caring only kills love

By hesunfIower

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(ABO) Louis precisa de filhotes. Ele sonha em ser mãe e está ficando sem tempo. Seus 26 anos estão se aproxi... More

Informações.
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By hesunfIower

Capítulo 10: Half Light.

Harry levou Liam para sua casa. O alfa perguntou ao ômega se ele gostaria de ir para a casa de Louis, mas a resposta foi um curto e ríspido não. Harry não entendeu o porquê daquela reação tão fria de Liam, muito menos o motivo do ômega não querer ir para casa de seu melhor amigo. No fim do dia, Liam seria acolhido de uma maneira muito mais confortável por Louis do que por ele. Mas o alfa respeitou a vontade do ômega, levando-o embora consigo.

Os dois estavam na casa de Harry agora. O alfa sentou Liam no sofá da sala, indo para cozinha preparar um chá de camomila para o ômega. O alfa não apreciava muito chá, mas sabia que folhas, flores, ervas e raízes de planta tinham uma boa reação no organismo dos meia-raças. Uma xícara de chá bem morna podia acalma-los mais do que qualquer remédio faria. A natureza ainda tinha uma eficácia maior no corpo deles, às vezes.

— Está aqui... — Harry sussurrou, seu tom de voz delicado como uma pluma. — Espero que esteja bom! — Ele riu. — Você está se sentindo melhor?

Liam assentiu, bebericando o líquido amarronzado.

— Você quer conversar sobre o que aconteceu?

O ômega fungou, seu corpo um pouco encolhido, ele parecia inseguro e perdido; desconfortável.

— E-eu acho que não, me desculpe.

— Tudo bem. — Harry afirmou. — Não tem problema, Liam. Você não precisa falar nada. Não me deve nenhuma explicação, fico feliz em te ajudar.

— Obrigado por isso. — O ômega sorriu, levando sua caneca próxima ao seu rosto. — E pelo chá!

Harry apenas sorriu de volta.

— Vou subir para arrumar o quarto de hóspedes, ok?

O alfa levantou do sofá depois de um tempo, ajeitando sua blusa, Liam o impediu de continuar, no entanto. Sua mão segurando o braço do alfa nervosamente, seu corpo estava trêmulo.

— Liam? — O alfa disse, sua testa franzida.

Liam continuou parado no mesmo lugar, sem dizer nada. Sua mão congelada no braço de Harry. O alfa repetiu seu nome algumas vezes. Nada mudou. Então Harry sentou no sofá de novo, segurando a mão do ômega que estava em cima de seu braço.

— Ômega.

Liam pareceu despertar, suas bochechas sendo tomadas por um tom rosado. Ele se encolheu, sentindo-se envergonhado. O ômega podia ter sido amigo de Harry no passado, mas agora eles não passavam de meros conhecidos. A sensação de estar vulnerável ao lado de um completo estranho era desconfortável. Então Liam tentava lembrar que sabia quem Harry era. Internamente, ele sabia. Harry não era realmente um desconhecido. Eles foram melhores amigos um dia, afinal.

— Eu... Eu... — Liam choramingou. — Eu ferrei com tudo, Harry... Meu Deus, eu ferrei com tudo!

O alfa arregalou os olhos, se aproximando mais do corpo de Liam, tentando conforta-lo como podia. Seu braço estava livre agora, a mão do ômega descongelou de sua pele. Harry levou seus dedos até as costas de Liam, acariciando-a levemente.

— Você quer que eu ligue para o Louis? — Harry perguntou de novo. — Eu posso deixar você sozinho, subir lá pra cima, e vocês podem conversar.

O alfa achava que Liam queria falar sobre o que havia acontecido, mas não com ele especificamente.

— Eu não quero! — O ômega rangeu os dentes, um pouco raivoso. — Eu não quero falar com Louis!

Harry fez uma careta. O alfa definitivamente não gostou do tom de voz de Liam, ainda mais quando aquele ômega estava de referindo a Louis daquela maneira tão amarga e fria. Louis apenas merecia doçura e calor, nada menos que isso. Liam era muito sortudo por tê-lo. E Harry sabia bem disso, porque Harry já havia perdido Louis.

— Me desculpe... — O alfa respirou fundo, se afastando do corpo de Liam. — Eu falei que não me intrometeria nisso, mas não estou mais aguentando e nem entendendo o que está acontecendo aqui. Me fale, Liam, o que houve entre você e Louis? — O ômega abriu a boca algumas vezes, mas nada saiu. Ele estava sem jeito. — Porque, por toda a porra de uma semana, eu precisei assistir Louis esperando por você e Zayn na casa dele, enquanto ele estava se recuperando de um momento horrível, sem poder sair da cama para fazer quase nada, tentando fingir que a sua ausência e a de Zayn não o chateavam... Tentando colocar um sorriso no rosto, mesmo que olhasse para o celular mais vezes que o normal, esperando por uma maldita mensagem ou ligação dos melhores amigos, que não perguntaram como ele estava uma única vez por mais de 7 dias! Então eu pergunto de novo, o que está acontecendo?!

As veias do alfa estavam estufadas. Liam piscou várias vezes, assimilando o que fora dito para ele.

— Eu achei que não devesse uma explicação para você, Harry. — Foi o que o ômega respondeu, em um automático distante e definitivamente nada Liam.

Harry bufou, sem acreditar.

— E eu achei que vocês fossem melhores amigos!

Liam riu, o som invadiu o corpo do alfa de uma maneira sarcástica, mas bastante dolorosa.

— Ele é tão meu amigo que custou meu parceiro.

O alfa arqueou as sobrancelhas.

— O que isso quer dizer?

— Eu realmente não quero falar, Harry.

— Você ao menos se importa que Louis ficou 4 dias inteiros sem se alimentar? Ou beber água?

Liam levantou do sofá, suas pupilas dilatadas, suas narinas infladas. Seus olhos escorriam raiva.

— Você só chegou agora, Harry. — O ômega cuspiu, rude. — Não aja como se estivesse aqui desde sempre, você deixou a porra do seu ômega, então não ouse abrir a porra da sua boca para opinar no quanto Louis importa para mim. — Liam caminhou para a porta da casa. — Porque enquanto você estava viajando o mundo, eu estava tentando consertar a porra do coração partido dele, que você quebrou. Então nunca mais fale sobre nós dessa forma. Você não tem o mínimo direito de nos julgar ou dar palpites. Você não nos conhece mais. Você ficou 8 anos longe! Não dias, ou meses, mas anos!

Liam bateu a porta da frente com muita força.

— Liam!

Harry correu atrás dele.

— Liam!

O ômega estava sentado no último degrau da escada. Lágrimas queimando seu rosto. Sua cabeça baixa. Deus, ele estava tão fodidamente cansado de tudo. De todo aquele mundo. De toda aquela droga de ômegas e alfas. De todas as obrigações e condições para existirem e serem considerados bons. De tudo que eles precisavam abrir mão para permanecerem vivos. Liam realmente não aguentava mais. Harry sentou ao seu lado.

— Você tem razão. — O alfa sussurrou, calmo.

— Eu sei. — Liam chiou. — Eu sempre tenho.

O alfa riu fracamente.

— Eu fui embora, é verdade. Eu deixei Louis, isso também é verdade. Eu não estive aqui por longos anos, eu não estive ao lado dele. E eu não pude ajuda-lo todas as vezes que ele precisou. — Harry suspirou insatisfação. — E eu vou me arrepender disso para sempre, então estou tentando ser agora todas as coisas que deixei de ser para ele anos atrás. Tudo que aquele ômega precisar, eu serei. Porque eu pertenço a Louis, e não me importa se ele precisa de tempo e calma, porque eu estou aqui. E eu vou esperar por esse ômega pela eternidade, se ele me pedir. Eu quero recuperar tudo que eu perdi com Louis. Quero mostra-lo que estou mesmo aqui e que não vou embora nunca mais. Eu quero cuidar dele e consertar seu coração partido, que eu mesmo quebrei. Porque Louis é o meu ômega e sempre vai ser. E porque, no dia que parti seu coração, eu também parti o meu.

Liam tinha os olhos cheios de lágrimas.

— Fale isso para ele, seu idiota!

Harry riu.

— Ainda é cedo. — O alfa afirmou. — Se eu disser tudo isso agora, ele vai achar que estou louco.

— Qual é o problema? Todos somos loucos!

— Não, não é isso. — Harry coçou o nariz. — Se eu falar tudo que sinto agora, ele não vai acreditar em mim. Não como eu quero que ele acredite. Louis ainda não confia em mim como antes. Eu preciso mostrar a ele tudo que sinto antes de dizer. Palavras valem muito, Liam, elas ficam gravadas na nossa pele por muito tempo, mas elas também se apagam. Palavras voam para longe, elas se rasgam, elas se destroem. Ações, não. Ações são inesquecíveis. Ações são as provas de todas as palavras. Ações mostram a verdade. Por isso preciso mostrar a Louis o que sinto, para que ele possa encontrar segurança nas minhas palavras e nos meus sentimentos.

Liam fungou.

— Então, se eu disse algo idiota, se eu apenas sugeri algo errado, Zayn vai me perdoar algum dia?

Harry segurou a mão do ômega.

— Olhe só para mim, Liam. — O alfa riu, tristemente. — Eu estou tentando reconquistar o ômega que abandonei e machuquei incuravelmente. Você acha que ele vai me perdoar algum dia?

Liam apertou sua mão de volta.

— Eu tenho certeza que sim.

O alfa sorriu.

— Zayn seria um idiota se te perdesse pra sempre.

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— Agora que Jane voltou a agir como um ser humano normal, e não uma loba prestes a me devorar se eu chegar muito perto do seu filhotinho. — Louis riu com aquilo. — E você já não tem tantas restrições com sua alimentação... — Harry falava, andando pela sala do apartamento. — Eu trouxe algo gostoso para comermos!

O ômega estava sentado confortável no sofá, lendo um livro. A televisão pequena da sala estava ligada em um programa culinário, mas nenhum deles estava realmente assistindo.

O alfa resolveu visitar Louis mais cedo hoje, ele estava se sentindo muito inquieto com Liam na sua casa, choramingando pelos cantos. Harry queria contar a Louis que seu amigo havia terminado com Zayn e estava hospedado na sua casa, mas Liam implorou para que Harry não se envolvesse naquilo.

O alfa não queria mentir para Louis, ele definitivamente não achava que poderia fazer essas coisas com o ômega na posição que estava, mas omitir era diferente de mentir. E Harry não estava escondendo aquilo por um bem próprio, e sim por Liam, que não queria falar com Louis.

O alfa chegou na casa do ômega na hora do almoço, Jane não estava lá – o que era uma espécie de milagre atualmente – então Harry estava muito animado. Fazia um tempinho que não tinha algum longo momento com o ômega sozinho. Harry sentia falta de conversar com Louis, sair com Louis, fazer qualquer coisa com Louis, até mesmo vê-lo irritado, o que era quase uma exigência no fim do dia.

Louis estava melhor. O ômega voltaria para o trabalho amanhã – adeus para sua folga, ele não a teria por alguns meses –, ele não podia ficar tanto tempo sem trabalhar, afinal. O ômega estava sem receber desde a semana retrasada, quando não pôde ir por causa de sua depressão. Aquele emprego funcionava assim, você era pago apenas se trabalhasse. Parecia justo, ao mesmo tempo que injusto. Não havia muitos direitos trabalhistas naquele bar, mas Louis não poderia reclamar. Aquele salário e as gorjetas estavam conseguindo o sustentar como ele precisava.

Talvez ele ficasse um pouco apertado no fim do mês. Talvez não sobrasse tanto dinheiro para coisas fúteis, para presentes e doces e besteiras que o ômega pudesse sentir vontade de comprar. Talvez a maioria fosse para sua poupança, assim como para as contas do mês e do mercado da sua casa e da sua avó. Mas Louis estava satisfeito assim, havia se conformado com sua realidade anos atrás.

— O quê? — O ômega quis saber, farejando a casa rapidamente. Ele estava com fome.

— Tente adivinhar!

Louis continuo tentando identificar algum aroma específico pelo seu apartamento, mas apenas sentia o cheiro dominante e penetrante de Harry. O ômega pigarreou quando suas pupilas dilataram e ele se sentiu um pouco mais quente que o normal. Harry cheirava tão bem. Deus, Harry cheirava muito bem. Os aromas preferidos de Louis em uma só pessoa, aquilo era praticamente uma covardia.

— Louis? — O alfa o chamou, depois do ômega ficar quase 1 minuto estático no sofá.

O ômega sacudiu sua cabeça, expulsando seus hormônios e instintos que tentavam invadir o lugar de seu autocontrole e consciência.

— Hm... — Louis corou quando sentiu os olhos verdes de Harry grudados em si. — Não sei.

— Qual é?! — Harry exclamou. — Apenas chute!

O ômega encarou Harry por alguns segundos, abrindo um sorriso muito infantil no rosto. Louis levantou do sofá, ficando parado no meio da sala. O alfa franziu o cenho, confuso com o que o ômega estava prestes a fazer. Então Louis simplesmente levantou um pouco sua perna no ar e fingiu chutar algo. O ômega estava gargalhando com aquilo.

— Eu vou fingir que você não fez isso.

Louis soltou outra risada. Harry continuou sério.

— Eu sou muito engraçado!

Muito! — O alfa exclamou.

Harry sorriu, por fim, o som da risada de Louis sempre foi uma das coisas mais adoráveis que o alfa já escutou. O alfa sentia falta daquilo; ouvir Louis rindo. Harry queria fazer aquele ômega – com a gargalhada mais gostosa do mundo – rir mais vezes. Porque Louis ficava ainda mais bonito, se isso fosse humanamente possível, quando parecia feliz.

— Lindo. — O alfa disse, de repente.

O ômega o olhou, piscando sem graça.

— O-o quê?

— Você é o ômega mais lindo do mundo.

Louis abriu a boca, mas nada saiu. Seus olhos estavam levemente arregalados. Ele engoliu em seco. Definitivamente não estava esperando por um elogio, ainda mais quando vestia um pijama velho e seu cabelo parecia um ninho de passarinho. Harry o achava lindo mesmo quando ele parecia assim? O ômega sentiu seu rosto esquentar.

Louis sequer pensou em sua aparência durante esse tempo, ele estava tão ocupado em apenas sobreviver. Aguentar firme. Se recuperar. No entanto, lá estava o alfa, todos os dias, observando Louis com olhos amorosos e cuidadosos. Fazendo Louis rir. Fazendo Louis esquecer de todos os seus problemas, mesmo que por minutos. Louis não andava se sentindo lindo, mas Harry continuava o achando o ômega mais lindo do mundo.

— Harry.

O alfa se aproximou do corpo amolecido de Louis.

— Quero te perguntar uma coisa... Posso?

— S-sim. — Louis se sentia enfraquecido.

— Lindo ômega, você quer sair comigo?

Louis mergulhou naqueles olhos tão verdes, sentindo o cheiro de terra molhada se apossar do seu pulmão. E riu. O ômega riu porque Harry estava ali. Parado na sua frente. Na porra de sua casa. Depois de 8 anos longe. Harry estava ali, chamando Louis para sair. Mesmo que o ômega estivesse o afastando, criando barreiras para se proteger. Harry continuava ali. Insistindo naquilo. Tentando de novo. E de novo. Mesmo quando Louis se chateava, ou se irritava. Mesmo quando Louis fingia que não o conhecia. Harry permanecia naquele exato lugar. Fazendo Louis se sentir o ômega mais valioso do mundo. E mesmo quando Louis queria apenas um pedaço de Harry. Harry continuava tentando conquistar Louis por inteiro.

— Por que você ri, ômega?

Louis engoliu sua risada, mas continuou sorrindo.

— Porque você está mesmo aqui, alfa.

Harry juntou as sobrancelhas.

— Como assim?

Louis sorriu mais uma vez. E Harry estaria satisfeito se aquela fosse sua resposta; sorrisos de Louis.

— Você voltou... — O ômega suspirou, sentindo-se realmente feliz. — Você realmente voltou.

O alfa levou sua mão ao rosto de Louis.

— Eu voltei... — Ele sussurrou. — Por você.

— Por mim. — O ômega repetiu.

E Louis estava sorrindo de novo. O alfa levou sua mão até à boca do ômega, tocando seu sorriso.

— Sorrindo, de novo... Você não para de sorrir, ômega. — O alfa disse, sua voz fazendo carinho nos ouvidos de Louis. Harry parecia tão delicado falando aquilo. Louis queria se encolher em sua mão e ronronar. Ele se sentia confortável. — Parecendo tão feliz hoje.... Você fica tão lindo feliz. Você está?

— Estou, o quê?

— Você está feliz?

Os olhos de Louis estavam brilhando.

— Sim. — O ômega corou. — Sabe por quê?

Harry sorriu, sua mão acariciando a pele de Louis.

— Por quê?

— Porque você está aqui.

Deus, Louis não conseguia parar de sorrir. Porque, pela primeira vez, desde que Harry havia chegado em Londres, o ômega sentia que o motivo de sua viagem era mesmo ele. Harry havia voltado por ele. Louis mal podia acreditar naquilo. O ômega tinha todo aquele valor para Harry? 8 anos, e aquele alfa havia mesmo largado tudo e simplesmente voltado para a Inglaterra, prometendo nunca sair daquele lugar sem Louis ao seu lado?

— E você... — Harry falou. — Você está aqui?

Louis o encarou, profundamente. Ele demorou um pouco, pensando no que deveria dizer. O ômega queria poder de dizer que sim, que estava ali, mas seria mentira. Ele não estava, não completamente. Mas Louis estava disposto a tentar.

— Eu estou chegando, alfa.

Os dois estavam tão próximos que podiam sentir a respiração um do outro, o ar quente acariciando as peles macias e as arrepiando. Eles não perderam o contato visual. Estavam parados na sala, corpos quase grudados, respirando a existência daquela parceria. Daquela real possibilidade. Daquele amor, que jamais acabou. Nem por um segundo. O sentimento sempre esteve ali, flutuando pelos ares, procurando a quem pertencia. Ele havia encontrado seus donos, aparentemente. Os donos daquele amor.

— Venha logo. — O alfa exclamou, sorrindo. — Estou esperando ansiosamente por você, ômega.

Harry ajeitou delicadamente a franja de Louis, que caía em seus olhos, com seu dedo indicador. Seus olhos fincados. Eles pareciam adormecidos dentro da profundidade de suas almas.

O ômega ficou na ponta dos pés, sua altura se aproximando um pouco da altura do alfa. Louis colocou suas mãos nos ombros de Harry, uma de cada lado. O ômega sorriu uma última vez, antes de se mover lentamente até o rosto do alfa. Seus lábios avermelhados e finos tocaram suavemente os lábios carnudos e rosados de Harry. Apenas um simples toque, tão singelo, que carregava todas as possibilidades que eles poderiam ter se realmente dessem uma chance para o que sentiam arder.

O estalar delicado de seus lábios durou segundos. Foi rápido, mas suficiente. O alfa entendeu o que aquilo significava; Louis estava começando a se abrir para ele. Seria devagar, passos de tartaruga, porque o ômega precisava que fosse assim. Porque seu coração partido precisava ir com calma, para não se quebrar novamente. Para que suas partes quebradas não trincassem mais. Harry não se importava com aquilo. Harry iria para onde Louis fosse. Qualquer lugar. Qualquer horário. Harry estaria lá, se isso significava chegar mais perto de Louis. Chegar mais perto de seu amor.

— Eu aceito sair com você, Harry Styles.

O alfa sorriu grande.

— Quer saber?!

— O quê? — Louis perguntou.

— Vamos sair agora!

O ômega arregalou os olhos.

— Agora?! Eu ainda estou de pijama!

Harry riu com isso.

— Primeiro: você faz um pijama parecer a porra de uma roupa de festa, lindo. — Harry tocou o nariz de Louis. — Segundo: quero te levar para um lugar especial e precisa ser agora. Vamos, ômega!

Louis respirou fundo, balançando a cabeça.

— Meu Deus... Ah, tudo bem! — Ele se soltou de Harry e caminhou para o quarto. — Vamos!

::

Louis apenas deixou que Harry fizesse o que planejava. O alfa pegou uma pizza, que estava guardada no forno da casa de Louis, dizendo que aquela era a comida que havia trazido para eles comerem. Então o alfa pediu para o ômega se alimentar, porque o lugar que iriam era um pouco longe. Louis sentiu borboletas na barriga, fazia tanto tempo que ele não saía para passear e visitar lugares. Principalmente no meio do dia. Ele estava apenas tão preocupado em manter sua própria vida, que acabava por se esquecer de realmente vive-la.

Eles devoraram a pizza em 10 minutos, os dois estavam com bastante fome.

O alfa dirigiu com Louis até um mercado perto de seu apartamento, ele mandou o ômega esperar no carro enquanto comprava coisas que eles iriam precisar. Louis estava começando a pensar que eles iriam fazer uma trilha. E apesar de não ser o maior adorador de exercícios físicos, ele estava se sentindo muito animado e, caramba, feliz. O ômega estava mesmo feliz. A sensação aconchegante e doce acariciando seu peito suavemente era extremamente reconfortante. O ômega não lembrava a última vez que havia se sentido dessa forma; tão leve que poderia ser carregado pelo vento.

Harry voltou minutos depois, com a porra de uma cesta de madeira e uma toalha quadriculada vermelha. Louis gargalhou quando percebeu que eles não iriam fazer uma trilha, mas um piquenique como costumavam fazer nos velhos tempos.

— Harry!

— Sim? — O alfa estava colocando seu cinto, depois de deixar a cesta com comidas no banco de trás.

— Nós vamos para casa da minha avó? Sentar no quintal dela como fazíamos mais novos?

Harry o encarou, parecendo ofendido.

— Você acha que eu sou básico assim?!

Louis não pôde deixar de rir.

— Ah, alfa, seria uma tarde adorável!

— Com certeza... — Harry sorriu. — Se você está, então automaticamente seria adorável.

O ômega gargalhou de novo.

— Deus, você está apenas demais hoje!

— Eu sou demais, lindo.

Louis corou com o lindo. Harry estava parecendo gostar de chama-lo assim. Louis não reclamaria. O ômega se sentia lindo, se Harry o achava.

— Bom... — O ômega pigarreou. — Aonde vamos, então? Se o quintal da minha vó está descartado.

— Surpresa! — Harry também soou animado.

Eles passaram 2 horas na estrada, até chegarem no local secreto. Louis definitivamente não fazia ideia de onde estava. Ele nunca esteve naquele lugar antes, o que era emocionante. O ambiente parecia lindo. Muito lindo. Passava um pouco das 3 da tarde, o sol estava mais fraco, embora ainda iluminasse o dia perfeitamente. Quente e confortável, como raios de sol deveriam ser.

O alfa estacionou o carro. Eles saltaram do automóvel, Harry pegou a cesta, e Louis segurou a toalha. O queixo do ômega quase acertou o chão quando ele percebeu que estava na porra da Catedral de Salisbury. O lugar era apenas impecável. Um campo extenso de uma grama tão verde e cheirosa, algumas árvores altas e cheias de folhas embelezando o lugar, que Louis não acreditava poder ser mais bonito. Então a enorme catedral no fim de toda aquela natureza bem cuidada, parecendo um castelo medieval e gótico inglês.

A fachada ocidental da catedral era composta por dois torreões – a estrutura central de um castelo, definida como o seu principal ponto de poder e último de defesa – uma em cada extremidade, com dois arcobotantes – uma construção em forma de meio arco – perto da linha central sustentando a grande janela tripla no centro da catedral.

Acima dos torreões estavam pequenos arremates pontiagudos e da seção central, uma parede ornamental triangular, com quatro janelas altas e estreitas, com um arco no topo, encimadas por duas janelas com segmentos circulares.

E acima de tudo, uma auréola oval circundando Jesus Cristo em Majestade. No nível do chão está a porta principal, ladeada por duas portas menores. O conjunto é ricamente decorado por motivos lobulares, colunas e faixas de padrões repetidos.

A catedral era coberta por pedras e carvalho e chumbo, tendo uma torre gigantesca junto à menores. Parecia uma pintura. Parecia de mentira. O ômega estava sem palavras. Harry não tirava os olhos de Louis, capturando todas as suas mínimas reações. O ômega sempre foi extremamente expressivo, era fácil le-lo através de seu rosto. Ele estava fodidamente encantado com aquele lugar. E apesar de Louis achar que a grande catedral era a obra de arte ali, Harry achava que aquele pequeno ômega era.

Louis se sentia parte de um filme, como se estivesse sendo inserido em um cenário perfeito e inacreditável. Era como voltar no tempo, vendo aquela estrutura antiga, com um vento cheiroso e suave acariciando seu rosto. Com o canto de passarinhos tornando tudo ainda mais especial. O ômega não conseguia acreditar que estava em Salisbury no meio da semana, aleatoriamente, com um alfa demais ao seu lado.

— Eu... Eu nem sei o que falar, meu Deus!

Harry segurou sua mão, caminhando para frente com Louis. Eles estavam parados no início do campo esverdeado, não deram um passo para dentro porque o ômega estava atônito.

Quanto mais eles andavam, mais próxima a catedral se tornava. O ômega arfava, totalmente afetado por toda grandeza e beleza. Não tinham muitas pessoas por ali, algumas estavam sentadas pela grama, outras deitadas, algumas tiravam fotos, outras estavam na porta da catedral, entrando para vê-la por dentro. Louis gostaria de vê-la por dentro.

— Vamos fazer um piquenique, ômega!

Louis riu, ainda desacreditado.

Harry parou quando achou encontrar o lugar perfeito para eles ficarem. Na sombra de uma árvore. O dia estava apenas tão refrescante e morno, era como estar sendo abraçado pelo sol e pelo ar. Louis estava muito feliz. O sorriso não deixava seu rosto. E Harry estava se sentindo orgulhoso por isso.

— Isso definitivamente não é o quintal da vovó!

O alfa gargalhou, jogando sua cabeça para trás.

— Um pouco melhor, não é?!

— Um pouco?! — A voz de Louis se tornou mais fina, olhos arregalados. — Estamos em um dos lugares mais lindos e visitados da Inglaterra, Harry! Isso não chega aos pés do quintal da minha avó em um bairro pequeno e cheio de velhos!

Harry riu.

— Fico feliz que pense assim, estou muito contente que tenha gostado do lugar que eu escolhi.

O ômega sorriu. Sim, de novo. E de novo. Louis estava todo sorrisos e risadas e felicidade hoje.

— E-eu... Meu Deus, por um segundo, eu realmente esqueci que eu ainda estou aqui... Eu ainda estou vivo. — Louis estava falando sozinho, as palavras que vagavam por sua cabeça saíam por sua boca, no entanto. E Harry estava escutando cada uma delas, atentamente. — Acabo deixando de fazer tantas coisas, de aproveitar tantos momentos especiais, me fecho para tantas coisas que poderiam me fazer tão bem, me limito ao que conheço e sei como funciona, me proíbo de sair da minha própria fronteira, porque não só impeço que pessoas entrem, como também não me permito sair... Deus, eu estou tão obcecado e preocupado em me manter bem e sobreviver a este mundo cruel e seletivo, que eu esqueço que ainda estou vivo, que ainda sinto coisas, e não só preciso delas, mas as quero.

Harry estava parado, observando Louis.

— Eu... Eu... — O ômega balançou a cabeça, afastando seus pensamentos. — Me desculpe, eu estava cuspindo minha mente para fora sem parar, isso deve ter soado como uma completa loucura!

O alfa nada disse, apenas continuou olhando Louis.

— Bom, é... Vamos começar esse piquenique?!

O ômega estendeu a toalha no chão, esperando que o alfa sentasse e tirasse as comidas da cesta.

— Harry? — Louis o chamou quando sentou em cima do pano quadriculado sozinho. — Hm... Senta!

O alfa sentou, colocando a cesta ao seu lado.

— Aconteceu alguma coisa, Harry? — O ômega questionou. — Você ficou calado, de repente.

O alfa pigarreou.

— O que você quis dizer com tudo aquilo?

Louis franziu a testa.

— Tudo, o quê?

— Tudo que você disse agora... O que significa?

O ômega arregalou os olhos, engolindo em seco.

— Autoexplicativo, não acha?

— Não. — Harry afirmou. — Você nunca diz como se sente para mim, você estabelece limites e deixa claro até onde consegue ir, mas você nunca diz o motivo. Eu costumava pensar que a culpa era minha, que a maneira que fui embora afetava o que estamos vivendo agora, e com certeza afeta em certas partes, mas eu continuo sem saber o que você quer ou espera de nós... O que você está disposto a fazer.

— Harry.

O alfa o cortou, entretanto.

— Hoje, honestamente, foi a primeira vez que senti que você estava dentro disso. — O alfa gesticulou com as mãos, indicando os dois. — Quando você me beijou na sua casa, eu senti que tínhamos uma chance, talvez minúscula, mas ainda uma chance. Uma chance de fazermos isso dar certo. Mas então você fala coisas que eu não sou capaz de entender e você age de uma maneira que eu não consigo compreender... Eu me sinto confuso, na maior parte do tempo, e não por mim. Porque eu sei exatamente o que eu quero, mas por você, Louis. Eu não faço ideia do que você quer, ou do que você precisa. E eu sequer sabia que havia uma diferença no seu precisar e no seu querer até minutos atrás, quando você disse tudo que estava sentindo.

Louis estava sem fôlego. Louis não fazia ideia do que responder, ou talvez devesse dizer: inventar.

Foram minutos silenciosos, aquela paisagem tão bonita se transformando em uma beleza sufocante. Em uma imensidão ironicamente pequena, capaz de espremer Louis como se ele estivesse dentro de uma caixa. O ômega queria levantar e correr por aquele campo esverdeado. Ele queria rolar pela grama. Ele queria apenas viver como há muito tempo não vivia. Louis queria sentir. Ele queria sentir os detalhes insignificantes; o aroma da terra molhada, o suave do tecido da toalha que estava sentado, o morno dos raios de sol, a carícia leve do vento, a textura que fazia cócegas da grama, o verde intenso das folhas, a grandeza daquele lugar, que fazia todos os problemas parecerem incrivelmente pequenos.

Louis queria esquecer completamente o que estava acontecendo em sua vida. O ômega queria apenas ter uma tarde longe da dor, longe dos medos, longe da ansiedade e da tristeza. O ômega queria uma tarde ao lado de um alfa bonito e divertido, que o fazia sorrir sem parar. O ômega apenas queria se sentir como um ser humano normal, comum, fodidamente ordinário. Fazendo uma visita em um famoso ponto turístico de seu país.

— Há coisas que nem mesmo eu sou capaz de compreender, Harry. — O ômega respondeu, distante. Olhando para a catedral, e não para os olhos do alfa. — Você está me pedindo por algo que eu não posso te dar, e eu sinto muito por isso.

— A verdade? — O alfa indagou. — Você não pode me dar a verdade do que sente e pensa?

Louis balançou a cabeça.

— Não, isso eu não posso te dar.

— Por quê? — Harry parecia magoado.

O ômega respirou fundo.

— Porque eu não confio em você. — Os olhos verdes e azuis marejavam o mesmo mar cheio de ondas descontroladas e congeladas. — E temo que se eu te disser todos os meus pensamentos mais profundos, você irá me deixar, e eu irei me afogar outra vez.

Harry prendeu um soluço, abaixando a cabeça. O alfa se sentia envergonhado e impotente.

— E o que você pode me dar, Louis?

— Momentos como esse. — O ômega suspirou, trêmulo. — Momentos felizes e risadas altas. Conversas banais e brigas idiotas. Mensagens fofas e áudios gigantescos, que eu sei que só você ouviria e por isso te mando. Discussões sobre o passado e sobre o futuro. Brincadeiras infantis e piadas sem graça. Momentos confusos e sem a mínima explicação. Momentos distantes e silenciosos. Momentos solitários e tristes... Momentos, Harry. É isso que eu consigo te dar agora. Momentos, porque eu ainda não sou capaz de te dar uma vida inteira.

— Louis.

— Isso é suficiente para você, Harry?

O alfa encontrou os olhos de Louis novamente.

— Você não entende, não é? — Harry soltou uma risada sem graça. — É tudo sobre você, Louis. Não importa o que eu preciso, eu voltei por você. Eu voltei sabendo que isso seria difícil. Eu voltei sabendo que poderia não conseguir nada, então qualquer pouco que você me dá, é inacreditável. É especial. É importante. É um tudo para mim.

O ômega soltou um choramingo.

— Eu não esperava que você me entregasse seu coração de volta, Louis. Eu não esperava que apenas minha presença reacendesse o nosso amor. Eu não esperava que um beijo trouxesse o que sentíamos de volta, porque um beijo não traz de volta o que passou... O que foi perdido. O que foi quebrado. Eu voltei sabendo o que me esperava. Eu voltei sabendo que precisaria te reconquistar. E sim, por um momento, eu me perdi e achei que o passado era passado, e que você havia superado tudo, mas não. Jamais seria assim. Porque eu parti seu coração para sempre, e eu teria que te mostrar que essa eternidade poderia ser vivida com seu coração batendo inteiro no seu peito de novo, que eu valia a pena de novo, assim como você nunca deixou de valer para mim.

— Harry... Eu-Eu... Você-

— Não diga nada, ômega. — Harry sorriu, por fim. Respirando fundo. — Não diga nada, porque você não precisa dizer agora o que não está pronto.

Louis suspirou, audivelmente aliviado.

— Vamos fazer isso, tudo bem? Mas vamos fazer isso com calma. Eu não tenho pressa quando o assunto é você, ômega. Eu sou paciente e insistente, apenas me deixe lutar por você e estar aqui por você. Apenas me deixe tentar fazer isso dar certo, e se você sentir que está pronto para falar sobre seus sentimentos mais profundos, porque você quer e confia em mim o bastante para isso, eu estarei ao seu lado, escutando cada palavra e tentando ajudar como posso. E você vai simplesmente saber que eu nunca mais vou embora sem você.

O ômega estava fungando, olhos marejados. Harry segurou sua mão, beijando-a delicadamente.

— Por enquanto, vamos só aproveitar esse momento que estamos vivendo agora. Esse exato momento que estamos passando em um lugar lindo, com um clima perfeito e comidas deliciosas... Vamos aproveitar um momento de alegria e risadas, que podemos apenas nos sentir bem.

Louis sorriu, limpando uma lágrima.

— E felizes.

— E felizes. — O alfa repetiu.

::

— Eu adoro uva! — O ômega exclamou, assim que viu Harry retirar um pacote de uva da cesta de madeira. Eles estavam fazendo o piquenique. Talvez ainda muito sensíveis e emotivos, mas estavam tentando aproveitar aquele resto do dia.

— Eu sei. — Harry sorriu, piscando. — Quer dizer, eu não sei de nada, apenas decifrei que você gostaria pela sua personalidade. — Louis gargalhou.

— Podemos parar com isso.

— Isso, o quê?

— Podemos parar de fingir que não nos conhecemos. Eu não quero mais agir como se fôssemos estranhos. Acho que eu consigo lidar com isso assim. — O ômega gesticulou para eles dois.

Harry estava sorrindo bobamente.

— Você tem certeza? Eu não quero que você se sinta pressionado a fazer isso por causa do que falei.

— Não. — O ômega afirmou, pegando um cacho de uva. — Eu achava que não conseguiria lidar com o nosso passado, que ele sempre seria um peso antigo atrapalhando o nosso presente, mas você não deixou que isso acontecesse. Você tornou tudo leve, Harry, e eu acho que posso aguentar isso tudo.

O alfa retirou todas as comidas de dentro da cesta, espalhando-as organizadamente pela toalha que estavam sentados. Havia frutas: uvas, morangos, cerejas, havia alguns pães doces e salgados, havia duas garrafas de suco natural de laranja, e uma garrafa de água, havia trufas de chocolate e um bolo pequeno também de chocolate.

— Viu só? — Harry sussurrou. — Qualquer coisa que você me der, eu posso carregar o peso por você.

O ômega sorriu carinhosamente.

— Estou percebendo isso.

Eles comeram os alimentos deliciosos que Harry havia comprado, conversaram sobre as coisas mais aleatórias do mundo, deixando que toda a tensão da tarde evaporasse junto ao úmido da grama verde. Depois guardaram o que sobrou na cesta e deitaram no pano quadriculado e vermelho, ficando lado a lado. Eles observavam o céu ainda claro, embora Harry sempre preferisse observar Louis.

— Se você pudesse ser qualquer coisa no mundo, o que você seria? — O alfa perguntou.

O vento delicado sussurrava em seus ouvidos as melodias cantaroladas dos passarinhos.

— Hm... — O ômega estava pensando. — Acho que uma flor! — Ele tinha outro sorriso no rosto.

Harry sorriu também.

— Isso é estranho.

— Por quê? — Louis tinha a testa franzida.

— Porque eu achei que você já fosse uma.

O ômega deixou uma risada sair por sua boca.

— É, Harry, você está demais hoje.

— Estou falando sério! — O alfa pontuou. — Você é lindo, cheiroso e delicado como uma pétala. Você poderia facilmente ser uma flor, ômega!

— Tudo bem. — Louis soltou outra risadinha tímida, balançando a cabeça. — E você, o que seria?

— Definitivamente uma abelha!

O ômega gargalhou alto dessa vez.

— Uma abelha... Por quê? — Ele provocou.

— Sabe como é, eu adoro uma certa flor que mora perto do meu quintal. — O alfa cantarolou, olhando para Louis. — Ela é a flor mais bonita que já vi em toda minha vida.... Essa flor é tão colorida e cheirosa, suas pétalas são tão lindas, tão cheias... Eu preciso ficar rondando e cheirando ela toda hora!

Louis o encarou, vermelho. Harry manteve o olhar. Eles passaram algum tempo assim; observando um ao outro, sorrindo de novo.

— Você fez desta tarde minha memória favorita desse ano todo, Harry. — O ômega cochichou, como se contasse um segredo muito importante. E era importante. — Acho que você sempre arruma um jeito de estar nas minhas melhores lembranças.

O alfa levou sua mão ao rosto de Louis. Seus dedos traçando um caminho pela face do ômega. Harry passou seu dedo pelo seu nariz, suas bochechas, suas sobrancelhas e, por último, pelos seus lábios, puxando o lábio inferior levemente para baixo.

— Não quero estar mais só nas suas lembranças, ômega, quero estar na sua vida todos os dias.

— Todos os dias? — Louis sorriu. — Não é muito?

Harry balançou a cabeça negativamente.

— Todos os dias me parece pouco quando estou com você... — O alfa ajeitou a franja de Louis, o ômega estremeceu. — Isso é muito? Estou passando dos limites? Me deixe saber, ok? Não quero exagerar.

O ômega concordou, apreciando seu cuidado.

— Está tudo ok. — Louis corou. — M-me faz sentir bem escutar essas coisas... Eu-Eu fico feliz.

— Você fica? — Harry estava sorrindo.

O ômega estava vermelho como um tomate, não conseguiu dizer nada, só assentir. Então Harry o puxou para perto, segurando firme sua cintura e o trazendo para perto de seu corpo, fazendo Louis deitar sua cabeça em seu ombro. Agora eles estavam abraçados em uma toalha de piquenique no meio do gramado da Catedral de Salisbury.

E Louis se sentiu, pela primeira vez em muito tempo, incrivelmente vivo. O ômega sabia que a razão daquele sentimento tão bom era Harry. O alfa estava fazendo Louis se sentir vivo de novo.

::

Louis chegou em casa quase 8 horas da noite. O alfa o deixou na portaria, depois de passar em um fast food e comprar uma besteira para o ômega jantar.

— Eu tive uma tarde incrível, Harry. Obrigado!

O alfa sorriu, virando seu corpo no banco do carro para poder olhar para o rosto de Louis.

— Que bom que você gostou. — Harry falou. — Eu também tive uma ótima tarde ao seu lado!

Louis sorriu, soltando-se do cinto e colocando o pacote com a comida em cima do seu colo.

— Você me fez muito feliz hoje... — O ômega se aproximou do corpo do alfa e abraçou forte seu pescoço. — Como fazia quando éramos crianças.

Harry apertou o corpo de Louis.

— Se acostume com isso, ômega. — Eles se afastaram, mas mantiveram o contato visual e seus enormes sorrisos no rosto. — Porque eu pretendo continuar te fazendo cada vez mais feliz.

O ômega deixou um beijo em sua bochecha, resmungando um "até mais, alfa".

— Até amanhã. — Harry corrigiu.

Louis riu, abrindo a porta do carro e perguntando:

— E amanhã vamos para que lugar?

— Nunca vai deixar de ser uma surpresa, Louis. Eu quero te levar para lugares que você não ainda conhece. Eu quero realizar seus sonhos e te surpreender todas as vezes que saírmos. Eu quero sempre te ver como hoje, ômega... Você sorrindo, rindo, se divertindo, se sentindo bem e em paz.

O ômega deu um último sorriso para Harry antes de sair completamente do carro e fechar a porta. Louis bateu na janela do automóvel, no entanto.

— Sim, lindo ômega? — Harry disse, assim que abriu a janela do seu carro e viu Louis parado ali.

— Eu só queria te dizer que estou um pouco mais perto agora. — Foi o que o ômega sussurrou, virando de costas e entrando no prédio. O alfa ficou alguns segundos tentando entender o que aquilo queria dizer, mas então lembrou do início da tarde, quando perguntou para Louis "você está aqui?" e o ômega havia respondido "eu estou chegando".

::

Louis subiu o elevador com uma sensação extremamente boa em seu corpo e em sua mente. Depois de duas semanas ruins e difíceis, ter um dia leve e divertido, em um lugar especial e incrível, foi muito bom. Louis estava radiante. Ele sentia que talvez pudesse dar a Harry uma chance de verdade. Sem pensar em sua sobrevivência e em seu plano de engravidar, mas pensando em sua felicidade.

Talvez o alfa valesse a pena, por fim. Louis estava gostando de onde as coisas estavam indo. Era gostoso que Harry estivesse tentando conquista-lo outra vez e faze-lo feliz, levando-o para conhecer restaurantes e pontos turísticos. Era adorável, na verdade. Toda aquela dedicação fazia o ômega de sentir muito querido e especial. Seu lobo interior se sentia acolhido e desejado, capaz e suficiente.

Embora Louis definitivamente não estivesse pronto para largar toda sua segurança em ter o controle de sua vida, sabendo moldar seus sentimentos e suas ideias de acordo com o que precisava. O ômega estava indo bem naquilo. E ele com certeza não estava disposto de perder essa carta na manga, que salvaria sua vida para sempre.

Alfas iam e vinham. Louis já teve inúmeras relações, nenhuma delas fez com que o ômega pudesse relaxar sobre sua seleção natural particular. Com um filhote, entretanto, tudo estaria resolvido. O ômega não precisaria ficar preocupado em encontrar um alfa e ser mordido, formar uma ligação, porque seu filhote o garantiria uma eternidade ilusória.

Mas então Harry estava ali. E Louis estava começando a perceber que talvez quisesse que aquele alfa continuasse em sua vida. Não apenas o dando um filhote, mas sendo seu parceiro.

O ômega precisava de tempo, no entanto. Tempo para realmente confiar em Harry. Confiar tanto em Harry a ponto de ser capaz de abrir mão de sua vida e ter a certeza de que aquele alfa o marcaria para sempre. Louis não estava nesse lugar ainda. Como o ômega havia dito para o alfa, ele estava chegando lá. O que era compreensível, uma vez que confiar em Harry já havia custado seu coração – coração que hoje era partido.

Louis estava disposto a tentar, e isso já era muito. Tentar é o que qualquer pessoa pode fazer. E o ômega estava sendo corajoso; preparando seu coração para ser amado novamente como há muito tempo não era. Preparando seu coração para a possibilidade de ser quebrado outra vez, mas também para a possibilidade de ser realmente cuidado como desejava.

O ômega chegou em seu apartamento, logo tomou um banho quente e longo, aproveitando seu bom-humor para fazer uma hidratação em seus cabelos curtos. Com os 4 dias que passou sem tomar banho, ele ainda sentia rastros de sujeira em seu corpo, embora fossem falsos, rastros criados por sua própria imaginação perversa e cruel. Ele estava limpo, mas muitas vezes não se sentia assim. Era sujo por ter desistido. Era sujo por ter sido fraco. Era sujo por tantas outras coisas, mas principalmente por sua covardia e egoísmo. Era sujo por não ter pensado em sua avó quando decidiu que a vida nada valia.

O ômega se esfregava com mais força do que o preciso. Mas estava tudo bem, porque ele ainda estava vivo. E, por tantas vezes, Louis precisou se forçar a lembrar disso. Seja gritando alto no meio de sua casa, até que sua garganta não aguentasse mais pronunciar qualquer palavra. Seja ligando uma água escaldante em cima de sua pele, até que pudesse sentir sua carne queimando. Seja esfregando brutalmente seu corpo com a esponja, até que sentisse arder em pura vermelhidão e sensibilidade.

Hoje, no entanto, a vida parecia bela e válida. Hoje, Louis não precisou se lembrar dos motivos bons para continuar lutando. Hoje havia sido um dia bom. Hoje estaria em sua memória, na categoria de felicidade. Na categoria de razões para ficar.

O ômega saiu do banho, vestindo um moletom grande e um short larguinho. Sentindo-se limpo e leve e alegre. Ele tinha uma toalha em suas mãos, secando seus cabelos. Havia acabado de ligar a televisão, em um canal qualquer, apenas porque não queria comer sendo acompanhado pelo silêncio. Esquentou no microondas o lanche que Harry o comprou e checou suas mensagens.

Harry Styles já brilhava na tela. E Louis brilhava fora dela. Ele sorriu, abrindo o celular rapidamente.

Harry Styles: Tenha uma boa noite, Louis. Que você durma muito bem e acorde melhor ainda. E bom trabalho amanhã, você vai detonar como sempre. Ah, eu vou te buscar para almoçarmos juntos, depois me fale o horário certo do seu intervalo. E sonhe comigo, lindo ômega. Porque eu, com toda certeza, sonharei com você. xx

Louis estava distraído demais, lendo e relendo aquela mensagem, com um sorriso dolorosamente grande no rosto, que mal percebeu sua campainha tocando várias vezes. Quando uma batida forte na porta, como um soco na madeira, soou pela sua sala, o ômega notou que alguém estava na sua porta.

Louis caminhou até a entrada de seu apartamento, ele perguntou "quem é" por pura preguiça de esticar seu corpinho e ver pelo olho mágico.

— Zayn.

O ômega logo abriu a porta, sorrindo também. Ele não via Zayn há duas semanas, estava com saudade do melhor amigo. E sentiu certo alívio percorrer seu sistema nervoso pela visita do alfa.

— Ei! — Louis o abraçou rapidamente. — Caramba, eu senti sua falta! Como você está, Zayn?

O alfa mal retribuiu o abraço, entrando na casa de Louis e simplesmente sentando no sofá. O ômega estranhou o comportamento do amigo, trancando sua porta e franzindo sua testa exageradamente.

— Aconteceu algo? — O ômega questionou, se aproximando de Zayn. — Está tudo bem?

— Você ainda não sabe?! — O alfa bufou, ele soava entediado, mas sua expressão mostrava surpresa.

— De quê? — Louis piscou.

— Eu e Liam acabamos.

O ômega riu.

— Aham... Com certeza.

Zayn o encarou seriamente. A expressão descontraída de Louis foi se fechando aos poucos.

— O quê? — O ômega cuspiu. — Está falando sério?!

— Sim.

Louis arregalou os olhos, desacreditado.

— Meu Deus, o que aconteceu? — Ele estava sem palavras. — Isso foi por causa do filhote?! Caramba, Zayn, eu não acredito que fez isso!

— Eu?! — O alfa exclamou, grosseiro. — Eu?!

— Se Liam não quer engravidar, você precisa respeitar isso! Terminar com seu ômega por esse motivo é ridículo e infantil da sua parte!

Zayn rosnou, irritado. Louis se encolheu com o som.

— Foi Liam que terminou comigo!

O ômega estava fodidamente confuso.

— Eu... Eu não entendo. O que houve?

Zayn gargalhou falsamente.

— É simples, Liam terminou comigo para que eu pudesse transar com você e te engravidar.

Louis sentiu seu corpo congelar.

— Que bom amigo você tem, não acha?! — O alfa ironizou. — Quer tanto que você sobreviva que está disposto a oferecer seu alfa para isso.

— Zayn... E-eu não sei... E-eu-

— Está tudo bem, Louis. — O alfa decretou, amargamente. — Quando você ficou aqueles 4 dias trancado em casa, Liam decidiu que não aguentava mais isso, então me mandou te engravidar. Ele disse que isso resolveria todos os nossos problemas. Você ficaria bem e vivo, e eu teria a porra do filhote que eu tanto quero. E ele poderia ser um ômega livre.

Louis se sentia tonto. Muito tonto.

— Liam só não pensou em como eu me sentiria escutando isso... Como se eu não valesse nada para ele, fosse apenas um alfa que o ajudava em seus cios, não a porra do seu parceiro, que o ama.

— Eu sinto muito.

— Não sinta. — Zayn sorriu, quebrado. — Agora eu te perguntou, você quer fazer isso? Você quer? Você quer que eu coloque um filhote em você?

O ômega achava que realmente poderia vomitar.

— Não, Zayn. Eu nunca iria fazer isso com Liam!

— Oh, querido, ele não se importa.

Os olhos de Zayn estava marejados.

— Claro que ele se importa, Zayn! Ele estava apenas tentando me ajudar, não o culpe por isso.

O alfa limpou suas lágrimas. Louis queria se aproximar mais e abraça-lo, mas não conseguia.

— E eu quero te ajudar também. Então se for apenas por Liam que você não está aceitando essa ideia, não precisa fazer isso. Vamos te fazer viver, sim?

— Eu realmente não quero isso. — Sua voz estava embargada. — Me deixa emotivo que vocês dois queiram tanto que eu continue aqui, que são capazes de fazer tudo isso por mim, mas eu não vou ser a pessoa a destruir o que vocês tem.

— Liam já destruiu isso sozinho, Louis. Não há motivo para você não aceitar essa proposta, eu já sou a melhor opção entre seus ex-alfas.

— Eu... Eu não quero!

— Por quê? — Zayn parecia desesperado. Louis podia supor o porquê, no entanto, ele queria machucar Liam. Ele queria mostrar que também não se importava. Que poderia dormir com seu melhor amigo e engravida-lo, e isso não significaria nada. Mas era mentira. Zayn não era assim, nem Liam. Os dois acabariam com seus corações partidos se realmente fizessem aquilo. — Por quê?

— Porque eu acho que pode dar certo com Harry, e eu acho que quero que o meu filhote seja dele!

Notas:

Não esqueçam de votar no capítulo, pedrinhas!

Obrigada pelos 5k de views, vocês são tudo para mim e eu sou extremamente grata pela chance que vocês me deram desde o início. Obrigada!!!!

Nossa, essa att demorou, meus amores. Peço desculpas por isso. Dias ruins e minha cabeça não estava conseguindo desenvolver nada que eu gostasse, até mesmo esse capítulo não me agradou realmente. Espero que vocês tenham gostado dele :(

Muita saudade de vocês, inclusive. Como estão minhas pessoas favoritas do mundo?

Bem, eu criei o meu twitter! O user é @/justwalls (dois "i's" maiúsculos ao invés de L). Fiquem à vontade para seguir, eu vou seguir de volta.

Obrigada por lerem!
Até o próximo capítulo. <3
Todo meu amor para vocês, Ela.

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