Eliza Claire
- Sendo as famílias os potenciais consumidores finais, é essencial que se conheça com alguma profundidade as necessidades das mesmas, de forma que este bem ou serviço que se pretende produzir, não venha a ser rejeitado. - Terminei a minha apresentação encarando o grupo de pessoas na minha frente.
Eles dividiram os concorrentes para a bolsa por grupos de acordo as iniciais.
Grupo 1: D, F, L, O, U, V, W.
Grupo 2: B, K, R, T, Y, E.
Grupo 3: C, G, J, N, Q, X.
Grupo 4: A, H, I, M, P, S, Z.
O meu grupo tinha apenas 27 pessoas, o que de certa maneira eu agradecia.
Eu não tava com vontade de imitar o meu pai e me jogar na frente de um carro em uma tentativa de comprar cigarro.
- O seu trabalho foi organizado e apresentado de maneira sensacional, senhorita Claire. - O senhor Roid elogiou.
- Eu concordo absolutamente. - A senhora Reitrac falou e eu sorri.
Eles eram dois dos 6 responsáveis pela bolsa.
- Você com certeza foi uma das melhores, se não a melhor das concorrentes ao apresentar o trabalho. - O diretor da escola anunciou.
Senti um olhar sobre mim enquanto os responsáveis pela bolsa abaixaram os olhares pra fazer anotações sobre a minha apresentação, e então procurei o dono do olhar.
Theo.
Ele tinha os olhos semicerrados pra mim e eu apenas ergui o queixo voltando para o meu lugar.
Eliza: 1.
Theo: 0.
- Acho que terminamos com esse grupo. - O diretor da escola anunciou e todo mundo se levantou. - Cooper e Claire, eu gostaria de falar com os dois.
Eu arregalei os olhos engolindo seco e pensei em cada situação que o guaxinim atropelado podia ter me colocado dessa vez.
Os castigos tinham terminado semana passada, e para minha surpresa, eu não fui obrigada a repetir nenhum trabalho, mas isso só me fez ter vontade de realmente atropelar o Theo.
- Claro, diretor favorito. - O Theo sorriu andando até o diretor e eu encarei ele desacreditada.
- Seu único diretor também. - O diretor fez questão de mencionar e eu prendi a risada me aproximando.
Todo mundo já estava fora da sala, incluindo os responsáveis pela bolsa.
Deve ser uma pausa pra putaria.
- O seu corte de cabelo continua impecável. - O Theo acrescentou e eu arregalei os olhos.
- Senhor Cooper, pela quinta vez, eu sou careca. - O diretor falou quase com ódio na voz.
- Eu lembro que o senhor tinha cabelo longo. - O Theo explicou e eu desviei o olhar já sentindo lágrimas brotarem nos meus olhos de tanto prender a risada.
- Isso foi há 5 anos atrás. - O diretor falou. - O meu cabelo caiu.
Observando o olhar de choque do Theo, eu senti uma lágrima cair do meu olho e eu me apressei a limpar antes que eles notassem o meu rosto vermelho de tanto prender a risada.
- Mas não era sobre a queda dos meus antigos cabelos hidratados e longos que eu queria falar. - O diretor lançou um último olhar para o Theo antes de se virar pra mim. - Você está chorando, senhorita Claire?
O Theo se virou rapidamente pra mim com o olhar confuso e assustado.
Como se me ver chorar fosse uma atrocidade para a humanidade.
- Eu pensei que vampiros não choravam... - O Theo soltou me encarando e eu voltei o meu olhar indignado pra ele.
- É apenas alergia. - Menti.
- Alergia? - O diretor perguntou preocupado.
- Sim, alergia a gente burra. - Encarei o Theo.
- Isso foi um insulto? - O diretor me observou ofendido.
- Deve ser difícil ser alérgica a você mesma. - O Theo me devolveu o olhar e eu travei a mandíbula.
É só uma facada e esse porco morre.
- Voltando ao assunto original. - O diretor interrompeu. - Os responsáveis pela bolsa falaram comigo e me informaram que eles já pretendem fazer a eliminação dos concorrentes do grupo 2.
Eliza: Destruída.
Theo: Prestes a levar uma facada.
- Eles me falaram que vocês os dois foram os melhores na apresentação do trabalho e com certeza vão passar para próxima fase, então a única coisa que vocês podem fazer agora, é se preparar para receber um tema de apresentação no email. - O diretor informou e eu suspirei aliviada.
[...]
Depois de 3 semanas, de 6 trabalhos apresentados, de 127 concorrentes eliminados e de muitas lágrimas de ódio, eu me encontro pegando uma faca.
A Soso arrancou a faca da minha mão rapidamente antes que eu enfiasse ela pela minha buceta.
É uma nova tendência, vocês vão amar.
- Esse é o pior jeito de se matar. - Ela fala me encarando preocupada.
- Eles acabaram de mandar outro tema de trabalho pra apresentar em uma semana. - Contei quase me jogando na pia e rezando pra morrer afogada nela.
Eu retiro o que eu disse, essa bolsa é bem pior que os jogos vorazes.
Devo admitir que cada dia to mais carente e com saudade do meu hamster chamado Marinette...
- Qual é o tema dessa vez? - A Soso questiona pegando uma batata frita que a gente tinha acabado de fritar e colocando ela na boca.
- Eles mandaram a gente "criar" uma empresa e apresentar o trabalho sobre ela. Vai ser tudo falso, mas segundo eles, é um jeito único de nos preparar para a universidade. - Expliquei mordendo uma das batatas também e percebendo que ela tava crua.
Eu realmente não tenho jeito nenhum pra cozinhar...
Tomara que o brigadeiro, pelo menos, fique comestível.
- E esse é o motivo de você querer enfiar uma faca na sua Larissa sem nariz? - A minha amiga enfiou outra batatinha na sua boca.
A comida nos Estados Unidos é tão ruim que eu tenho certeza que ela nem percebeu que a batata tá frouxa e crua.
Não tão frouxa quanto a bunda do Adam...
- Não, o motivo de eu querer enfiar uma faca na minha preciosa do Harry Gostoso Styles, é o Theo. - Admiti.
Durante essas 3 semanas de trabalhos, ele não podia parecer mais perfeitamente sob controle.
Era como se aquela bolsa de estudos fosse a solução para todos os problemas dele, e então desistir dela ou cometer uma droga de erro fosse inadmissível.
Ele não parecia cansado, o que era o total oposto de mim, eu estava exausta.
- Se você não consegue derrotar os seus inimigos, se junte a eles. - A Soso deu de ombros colocando um prato sujo na pia.
- Se eu não consigo derrotar os meus inimigos, eu me mato. - Encarei ela que arregalou os olhos.
Ela se assusta a cada piada suja minha.
- Você não vai morrer se pedir ajuda pro Theo. - Ela semicerrou os olhos pra mim.
A Soso passou essa última semana insistindo que eu deveria pedir ajuda para o Theo, pois segundo ela, nós somos os potenciais vencedores da bolsa... se não houvesse apenas uma bolsa de estudos.
- Eu nunca vou pedir ajuda pro guaxinim atropelado. - Decidi caminhando até a geladeira.
E aquilo era verdade.
Tecnicamente...
Abri a mesma e peguei o brigadeiro com um sorriso.
Coloquei na bancada da cozinha e peguei uma colher antes de gritar pra toda a família se reunir na sala.
Todo mundo veio correndo, o que fez o meu sorriso sumir aos poucos.
O meu sorriso sumiu assim como o meu brilho...
- Ok, esse é um momento especial, pra quem você vai dar a primeira colherada de brigadeiro? - A Brenda perguntou sorrindo e lançando um olhar safado pra mim.
- Concordo, linda. - A Soso falou se virando pra mim e me observando com os olhos arregalados.
Ouvi o Adam tossir e piscar um olho pra mim igual um doido.
- Não esquece que eu te levei pra maratona de 8km que a escola fez... - O meu host pai sorriu pra mim.
- A gente assistiu a novela ontem, Liza... - A Foguinho me encarou mordendo o lábio inferior.
- Seria homofobia não dar a primeira colher pra mim... - A Soso sussurrou do meu lado.
- Mas eu sou o bissexual! - O Adam encarou ela indignado e eu arregalei os olhos.
Ele acabou de se jogar do armário.
- Me desculpe? - A Brenda encarou o Adam em pânico.
Desculpada.
- Eu pensei que você era gay... - O Bigode encarou o Adam decepcionado.
Eu também pensei que ele era gay!
- Eu tava juntando dinheiro pra sua transição... - A Foguinho falou.
- Eu sou a bi! - A Brenda encarou todos desacreditada.
Enfiei a colher no brigadeiro, tentando parar aquela briga toda e arregalei os olhos ainda mais em seguida.
A colher entortou.
O choque da colher e do brigadeiro foi tão alto que todo mundo se virou pra mim em choque.
- Isso foi um peido? - A Soso olhou pra mim com nojo.
- Eu falei que sabia fazer brigadeiro mas não falei que ficaria bom! - Me defendi.
Nós fomos interrompidos com alguém entrando na casa.
Theo.
Esse garoto parece um sem-teto...
O Theo estava suado, com o seu cabelo molhado caindo pela sua testa e a respiração ofegante fazendo o seu peito subir e descer rapidamente.
Observei os seus lábios avermelhados se moverem enquanto ele falava e no mesmo instante me virei com raiva para o Adam.
- Será que dá pra colocar o brigadeiro no miojo? - A Soso sussurrou triste do meu lado.
- Terminei a maratona de 12km. - O Theo avisou e eu senti o ódio borbulhar no meu corpo.
O Adam me encarou com medo e eu pressionei a colher ainda mais fundo no brigadeiro que parecia um tijolo.
A maratona que a escola organizou era suposto ser um segredo que o Adam não conseguiu guardar.
Tomara que a banana da bunda dele entre tão fundo no buraco de bosta que ele tem e ele não consiga andar por uma semana.
Aquela era a minha última chance de conseguir superar o Theo e ganhar alguns pontos para a bolsa.
Eu quase fui atropelada 3 vezes por 8 professores durante a maratona...
continua...
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os comentários de oces me motivam mt, ent comentem igual vagabundas ok;)