Vilão Irondad e herói Spiders...

By Mys3lf_B

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Ele era Tony Stark. Gênio, bilionário, playboy, filantropo. Ele era todas essas coisas. Mas havia mais uma co... More

Notas originais da autora
1|| A Different Kind of Surprise
2 || Spark
3 || Ignite
4 || The Shadow's purpose
5 || Watching over you
6 || Say something
7 || A chance - Chapter 1
9 || Forever. Always.

8 || A chance - Chapter 2

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By Mys3lf_B


Uma chance — Parte 2

  A tarefa de acordar parecia quase impossível para Tony. Caramba, a última vez que ele se sentiu assim foi depois daquela bebedeira que ele teve com Rhodey durante seus anos no MIT. Sim... as memórias em torno dessa festa em particular eram bem borradas, já que o tempo perdeu todo o significado por uma semana depois daquela noite.

Seus olhos finalmente se abriram. Ele piscou para o quarto desconhecido e ah não — ele bebeu tanto que acordou em um lugar desconhecido de novo?! Como isso pôde acontecer? Tony parou com o álcool... bem... com álcool demais. Ele ainda tomava um copo de vez em quando.

Mas não, não era isso, era? Alguma coisa estava faltando de sua memória. Alguma coisa importante. Mas o que?

Vermelho... algo vermelho, como sangue. Sangue. Uma mancha de sangue na camiseta de um garoto. Garoto. Seu garoto.

Os olhos de Tony se abriram de uma vez, o pedaço que faltava em sua memória o atingiu como um trem.

Seu garoto!

Ele olhou em volta desesperadamente em busca de Peter. Seu garoto que estava sangrando! Mas a sala vazia com quatro paredes cinzas e uma parede de vidro dividindo a sala ao meio estava vazia. Não havia ninguém além dele.

Tony se levantou, marchou em direção à parede de vidro enquanto superava uma onda de tontura (sim, experiência com ressacas) e bateu naquilo com toda a força que conseguiu reunir. Claro. Nada aconteceu. O vidro não fez mais do que chacoalhar. Porém, isso não o impediu de tentar novamente, a definição de insanidade tocando em sua cabeça cada vez que ele batia na parede.

Com mais nada para fazer, ele começou a andar. Comprimento de seis passos, largura de oito passos. Uma cama de campanha no canto direito, o banheiro e uma pia atrás de uma barreira para privacidade no canto esquerdo e um vilão bilionário irritado e preocupado. Era tudo o que havia em sua cela. Fora dela havia uma mesa com uma cadeira e outra porta pela qual alguém deveria passar em breve.

Fiel à sua constatação, ele não teve que esperar tanto antes de Nick Fury entrar na sala junto com Rogers e Wilson.

— Finalmente acordado, estou vendo. — disse Fury.

Tony revirou os olhos.
— Sim, sim, tanto faz. Cadê o garoto?

Fury lhe deu um olhar impassível.
— Isso não é da sua conta.

— Ah, isso é muito da minha conta. O que vocês fizeram com ele?! — Tony exigiu. Nesse ponto, ele estava realmente grato por haver uma parede de vidro inquebrável separando-os; caso contrário, Tony poderia ter saltado sobre eles e os transformado em polpas sangrentas, super espiões treinados, veteranos do exército, super soldados ou não.

Uau. Era assim que as mães se sentiam ao proteger seus filhos?

— O garoto está bem — disse Wilson. — Ele está estável e recebendo tratamento para seu ferimento.

— Um ferimento que vocês babacas reabriram!

Então — Fury exclamou mais alto, dirigindo toda sua atenção para ele — Homem de ferro, ãh? Finalmente nos conhecemos.

— Escuta, Jack Sparrow, você pegou o cara errado.

— Eu peguei?

— Então como você explica isso? — Fury depositou a manopla de relógio/pulso de Tony na mesa.

Tony não vacilou nem um segundo.
— Eu sou um mecânico. Um inventor. Eu construo coisas. Isso é o que eu faço, então como você pode me culpar por replicar algo que eu vi?

Eles não tinham nada contra ele. Nada. Mesmo com Jarvis inativo, Edith assumiria o controle dos sistemas em vinte minutos sem receber nenhuma resposta de Jarvis e bloquearia todos do acesso sem a chance de alguém invadir sua codificação rápida. E mesmo que eles conseguissem chegar ao seu laboratório, não havia mais nada incriminador no laboratório regular. Eles precisariam de sua biometria para entrar em seu laboratório secreto.

— Por falar nisso, quanto isso vai durar? Por que se vocês planejam arrastar isso por algum tempo, o garoto precisa ser dispensado da escola. — ele teria sido dispensado de qualquer forma, por causa de seus ferimentos, mas Tony não teve tempo de fazer isso, já que alguém rudemente invadiu sua casa.

Fury recostou-se na cadeira.
— Eu não acho que você entende a situação aqui, Stark. Você está preso.

— Com que prova?

— Devo realmente listar todas elas?

— Vá em frente.

— Vídeos. Gravações. Todo tipo de coisa. Sem mencionar que você gritou o nome do garoto a plenos pulmões em uma batalha há dois dias.

Agora, esses, exceto o último, Tony sabia que eram uma besteira total. Os únicos registros oficiais que eles poderiam ter em mãos eram sobre o estágio do garoto e a aplicação para adoção. Ele pode ter sido colocado em um radar por causa de suas habilidades de engenharia e recursos financeiros, mas isso era tudo. Tony vai jogar com eles.

Por enquanto.

— Então, o que trouxe a vilania para a mesa para você?

— Fraude de seguros. — Tony soltou.

— Fraude de seguros. — Fury repetiu após um momento de olhar fixo em silêncio.

— Sim.

— Você é um bilionário.

— Sim.

— Por que um bilionário sente a necessidade de cometer fraude de seguro?

— Ah, você sabe — Tony encolheu os ombros. Talvez se ele continuasse a irritá-los, eles se cansassem e deixassem ele e o garoto irem. — Eu pago uma boa quantia por isso, então posso muito bem usar. E! Você destrói a rua, minha empresa compra a rua, minha empresa reconstrói a rua. Fácil.

Wilson olhou para ele estupidamente. Rogers ainda tinha aquele olhar estranho em seu rosto. Fury... algo em sua expressão mudou.
— Ok, continuando. A próxima coisa que não faz sentido para mim — Fury continuou enquanto se inclinava para frente, colocando os cotovelos sobre a mesa — é como você conseguiu fazer aquele garoto ficar com você de boa vontade.

Tony zombou.
— O que você está insinuando?

— Quem gostaria de ficar com você por vontade própria? —Wilson perguntou, estreitando os olhos.

Tony estava totalmente carrancudo agora.
— E você acha que eu o que: fiz lavagem cerebral em um adolescente? Por favor, tenho coisas melhores para fazer com meu tempo.

— Nós não temos certeza do que você fez com ele. Vamos ter que esperar e ver depois que ele acordar. — Fury levou um longo momento para estudar o rosto de Tony. Tony encarou de volta. — Qual é o seu fim de jogo? Por que você o acolheu?

— Não entendo por que deveria sentir a necessidade de me explicar sobre isso. Mas tudo bem, eu vou te dizer de qualquer maneira. Eu o acolhi porque vocês tiraram o resto de sua família com sua batalha irresponsável! — Tony acusou. — Ele está duas vezes órfão agora. Duas vezes! Tudo por sua causa. Mas conhecendo o garoto, ele não vai culpar vocês por isso, ele é bom assim. Você acreditaria que ele estava se culpando por isso? — ele balançou sua cabeça. — Sim, todos vocês têm que ir para casa depois de um trabalho bem feito e se dar um tapinha nas costas, mas vocês já param e se perguntam sobre crianças como Peter? Aqueles que são deixados para trás porque sua família restante foi morta em alguma briga estúpida sua só porque tiveram o azar suficiente de estar no lugar errado na hora errada?

— Por que não deixar ele entrar no sistema?

— Ah, sim. — A voz de Tony pingava sarcasmo. — Coloque um adolescente com superpoderes no sistema. Não vejo pelo menos cinco maneiras de como isso poderia dar errado! — o garoto precisava comer mais do que o normal. Ele não conseguiria isso em algum lar coletivo. Jogue algumas patrulhas diárias de um vigilante na mistura e você tem uma receita para um desastre.

  Além disso, Tony ouviu algumas histórias de terror.

  Wilson olhou para Rogers e depois para Tony.
  — Isso não muda o fato de que você é um assassino.

  Tony não pôde deixar de bufar.
  — Ah, certo. É claro que você traria isso à tona. Bem, vamos lá — ele sorriu — me acerte com o que você tem. Eu posso justificar cada um deles.

  — Só para citar alguns, — Fury abriu o arquivo na frente dele. — Quentin Beck. Ex-funcionário das Indústrias Stark...

  — E a porra de um psicopata — Tony terminou. Não era de surpreender que começassem com ele. — Ele queria transformar o BARF em uma arma... não me olhe assim. Ele queria transformar em uma arma algo que deveria ajudar as pessoas na terapia. — Tony começou a andar pela largura de sua cela, acenando com a mão indiferente enquanto falava. Ele podia muito bem ser honesto. — Eu fiz uma denúncia contra ele, levei para a polícia, mas eles fizeram alguma coisa? Alerta de spoiler: eles não fizeram nada. Portanto, decidi resolver o problema com as minhas próprias mãos.

  — Wilson Fisk.

  — Sim. Rei do Crime. Um gângster conhecido que a polícia estava investigando, mas nunca fez nada sobre ele.

  — De alguns dos mais recentes: Adrian Toomes.

  — O Abutre. Vendia armas alienígenas perigosas nas ruas do Queens feitas do que os Chitauri deixaram pra trás. — e ele tentou matar Peter — Onde vocês estavam então? Ou lidar com as consequências de suas batalhas está um pouco abaixo do seu nível de pagamento? — ele disse com um escárnio.

  — Assassinato ainda é assassinato. — afirmou Wilson, com voz firme.

  Tony projetou o queixo, os braços cruzados vagarosamente sobre o peito.
  — Um bom déspota agiliza a mudança. A polícia fez alguma coisa sobre essas pessoas? Não. Vocês fizeram alguma coisa sobre essas pessoas? Também não. Podem ir e verificar e verão que digo a verdade. — o olhar de Tony fixou-se no de Fury. — Você encontrará uma trilha de migalhas.

  A atmosfera na sala estava tensa. Ninguém se atreveu a se mover, o medo de desencadear acidentalmente alguma reação em cadeia desconhecida os enraizando no lugar. O olhar de Tony permaneceu inabalável.

O feitiço foi quebrado por Fury suspirando e se levantando de sua cadeira.
— Muito bem, voltarei mais tarde. Então podemos continuar esta conversa.

Seus olhos se encontraram mais uma vez e Tony percebeu algo brilhar nos olhos de Fury.
— Sim, sim, capitão — Tony respondeu em tom plano.

  Fury se virou e caminhou em direção a porta, os dois "heróis" o seguindo. Rogers, que não disse uma palavra no tempo todo em que esteve ali — o que era surpreendente, para dizer o mínimo — brevemente olhou para Tony por cima do ombro antes de sair da sala também e fechar a porta atrás de si, deixando Tony sozinho com seus pensamentos.

  Aquele olhar... Tony conhecia aquele olhar no rosto de Fury. Era o olhar de um homem que pegou alguma coisa de interesse para ele. Algo que ele queria. Tony não tinha certeza se ele gostava disso ou não.

  A preocupação foi logo substituída pela preocupação com o paradeiro de um certo adolescente.
  — Garoto, para onde eles te levaram?



  — Eu conhecia seu pai.

  Jesus Cristo. Só se passaram algumas horas desde que eles saíram e agora ele está de volta?

— Ele era um homem muito bom, então eu não entendo. O que deu errado?

Se os olhos de Tony pudessem revirar ainda mais, ele seria capaz de ver como era o fundo de seu cérebro. Quando ele ouviu a porta se abrir, ele estava esperando Fury, não ele.
— Sim, fui informado do fato de que vocês se conheciam há duas décadas consecutivas — disse ele enquanto se sentava. — Eu me pergunto o que ele diria se visse o que aconteceu com você.

Tony se levantou, olhando Rogers fixamente.
— O grande e poderoso Capitão América. O herói da nação. Sempre avançando corajosamente para a batalha de cabeça, alguns diriam até de forma imprudente. Usado como uma bússola moral doentia. O Capitão América nunca faria isso e o Capitão América faria aquilo e assim por diante.

As memórias de Howard durante sua infância e início de sua vida passaram pela mente de Tony. Ele nunca foi bom o suficiente. Sempre havia a sombra do homem ideal pairando sobre ele.

Tony soltou uma risada sem humor.
— Bom saber que a barra não estava tão alta agora que você mostrou suas verdadeiras cores.

— Tony...

— Não me chame assim!

Rogers respirou fundo.
— Sr. Stark, — ele tentou novamente — eu fiz o que tinha que fazer.

— Ha! — Tony jogou a cabeça para trás. — Então o fim justifica os meios para você agora? Uau. Que surpresa. Meu velho sempre quis que eu fosse como você. Parece que ele conseguiu o que pediu, mas não da maneira que queria.

— O que você...

— Você lutou na Segunda Guerra Mundial e, apesar de não estar lá para os ajustes finais em 1949, a Convenção de Genebra já estava em vigor.

— Não entendo aonde você quer chegar.

Este homem pode ficar ainda mais denso?
— O que estou querendo dizer é que você, como soldado, deveria saber que não se deve atacar feridos ou crianças — cuspiu Tony — Você jogou a porra de um escudo em uma criança indefesa que estava ferida e inconsciente. Se você não consegue ver o que há de errado com isso, então você está além da ajuda.

— Eu sabia o que estava fazendo. — Rogers se defendeu.

— Ah é? E se eu não reagisse rápido o bastante? E então? — Tony sentiu sua raiva crescendo, queimando em seu peito. —Você poderia ter matado ele!

Culpa passou pelo rosto de Roger, embora tenha desaparecido tão rapidamente quanto apareceu.
— Eu só estava...

— Sim, sim, fazendo o que é certo, você pode continuar dizendo isso a si mesmo para se sentir melhor. — Tony deu as costas para Rogers e foi deitar na cama. — Se você não consegue perceber o seu erro, acredito que essa conversa acabou.

Ficou em silêncio por um momento, então houve um suspiro, o som da porta abrindo e fechando.



Natasha estava encostada na parede do lado de fora da cela/sala de interrogatório, seus braços cruzados sobre seu peito.

  — Você ouviu tudo aquilo? — Steve perguntou.

  Natasha acenou com a cabeça.

  — Você acha que eu cometi um erro também?

  — Todos nós cometemos um erro — disse ela, empurrando-se contra a parede. Ela não iria admitir em voz alta que o que Steve fez a deixou desconfortável. Ela também não iria admitir em voz alta o arrependimento que sentia por suas próprias ações. — Vamos lá — ela acenou — Bruce tirou o garoto dos sedativos e disse que ele está acordando.



  Peter hesitou em trazer de volta a consciência por um tempo agora. Era uma sensação estranha, realmente — como se equilibrar em uma linha tênue entre os dois mundos. Se ele se inclinasse demais para um lado, inevitavelmente cairia.

  Então, ele se equilibrou enquanto imagens e memórias de eventos passados passavam diante dele.

  Bem, pelo menos até que uma imagem o fez inclinar-se um pouco demais para o lado e de repente ficar totalmente desperto. Seu coração batia descontroladamente. Seus olhos se abriram antes que ele os fechasse novamente, as luzes o apunhalando dolorosamente como centenas de agulhas. Sua respiração acelerou, o corpo travado em pânico cego entre lutar ou fugir.

  Alguma coisa estava alojada em seu braço.

  Doía quando ele se movia.

  A imagem.

  Sr. Stark. Alguém os atacou e...oh Deus, Sr. Stark... Onde estava o Sr. Stark?

  — Ei, ei — disse uma voz gentil e vagamente familiar enquanto as luzes se apagavam — Você está bem, você está bem. — Um toque igualmente gentil se juntou à voz e logo Peter se acalmou, afundando no colchão embaixo dele. — Você pode abrir seus olhos para mim?

  Peter fez conforme pedido. Muito lentamente, seus olhos se abriram, então piscaram várias vezes para se certificar de que ele não estava vendo coisas.
  — Doutor Banner? — Não, não poderia ser ele. Havia aquela estranha sensação flutuante no corpo de Peter que ele aprendeu a associar com aqueles analgésicos que realmente funcionavam nele, então não poderia ser ele... poderia ser?

  — O primeiro e único — ele respondeu calorosamente.

  Puta merda, era mesmo ele! Ele foi um dos ídolos ao longo da vida de Peter junto com o Sr. Stark!

  - Ah meu Deus. — ele suspirou, sua voz ainda pesada com o sono — Eu li todos os seus artigos sobre radiação gama. Eles foram incríveis. E temos uma foto sua na minha aula com outros grandes cientistas como...

  O chiado de dor escapou de seus lábios, cortando efetivamente o que quer que ele estivesse prestes a dizer a seguir. Sua cabeça pendeu para o lado para ver o Sr. Banner mexendo no cateter em seu braço.

  Então foi isso que causou essa dor.

  — Você quase o arrancou — explicou o Sr. Banner enquanto prendia o cateter no lugar.

  Os olhos de Peter percorreram a sala, parte da consciência retornando a ele antes de seu olhar pousar em suas roupas que não eram... bem... suas. A bandagem em volta do estômago também parecia diferente.
  — O que? — ele perguntou fracamente enquanto seu braço que não estava conectado ao IV moveu-se para seu estômago.

  O Sr. Banner deu a ele um pequeno sorriso nervoso.
  — Você, ah... — ele esfregou o pescoço. Para Peter, parecia que o homem não conseguia encontrar seus olhos. — Seu ferimento foi reaberto. Eu tive que fazer os pontos novamente.

  — Ah. — foi tudo o que Peter disse. Ele ergueu a bainha de sua camiseta para olhar as bandagens frescas enroladas em seu estômago. — Eu fui atacado — ele disse baixinho. — Eu fui atacado — disse ele mais alto, olhando da bandagem para o rosto do cientista.

  — Como você está se sentindo?

  Agora, mesmo estando cheio de drogas, Peter não era idiota. Ele reconhecia quando alguém estava se esquivando da pergunta. Suas sobrancelhas franziram, mas ao ver o quão desconfortável o homem estava, ele decidiu deixar para lá. Era seguro presumir quem estava por trás do ataque.

  Ambos, ele e o Sr. Stark estavam com grandes problemas.

  — Ãh, bem? Bom, o melhor que posso estar, eu acho. — Deus, ele estava encontrando o Bruce Banner em circunstâncias como essas. O que era a sua vida?

  O Sr. Banner deu uma risadinha.
  — Isso era de se esperar. Alguma náusea, dor? — ele perguntou enquanto verificava os sinais vitais de Peter exibidos no monitor próximo. Ele parecia quase aliviado por não ter que olhar para seu paciente.

  — N... não, eu acho que não.

  Bruce sentiu numa cadeira próxima a cama.
  — Você tem um metabolismo e tanto aí, Peter. Mais rápido do que o do Capitão América, ousaria dizer. É impressionante.

  — Obrigado?

  Peter começou a esfregar a bainha do cobertor fino que o cobria entre os dedos. Era dolorosamente óbvio que nenhum dos dois queria se dirigir ao elefante na sala.

  — Ei, ahm... — disse o Sr. Banner, mexendo-se um pouco na cadeira, — há alguém que quer falar com você. Então, se estiver tudo bem para você... posso deixá-los entrar?

  Peter reconhecia isso: eles fariam ele sentir como se estivesse no controle, como se ele tivesse liberdade de escolha quando na verdade ele não tinha nenhuma. Mas no seu estado atual ele não podia fazer muito mais do que seguir em frente com isso. Se ele fizesse conforme pedido, talvez eles pegassem leve com ele e o Sr. Stark.
  — Claro.

  O Sr. Banner assentiu e saiu da sala, deixando a porta ligeiramente entreaberta. O menino ainda conseguiu captar o agora inconfundível olhar de alívio em seu rosto pouco antes de desaparecer. Uma conversa abafada começou imediatamente.

  — Uau, você está bem?

  Peter conhecia aquela voz. Esse era o Gavião arqueiro.

  — Sim, sim, só... — um suspiro áspero se seguiu — ele é uma criança.

  — Nós sabemos.

  Peter reconheceu a voz da Viúva Negra também, embora ele não reconhecesse a emoção na voz dela.

  — E é exatamente isso! Vocês sabem, vocês sabiam, e também sabiam que ele estava gravemente ferido, mas mesmo assim vocês foram e o nocautearam daquele jeito, fazendo seu ferimento reabrir! Você tem ideia de quanto sangue ele perdeu?

  Opa. Peter não gostou do som disso. Ele sabia que tinha perdido muito sangue durante a cirurgia para remover o vergalhão e é por isso que sua cura foi retardada e não teve tempo suficiente para fechar a ferida adequadamente. Ele estava meio com medo de se mover agora, não querendo rasgar os pontos.

  — Bruce, recebemos ordens...

  Capitão América.

  — Sim, para incapacitar. Me diz o quão perigoso ele era em seu estado. Não, quer saber? Não. E-eu não posso fazer isso agora, desculpe. Tenho que ir passar algum tempo sozinho antes de ficar verde. Apenas... vá com calma com ele, ele acabou de acordar.

  Seus passos sumiram, as pessoas do outro lado da porta em silêncio.

  — Ele está com raiva.

  — Não me diga.

  — Ele está com raiva de nós.

  — Não me diga.

  — Clint, qual é...

  — Não, Steve. Eu queria prender Stark e colocar o garoto em segurança, mas a forma como o cara lutou... eu tenho três filhos e posso dizer com certeza que é assim que eu lutaria se alguém os colocasse em perigo. Pelo amor de Deus, você jogou o escudo no garoto...

  Espera, o que?

  —...e é um milagre que ele não tenha feito um buraco no seu peito. Se eu estivesse no lugar dele, daria um soco em você. Ou pior.

  — Clint, — ah cara, o Falcão estava aqui também — não sabemos ainda com certeza se Stark não enlouqueceu e manteve o garoto lá contra sua vontade.

  — E é por isso que você está aqui. Você entra e pergunta a ele. Mas ainda não muda o fato de que o que fizemos foi uma jogada idiota.

  Peter sentiu que a conversa abafada não era para seus ouvidos ouvirem, mas ele com certeza descobriu algumas coisas interessantes. E embora Peter não gostasse que eles estivessem falando sobre ele como uma criança indefesa, ele decidiu usar isso a seu favor. Ele deixou seus olhos caírem, parecendo pequenos e cansados. Mais algumas palavras foram trocadas e então Falcão e o Capitão América entraram em seu quarto.

  Sam tomou o assento previamente ocupado por Bruce.
  — Olá, você deve ser o Peter. — ele cumprimentou o menino com um sorriso amigável.

  Peter assentiu.

  — É um prazer conhecê-lo oficialmente, embora eu desejasse que fosse em melhores circunstâncias. Então, vou fazer algumas perguntas, se estiver tudo bem para você.

  A ilusão de livre escolha.
  — Sim, Sr. Wilson.

  — Apenas Sam está bem, garoto — respondeu ele. — Então, você é o Homem-Aranha.

  Um aceno de cabeça.

  — E Stark é o Homem de Ferro. — os olhos de Peter se arregalaram. — Não se preocupe, nós já sabemos — acrescentou Sam depois de notar a reação de Peter.

  Peter relutantemente acenou com a cabeça novamente.

  — Vamos começar então. Em primeiro lugar, quero que saiba que pode ser perfeitamente honesto comigo. Você está seguro aqui.

  Peter não pôde deixar de notar como a presença de Sam era calmante. A maneira como ele falava, o olhar em seus olhos... o adolescente não conseguia sentir nenhuma desonestidade nele.
  — Ok.

  — Vamos começar com algo fácil. É sabido que vocês dois lutaram. Há quanto tempo vocês conhecem o alter ego um do outro?

  — Ãh... — Peter franziu a testa em concentração — Eu sabia por cerca de um mês e meio e acho que o Sr. Stark sabia por cerca de três. Ele basicamente descobriu durante a batalha com os Hammeroids.

Sam bufou.
  — Hammeroids? — ele perguntou, divertido.

  Peter sorriu um pouco.
  — É assim que o Sr. Stark vive os chamando. Mas sim, uma daquelas coisas explodiu perto de mim, ele me ajudou e foi assim que ele descobriu. Pelo menos eu acho. Não me lembro de nada depois daquela explosão, só de que acordei em casa. Eu, ãh, descobri sobre ele por acidente.

  — Bom, você está indo muito bem. E você está morando com ele há...

  — Um pouco mais de duas semanas. Desde... — Peter olhou para baixo em seu estômago, engolindo em seco — desde que minha tia... — a garganta de Peter fechou. Ele ainda não podia falar sobre May com ninguém; a situação ainda estava muito crua, muito recente.

  Sam colocou a mão no joelho de Peter.
  — Sinto muito pela sua perda.

  — Está tudo bem — Peter sussurrou, piscando para afastar as lágrimas.

  — Você quer fazer uma pausa?

  — Não, não. — Peter abanou a cabeça. Ele engoliu em seco mais uma vez, piscou para afastar o resto das lágrimas e olhou para cima. O rosto de Sam era simpático, mas o rosto do Sr. Rogers o enervou por algum motivo. Ele o estava observando como um falcão observava sua presa. — Vamos continuar.

  Sam acenou com a cabeça solenemente.
  — Para esta parte, quero lembrá-lo de que você está completamente seguro aqui e ninguém pode tocá-lo, machucá-lo ou ameaçá-lo. Você pode ser honesto sem medo.

  Uma pequena carranca apareceu no rosto de Peter. O fato de Sam sentir que precisava lembrá-lo disso parecia... estranho.

  — Stark já te machucou ou te ameaçou de alguma forma?

Os olhos de Peter se abriram.
  — O quê?

  — Está tudo bem. Você está seguro, ninguém pode tocar em você aqui...

  — Não, não — Peter balançou a cabeça. — Ele não fez nada disso! — Bem, além da ameaça de revelar sua identidade se Peter revelasse a dele, mas ele não estava disposto a dizer isso a eles. Eles pensavam que ele estava sendo forçado a viver com o Sr. Stark ou algo assim? — Sério, ele não tem sido nada além de bom para mim. A pior coisa que ele fez foi me levar da rua quando eu estava evitando suas ligações depois que descobri. Tive uma sobrecarga sensorial naquele dia e vomitei depois que ele me colocou no chão, mas ele se desculpou por isso. — Peter ficou em silêncio por um segundo. — Espere, não, ele fez algo pior.

  — O que ele fez? — Sam se inclinou para frente, esperando em antecipação. O Sr. Rogers se levantou de onde estava sentado.

  — Ele dobrou uma página de um livro na minha frente! — ele gritou. — Tipo, qual é! Quem faz isso?!

  Ambos os homens murcharam.
  — Um crime hediondo, de verdade — Sam brincou.

  O resto do interrogatório consistiu em perguntas semelhantes dirigidas à vida de Peter e suas interações com o Sr. Stark. O Capitão América também fez as perguntas em um ponto. Para Peter, era quase como se eles quisessem desesperadamente provar que o Sr. Stark era o cara mau que o estava machucando ou manipulando. Algumas perguntas eram totalmente ridículas.

Peter não fazia ideia de quanto tempo eles ficaram nisso, mas em algum ponto, ele começou a cair no sono.

— Cansado? — Sam perguntou quando notou os olhos do menino caindo e as respostas lentas.

— Só um pouco.

Sam se levantou, dando um último tapinha no joelho de Peter.
— Podemos encerrar por hoje. Você fez bem, garoto. Descanse um pouco.

— Estamos com problemas? — o menino perguntou antes que os dois Vingadores pudessem sair da sala.

— Não, você não está com nenhum problema.

Você. Só você.

— Quando posso ver o Sr. Stark?

Os dois trocaram um olhar rápido.
— Vamos levá-lo até ele assim que se sentir melhor.

Assim que ele se sentir melhor? Tudo bem então, ele vai se sentir melhor amanhã a esta hora.
— Obrigado — ele sorriu agradecido.

  O sorriso que recebeu em troca foi um pouco tenso.
  — Sem problemas.

  Com isso, eles fecharam a porta. Peter estava prestes a cochilar quando pegou Sam e Steve iniciando outra conversa.

—Por que você mentiu para ele?

—Mentir para ele?"

— Não podemos deixar Peter ver Stark, apesar do que ele diz.

— Steve, eu realmente não acho que Stark fez alguma coisa com ele e não acho que há mal nenhum em deixá-los se verem, pelo menos por um tempo. Talvez isso torne Stark mais cooperativo. Vou trazer isso à tona com Fury, ver o que ele diz.

— Eu ainda não acredito neles. Acho que seria melhor chamar Wanda aqui para dar uma olhada dentro da cabeça de Peter. Talvez para remover algo ou alguém que não deveria estar lá.

— Steve...

A conversa foi cortada por outra porta e, de repente, Peter não sentia mais vontade dormir. Ele não deveria ter ouvido essa conversa também. Apesar de o monitor cardíaco estar sem som, ele percebeu e sentiu o aumento de seus batimentos.

Eles queriam fazê-lo esquecer o Sr. Stark. Eles queriam que ele ficasse sozinho!

  Ele tinha que encontrar o Sr. Stark, e rápido.

  A porta não era um caminho. Peter ouviu o clique da tranca, mesmo que fosse inaudível para pessoas normais. Chutar a porta para fora das dobradiças provavelmente dispararia algum alarme e o colocaria em problemas ainda mais maiores. O quarto não tinha janelas, então como ele poderia escapar?

  Ele não tinha ideia do por quê, mas ele olhou para a parede atrás de si. Sua próxima respiração parou em sua garganta. Aquilo era...

  Sim. Sim, era. O coração de Peter deu um salto com esperança.

  Uma ventilação.

  Peter gostaria de pensar que já tinha muita experiência em se desprender das máquinas e IVs, mesmo que tenha feito isso apenas uma vez antes. Ele desligou o monitor cardíaco primeiro para evitar disparar o alarme, então removeu o resto das linhas e fios presos a seu corpo.

  Igual antes, sua visão escureceu quando ele se levantou rápido demais, mas desta vez, ele não deixou que isso o impedisse. Quando sua visão voltou, ele já estava cara a cara com a grade de ventilação. Demorou vários empurrões — caramba, ele realmente estava fraco — mas no final, ele puxou com sucesso, revelando um espaço grande o suficiente para ele rastejar.

  Perfeito.

  Agora ele tinha que descobrir onde o Sr. Stark estava sendo mantido.



  O bang metálico fez Tony se levantar rapidamente de sua cama. Ele olhou ao redor da sala mal iluminada, mas não viu ninguém. O som veio novamente. Então, novamente, desta vez a grade de ventilação do lado oposto da barreira se moveu. Então, mais uma vez e a coisa saiu, o metal substituído por uma cabeça cheia de cachos castanhos bagunçados.

  O garoto relaxou visivelmente ao vê-lo e começou a sair pela abertura de ventilação. Ele olhou ao redor da sala antes de descer e colocar a grade no chão. Em três passos rápidos, ele estava parado na frente de Tony.

  Foi só agora que o homem percebeu o olhar selvagem nos olhos do garoto e o leve tremor de sua silhueta.

— Pete? — ele perguntou.

  Os olhos de Peter olharam brevemente para ele, então voltaram para o teclado que controlava a porta de sua cela.
  — Sua oferta ainda está de pé? — ele perguntou enquanto erguia as mãos trêmulas em direção ao teclado para examiná-lo.

  — O que? — Tony perguntou. — Que oferta?

  — De servo pessoal. Pago ou não pago, eu não me importo. — O garoto respirou fundo enquanto olhava ao redor de sua metade da sala em busca de algo.

  Tony mudou sua postura na esperança de arrastar o olhar de seu pupilo em sua direção.
  — Garoto, estou perdendo você aqui. Fale comigo. O que está acontecendo?

  — Temos que partir. — respondeu Peter, sem fôlego — Temos que partir. Rápido. Ok, ok, não vou conseguir quebrar o vidro, mas acho que posso abrir isto. Seria muito mais fácil com as ferramentas; minhas mãos terão que se virar. Depois disso, teremos que viver como fugitivos, mas tudo bem, certo? Você tem um esconderijo que ninguém conhece em que podemos nos esconder, certo? Certo?!

O estômago de Tony se apertou ao ver o óbvio desespero de seu garoto. O que diabos aconteceu para fazer ele agir assim?

— Pirralho, o que...

A respiração de Peter começou a acelerar.
— Eles vão te levar embora. Eles vão te tirar das minhas memórias e daí eu realmente não vou ter ninguém. Eu não quero esquecer você. Não, não, não. — lágrimas começaram a inundar aqueles olhos castanhos inocentes — Por favor. — sua respiração falhou. — Por favor, eu não quero ficar sozinho.

Parecia que o garoto estava cuspindo mil palavras por minuto, a confusão quase indistinguível para Tony.

— Pete, Pete, hey. — Tony disse, a voz gentil, mas ainda firme — Olha pra mim. Olha pra mim, amigo. Você está tendo um ataque de pânico. Você sabe o que é isso, né? — Peter deu a ele um aceno trêmulo com a cabeça — Bom. Agora preciso que você ouça com atenção o que estou prestes a dizer.

Tony colocou as palmas das mãos no vidro e se abaixou até ficar de joelhos. Peter, felizmente, o imitou.
— Eu sei que isso é assustador, ataques de pânico são assim, mas eu preciso que você respire comigo, ok?

— Ok. — Peter engasgou.

Os próximos vários minutos foram gastos com Tony inspirando e expirando exageradamente, o garoto fazendo seu melhor para copiar o ritmo. Eventualmente, a respiração de Peter voltou na maior parte ao normal. A exaustão fez seu papel em seu corpo ainda fraco, fazendo-o cair contra a parede de vidro.

Tony teve o cuidado de manter a voz baixa.
— Melhor?

— S-sim. Melhor. — Peter suspirou.

— Bom. Agora, quer tentar de novo?

Peter deu outra respiração instável.
— Eles querem que eu te esqueça — ele admitiu com expressão de dor no rosto. — Eu entreouvi o Sr. Rogers e o Sr. Wilson conversando. Eles... — sua garganta fechou-se com força — eles estavam falando sobre mentir para mim e olhar na minha cabeça e tirar algo ou alguém que não deveria estar lá e...

— Peter!

O garoto olhou para ele, grandes lágrimas caindo livremente de seus olhos.

Tony pressionou a palma da mão contra o vidro, Peter colocando a sua sobre a dele.
— Respirações profundas ou você vai ter outro ataque de pânico. É isso. Dentro e fora — elogiou — Bom menino.

— Eu não quero ficar sozinho — ele sussurrou. — Eu não quero que você vá.

— Você não vai ficar. — Tony assegurou, querendo desesperadamente abraçar o garoto. — E eu nunca vou deixar você. Eu prometi, não é? — ele acrescentou com um pequeno sorriso.

Peter fungou.
— É.

— É. Não se preocupa. Eu não vou deixar eles nos separarem.

Ele não sabia como exatamente faria isso, mas alguma oportunidade certamente surgiria. Havia sempre espaço para negociações em situações como essas. Tony simplesmente terá que fazer um sacrifício, embora, estranhamente, ele não se importasse tanto.

Qualquer coisa por seu garoto.

Peter se encolheu num canto, suas pálpebras caindo.

— Cansado?

— Mhm.

— Ataques de pânico não são piada. Eles sempre me deixam cansado.

— Eu acho que o choque de adrenalina não combinou com isso também — Peter murmurou, seus olhos quase fechados agora.

Tony sorriu suavemente.
— Você não vai conseguir voltar para onde veio, vai?

— Não.

— É uma festa do pijama, então. Vou ficar aqui a noite toda. — Suas costas não vão agradecer pela manhã, mas tudo bem. Apenas mais um sacrifício que ele terá que fazer. — Eu vou nos tirar daqui. Nós dois. Eu prometo.

— Eu acredito em você — Peter disse quase incoerentemente antes de cair no sono enrolado em seu canto.

Tony se enrolou no canto também para que ficassem de costas um para o outro.
— Durma bem.


————————————————

5728 palavras

Olha só quem tá no final do semestre e sem tempo nenhummm
eu mesma.

Próximo capítulo é o último meu polvo.
<3

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