Eliza Claire
A minha irmã me mandou uma carta.
O que foi surpreendente, já que eu achei que ela me mandaria uma bosta embrulhada.
Era literalmente a foto de uma carta que ela fez por mensagem.
"Eu decidi te mandar essa carta porque um personagem do livro de máfia que eu to lendo mandou uma carta pro amor da vida dele, e isso é romântico. Mas essa carta é romântica do tipo irmã, e não romântico do tipo que eu te pego e te jogo na parede com as pernas abertas pra eu depois... Enfim, uma carta.
A gente precisa falar da mamãe.
Eu to realmente começando a acreditar que a mamãe me achou perto de uma lata de lixo como você sempre diz.
Ela se preocupa demais com você, principalmente agora que você tá longe de casa.
Evite passar vergonha e não fale pros gringos que você acha que o Brasil e os Estados Unidos ficam em continentes diferentes, você só vai me fazer passar vergonha quando eu for uma stripper famosa...
Mas o real motivo dessa carta, é que a situação aqui piorou. A mamãe pode tentar esconder isso, mas tá óbvio demais até pra mim.
Eu vejo a nossa mãe todos os dias levantar cedo e entregar currículos o dia todo, pra só de noite ela voltar com os olhos cansados e tristes.
Até mesmo a relação dela com o nosso padrasto tem piorado, e eu realmente acho que eles tão tentando se divorciar...
Mas a gente sabe perfeitamente que a mamãe nunca te contaria isso, por mais que a situação aqui em casa esteja péssima, ela quer te ver viver o seu sonho e não vai deixar que os problemas dela façam parte das suas preocupações.
Eu ouvi que você tá concorrendo para uma bolsa, e essa vai ser a única vez que eu vou me permitir falar isso mas... eu acredito em você e no seu potencial. Menos no potencial de geografia.
P.S.: Se você vai viver, viva incrível."
E mais uma vez, a minha família me fez tomar uma decisão doida.
[...]
- Soso, você viu o Theo? - Falei puxando a minha amiga no meio do corredor do colégio.
- Depende, você vai matar ele? - Ela me olhou preocupada.
- Depende. - Dei de ombros sorrindo.
- Você vai sentar nele ou sentar a marretada nele? - Ela questionou semicerrando os olhos.
- Soso, você vai ser jogada no esgoto se não me responder. - Ameacei e ela desviou o olhar pro banheiro masculino.
- Ele tá no banheiro masculino com o resto do time de futebol americano. - Ela respondeu e eu sorri.
- Te amo. - Declarei e ela arregalou os olhos ainda mais.
- Você consegue amar? - Ela me encarou desacreditada enquanto eu andava em direção do banheiro masculino.
Entrei sem pensar muito, e arregalei os olhos encontrando aquele tanto de gostosos sem camisa, quer dizer, horrorosos.
Parecia uma selva e todos animais me encaravam em choque.
Revirei os olhos pra esconder que eu tava toda me tremendo e sai andando pelo banheiro gigante, cheio de armários, bancos e cabines.
Eu vi um cara ajudando o amigo a colocar a cueca e arregalei os olhos desviando o olhar.
A cada passo que eu dava, mais eu me traumatizava.
Literalmente, a cinco passos de um novo trauma.
Tinha até gente fazendo uma luta de espadas... com os paus.
Avistei o Adam e suspirei aliviada.
Até perceber que ele era um dos caras da briga de paus.
Eu realmente preciso parar de ver as bananas do Adam...
O Adam me notou na frente dele e arregalou os olhos vendo o meu rosto horrorizado.
Ele colocou a cueca e a calça rapidamente antes de andar até mim.
Esse lugar todo fedia...
- Não me espanca de novo, eu já implorei pelo seu perdão de joelhos por ter contado pro Theo da maratona... - Ele sussurrou com medo.
- Falando no Theo... - Sorri amigável. - Aonde ele tá?
- Depende, você vai matar ele? - O Adam me encarou desconfiado e eu revirei os olhos.
- Por que todo mundo acha que eu vou matar esse desgraçado? - Perguntei desacreditada.
- Porque você já tentou uma vez. - O Adam respondeu como se fosse óbvio.
Alguns garotos do banheiro começaram a se agrupar em nossa volta e gritar algumas coisas com sorrisos.
- Não! - O Adam encarou cada um deles. - Ela consegue dar uma surra em cada um de vocês e ainda continuar a conversa comigo. - Ele avisou.
Alguns dos caras que estavam perto saíram chateados e alguns outros continuaram fazendo piadas.
- Aonde ele tá? - Perguntei irritada ainda ouvindo as piadas nojentas.
- Na última cabine. - O Adam apontou para o fundo do banheiro aonde ficavam as cabines.
Eu sorri orgulhosa e o Adam me encarou com medo, provavelmente se questionando se tinha acabado de entregar o melhor amigo para a morte.
Caminhei até as cabines e quando cheguei perto da que o Adam apontou, senti o meu coração acelerar.
O meu orgulho vai tentar me enforcar com um dos paus dos garotos daqui...
- Theo? - Fiz uma voz grossa perguntando.
Apenas pra prevenir...
Silêncio.
- Adam, a sua voz não vai ficar mais grossa desse jeito. - Ouvi a voz do Theo depois de alguns segundos e suspirei aliviada.
Comecei a bater na porta da cabine com força.
Eu tinha certeza que aquilo ia estressar o Theo ao ponto de fazer ele abrir a porta só pra espancar a pessoa que tava fazendo isso.
O que obviamente não vai me ajudar nada tendo em conta o que eu vou pedir, mas vai ajudar a minha reputação de irritar as pessoas.
Como previsto, o Theo abriu a porta com o olhar irritado e com o rosto distorcido pelo ódio.
Aquilo seria algo que obviamente me faria sorrir, se o Theo não estivesse sem camisa revelando o seu abdômen definido.
Senti o meu coração pular uma batida quando notei as várias cicatrizes e hematomas no seu corpo.
continua...
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criem suas teorias sobre as cicatrizes
foi o motivo mais :O q eu já fiz...