Red Pills [EM ANDAMENTO]

By Padeira_Assassina

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[SEGUNDO LIVRO DA TRILOGIA RED] Reclusos pelos cumes montanhosos, os cidadãos da comuna de Odda vivem suas vi... More

Prólogo
Capítulo 1 - Em queda livre
Capítulo 2 - O abominável homem das neves
Capítulo 3 - Um homem solitário
Capítulo 4 - Ponto de Partida
Capítulo 5 - White Rabbit
Capítulo 6 - Um Deus
Capítulo 7- Linha de frente
Capítulo 8 - Briga de Rua
Capítulo 9 - Sabotagem
Capítulo 10 - Torta pronta
Capítulo 11 - Controle
Capítulo 12 - Agenesia
Capítulo 13- You really got me
Capítulo 14 - Escudo humano
Capítulo 15 - All day and all of the night
Capítulo 16- Strip poker
Capítulo18- Carnificina

Capítulo 17 - A maldição

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By Padeira_Assassina

Durante a madrugada, uma tempestade atingiu o município de Odda, acumulando neve nos telhados das casas e nas estradas. Os moradores teriam um longo dia de trabalho pela frente.

O céu da manhã estava marcado por um vermelho vibrante, não era exagero comparar a paisagem com uma pintura renascentista. Embora o sol estivesse presente, seu calor não era o suficiente para afastar a onda fria que havia se instalado.

Vanessa recebeu alta logo no início do dia, com recomendações de repouso que provavelmente não iria seguir. Os enfermeiros se despediram da paciente com certa tristeza, sentiriam falta dos assuntos o casal rendia pelos corredores.

No decorrer da viagem, nenhuma conversa foi o suficiente para prender a atenção da detetive que estava aérea em seus pensamentos. Mas o silêncio vindo do chalé quando se aproximaram era o preocupante a ponto de causar receio até mesmo no lenhador que estava sempre desleixado.

Entrando com um pé na frente do outro, Vanessa resolveu investigar melhor a casa.

Ao entrar na sala de estar, se deparou com Khalan e Willow abraçados no sofá. Os olhos arregalados enquanto a manta que ficava sobre o móvel, cobria suas cabeças como um escudo protetor. Ao verem a detetive parada na porta, ambos levantaram num pulo.

— Vanessa!— Willow gritou, correndo em direção a sua amiga e a abraçando com força.— Você viu o apagão? Eu achei que fosse ser meu último dia na terra!

A piloto se agarrou em sua amiga, logo sendo seguida do químico, que também a abraçou Era visível que algo havia acontecido durante aquela noite.

— Esse chalé parecia o cenário de um filme de terror! — Khalan completou de maneira exagerada. Durante poucos segundos ele desviou o olhar em direção ao lenhador. — Sem ofensas...

Como se compreendesse o desespero do tailandês, Aaron balançou as mãos no ar o livrando da culpa pelo comentário. Estava tão acostumado com aquele estilo de vida que sequer considerou a má adaptação dos seus hóspedes.

— Parece que vocês tiveram uma noite agitada. — Vanessa comentou observando as expressões cansadas nos rostos de seus amigos. — Podemos continuar essa conversa na mesa do café da manhã?

— Eu não acho que temos muito tempo...— Willow continuou agarrada a jaqueta da detetive como se fosse um gato assustado.

— Mas o que aconteceu de tão ruim assim?— Aaron perguntou com um meio sorriso, enquanto jogava suas chaves no aparador da entrada e esticava suas costas. A cadeira do hospital não havia sido um bom lugar para dormir na última semana.

— Gritos!— A piloto brandou, com o cenho franzido.— Os mesmos gritos daquela noite que vocês sumiram no meio do mato!

As bochechas da australiana se avermelharam pela ansiedade de tocar no assunto, mas o lenhador apenas balançou os ombros de forma relaxa.

— Existem muitos animais por aqui, e graças a neve eles tentam procurar locais mais aquecidos. É normal ouvir barulhos que se assemelham a gritos.— Com a voz rouca, ele respondeu a pergunta.

— Ou, nós podemos sair para dar mais uma olhada. — A detetive afirmou, vendo os olhares assustados dos dois. — Teremos mais chance durante o dia de qualquer forma.

Tanto Khalan quanto Willow pareceram aliviados com a decisão tomada por Vanessa. Por mais absurda que parecesse aquela história, a oficial jamais deixaria de acreditar em seus amigos. Se fosse apenas um susto eles poderiam rir depois, mas caso o contrário, não pagaria pra ver.

— Vocês dois estiveram sob muito estresse ontem a noite, deveriam tirar o dia de folga. — Ela sugeriu revezando os olhar entre as pessoas presentes na sala. — Podemos tomar conta do assunto enquanto vocês passam o dia na cidade.

Aaron franziu as sobrancelhas levemente quando sua presença foi confirmada naquela busca;  ele sabia que não daria a lugar nenhum.
Depois de todas aquelas noites no hospital, não era bem daquela maneira que esperava ser recompensado.

— Vanessa tem razão. Ficar aqui sozinhos no escuro deve ter sido um pouco aterrorizante, deveriam tirar uma folga.— Aaron cruzou os braços, encarando os dois.

— Na verdade, uma folga não seria algo que eu iria reclamar...— Willow disse baixo. Depois de tantos dias concertando os mínimos detalhes do avião, a piloto estava exausta mentalmente.

Vanessa concordou com a cabeça, encarando sua amiga.

— Mas você ainda está se recuperando, não deve fazer esforço, não é?— Ela voltou a falar, agora olhando a parte onde a jaqueta de Vanessa ficava levantada graças ao curativo.

— Vou seguir as orientações médicas. — Um silêncio constrangedor permaneceu na sala depois da resposta da detetive. — Não precisa se preocupar, você me conhece...

Era verdade, Willow a conhecia melhor do que ninguém; e esse era exatamente o motivo que despertava a sua desconfiança.

— Eu vou estar de olho nela até vocês voltarem! Nos tornamos bem próximos durante as minhas visitas no hospital. — Aaron comentou animado recebendo logo em seguida uma encarada feia da detive.

Com um sorriso sugestivo nos lábios, o lenhador interrompeu sua fala, retirando o casaco pesado que usava naquela manhã. Sentiu falta do ambiente familiar que seu chalé trazia.

— Então podemos ir! — Khalan comemorou, ignorando completamente a tensão que havia se formado entre o casal. — Comer fora não seria nada mal...

— Podemos experimentar os vinhos que eles produzem aqui.— Willow ponderou sobre o assunto, e no fim, sua curiosidade pelo local lhe invadiu.— Aaron, tome cuidado, não queremos voltar e ver nossa amiga aos frangalhos.

A piloto pegou seu casaco com touca felpuda, enquanto seguia Khalan pela porta da frente. Serem inconsequentes não era novidade para Vanessa, mas ela se sentia culpada de ver seus amigos sob tanta pressão graças a um trabalho seu.

— Então sinto que teremos uma vida de casados. O que quer para o jantar, querida?— Aaron sorriu— Mas antes, preciso de um banho longo e demorado. Estou com cheiro de hospital.

— É melhor do que o seu cheiro de bicho do mato. — Vanessa retrucou dando as costas. — Quero dar uma volta pela floresta antes que a noite caia. Pode andar logo?

Olhando por cima do ombro, a detetive observou o momento em que o norueguês terminava de desbotar a sua camisa. Por mais que fosse prudente desviar o olhar, essa ação se tornou inviável durante poucos segundos.

— Nada mau. — Ela concluiu depois de um longo silêncio. Logo, voltando a atenção para o notebook apoiado em seu colo. — Mas é melhor encerrar o seu show de exibicionismo.

— Se quer que eu termine meu banho com pressa, então é melhor entrar comigo pra lavar as minhas costas.— Aaron sorriu cínico,  desaparecendo da visão da detetive por alguns segundos, e logo voltando com sua toalha pendurada no ombro.— E eu não estou me exibindo, você é quem escolheu me olhar. Aqui é um país livre.

Empurrando a porta do banheiro com o pé, o lenhador se enfiou no cômodo com pressa, afinal, o frio que fazia ali o impedia de ficar andando sem um casaco pesado.

Depois de longos minutos e de vários xingamentos de Vanessa, Aaron finalmente saiu com a toalha enrolada na cintura e os cabelos molhados quase na altura do peito. A fumaça que saía de seu corpo mostrava o quão quente deveria estar a água.

— Vanessa, você conversou com o prefeito alguma vez cara a cara?— A pergunta parecia ter sido bem pensada no chuveiro.

— Não exatamente. — Ponderando sobre o assunto, a detetive pressionou os lábios formando uma linha reta. — Mas preciso agradecê-lo por arcar com as despesas do hospital.

Nada era mais barulhento do que o silêncio vindo do lenhador, Vanessa aprendeu isso ao longo das longas noites que os dois passaram juntos no hospital. Como Aaron não se pronunciou, ela prosseguiu.

— O prefeito me deixa trabalhar em paz, deveria seguir o exemplo do seu avô. — Quando a tela do seu notebook escureceu, a oficial pode ver perfeitamente o reflexo do norueguês. — E deveria colocar uma roupa!

Com o susto, Vanessa empurrou o aparelho para o outro extremo do sofá, sentindo seu rosto queimar ao lembrar da imagem. Aaron estava parado no meio da sala quase despido, mas não parecia nenhum pouco envergonhado, seu olhar era de pura irritação.

— Não confie nele. Sei que nunca escuta meus conselhos, mas esse deveria escutar.— A voz do loiro não parecia nem um pouco acolhedora como antes, nem mesmo no tom cínico. Aaron nunca havia se mostrado tão sério, o que chamou a atenção da detetive.

Antes que ela pudesse contestar algo, Aaron se aproximou, apoiando as mãos no encosto do sofá, arqueando suas costas na direção da mulher.

—E se ele te pedir algo fora das suas convicções, não faça.— A mandíbula travada do lenhador e os músculos tensos deixavam a conversa ainda mais sombria.— Ele não é confiável.

Todas as ordens do norueguês chamaram a atenção da oficial, mas da pior maneira possível. Com as sobrancelhas franzidas, Vanessa virou o seu corpo o suficiente para que pudesse encarar os olhos azuis.

— Por quê? — Questionou firmemente fazendo o lenhador se afastar curtos centímetros do seu rosto. — Se quer que eu te escute é melhor começar a responder as minhas perguntas. Não vou dar ouvidos a alguém que foge sem dar explicações.

Mais uma vez a discordância entre os dois havia tomado conta da conversa, a transformando em uma discussão. Era difícil concordar com as exigências egoístas da detive, mas naquele momento ela estava com a razão.

— Justo. — Num suspiro, o lenhador deu a volta no sofá, se sentando na extremidade do mesmo.

Vanessa entortou o rosto numa careta, encarando o abdômen do loiro.

— Meus olhos estão aqui em cima.— Ele apontou com o indicador e o dedo médio para o próprio rosto.— Ele não é uma pessoa tão boa assim.

Aaron se encostou contra o sofá, esticando suas costas para entrar no assunto delicado. Era difícil ter que tocar no assunto, e qualquer um perceberia como ele estava evitando encarar a detetive.

— Quando a minha irmã sumiu, ele não se importou com ela. Não me deixou acionar a polícia, e não moveu um músculo para ajudar na investigação. Eu tive que fazer tudo por conta própria.— Aaron parecia mais sério que antes, mas de certa forma melancólico. Ele engoliu seco, encarando o teto.— Não quero que algo aconteça com você, porque não vou ter como ajudar.

Por mais importante que fosse aquela conversa, haviam algumas distrações que impediam a detetive de se concentrar. Entre um comentário e outro sua atenção caía sobre a pele descoberta do lenhador como se fosse uma ação magnética.

— Pode soar arrogante, mas eu não preciso da sua ajuda, posso me virar sozinha. — Vanessa respondeu sem emoção alguma na voz. — Deveria se preocupar consigo mesmo, da próxima vez eu posso não estar lá pra te proteger.

Havia uma consideração antiga carregada nas palavras da oficial, não parecia ser apenas um capricho da sua forma de trabalhar.
Ela estava acostumada a estar sozinha.

Era o tipo de sentimento que permanece mesmo quando todos os outros se foram.

— Pensa que o seu avô poderia tentar se livrar de você de alguma forma? — Vanessa continuou observando os olhos do lenhador se fecharem em uma tentativa de não pensar sobre o assunto. — Se eu não estivesse no caminho aquela bala acertaria o seu peito, Aaron.

— Isso é entre nós dois. Eu sinto muito que você tenha ficado no meio do caminho, não era para ter sido desse jeito.— Ele se virou de lado, apoiando o cotovelo sobre o encosto, e o rosto em seu punho.— E eu preciso te pedir para nunca mais fazer isso. Sinceramente, eu prefiro que você cuide de mim do que eu cuidar de você. É mais fácil, já que não me deixou nem mesmo te ajudar a vestir a roupa.

O sorriso sarcástico abriu novamente nos lábios de Aaron, e ele nem mesmo evitou a almofada que voou em seu rosto com força.

— Eu não acho que mereço esse tratamento depois de querer ser atencioso com você!— Balançando a cabeça para tirar as mechas loiras que caíam em seu rosto.— Vou colocar uma roupa, e depois disso é melhor você ficar em repouso, senhorita.

— Depois nós vamos até a floresta. — Vanessa lembrou como se fosse um acordo, mas o olhar do lenhador deixava claro que em momento algum ele havia concordado com a ideia. — Sabe que se não me acompanhar eu irei sozinha. E não vai ser nada agradável se eu me perder por sua culpa.

Em sinal de desistência, Aaron levantou ambas as mãos — não estava pronto para ouvir outro sermão. Sua trapaça no jogo da noite passada havia rendido uma longa dor de cabeça por conta dos xingamentos que recebeu da detive.

Enquanto o norueguês se trocava no quarto, batidas brutas foram desferidas contra a porta. Impaciente pela demora do lenhador, Vanessa se armou com espalhador de brasa da lareira, era o suficiente para se defender estando com o braço machucado.

Com uma expressão nada boa, a mulher atendeu ao chamado dando de cara com um homem alto de aparência rústica, haviam rugas tão velhas em sua testa que deveriam estar ali desde de a fundação daquela comuna.

— Senhora Strøm? 

 Havia uma mistura de surpresa e dúvida no tom de voz do homem grisalho. No entanto, sua expressão de desespero entrava em evidência. 

— Você acredita em maldições?

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