O aperto no meu peito apenas crescia à medida que o carro andava. Dakota não havia me explicado muito, mas minha mãe detestava hospitais. Então, se ela estava lá, devia ser algo sério, o que apenas aumentava a minha preocupação.
O que me confortava, de certa forma, era que Dakota era e sempre foi muito exagerada com tudo. Uma vez, quando era mais nova, eu cai de bicicleta na frente de casa e falei o joelho. Pela descrição que ela fez pelo telefone para minha mãe que chegou em casa desesperada, parecia que eu tinha quebrado as duas pernas.
Talvez minha mãe não estivesse tão grave, ou talvez sim.
Meus pensamentos estavam em uma confusão imensa enquanto a aflição me tomava. Eu havia pedido para Zack apenas me levar de volta para o centro de NY que eu pegaria um metrô para Albany, mas ele disse que não seria preciso, já que ELE me deixaria em Albany.
ㅡ Você está bem? ㅡ Ele perguntou quebrando o silêncio que predominava no carro desde que saímos do hotel.
ㅡ Eu... ㅡ Olhei para ele. Zack revesava seu olhar na estrada e em mim enquanto parecia extremamente preocupado. ㅡ Eu não sei. Estou tentando ficar. Mas acho que só vou quando olhar para minha mãe.
ㅡ Nós vamos chegar lá já já. ㅡ Ele disse aquilo para me confortar, mas eu soltei uma risada curta e fraca.
ㅡ São duas horas e meia. ㅡ Deitei a cabeça no banco virada para ele.
ㅡ Passa rápido. ㅡ Ele sorriu. ㅡ Por que não dorme um pouco? Você não dormiu muito essa noite. ㅡ Pude sentir o seu tom sarcástico e virei para a janela para evitar que ele visse o meu sorriso envergonhado.
ㅡ Não sei se vou conseguir. ㅡ Encarei a vista da janela. Eu não sabia exatamente onde estávamos, mas já não estávamos apenas em uma estrada, mas em uma cidade. Uma cidade de casas antigas e muita cafeterias. Eu já tinha contado umas cinco.
ㅡ Er... ㅡ Zack resmungou chamando minha atenção para ele. ㅡ Além de uma grande estrela pop mundialmente conhecida, você já teve algum outro sonho quando era mais nova?
Dei um leve sorriso de canto quando entendi. Zack estava apenas tentando evitar que eu ficasse pensando demais na minha mãe e, por consequência, focasse mais preocupada.
ㅡ Já. Mas era bobo... Não precisa ser lembrado. ㅡ Balancei a cabeça rindo.
ㅡ Ah, que isso, nenhum sonho de uma criança pode ser chamado de bobo. ㅡ Ele sorriu para mim. ㅡ Me fala. Qual era o sonho da pequena Lindy?
ㅡ Eu... ㅡ Ri pensando no quanto aquilo era bobo, mas na época parecia tão real e plausível para mim. ㅡ Eu queria ser uma princesa. ㅡ Disse simplesmente dando com os ombros.
ㅡ Ser uma princesa? E isso é um sonho bobo?
ㅡ É claro que é! Como pode não ser bobo? Eu usava vestidos longos, fazia coroa de papel, enfeitava com glitter e fingia morar num castelo. ㅡ Sorri apertando os olhos tentando me lembrar dos detalhes. ㅡ Eu imaginava um castelo bem grande com paredes num tom creme e detalhes em ouro. Tinha um salão de festa bem grande para os bailes reais, um jardim colorido com flores de todos os tipos, quartos e quartos e eu era uma princesa adorável que sempre encantava a todos os príncipes de outros reinos que vinham para os bailes. Eles me cortejavam, me presenteavam, me elogiavam e me bajulavam, mas no fim eu não aceitava o pedido de nenhum pois queria ser Rainha e poder fazer o que eu quiser sem precisar da permissão de um marido Rei idiota. ㅡ Zack começou a rir.
ㅡ Realmente, estava impressionado de ser você até chegar nesse final.
ㅡ Ei! ㅡ Lhe empurrei fraco rindo. ㅡ O que quer dizer? Eu posso ser adorável quando quero.
ㅡ Ah, eu sei disso. ㅡ Ele sorriu de forma convencida. ㅡ Mas, quer saber? ㅡ Ergui a cabeça rápido na curiosidade. ㅡ Você teria sido uma princesa realmente adorável e eu, com certeza, seria um dos príncipes que tentaria te cortejar.
ㅡ Ah, é mesmo?
ㅡ É. Agora me diz... ㅡ Zack parou no sinal vermelho e olhou para mim. ㅡ Você negaria o meu pedido como negou os outros? ㅡ Seu sorriso travesso estava ali. Sorriso que eu admitia ter me apaixonada completamente.
ㅡ Depende de como o Príncipe Hawking me cortejaria. ㅡ Sorri de forma convencida.
ㅡ Bem... Primeiro eu invadiria o seu castelo. ㅡ Soltei uma risada alta sem querer assim que ele começou a falar. ㅡ Depois discutiriamos na frente do Duque por ele ter me deixado entrar. Depois nos encontrariamos num baile de um Rei em comum e você resolveria passear no jardim do castelo sozinha onde um indivíduo não convidado teria te assaltar e roubar suas belas joias. Eu a salvaria e te levaria para seu castelo.
ㅡ Ok, ok... ㅡ Ri. ㅡ Acho que eu não resistiria ao Príncipe Hawking.
ㅡ Que bom. ㅡ Ele sorriu assentindo. ㅡ Agora é sério, tenta dormir um pouco. Você realmente acordou muito cedo hoje. Ainda temos mais de uma hora dentro do carro. Quando chegarmos em Albany eu te acordo para você me guiar até o hospital que está a sua mãe.
ㅡ Tudo bem. ㅡ Voltei a deitar a cabeça no travesseiro. ㅡ Fique de olho na pista, Príncipe Hawking.
ㅡ Ah, pode deixar, Princesa Willis. Por mais que você sempre atraia a minha atenção, vou tentar focar na pista hoje. ㅡ Falou com uma postura reta. Ambos rimos e logo fechei os meus olhos para tentar dormir.
[...]
ㅡ Onde ela est... Dakota! Ai, graças a Deus. ㅡ Suspirei aliviada quando finalmente encontrei Dakota. A mesma estava sentada num dos bancos cinzas do corredor branco e azul claro do hospital. Assim a chamei, ela olhou diretamente para mim e imediatamente se levantou.
ㅡ Lindy! ㅡ Dakota me abraçou forte. ㅡ Que bom que conseguiu vir. ㅡ Só aí ela notou Zack atrás de mim. ㅡ Zack Hawking? ㅡ Ela pareceu um pouco espantada ao vê-lo pessoalmente ali comigo.
ㅡ Oi, Dakota. É um prazer conhecê-la. ㅡ Zack estendeu a mão para ela que logo apertou.
ㅡ Onde está a mamãe? ㅡ Perguntei sentindo a preocupação me tomar de novo. Eu também não gostava de hospitais.
ㅡ Aqui dentro, vem. ㅡ Dakota abriu a porta do quarto que estava bem ao nosso lado e eu senti um alívio imenso quando vi a minha mãe. Do jeito que Dakota havia dito pelo telefone, esperava encontrar minha mãe acamada dependendo de aparelhos para respirar, mas ela estava sentada sobre a cama desenhando.
Sim, minha mãe desenhava, e muito bem, devo dizer. Ela desenhava desde coisas à pessoas. E, naquele momento, desenhava lindas tulipas.
ㅡ Mãe? ㅡ Ela arregalou os olhos quando ouviu minha voz e rapidamente olhou para mim.
ㅡ Lindy? Lindy, o que... O que faz aqui? Você não devia estar em Nova Iorque? O que... ㅡ Ela tentou levantar da cama, mas fui até ela e segurei os seus braços.
ㅡ Calma, mãe. ㅡ Ri. ㅡ A Dakota me ligou dizendo que você estava muito mal. Eu precisava ver como a senhora estava.
ㅡ Oh, Lindy! Você não sabe como a sua irmã é exagerada? Eu só peguei uma gripe e fiquei com um pouco de febre. Não foi nada demais. Não precisava ter deixado suas obrigações. Você veio sozinha de metrô? É muito perigoso.
ㅡ Não, eu... ㅡ Olhei para trás. Dakota estava ao meu lado e Zack na porta. ㅡ Eu queria te apresentar alguém, mãe. ㅡ Chamei Zack com meu dedo indicador e ele entrou no quarto meio envergonhado. ㅡ Mãe, esse é o Zack Hawking. Já viu ele nas ligações que a Dakota me faz e provavelmente nos sites de fofocas.
ㅡ Ah, claro. ㅡ Minha mãe sorriu e olhou para ele. ㅡ É um prazer conhecê-lo, Zack. Lindy me falou muito de você nas ligações.
ㅡ Aposto que falou mal. ㅡ Zack resmungou fazendo nós três rirmos.
ㅡ Você me conhece tão bem. ㅡ Sorri para ele que riu também.
ㅡ Desculpa ter sido tão dramática e ter trazido você aqui as pressas, Lindy. ㅡ Dakota falou.
ㅡ Tudo bem. Eu precisava ver vocês. ㅡ Sorri para elas. ㅡ O que o médico disse?
ㅡ Que eu estou bem e posso voltar pra casa. ㅡ Minha mãe falou me fazendo encara-la desconfiada.
ㅡ Ele disse que ela está resfriada, mas que precisa ficar de repouso. Disse para beber muito líquido e não trabalhar, ficar apenas deitada para melhorar. Se não pode se tornar algo pior. Ela também não tem se alimentado direito. ㅡ Dakota respondeu logo depois dela.
ㅡ E conhecendo bem essa senhora... ㅡ Toquei o ombro dela. ㅡ Ela não vai querer ficar de repouso algum.
ㅡ Eu não posso ficar deitada o dia inteiro. Sua irmã estuda e trabalha, eu preciso cuidar da casa, fazer comida, cuidar dos bichos. ㅡ Ri olhando para ela.
ㅡ Acho que vou ter que tirar uns dias de folga então. ㅡ Sorri para ela.
ㅡ O que? Não, Lindy. Não, eu estou bem, não tem necessidade. ㅡ Minha mãe começou a teimar novamente.
ㅡ Amor? ㅡ Chamei por Zack que olhou para mim com um brilho nos olhos completamente surpreso. Ele até abriu um sorriso no canto dos lábios.
ㅡ Sim?
ㅡ Consegue falar com o James para me dar uns dias de folga para eu cuidar da minha querida mãe adoecida? ㅡ Minha mãe negou com a cabeça rindo.
ㅡ Claro, eu... Eu falo com ele. ㅡ Ele assentiu pegando o celular.
ㅡ Filha, as coisas que faço por dia são muito cansativas e ocupariam todo o seu tempo, não quero você fazendo coisas pesadas. Eu posso fazer... ㅡ Ela fez menção de levantar da cama.
ㅡ Mãe... Relaxa. ㅡ Olhei para Zack que tinha o celular na frente da orelha. ㅡ Acho que vou precisar de uma ajuda então. ㅡ Sorri para Zack.
•••
Continua...