The Colors Between

By yassromano

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Em Prescott High, tudo tem o seu lugar. 𝘛𝘰𝘥𝘰𝘴 𝘵𝘦𝘮. Allison Hastings sempre esteve ciente disso, bem c... More

The colors between
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Epílogo
Notas finais
Epílogo Bônus

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By yassromano

Se eu achava que as fofocas sobre mim haviam atingido um alcance estrondoso, os comentários sobre Aidan chegaram à um nível estratosférico. Não havia um estudante de Prescott High que não havia pronunciado o nome do meu irmão no dia seguinte à sua suspensão do time. Nem todos pareciam saber o real motivo de seu afastamento e eu havia ouvido comentários em todas as entonações: surpresa, indignação, interesse e até mesmo raiva. Todos queriam saber o que havia acontecido com o capitão estrela do hóquei e o mais importante, como colocá-lo de volta no gelo.

Eu não sabia se minha mãe havia sido comunicada sobre todo o ocorrido, mas Ainda havia dito algo à ela e faltado naquele dia, evitando contato com o corpo estudantil, felizmente, afinal, eu não sabia como meu irmão teria reagido à tudo isso. Ele provavelmente teria explodido em algum momento, o que o teria colocado em mais problemas, a última coisa que ele precisava. O restante do time estava presente, no entanto, mas nenhum deles havia deixado escapar uma palavra sobre Aidan até onde eu sabia, todos mantendo seus lábios selados, ou por lealdade ao meu irmão ao porque eles havia sido proibidos de falar. Para a minha grande surpresa, eu havia sentido os olhos de Matthew e Jason sobre mim o dia todo. Matthew e eu havíamos trocado olhares mais de uma vez enquanto nós dois assimilávamos o caos que parecia ter assolado os corredores da escola, ambos preocupados com Aidan, enquanto Jason havia assustado para longe um curioso que havia se pendurado em minha mesa de almoço querendo extorquir respostas sobre o meu irmão.

E claro, havia Hunter. Ele havia permanecido colado em mim o dia todo, lançando olhares feitos para qualquer um que sequer pensasse em vir procurar respostas comigo, pelo que eu fui extremamente grata.

— É quase ação de graças, as coisas vão se assentar durante o feriado. — ele havia tentado me confortar e, em partes, ele estava certo. Era quase final de novembro, o que significava que faltava menos de um mês para as competições de inverno, menos de um mês para que eu estivesse em um figurino brilhante me apresentando diante de jurados e centenas de espectadores. Eu queira que fosse perfeito, queria ser capaz de usar todas as minhas habilidades para me destacar durante as baterias de apresentações. Dizer que eu estava ansiosa era um eufemismo.

E claro, quando as aulas retornassem após o recesso de ação de graças, ainda estaríamos inseridos na temporada de hóquei, de modo que as repercussões sobre meu irmão se estenderiam até lá. Ninguém sabia quanto tempo duraria sua suspensão, mas agora, mesmo impedido de jogar, eu havia tomado ciência de que ele ainda era esperado em todos os treinos e, dada sua posição, sua conduta deveria ser impecavelmente exemplar. Ele estava na condição em que teria que ser aquele que se esforçava mais, o primeiro a chegar e o último a sair, aquele que sempre estava dando tudo de si e um pouco mais. Ele precisava provar que estava comprometido, que ainda merecia seu lugar ali.

— Espero que sim. — eu havia suspirado de volta, torcendo, rezando para que pudéssemos voltar à alguma versão do normal, ou pelo menos tão normal quanto possível agora que tudo parecia ter mudado completamente.

❄️

Dois dias depois, as coisas estavam começando a se assentar, embora o humor de meu irmão ainda não tivesse melhorado. O semblante fechado e ombros tensos pareciam agora permanentes nele, que mal havia resmungado duas palavras dentro de casa desde a tarde em que eu havia encontrado Matthew aqui, quando tudo desabou.

Durante esse período, eu havia lutado fortemente contra o instinto de ligar para o meu irmão mais velho. Eu tinha certeza que Michael teria ao menos algum conselho reconfortante para dar, mas também sabia perfeitamente que saber sobre Aidan o colocaria em um estado enorme de estresse e preocupação, porque ele entendia mais do que ninguém sobre o efeito que aquilo poderia ter. Sabia que ele viria até aqui se necessário para ajudar com as coisas e, por isso, simplesmente não podia ser egoísta e ligar para ele, não apenas expondo algo que cabia a Aidan contar mas também  tirando-o de sua rotina importante.  Assim, eu permaneci em silêncio, carregando aquele peso sozinha, o peso de não fazer ideia do que fazer.

Naquela noite, minha mãe estava em uma conferência na cidade vizinha, o que significava que Aidan e eu estávamos, não surpreendentemente, sozinhos em casa. O silêncio parecia sufocante e havia se estendido desde o momento que eu havia chegado do treino, a espessa camada de tensão e vazio parecendo quase sufocante.

Reunindo um punhado de coragem, eu me atrevi a ir procurar pelo meu irmão, não querendo me sentar sozinha para jantar sabendo que ele estava em algum lugar ali remoendo suas dores. Eu já havia feito mais refeições sozinha do que podia contar, mas, naquele momento, eu simplesmente não consegui. Naquele momento, eu me senti atraída para tentar conversar com meu irmão, mesmo sabendo que o risco de ter a porta batida na minha cara era enorme. Ainda assim, eu saí e procurei por Aidan, encontrando-o do lado de fora, na varanda da casa.

— Ei. — eu sussurrei, enconstando-me no batente da porta. Aidan estava sentado no chão, com as costas contra a parede, parecendo perdido em seus próprios pensamentos. Nos últimos dois dias, ele parecia ter saído de seu estado furioso para um abatido e até mesmo arrependido. Eu podia ver o olhar perdido em seus olhos, o fato de que ele parecia completamente deslocado agora que algo tão importante havia sido cortado de sua vida não passando imperceptível.

Ele não respondeu, mas também não me expulsou, então eu escorreguei para o espaço ao seu lado, sentando-me no chão também. Eu estendi o prato com o pedaço de pizza que havia acabado de esquentar no microondas para ele, que pegou, mas não comeu. Ele balançou a cabeça, mas não olhou para mim.

— Eu realmente não estou no humor para o qualquer comentário da filha perfeita. — Ele disse, sua voz cansada, mas havia amargura ali também. No fundo, eu sabia que era assim que ele sempre havia me enxergado, a irmã certinha para ao seu eu mais selvagem. Aidan e eu podíamos ser opostos em termos de personalidade, mas ambos tínhamos falhas e mais falhas, algo ele parecia incapaz de ver quando tentava usar o argumento da "filha perfeita" contra mim.

— Eu não planejava isso. — eu respondi, dando um suspiro e, surpreendentemente, no momento seguinte, ante seque eu pudesse me impedir, confessando: — Além disso, eu meio que estou uma bagunça agora também.

A frase pareceu chamar a atenção de Aidan, que virou a cabeça para me encarar, seus olhos encontrando os meus, os dois pares idênticos se encarando.

— Você não tem culpa do que seu ex e todos os outros fizeram. — Aidan disse — Eu sou o único responsável pela merda em que me meti.

— Não faz diferença, não muda como nós nos sentimos. — eu disse — E não muda como nos trataram também.

— Você sempre tem que usar frases que parecem saídas de poemas emocionais. — Aidan balançou a cabeça, bufando.

— E você sempre tem que ser um idiota sobre isso. — eu retruquei — Ou no geral.

Aidan sorriu, um verdadeiro sorriso. Eu não me lembrava da última vez que ele havia sorrido assim para mim, de modo que meu coração se aqueceu. Da última vez que eu o havia chamado de idiota, ele havia me retaliado em resposta, de modo que essa reação era infinitamente mais agradável. E normal. Michael e eu sempre nos provocávamos e eu não tinha que me preocupar em ouvir algo cruel dele, e não queria ter que me preocupar com Aidan também. Eu queria tanto, desesperadamente, ter uma boa relação com ele também.

Meu irmão agarrou seu prato, finalmente dando uma enorme mordida em seu pedaço de pizza, a massa coberta com uma generosa camada de queijo e pepperoni, algo que eu havia pedido só para ele, uma vez que não consumia nenhum tipo de carne. Meu pedaço contava apenas com queijo e vegetais, algo que Aidan abominava.

— Obrigado pelo pizza. — ele disse — E por falar com o treinador Carson, a propósito.

Eu sorri. E claro que ele descobriria.

Não sabia o quanto meu irmão havia ficado sabendo sobre o meu encontro com o seu treinador. Não sabia se ele estava ciente de que eu havia de alguma forma entrado pela primeira vez no ginásio de hóquei, mal tendo ideia do que estava prestes a fazer, mas ainda assim havia batido na porta que tinha uma placa dourada com a palavra "treinador" gravada e, quando o homem em questão havia aparecido, surpreendentemente sabendo quem eu era, eu havia pedido para falar com ele. E, pela próxima meia hora, eu havia me sentado ali, diante daquele desconhecido que era vital para a carreira do meu irmão, e conversado sobre Aidan. Eu não havia ido com a intenção de amenizar as ações de meu irmão ou livrá-lo de sua punição, mas sim para servir de testemunha sobre o quanto Aidan era apaixonado e dedicado ao esporte e como o mesmo era importante para ele. O treinador Carson havia me ouvido e me confidenciado que, se meu irmão provasse que o hóquei era realmente sua prioridade, importante a ponto de fazê-lo passar longe de qualquer coisa que pudesse comprometê-lo, ele não seria afetado permanentemente. Aidan teria que batalhar por isso, no entanto.

— Você foi um enorme idiota e eu não faço ideia do porquê você estava fumando naquela noite, mas eu sei que você ama o hóquei mais do que tudo no mundo. Eu não acho que isso jamais tenha mudado. — eu disse.

— Não mudou. — Aidan respondeu, desviando o olhar — Aquela noite... foi muito estúpido. Não é tão fácil estar na minha posição como todos pensam, não é fácil ter todos os olhos e expectativas sobre você. É esmagador. Eu achava que precisava de um alívio, achava que seria uma válvula de escape... e olha só onde eu terminei.

— Aidan... — Eu comecei, incerta do que dizer, uma vez que não estava esperando uma confissão dele. Aidan não se abria sobre si mesmo ou qualquer outra coisa, não para mim, então era chocante que ele tivesse feito isso agora. E claro, sua resposta não era algo que eu estava esperando. Em minha mente, ele havia recorrido à maconha por recreação, não pelo desejo de aliviar sua mente e o peso sobre seus ombros. Um peso que eu, em minha ignorância, não achava ser tão pesado mas, naquele momento, podia ver o quão esmagador era, bastava olhar para os olhos de meu irmão.

— Está feito. — Aidan balançou a cabeça.

— Está no passado. — eu adicionei gentilmente.

— Não faça isso. — ele disse — Não venha aqui tentar me consolar. Não depois do que eu disse para você naquele dia.

Bem, aí está.

— Bem, eu ainda estou chateada sobre isso. — eu disse. E eu estava. Palavras como aquela tinham um grande poder negativo e eu estaria mentindo se dissesse que elas havia magicamente desaparecido de minha mente. Saber que meu irmão reconhecia o peso de suas palavras daquela noite parecia um primeiro passo na direção certa.

— Eu sinto muito Allison. — Aidan disse, agora olhando para mim — Eu nunca deveria ter te dito nenhuma daquelas coisas e especialmente te chamado de nomes. Eu só... Me desculpe.

Eu não disse nada por um instante, absorvendo as palavras de meu irmão. Não me lembrava da última vez que ele havia me pedido desculpas pro algo, de modo que isso significava o quanto ele estava arrependido e, olhando em seus olhos, eu tinha a confirmação disso.

— Eu perdoo você. — eu respondi.

— Eu descontei minha raiva em você. E eu tenho feito isso por anos, deixando minha frustração cair sobre você. — Aidan suspirou — Sinto muito.

— O que nós temos agora é minha culpa também. — eu disse — Eu não sei explicar como exatamente chegamos a esse ponto, mas eu estou cansada, Aidan. Eu odeio o silêncio, odeio as brigas, odeio os gritos... você sabe que eu odeio isso.

— Eu sei. — meu irmão concordou. Pela primeira vez, estávamos reconhecendo em voz alta que tínhamos um impasse, um conflito cada vez mais crescente entre nós, infiltrando-se silenciosamente e quebrando-nos pouco a pouco. Nós passamos os próximos minutos em silêncio, absorvendo o momento e, finalmente, Aidan se virou para mim novamente, estendendo seu dedo mindinho — Trégua?

Meu coração se apertou com o gesto, porque o hábito de oferecer o dedo mindinho para cessar conflitos era meu, algo que eu havia feito desde pequena com meus dois irmãos. Saber que Aidan se lembrava disso me fez sorrir internamente. Então, eu entrelacei meu dedo no dele, algo que não havia feito desde que éramos crianças.

— Bandeira branca.

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