Terra Proibida - Essência

Da EvaSans86

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Em um entrelaçar de passado e presente, mergulhe em uma trama que desafia os limites da razão e da sanidade... Altro

Nota da Autora
[Agora] A queda
[45 anos atrás] A proposta
Cap. 1 - Sentimentos Ocultos
Cap. 2 - Tormenta
Cap. 3 - Ecos do Passado
Cap.4 - A medalha
Cap. 5 - Revelação
Cap. 7 - Oráculo
Cap. 8 - Isadora Moraes
Cap. 9 - Elizabeth Detzel
Cap. 10 - Segredos ao pôr do sol
Cap. 11 - Sangue quente
[45 anos atrás] A Alma à venda
[45 anos atrás] A casca
[Agora] O Salto
Cap. 12 - Despertar
Cap. 13 - O Animal que me tornei
Cap. 14 - Presente de grego
Cap. 15 - Feito de lágrimas e cinzas
[45 anos atrás] Ninguém se lembrou
[45 anos atrás] Inferno
[45 anos atrás] Quando todos os homens falharam
[45 anos atrás] Mais que morrer
[45 anos atrás] Seus pensamentos
[45 anos atrás] Miserável
[45 anos atrás] Esse tipo de amor...
Cap. 16 - Versões de uma mulher
Cap. 17 - A casa
Cap. 18 - Terceira morte
Cap. 19 - Primeira vida
Cap. 20 - Alguém tem que morrer
Cap. 21 - Sete Palmos
Cap. 22 - O Centro do Universo
Cap. 23 - Essência

Cap.6 - O nada

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Da EvaSans86

Thiago estava apreensivo. Precisava voltar urgente para Brasília, mas como teria que passar mais que dois dias, era necessário fazê-lo pelo modo tradicional, para evitar suspeitas e de preferência na luz do dia.

— Akemi, meu amor! - Dizia Thiago em uma mensagem de voz - Preciso de uma passagem para Brasília para amanhã de manhã e preciso, também, que prepare a minha casa em Floripa para receber minha convidada Eva Detzel.

Após a morte de Diego, seu irmão mais novo, seus seguidores enfrentavam tempos difíceis. Ao contrário dos imortais tradicionais, eles podiam andar expostos ao sol, entretanto para alguns, o efeito colateral do elixir causava uma sede por sangue muito maior. 

Os seguidores dos Del Toro não eram muito numerosos e muito menos antigos, uns eram descendentes diretos como Anita e Isadora, enquanto outros eram frutos da ruptura, escolha que os libertavam de suas ligações originais e os davam o poder de decisão sobre suas próprias existências.

A verdade era que os imortais queriam nada mais, nada menos que o elixir da vida e com a morte de Diego, o detentor da fórmula, capturar um iluminado e testar dolorosos experimentos para dissecar seus ingredientes não era um risco que estavam dispostos a correr.

Ser um iluminado ou luzidio era algo além de poder andar na luz, era conhecimento. Estavam em extinção. Os reinos imortais haviam se unido para exterminá-los da terra, eram considerados uma praga. Ser um iluminado significava também que eram híbridos e adaptáveis a qualquer ambiente, seja ele terrestre, aéreo, aquático ou subterrâneo e isso gerava um enorme temor, pois não respeitavam linhagens ou tradições pré-estabelecidas, colocando em risco a ideia de ordem e hierarquia que os reinos se orgulhavam tanto por manter.

Secretamente, tanto os iluminados quanto líderes dos reinos terrestres achavam que Diego estava vivo. 

Os únicos que sabiam a verdade sobre a morte do mestre Diego  eram o grupo de executores formados por Santiago, Alejandro,  Anita Del Toro e a infame Isadora Moraes, e suas defensoras Elizabeth Detzel e Sofia Lobo.

Esse segredo foi selado na época da morte de Diego em um pacto onde o novo líder escolhido pela família seria Alejandro Del Toro. Restando aos súditos apenas a informação de que Diego estava entediado com o mundo, o que de fato não era uma mentira, e decidido se isolar em alguma fenda temporal pesquisando como aprimorar ainda mais o seu famoso elixir.

Alejandro Del Toro, conhecido atualmente como Alexandre Távros  havia se tornado um ser extremamente vaidoso, proibindo todos os Luzidios de pronunciarem o nome de Diego ou o invocarem seja por qualquer que fosse o motivo, pois agora ele era o grande mestre e a salvação para tudo o que precisassem. Atitude que não foi muito aprovada dentre os seguidores, porém respeitada. E claro, houveram dissidentes, sendo Santiago e Anita os principais deles.

Thiago Taurus, o novo nome escolhido pelo mais velho dos Del Toro, não tinha problemas em receber ordem de seus irmãos mais novos. O que ele jamais iria fazer outra vez, seria obedecer cegamente a algo sem antes questionar ou saber sua razão fundamentada. Com a quebra da trindade, a sinestesia se desfez e tinha se tornado impossível conhecer as reais intenções do irmão mais novo, se distanciando completamente da família que já foram um dia.

Anita, por sua vez, envolta pelo luto, remorso e rancor por ter destruído o amor de sua vida, decidiu viver sob suas próprias expectativas. Se Diego não se atrevia a impor regras sobre ela, outro homem ou o que quer que fosse não teria esse poder.

Naquela tarde, enquanto observava sua paciente Eva inconsciente sobre o leito, Thiago concluía que ela poderia ser uma peça chave para a nova ascensão Del Toro que estava por vir. Com o passar dos anos sua querida inimiga íntima, Elizabeth Detzel, estava enfraquecendo e com isso, aos poucos estariam expostos a investidas de Alexandre ou de algum dos vários reinos imortais da Terra. Para eles uma Detzel boa, era uma Detzel morta. A não ser que uma nova rainha, moldada ao seus caprichos se erguesse. Ela poderia ser o um grande fator de dominação sobre todo e qualquer reinos.

A solução? Precisava matar a nova Detzel. 

Não uma morte real, mas sim ela em sentido figurado para os seus familiares e amigos. Depois, fazê-la ressurgir como uma fênix. Infinitamente mais poderosa e letal. Seria a nova Elizabeth Detzel. 


Anita


Na sala, especificamente no sofá,  como animais assustados, Anita e Benício se encaravam com receio. Ambos não entendiam o que de fato estava acontecendo. Definitivamente estavam em páginas diferentes de suas próprias histórias, até que Anita quebrou o silencio.

— Quem é você? – disse ofegante, entre o medo, excitação e a surpresa.

— Oi? -respondeu Benício surpreso- Pensei que você soubesse melhor do que ninguém! Sou Benício, acho que o cara da fotos - disse ele completamente perdido -  e presumo que você seja... Anita, certo? – ele tentava passar uma das mãos na parte das costas onde foi arranhado. – auuu isso doeu!

— Como você chegou até aqui? - Ela estava perturbada, parecia ter despertado de um sonho e caído em uma realidade distorcida. - Quem... quem é você?

— Eu já disse, meu nome é Benício, e cheguei aqui graças ao poder da internet. - Ele abria um sorriso travesso, ele não estava crendo na situação.

Anita era um verdadeiro mix de choque, surpresa e euforia. Ela jamais cogitou na face da terra encontrar uma pessoa exatamente igual ao seu falecido Diego. Meu deus! ele é igual em cada detalhe, só que... mortal? 

Tudo era confuso e inusitado.  O olhar daquele homem, que a minutos atrás era o próprio Diego havia se tornado outro, tinha algo terno, sublime, simples e completamente humano. Ela ouvia os batimentos cardíacos acelerados, o rosto avermelhado por algo que parecia vergonha, mas uma vergonha que se esvaía em um sorriso de canto de quem acabou de aprontar o que não devia.

Eu não devia continuar olhando mas... eu não resisto, como eu sou idiota! Caralho, que mulher é essa? 

Benício observava cada linha daquele corpo, não sabia o que fazer, não sabia o que dizer, não conseguia desviar o olhar. Nem sequer das fotos era capaz de lembrar, era como se todas as suas memórias sobre o que o levara até ali, e até mesmo sobre o agora, sumissem de sua mente em um estalar de dedos o deixando completamente no branco. Estava paralisado.

Maldito século XXI onde as mulheres têm que tomar todas as atitudes! - pensou Anitta.

— Prometo não te arranhar de novo. - soltou ela em uma voz sedutora. Não ia deixá-lo fugir. Não quando ele foi à sua casa com as próprias pernas.

Anita agarrou-o outra vez, terminando de despi-lo aos beijos, levando-o para o quarto. Fazia tempo que não sentia tamanha satisfação em levar alguém para a sua cama. Por outro lado Benício não tinha intenção nenhuma em resistir, já estou no inferno, vamos abraçar o capeta. Ao fundo era audível "time is running out". Benício estava curtindo aquilo. O clima perfeito.


Henri

A noite caía e o relógio era um inimigo do qual Henri não conseguia desviar o olhar. Dentro de seu minúsculo apartamento o cheiro do cigarro impregnava o ar. Tentou ligar para o primo diversas vezes. A curiosidade crescia a cada segundo que passava.

Eu não queria, mas sinto que estou sendo obrigado a rastrear aquele fdp!

Não! Segure-se Henri... trabalhe que a ansiedade passa...

ah café!

Preparar um café era um verdadeiro ritual. Moer os grãos, aquecer a água na temperatura adequada, colocar a quantidade exata de pó no filtro, distribuir e prensar... Afinal, o café era um vício que devia ser degustado de forma apropriada, acompanhado de um pão caseiro.

Como deve ser o Hórus pessoalmente? Tá aí uma amizade que preciso fortalecer.


Anita

Benício estava exausto, Anita era uma verdadeira maratona de prazeres e aquela tarde estava sendo, o que podia se considerar como, bastante produtiva. Agora poderia se julgar um réu confesso pela suposta traição, pois com certeza se lembraria de tudo, com profundidade e riquezas de detalhes. O mais estranho, era a fluidez e a intimidade existente entre eles, sendo que sequer a conhecia. 

Ela estava relaxadamente deitada sobre seu peito, recebendo de forma manhosa seu cafuné, entrelaçada em seu corpo.

Os olhos de Benício se fixaram no quadro que havia em frente a cama. "Olá Benício!", disse a imagem do Estranho e de repente ele estava em outro lugar.

Era um estúdio rudimentar, escuro, mas com luzes bem direcionadas. Parecia com um porão de um castelo medieval. Um aroma doce misturado a uma forte umidade tornava o ambiente denso. Havia no lugar equipamentos fotográficos antigos e lá estava ele, totalmente sem o controle de si, assim como Anita.

—  Eu não quero ficar longe de você. Por quê você não me leva? - dizia Anita em catalão.

Eu não posso te levar. - proferia seus lábios em espanhol, totalmente fora de seu controle. - é uma viagem de negócios.

—  Eu quero fazer parte dos negócios, então. 

Flash!

 Benício voltava a si, e a cama.

— Anita... quem é ele? - referia-se a imagem do estranho afixada na parede.

— Um grande amor do passado. - fez uma breve pausa - Faleceu há alguns anos. Quando te vi na minha porta achei que estava sonhando e que ele tinha voltado.

— Somos tão parecidos assim?

— Tem algumas diferenças.

— Existem mais fotos como aquela? - disse delicadamente com o olhar fixo ao quadro.

— Claro que existem! - respondeu ela com um sorriso travesso - Existem várias, quer ver?


Anita não esperou a resposta, pulou rapidamente da cama eufórica, correndo para o closet saltitante como uma criança, o que fez brotar um sorriso de divertimento na face de Benício. Tudo parecia tão novo e ao mesmo tempo familiar. linda! Lá estava ela de volta, em um pulo infantil sobre a cama, com uma caixa de madeira às mãos.

Era uma sensação completamente diferente observar aquelas fotos ao vivo. A impressão analógica, a espessura do papel, a coloração preta e branca aos poucos esmaecidas.

— Como foram clicadas? Qual equipamento você usou? - ele não conseguia conter a curiosidade, precisava de mais informações - Eu pensava que o vintage se resumia apenas a estética das imagens quando vi pela tela, mas... isso me parece ter sido feito pelo modo tradicional...

Um olhar nostálgico e um sorriso iluminou o rosto de Anita.

— Digamos que foram feitas com equipamentos um pouquinho mais antigos do que os que você deve estar imaginando.

— Mais antigos? - vinha em sua mente a breve visão, ou seja lá o que for, que tivera alguns minutos ou horas antes.

— Sim, essas fotos foram um experimento que fiz junto com ele há alguns anos, quando ainda estudávamos fotografia juntos.

— vocês eram colegas de turma?

— pode-se dizer que sim. bons tempos.

— imagino... - tentava continuar o interrogatório, porém Anita já tinha pulado em cima dele, mudando o foco para outra parte de seu corpo.

— Você não sai desta casa hoje. - disse ela de súbito.


Ela tinha fogo e ele era um poço de petróleo infindável. Só perceberam que era noite ao olharem para o lado de fora da janela contemplando o nascer do sol do outro dia. Estava tão confortáveis que nem mesmo notaram o passar das horas. Exceto pelo estômago vazio de Benício que reclamava de forma audível.

— O que você quer comer? eu cozinho pra você! - perguntou Anita com uma mordidinha nos lábios de Beni.

Parecia que se conheciam há séculos. Se sentia em casa naquele apartamento. Ver a maestria com a qual aquela requintada mulher cozinhava o enchia de orgulho e ele não conseguia entender porquê. Ele estava inebriado com tamanha beleza, doçura e safadeza, equilibradas no conjunto perfeito que era Anita.



Eva

Akemi acomodou confortavelmente Eva em um dos quartos da casa de Thiago em Florianópolis. O ambiente era bastante aconchegante e notava-se um suave aroma de alecrim cravo e canela. 

A luz irradiava pelo ambiente através de enormes janelas de vidro, suavemente filtradas por claras cortinas que dançavam ao soprar do vento. A cama era enorme e macia, coberta por uma delicada colcha estampada com pequenas flores rosas e lilás, além das várias almofadas e travesseiros. O lindo e imenso espelho emoldurado era perfeito para que Eva experimentasse qualquer roupa que quisesse do seu closet. A vista da sacada era uma paisagem a ser instagramada em uma bela manhã com um bom livro e uma xícara de chá sentada na preguiçosa rede. Um sino dos ventos trazia ao quarto um aspecto mágico e sob uma cômoda antiga, mas nem por isto menos magnífica, havia um vaso de flores repleto de lírios brancos. Akemi era detalhista. Thiago ficaria mais uma vez orgulhoso de seu trabalho.

A luz do sol banhava a face de Eva fazendo com que seus cabelos ruivos oscilassem entre o vermelho e o laranja. Sua pele lânguida, translúcida, refletia a luz deixando-a em um fantasmagórico resplandecer.

Apoiada na janela, Eva observava de longe o seu corpo deitado na cama com um olhar triste. A verdade é que ela esperava o inferno, não a solidão.

Naquele lugar de "vida/morte" queria ter encontrado algum espírito na mesma situação que a sua, poder ver alguma pessoa, ouvir algum som. Qualquer coisa que não fosse ver seu próprio corpo inerte.

Não tinha noção do tempo. Não havia cheiro. Não havia sensações. Não havia som. Nem sabia há quanto tempo estava presa naquele quarto.

Não podia tocar em nada.

Ela era o nada.

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