Louis.

O ômega suspirou.

— Eu vou embora daqui, ok? Amanhã.

Harry franziu o cenho, surpreso e preocupado.

— O quê? Como assim? Desde quando? Para onde você vai? Você tem um lugar para ficar?

Liam levou sua mão ao ombro do alfa.

— Eu vou me hospedar em um hotel.

— Você não precisa fazer isso, Liam. Você pode ficar aqui, você sabe disso... O tempo que precisar.

— Eu sei, mas eu não quero. Eu amei rever seus pais, foi ótimo relembrar dos tempos passados. Foi ótimo me sentir de volta à minha infância. Mas eu preciso arrumar minha vida, pensar no que quero e no que não quero... Eu agradeço sua ajuda e seu cuidado, sua consideração pela amizade que um dia tivemos, mas eu não quero ficar na sua casa, Harry.

— Você não está fazendo isso só porque eu reclamei de continuar mentindo para Louis?

— Claro que não.

— Liam...

O ômega sorriu, terno.

— Eu vou ficar bem, Harry. Você não precisa se preocupar e nem cuidar de todo mundo à sua volta. Foque em você, sim? E em Louis. Vocês parecem estar indo bem, eu fico feliz. Você tem a sua vida, seus planos, e eu também tenho os meus. Eu vou embora, e assim você não precisa esconder nada.

— Você sabe que sempre pode ficar aqui se quiser, não sabe? — Harry afirmou, sério e firme.

— Eu sei, chato! — Liam o empurrou levemente, brincando. — Agora vá almoçar com Louis.

Harry puxou o ômega para um abraço, despedindo-se de Liam carinhosamente, antes de correr para fora de casa e entrar no carro. O alfa estava empolgado, porque estava na hora de levar seu ômega especial para conhecer um lugar novo.

::

Harry buscou Louis em seu trabalho às 14 horas. O bar de Jim abria às 9 da manhã, funcionando até às 14 horas, às vezes 15. Então ele fechava pela tarde e só abria de novo às 17 horas, e assim ficava funcionado até às 2 da manhã. Louis trabalhou pela manhã, ele poderia voltar à noite ou não, era uma escolha sua. Ele só precisava avisar ao seu chefe se estaria lá ou não. Nenhum de seus funcionários eram obrigados a trabalhar duas vezes em um só dia, eles deveriam cumprir um turno por dia, mas se quisessem, ou precisassem do dinheiro, poderiam trabalhar mais que isso.

Louis avisou a Jim que não trabalharia hoje à noite. Ele não saberia dizer o porquê, especificamente. O ômega queria trabalhar o máximo que podia, para conseguir recuperar todo o dinheiro que não recebeu durante as duas semanas que passou doente, mas então Louis pensou em seu almoço com Harry. Louis pensou que gostaria de aproveitar o dia, se divertindo e curtindo a vida como deveria. O ômega queria se sentir bem, como havia se sentido ontem. Louis queria mais daquele sentimento de pura alegria e validação. Louis queria mais daquele sentimento que fazia a vida parecer boa. Por isso, o ômega resolveu se dar aquela tarde de presente.

Uma tarde sem preocupação, sem pensamentos ruins, sem medo e sem tanta solidão; mas uma tarde com altas risadas e muitos sorrisos. Uma tarde que faria Louis se sentir apenas vivo e especial.

— Já posso saber aonde vamos?! — O ômega perguntou, batendo suas mãos. Ele estava animado, sentado no banco passageiro do carro de Harry, olhando o mundo passar rápido pela janela.

— Não! — O alfa riu. — Meu Deus, seja paciente!

— Mas estamos literalmente indo para o lugar, daqui a pouco eu vou saber, não custa nada dizer!

— Se daqui a pouco você vai saber, então não tem problema em esperar mais um pouco.

O ômega bufou.

— Você é irritante, Harry.

O alfa sorriu.

— E você é impaciente, Louis.

— Da próxima vez, apenas compre uma venda e tampe meus olhos!

— Talvez seja uma boa ideia, mas não para os seus olhos, para a sua boca!

— O que isso quer dizer?!

— Só assim para você ficar quieto.

O ômega fez um "O" com sua boca.

— Pare o carro agora! — Louis exclamou, sua voz exagerada. — Me deixe aqui nessa calçada!

Harry gargalhou, achando graça de seu drama.

— Estamos chegando, ômega... Relaxe!

Louis respirou fundo.

— Mas eu falei sério sobre a venda, acho que seria melhor para mim não ter noção alguma de onde estamos, ou se já estamos chegando... Seria melhor para a minha ansiedade e curiosidade, sabe?

— Eu adoraria colocar uma venda em você, ômega, mas em um lugar privado... E para outra coisa.

Louis arregalou os olhos. Chocado. A frase se repetindo em sua mente, com a voz sussurrada e rouca de Harry arrepiando sua pele, enquanto aquele maldito alfa tinha um sorriso arrogante no rosto e uma serenidade irritante nos olhos.

O ômega se sentia em uma montanha-russa, eles estavam constantes, e então despencavam, eles estavam em uma velocidade razoável, então corriam, eles estavam em uma altura boa, então subiam para o topo do mundo. Louis estava em um parque de emoções. E Harry parecia controlar todos aqueles malditos brinquedos. Louis não sabia o que esperar ou sentir. E isso era emocionante.

— Chegamos! — O alfa disse, de repente.

O ômega pareceu despertar de seus pensamentos e seus olhos observaram aonde estavam. Louis não pôde contar um gritinho fino e alto. Harry riu com o barulho, tentando decifrar seu significado. O carro estava parado, estacionado apenas um pouco distante do restaurante, mas o ômega sabia exatamente aonde eles estavam e em que restaurante comeriam. E ele não podia, de novo, acreditar naquele alfa.

— Você não fez isso, Harry!

O alfa sorriu.

— Você gostou?

— Eu não acredito que você realmente me trouxe para comer no The Ivy Tower Bridge! Você é simplesmente insano! — Louis cuspiu tudo aquilo, seus olhos presos para fora do carro, sua cabeça quase grudada na janela. The Ivy Tower Bridge era um dos restaurantes mais lindos de Londres, sua vista era impecável, sua comida maravilhosa e sua decoração a porra de uma obra de arte... O restaurante ficava muito perto da Ponte da Torre, como se fosse seu próprio quintal.

Eles saíram do carro, Louis ainda em silêncio. Seus oceanos azuis apenas captando toda aquela paisagem. Eles estavam no centro de Londres, no coração da cidade. A Ponte da Torre era um dos pontos turísticos mais famosos, entretanto, o ômega nunca havia o visitado antes. A Ponte da Torre fora construída sobre o rio Tâmisa e ficava ao lado da Torre de Londres. Aquilo tudo era belo e grandioso. Louis se sentia flutuar pelos ares.

Eles andaram até o restaurante, Harry atrás, observando o ômega caminhar pelas ruas como se estivesse analisando cada centímetro do lugar, guardando em sua memória os pequenos detalhes da ponte, do rio, da torre, da rua e das pessoas.

Eles chegaram ao restaurante, e Harry logo tomou à frente. Ele havia feito a reserva, afinal, Louis não sabia de nada. O garçom gentil os levou para o lado de fora, o ômega amou que Harry havia escolhido uma mesa ao ar livre, quase privada para eles dois. Assim poderiam comer olhando para aquela vista e apreciando a beleza do mundo.

Havia apenas duas mesas naquela área, cadeiras e bancos longos estofadas. Harry puxou a cadeira para Louis se sentar, de frente para o ponto turístico. O ômega achava que se esticasse um pouco mais seus braços, conseguiria tocar na ponte.

— Sejam bem-vindos ao Ivy Tower Bridge... — O garçom falou. — Estão bem acomodados? — Harry respondeu que sim. — Já volto com o cardápio!

— E, então? — O alfa sussurrou, a mão no queixo, seu braço apoiado na mesa e seus olhos em Louis.

O ômega respirou alto, balançando a cabeça.

— Eu estou literalmente sem palavras!

Harry sorriu. Missão cumprida, o alfa pensou.

— Eu adoro te deixar sem palavras, Louis.

O ômega corou, envergonhado.

— Você tem conseguido fazer isso ultimamente, alfa.

O garçom voltou rapidamente e entregou o cardápio para os dois, avisando para que o chamassem quando escolhessem seus pedidos.

— Está se tornando minha especialidade. — Harry piscou. — Acho que posso fazer isso para sempre.

— Me deixar sem palavras? — Louis riu.

— Sim, mas também te surpreender com o mundo à sua volta. — O alfa complementou, sincero.

— Você acha que eu desconheço o mundo tanto assim? — O ômega soou levemente ofendido. Harry sabia exatamente o porquê. Louis também.

O alfa ponderou a situação. Sem saber se deveria responder o que realmente pensava naquele segundo. Ele poderia desconversar e aliviar o clima. Tornar tudo agradável e leve de novo, como deveria sempre tentar fazer. Ou ele poderia fazer tudo ir por água abaixo muito rápido. O alfa não entendia muito bem, mas seu instinto pedia para que ele mergulhasse no mais profundo mar. Ele tinha fôlego para aguentar. A questão era: Louis também tinha?

— Sabe o que é, Louis? — Harry respirou fundo antes de começar a falar. — Você sempre foi tão cabeça baixa, desde criança, tão pé no chão, tão focado no que você deveria fazer e nas suas obrigações, que quase nunca olhou para cima e desfrutou tudo que ainda existia. Você está sempre tão ocupado em cuidar de Jane e conseguir sustentar vocês, que dificilmente deixa um tempo para você, onde pode conhecer lugares bonitos e experimentar comidas diferentes. Você desligou completamente todo o resto do mundo, para que o seu mundo com sua avó e seus deveres fosse o suficiente. Você aceitou tudo que tinha, torcendo para que, talvez, em um futuro incerto, tivesse a chance de olhar para cima e ver novas cores, que você escolheu não conhecer mais cedo.

Louis tinha lágrimas nos olhos. Aquilo era antigo, uma discussão antiga, um assunto antigo. O ômega não esperava por aquilo. Ele sabia que Harry tinha razão, mas era difícil admitir que, sim, ele havia abdicado parte de sua vida por causa de Jane. Não era como se a culpa fosse da ômega, mas não importava, Louis jamais seria capaz de deixa-la sozinha. Ele se sentia mal em ter partes de sua vida sem que sua avó estivesse presente. Porque Jane era tudo para o ômega. Ela estava lá quando mais ninguém estava. Ela criou Louis. Ela cuidou de Louis. Ela amou Louis. Ela não desistiu por Louis.

Louis nunca poderia deixa-la também. Nunca.

— Não é justo você dizer isso... Que eu abri mão de parte da minha vida e apenas torci para que pudesse recupera-la em algum momento.

— Mas não foi exatamente isso que você fez? Deixou seus sonhos de lado, tentando se convencer que os realizaria depois, sendo quem todo mundo precisava que você fosse, mesmo que não estivesse feliz?! Ou no lugar que você gostaria de realmente estar?!

Harry não sabia o porquê de estar trazendo esse assunto naquele momento. Ele poderia destruir toda aquela tarde linda, naquele lugar mais lindo ainda. No entanto, sua mente fez sua boca dizer o que pensava. Mesmo que isso significasse brigar. E ele sabia que significava. Porque aquela era uma briga do passado. Aquela era a briga que os separou. Que colocou um ponto final indesejado naquela história de amor. Harry não fazia ideia da porra que estava fazendo, ou motivo de estar falando daquilo, mas simplesmente não conseguiu impedir.

— Isso tudo por que eu disse que não viajaria o mundo com você sem que Jane fosse comigo?

— Bem, sim?! Quando o sonho era nosso, eu não imaginava que sua avó estaria incluída!

— Ou talvez eu possa dizer que você foi insensível e desrespeitoso em não querer que eu levasse minha única família para qualquer lugar que eu fosse.

— Eu também era sua família!

— Não, eu achava que você era, mas você provou para todos que só pensava em si mesmo.

— Por fazer a viagem dos meus sonhos, que me ajudou e também abriu portas para minha carreira?

— Não, mas por fazer a única coisa que famílias de verdade nunca fariam: Me deixar para trás.

— Eu não te deixei para trás, você escolheu ficar!

Louis riu, sarcástico.

— Não se faça de louco, nós tivemos uma grande discussão sobre esse assunto, não tínhamos decidido nada, aí você foi embora no dia seguinte.

— Para mim, tudo estava decidido.

— Sim, porque qualquer pessoa viaja para outro continente depois de brigar com seu parceiro.

Harry abaixou a cabeça, frustrado.

— Você disse que não era mais meu ômega.

— Claro, você estava praticamente me obrigando a deixar tudo para trás e te seguir cegamente!

— Você nunca entendeu... Eu precisava daquela viagem, Louis... Daquele tempo, daquele espaço, daquela distância. Eu precisava me conhecer sozinho, de qualquer jeito, aprender a me dominar.

— E eu precisava de você. — Uma lágrima manchou o rosto do ômega. — Mas você me abandonou.

— Você disse para eu ir, porra!

Louis secou o choro que escorria pela sua pele.

— Porque eu nunca achei que você fosse capaz de realmente me deixar, seu idiota!


Notas:

Não esqueçam de deixar seus votos no capítulo!

Quanto tempo, meu Deus, que saudade de vocêsssssss! Por favor, estava sentindo tanta falta de escrever e de interagir com minhas pedrinhas. Amo vocês, adoro vocês, quero abraçar vocês!

Ai, tudo que é bom dura pouco! Pelo menos, vocês tiveram um pouco da briga deles do passado. E o Louis chutou a bunda do Sam. O que acharam do capítulo? Espero que tenham gostado!

IMPORTANTE: Por favor, preciso que me respondam algo: O que vocês estão achando do desenvolvimento deles? E do desenrolar da estória? Vocês estão achando bom, conectado com os sentimentos, ou rápido e solto? Eu preciso saber disso, na perspectiva de vocês.

Obrigada por lerem!
Até o próximo capítulo. <3
Todo meu amor para vocês, Ela.

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