A Loba Profetizada - Livro 2...

By luizarosa89

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Livro 2 da série Lobos do Sul SINOPSE: Agora que o povo lican voltou a ter contato com os vampiros, todos os... More

Prólogo
2 - Tu já é da família
3 - A Igreja pode impedir
4 - Alegria ao povo lican
5 - Tudo para mim
6 - Salvação e Vida
7 - Eu sempre vou voltar
8 - Te segurar para sempre
9 - Confiança
10 - Como os animais
11 - Surpreendida pelo padre
12 - A Igreja me trouxe
13 - Tu é nossa
14 - Eu vou lutar por ti
15 - Tortura no Mosteiro
16 - Chispas
17 - A profecia
Epílogo
Livro 3 - A Loba Ferida

1 - O Coração disparou

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By luizarosa89

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Trecho da música Sinceramente, de Cachorro Grande

"Sinceramente você pode se abrir comigo
Honestamente eu só quero te dizer
Que eu acertei o pulo quando te encontrei
Acertei
Eu sei a palavra que você deseja escutar
Você é o segredo que eu vou desvendar
Você acertou o pulo quando me encontrou"

Meses depois.

A noite estava estrelada e a fumaça da fogueira parecia subir até as estrelas. A conversa estava um pouco tensa e era assim quase sempre que se encontravam.

Licantropos e vampiros ainda estavam se conhecendo. Depois de tantas décadas evitando contato entre as espécies, finalmente, estavam se reaproximando. Licantropos são criaturas do imaginário popular, eternizados como lobisomens. Contudo, diferentemente das lendas, eles podem se transformar em lobos sempre que quiserem, apenas ficando mais vulneráveis nas luas cheias. Tanto vampiros quanto licantropos tinham uma fraqueza: mulher. Mas não qualquer mulher. Uma mulher. A mulher. Licantropos, apesar de não viverem séculos, viviam em anos humanos, também baseavam suas forças na crença de que encontrariam sua companheira, aquela que acalmaria sua alma e evitaria que se tornasse um desonesto, um lobisomem que vive sem honra e anseia o poder. Licans vivem sob um rigoroso código de honra, a família sempre vinha em primeiro lugar, seguida do bando. Aprendem desde pequenos a lutar e que as mulheres devem ser protegidas.

Agora que vampiros e licantropos estão voltando a fazer contato, de tempos em tempos um bando de licans se aproxima dos vampiros para discutirem estratégias de batalhas para combaterem os inimigos, desonestos e renegados.

Raros eram os humanos que tinham conhecimento sobre alguma das espécies. Os licans não eram de abrir seus segredos para humanos, se infiltravam entre eles, trabalhando normalmente nas forças armadas, polícias ou no governo. Já os vampiros, tem a desvantagem da vulnerabilidade ao sol que os impedem de se infiltrarem muito com os humanos. Vampiros contavam com alguns poucos humanos que consideravam amigos.

Nessa noite, havia uma humana entre eles. Clara Bianchi, uma freira, mas olhando para ela, ninguém diria que era uma freira. Clara tinha a pele branca, longos cabelos negros e lisos, o corpo era magro, com curvas suficientes. Não era reta, mas também não tinha nada farto. Vários meses atrás, o caminho de Clara e dos vampiros se cruzaram e desde então ela tem se mostrado uma amiga leal. Clara ajudava os vampiros no contato com os humanos, no uso da tecnologia e no que fosse necessário durante o dia, quando o sol ainda estava alto. Resumindo, em qualquer coisa que ela pudesse ajudar. Os vampiros pareciam confiar nela, tanto a ponto de a permitirem por perto durante uma reunião com licantropos. Assim como os licantropos, os vampiros também eram protetores com suas mulheres e nãopermitiriam que elas participassem de uma reunião com outra espécie. Nessa noite, além da humana Clara, havia somente uma mulher vampira entre eles. Rita, a companheira de um dos vampiros mais poderosos, Júlio, e irmã de Zico.

Danilo Oliveira era um guerreiro licantropo. De uma família respeitada e treinado desde criança para cumprir o seu dever, proteger o povo lican e os humanos dos ataques dos desonestos. Ele já havia participado de algumas das reuniões anteriores, mas dessa vez, a reunião foi realizada em uma cidade diferente, uma cidade que os vampiros já vinham observando a algum tempo, Pelotas. Haviam alguns vampiros que ele já conhecia, especialmente os líderes, mas dessa vez, também haviam alguns que ele ainda não tinha conhecido. Danilo fora enviado pelos velhos licans, justamente por sua habilidade de conversar e manter a calma. Apesar de ser militar, era praticamente um diplomata. Além dele, outros licans também estavam presentes, como o alfa Rodrigo. Não esperava encontrar mulheres durante uma reunião com os vampiros, nem vampiras, muito menos humanas. Dessa vez se surpreendeu, não apenas pela presença das duas mulheres, mas, especialmente por uma mulher. Uma mulher especial.

Assim que chegou na cidade e se encontrou com os vampiros, Danilo a viu. O coração disparou. O corpo todo endureceu. Soube que a havia encontrado. De alguma forma ele sabia. Ela parecia um anjo. Linda. Usava um vestido meia estação, de estilo hippie, amarelo, que se destacava na noite. Parecia doce e frágil. Tão linda. Perfeita. Mas ela estava sempre na volta dos vampiros, parecia não confiar muito nos licantropos, o que era compreensível já que eram criaturas desconhecidas para ela, então, ela não se aproximava muito. A desconfiança ainda era presente nas relações entre vampiros e licans, após séculos sem contato e ela conhecia os vampiros. Ele precisava de um momento a sós com ela. Queria que ela o conhecesse e quisesse ficar com ele. Queria poder cortejar aquela moça tão linda como ela merecia. Uma humana única. Sem igual. E ele seria o homem dela. O único para ela, assim como ela era a única para ele.

Danilo tinha que dar um jeito de ter ela para ele, mas ela estava sempre ao redor dos vampiros e evitava se aproximar dos licantropos. Ele viu que não seria fácil. Teria que se aproximar dela aos poucos, teria que ter paciência para trazer ela para o seu mundo. Mas não queria ter que esperar muito. Queria, não, precisava colocar as mãos naquele corpo.

- Eu gostaria de convidar vocês para se juntarem a nós em nosso território. Normalmente nossos encontros são em território dos vampiros e ficamos gratos com a confiança. Queremos retribuir a confiança os convidando para se juntarem a nós em nossa cidade, Rio Grande - esse era o pretexto para levá-la à Rio Grande. Assim que estivesse lá, ele a reclamaria e ao inferno com as consequências. Ele a cortejaria e a conquistaria. Ela nascera para ele, era sua outra metade, não poderia ficar longe dele.

Os outros licans se olharam espantados. Isso não havia sido combinado. Danilo não havia sequer falado com eles sobre levar vampiros para a área que viviam. Mas, naquele momento, não pareceu tão má ideia. Estavam se reaproximando e já confiavam naquelas criaturas que se mostravam honradas.

- A mocinha humana também será muito bem vinda. Aliás, eu gostaria de apresenta-la à minha cunhada, Lilia. Tenho certeza que irão se dar bem - Danilo se esforçava para não deixar o interesse por Clara muito evidente, ainda mais na frente dos vampiros, mas dessa vez foi mais difícil se controlar. Precisava dela perto dele.

- A Lilia vai adorar te conhecer, eu acho que vocês duas vão se dar muito bem mesmo. Nem sei se eu deveria estar tão animado ou se deveria me preocupar com vocês duas juntas - brincou Eduardo, o irmão de Danilo.

Todos riram. Clara também riu timidamente. Ela não tinha certeza se queria ir. De qualquer forma, dependeria da permissão do padre Barne para sair da cidade, ainda mais na companhia de criaturas não-humanas.

****

Numa sexta-feira à noite eles chegaram em Rio Grande, no condomínio Refúgio Lupo Di Gubbio, o condomínio de casas de alto padrão onde os licantropos residiam. Os vampiros - e aquela humana que havia acompanhado eles - chegaram e ficariam hospedados em uma casa que estava vazia, por apenas duas noites. Clara mexia no celular, atualizando os vampiros que haviam ficado em Pelotas, quando houve o ataque. No momento que os portões do Refúgio foram abertos para a entrada dos visitantes, os desonestos saltaram.
Vampiros e licantropos já estavam alertas. Eles haviam sentido a presença dos desonestos, mas Clara era apenas uma humana. Ela percebeu a tensão entre os homens, mas não podia prever de que lado o perigo vinha. O ataque foi repentino, muito rápido. 

Não houve tempo para muito preparo da defesa. O bando de desonestos parecia saber que os vampiros estariam lá, tentaram cercar eles e aproveitar o elemento surpresa. Por sorte, licantropos e vampiros perceberam rápido o ataque a ponto de se defenderem. 

Os desonestos atacaram de maneira desordenada e sem estratégia. Pareciam mais com uma turma de crianças bagunceiras em comparação com os guerreiros licans e vampiros. Quando um desonesto era ferido, os outros não o ajudavam. Desonestos eram egoístas demais para se ajudarem, mesmo quando lutavam juntos.

Com a segurança de quem já tinha lutado por diversas batalhas, não foi tão difícil para os lobos e seus visitantes vencerem os desonestos. Rapidamente eles conseguiram superar a surpresa e contra atacar. Licans e vampiros unidos derrotaram o bando de desonestos, mas a humana chegou a ser ferida. 

Clara se viu sozinha em meio àquela batalha sangrenta. Ela já tinha ouvido falar sobre as batalhas, mas ainda não tinha presenciado uma. Estava apavorada, sem saber o que fazer. Ela ainda estava dentro do carro com um vampiro, Thomaz, que havia ficado justamente para protegê-la. Porém, apesar dos esforços dos guerreiros, um desonesto conseguiu chegar até o carro forçando Thomaz a sair do veículo para lutar com ele. Clara não suportou ficar sentada lá dentro vendo tudo aquilo, ainda mais sabendo que Thomaz estava se arriscando para protege-la. Então, contrariando as ordens de Zico, ela saiu do carro para ajudar Thomaz. O rapaz era jovem e não tão experiente em batalhas quanto os outros. Clara pensou que se ela pudesse bater com algo na cabeça do desonesto já seria de ajuda ao jovem vampiro. Mas, antes que sua ação inconsequente tivesse o resultado esperado, o desonesto se virou para ela e a mordeu no ombro.

Renato já havia corrido para ajudar Thomaz e, juntos, eles tiraram o lobo de cima dela. Em seguida, Danilo conseguiu chegar até ela. Usando seus dons, Renato a deixou inconsciente para que não sofresse com a dor da mordida e Danilo protegeu o corpo de sua companheira até o final da batalha quando, finalmente, eles se reuniram para curá-la.

— A Clara perdeu bastante sangue. Nós podemos curar ela, assim ela não vai precisar ir para um hospital — falou Renato enquanto se preparava para cortar o próprio pulso e dar sangue à ela.

— Isso não é necessário, deixe que eu dou o meu sangue à ela — avançou Danilo.

— É claro que dará o teu sangue à ela, já que visivelmente tu é o companheiro dela — respondeu Zico com um sorriso irônico.

Nesse momento todos se entreolharam, mas Danilo não respondeu, ele só estava preocupado com a sua mulher que estava ferida e inconsciente nos braços dele. Ele havia confiado a poucos licans que tinha encontrado nela a sua companheira, mas é claro que os vampiros perceberiam, eles também passavam a vida esperando pela companheira. Zico já havia encontrado a sua companheira, portanto, sabia muito bem como era isso.

Danilo cortou o pulso e levou aos lábios de Clara para que ela bebesse seu sangue, ao mesmo tempo que Zico e Renato efetuavam a cura dos vampiros no corpo dela. Eles colocaram Clara para dormir para que não sofresse a dor do ferimento. Após a cura, ela foi deixada ainda dormindo, para que acordasse apenas na manhã seguinte. Danilo ficou com ela no colo por um tempo, a segurando bem apertado. Finalmente ele tinha a mulher dele nos braços, mas ela estava ferida, inconsciente. Danilo se sentiu fraco e impotente por não ter conseguido protegê-la e evitar que ela fosse ferida. Estava com raiva e com vontade de sair caçando cada desonesto que ousou tentar fazer mal a ela, mas deixou para que os outros licans cuidassem dos desonestos que sobraram, ele não se atreveria a sair de perto dela. Enquanto a segurava no colo, Danilo esfregava o rosto no cabelo de Clara. Era como se pelo menos aquele carinho pudesse aliviar algo, algo que nunca aliviaria o suficiente.

Levou ela para dentro de casa e a deitou na sua cama. Lilia, a cunhada de Danilo, e Tônia, uma tia, despiram Clara e acomodaram ela na cama de Danilo, enquanto ele se acomodava no quarto de hóspedes. Elas tiraram a calça jeans de Clara e a camisa branca que agora estava toda suja de sangue. Deixaram Clara tapada com as cobertas até os ombros. Quando Danilo voltou ao quarto para ver como ela estava percebeu que as mulheres tiveram o cuidado de ajeitar até o cabelo de Clara no travesseiro e se sentiu grato por ter aquela família que sabia que sempre o apoiaria. Esperava que Clara se sentisse acolhida por aquela família, que a partir daquele momento era a família dela também. Danilo se inclinou sobre Clara para inspecionar melhor o ferimento no ombro. A língua dos licantropos possui um agente curativo que acelera a cicatrização, então Danilo gentilmente segurou Clara de modo que a cabeça ficou inclinada para o outro lado e ele passou a língua pelo ferimento. Saboreou a pele da mulher que era a sua companheira. Foi difícil parar. Teve que se obrigar a parar e sair do quarto, deixando-a fechada lá dentro.

Na manhã seguinte, Clara abriu os olhos e a primeira coisa que viu foi um homem grande e moreno, de aspecto forte, sentado ao lado dela na beirada da cama, olhando para ela. O homem era lindo, seus olhos eram penetrantes, mas era um estranho. Clara reconheceu ele como um dos licans, ela já tinha reparado nele, mas tentou não se aproximar muito, sabia que não podia se relacionar com nenhum deles. Estava fora de cogitação. Não o conheceu muito bem além das apresentações. Não tinha ideia do porque estava acordando naquele quarto estranho e com ele ao lado, com os olhos fixos nela. Olhou ao redor, mas não conseguiu reconhecer o local que estava.

— Bom dia.

— Onde eu estou?

— Está em casa.

— Não parece a minha casa.

— Lembra de ontem à noite?

Clara se esforçou para pensar e aos poucos a lembrança do ataque veio à mente.

— Lembro.

— Tu foi ferida. Perdeu muito sangue. Eu tive que dar meu sangue para ti. Os vampiros te curaram e colocaram para dormir para que pudesse se recuperar.

— Eu tomei o teu sangue?

— Sim. Tu precisava e eu te servi.

Danilo não gostou da expressão no rosto de Clara, parecia que ela não tinha gostado da ideia de ter tomado o sangue dele, sendo que ele era o companheiro dela e era mais que natural que ele lhe servisse sangue quando estava ferida. Apesar disso, tentou entender, afinal, ela ainda era humana e sabia que tomar sangue é considerado repulsivo pelos humanos.

Clara respirou fundo e tentou sentar na cama, quando se deu conta que estava sem roupas e rapidamente deitou de volta segurando a coberta.

— Minha roupa....

— A Lilia e a tia Tônia que te acomodaram aqui. Elas que cuidaram de ti. As tuas roupas estão na lavanderia — Danilo falou enquanto levantava e ia até o armário procurar uma camisa. Escolheu uma camisa social de manga longa azul que colocou em cima da cama — Tu pode usar essa camisa. O banheiro fica ali naquela porta. Eu vou preparar o seu café da manhã e te trazer aqui na cama.

— Esse é o teu quarto. Onde tu dormiu?

— Eu fiquei no quarto de hóspedes. Eu quis que tu ficasse acomodada no melhor quarto e esse é o melhor quarto da casa. Esse quarto é maior, tem banheiro privativo e uma cama grande.

Clara ficou olhando enquanto ele saia do quarto. Se pegou pensando em como aquele homem era lindo, como aquela situação era estranha e como estava prestes a perder o controle. Mas não podia. Clara passou os últimos meses mais fora da igreja do que dentro dela. Quando estava fora dos muros da igreja se sentia mais livre e sentia que podia ser mais ela mesma. Mas não poderia se arriscar. Sabia que se cedesse àquele grandão de sorriso doce estaria perdida. Pensou que se fazer de difícil seria melhor. Poderia aproveitar a situação e fazer que estava assustada, nervosa. Mas não poderia se entregar àquele sorriso masculino e aqueles ombros largos. Correu para o banheiro, onde se lavou e vestiu a camisa que ele tinha deixado para ela. A camisa era bem grande, pareceu um vestido nela e Clara precisou dobrar as mangas. Estava sentada na cama terminando de ajeitar a camisa quando ele voltou para o quarto com uma bandeja que colocou ao lado dela na cama.

— Aqui está. Eu não sabia o que tu gosta de comer no café da manhã, mas o Renato comentou que tu é vegana. Então, tentei fazer algo que te agradasse.

Clara olhou para a bandeja. Tinha pão com geléia, algumas frutas picadas e suco natural — Mas o atendimento aqui é vip.

Ele sorriu com a brincadeira dela. Deus, aquele sorriso era de matar.

— Nada menos do que tu merece. Eu tentei. Espero que eu consiga te agradar — falou com os olhos vidrados nela. Clara ficou tímida e baixou a cabeça. Estendeu o braço num movimento rápido e pegou o copo com suco.

— Eu vou te dar um tempo para tomar o teu café com calma, tem umas coisas que eu preciso resolver. Eu vou estar na sala, se precisar de alguma coisa.

Cast: Danilo e Clara (Thierry di Castro e Bianca Bin)

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