A Loba Profetizada - Livro 2 da série Lobos do Sul

15 - Tortura no Mosteiro

1k 》AVISO: esse capítulo contém cena de tortura

Vários dias se passaram depois da reunião do Conselho em que o povo lican soube uma parte da história de Clara. Agora Danilo estava empenhado em esclarecer o que aconteceu com a sua companheira, mas ela ainda não estava cooperando. Clara sempre tentava fugir do assunto e relutava em cooperar de qualquer forma. 

Não tinha mais contato com o padre Barne. Danilo deu um celular novo a ela para compensar o antigo, mas ela tinha perdido o número do padre e de qualquer outro relacionado à Igreja. Ainda assim, Clara se comunicava quando podia com padre Barne através de uma rede social onde o encontrou. Conversava com o padre sem que Danilo soubesse. Sabia que Danilo queria que cortasse relações definitivamente com a Igreja, mas ela ainda se sentia ligada ao padre, como se ele fosse seu único elo de ligação com o passado. Até que o padre pediu à Clara que se encontrassem para que ela ajudasse nos preparativos de uma festa que ocorreria no Mosteiro São José*, no Centro de Rio Grande. Clara concordou. No dia, ela inventou para Danilo que iria dar umas voltas na rua procurando umas coisas para comprar. Quando ele sugeriu que ela levasse uma das mulheres licans junto, ela disse que queria fazer isso sozinha para que pudesse olhar as lojas com calma. Ela não gostava de mentir para Danilo, mas sabia que, se ele soubesse onde ela realmente iria, tentaria impedi-la.

No dia da festa, ela se encontrou na frente do condomínio com um acólito que lhe deu carona até o Mosteiro São José, em Rio Grande. O Mosteiro parecia fechado, como sempre, mas entraram por uma porta menor no final do muro. O acólito disse que o padre Barne a esperava nos fundos. Clara foi levada para uma parte onde havia um corredor com diversas salas. Assim que entrou em uma das salas, Clara se surpreendeu ao ver que a grande sala estava cheia. Lá estavam acólitos, padres, bispos... Clara foi colocada no centro da sala, em pé diante dos bispos, que começaram a interrogá-la. Eles a acusavam de trair a Santa Igreja Católica e de se transformar em licantropa sem permissão e sem nem comunicar a Igreja. Clara se sentiu acuada, com medo e arrependida de não ter contado a Danilo onde estava.

Foi nesse momento de pânico que lembrou de Zico, o amigo vampiro. Logo que se conheceram, Zico tinha tomado o sangue de Clara, porque assim ele poderia localizá-la em qualquer lugar. Ele fez isso por segurança, já que ela corria o risco de ser atacada por renegados. Ela se concentrou para conseguir contatá-lo pela mente, mas era dia e os vampiros tinham pouca resistência durante o dia. Zico estava dormindo naquela hora, ainda assim, ele pegou o fraco fio do pedido de socorro. Pensou que o contato devia estar fraco por causa da distância, já que ela estava no município de Rio Grande e ele em Pelotas. Ele acordou, mas não podia sair por causa do sol, então, tentou ligar para o celular de Clara, mas dava como desligado. Como não conseguiu, ligou para Danilo perguntando se estava acontecendo algo.

Danilo tentou falar com Clara, como ela não atendia o celular ele correu para casa. Antes de sair do batalhão ele avisou Gabriel para que passasse na casa dele e verificasse o que estava acontecendo, mas não tinha ninguém lá.

Danilo sabia que Clara tinha ido no Centro fazer algumas compras, então um grupo de licans foi com ele até o centro. Tentariam localizar Clara se baseando nas lojas que ela poderia ter ido e usando suas habilidades de licans, como o olfato. Era como procurar uma agulha em um palheiro.

Enquanto isso, em Pelotas, Zico tentava restabelecer o contato com Clara. Ainda acreditava que ela estava em Rio Grande, mesmo assim tentou puxar a mente dela ainda que fracamente. Se sentiu responsável porque viu que deixou Danilo preocupado. Precisava pelo menos descobrir onde ela estava. Mas Clara estava com muito medo e isso dificultava qualquer tentativa de concentração. Ela simplesmente não conseguia se concentrar para chamar Zico. Pensava que ele sequer havia percebido que ela tentava contato.