Helena Scott.
... empurrei ele de novo e o mesmo olhou pra mim frustrado.
- Mas que porra, Helena.
Que merda eu fiz agora?
Eu tava gostando, mas como sempre eu tenho que estragar tudo.
- O que mais você quer?- ele olhou pra mim irritado.- Eu já me desculpei, eu já me arrependi, eu fiquei dias sem dormir direito, eu me rastejei pelo seu perdão na praça hoje, já te mandei a porra de chocolates porque eu sei que você gosta, eu escrevi uma carta pra você, coisa que eu jamais fiz na minha vida, mas não tem mais nada que eu possa fazer se você não reconhece!
Eu fiquei quieta e só consegui encarar ele preocupada com a merda que eu tinha dito.
- Eu sei que eu errei, mas só escuta o que eu tenho pra dizer agora...- ele segurou as minhas mãos e me encarou.- Algumas pessoas vivem pelo poder, vivem pela fortuna e eu já fui uma dessas pessoas. Algumas pessoas querem tudo, mas eu não quero nada se não for com você, tudo não significa nada se eu não tiver você. Algumas pessoas vivem pra conhecer o mundo todo, mas eu não quero se eu não tiver você do meu lado. O que eu sinto por você é mais forte do que qualquer coisa que eu já senti por alguém, você fez com que eu me apaixonasse por cada parte em você. Eu amo até o seu cabelo, ele nunca foi estranho.- ele riu mexendo no meu cabelo.- Mesmo que você não acredite em mim e que o nosso final não seja juntos, você é a primeira e a única dona desse sentimento. Se um dia você achar que não te restou nada, lembre-se de que o meu amor restou. Eu te amo, Helena Scott.
Eu congelei quando ele disse isso.
Eu simplesmente não sabia o que dizer.
Acho que era melhor eu ficar quieta do que falar alguma merda sem sentido.
- Meu amor, diz que você sente alguma coisa por mim, que eu ainda provoco algum sentimento em você, nem que seja repulsa. Porque a indiferença eu não vou suportar, eu não vou saber me acostumar em uma vida sem você.- se aproximou.
Eu também não vou saber.
Eu te amo, tio Jonas.
Eu te amo muito, meu amor.
Só que eu tenho medo de voltar com você e me machucar de novo.
- Eu sinto muito, mas eu não sei o que te dizer.- eu senti que essas palavras foram como um tiro pra ele.
É claro que eu sei o que dizer.
Eu amo ele!
Então fala.
Eu acho que é tarde demais.
Seu olhar foi de ternura e esperança para frustração, de frustração foi para confusão, de confusão foi para tristeza e de tristeza foi pra algo indescritível.
Parecia de angústia e vazio.
Eu sinceramente não sei descrever, mas me veio um arrependimento enorme.
Senti meu peito se preencher de uma dor e coloquei a mão no mesmo.
O pior é que eu sei que eu quebrei o coração dele e tô me sentindo mal por isso.
Aquela foi a única e a mais pura e bonita declaração que eu recebi.
Só que eu sou idiota e não soube aproveitar.
Não me julguem, eu estou completamente confusa e não sei o que fazer.
- Tá, é... Eu só preciso...- o Felipe passou a mão no cabelo desesperadamente.- Eu não vou lidar com essa merda agora.- se virou de costas.
Eu suspirei e fui em direção a porta.
- Deixa que eu te levo.- ele disse.
- Não preci...
- Eu te levo.- disse autoritário e pegou a chave do carro.
Eu engoli seco e segui ele.
O clima no carro tava tenso.
E por que não estaria depois do que você fez, sua burra?
- Desculpa, eu...- resolvi quebrar o silêncio.
- Tudo bem.- me interrompeu.
- Tá, mas eu só...
- Tá tudo bem, você não precisa explicar nada.
- ME DEIXA FALAR PORRA.- eu gritei estressada e ele me olhou debochado.
- Fala.
- Agora eu não quero mais.- cruzei os braços.
- Fala logo.
- Não.
- Fala.
- Não.
- Fala!
- Não!
- Então foda-se também.- o silêncio constrangedor voltou.
[...]
Bom dia pra vocês, porque pra mim não tá nada bom.
Lembram da Jane? Aquela menina que eu bati?
Ela tá me chamando pra encontrar com ela e disse que tem uma coisa muito importante pra me contar.
Como ela conseguiu o meu número? Só Deus sabe.
Eu tô indo, talvez ela queira me devolver a porrada do outro dia mas é bom que ela saiba que vai ser briga de gigantes.
Tipo UFC.
Deu vai tomar.
Não sei porque, mas essa frase ficou meio pornográfica.
Eu cheguei no lugar onde nós tínhamos marcado e logo avistei a menina.
A mesma acenou pra mim e eu fui até ela.
- Tudo bem?- eu tirei os meus óculos de sol e cumprimentei ela com dois beijos na bochecha.
- Tudo ótimo.- ela sorriu.
- Imagino que queira conversar sobre aquela surra.- eu disse sentando no banco e ajeitando o meu vestido.
- Que nada, aquilo é passado. Inclusive foi até bom pra eu acordar.
- Que bom que eu te ajudei de alguma forma.- ela riu.- Sem querer parecer grossa, mas pra que exatamente eu tô aqui?
- A gente já vai conversar sobre isso, só tô esperando uma pessoa chegar.
Ah já sei, é a Ashley.
Porra, as duas vão me dar o troco.
E a mentirosa, pilantra ainda disse que era passado.
Passado é meu cu.
- Ah, ele chegou.- ela se levantou e provavelmente foi abraçar a Ashley.
Mas como assim "ele"?
Eu me virei pra olhar e na verdade ela estava cumprimentando o Tio Jonas.
Digo, Felipe.
Eu me virei pra frente novamente com os olhos arregalados e os dois voltaram pra mesa.
Porra, mais uma doida tentando juntar a gente.
Ou ela só vai contar mais alguma merda.
- Senta na minha frente, por favor.- a Jane disse quando o Felipe ia sentar do lado dela.
Ele sentou do meu lado enquanto eu ainda estava arrumando e eu esbarrei nele me ajeitando no banco.
Senti o seu corpo arrepiar e ficar tenso.
- Bom, vocês devem estar se perguntando por que eu trouxe vocês aqui, não é?
- Sim.- respondi junto com o Felipe.
- Eu trouxe vocês aqui, porque eu sei quem contou da mãe da Helena. E não, não foi o Felipe.
continua...