Red Pills [EM ANDAMENTO]

By Padeira_Assassina

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[SEGUNDO LIVRO DA TRILOGIA RED] Reclusos pelos cumes montanhosos, os cidadãos da comuna de Odda vivem suas vi... More

Prólogo
Capítulo 1 - Em queda livre
Capítulo 2 - O abominável homem das neves
Capítulo 3 - Um homem solitário
Capítulo 4 - Ponto de Partida
Capítulo 5 - White Rabbit
Capítulo 6 - Um Deus
Capítulo 7- Linha de frente
Capítulo 8 - Briga de Rua
Capítulo 9 - Sabotagem
Capítulo 10 - Torta pronta
Capítulo 11 - Controle
Capítulo 12 - Agenesia
Capítulo 13- You really got me
Capítulo 15 - All day and all of the night
Capítulo 16- Strip poker
Capítulo 17 - A maldição
Capítulo18- Carnificina

Capítulo 14 - Escudo humano

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By Padeira_Assassina

Durante toda a madrugada, a equipe médica local evitou responder as perguntas à respeito do estado da detetive, mesmo com a insistência do grupo que a acompanhava.

Faziam horas a fio que eles estavam na sala de espera. Khalan estava sentado em uma das cadeiras com a cabeça baixa e os dedos entrelaçados, rezar havia sido o único diálogo capaz de ajudá-lo a se manter calmo diante da situação.

Por outro lado, Aaron não parava de andar de um lado para o outro, fazendo curtas pausas apenas observando o corredor. Embora estivesse inquieto, ele havia optado por manter a calma e esperar por uma notícia.

Willow era a única que ainda não havia desistido de questionar a arrogante enfermeira sentada atrás do balcão de informações. Enquanto batia as unhas de maneira ritmada contra o mármore da bancada, a australiana observou um homem bem vestido se aproximar.

— Posso ajudar?— A piloto perguntou, vendo que ele havia parado à sua frente.

— Quero notícias da detetive Pinheiro.— Ajeitando o terno com um olhar feio, o homem encarou os outros que estavam ali no recinto. Sem questionar absolutamente nada, a enfermeira passou a prancheta com todas as informações para ele, mantendo seu olhar baixo.

— Ah, pra ele você conta, mas pra melhor amiga da vítima você faz a sonsa!— Willow esbravejou, fazendo Aaron finalmente se aproximar para segurar no ombro da piloto.

— Mantenha a calma, é melhor não bater de frente. Ele é o prefeito.— O lenhador sussurrou, tentando manter o máximo de discrição, mas foi inevitável receber olhares do homem.— Ela está na emergência.

— E você está fazendo o que aqui?— O prefeito rebateu de imediato.— Não deveria estar com o rabo entre as pernas escondido na sua espelunca?

Aaron engoliu seco, e sem pensar duas vezes, se afastou de todos ali, andando pelo corredor que dava para a saída.

Khalan se levantou em seguida, confuso com toda a situação. Havia um homem branco de terno o seguindo com os olhos, nada bom poderia sair daquilo.

— Perdemos nossa carona? — Ele perguntou em tom de piada, mas não riu. Era apenas um mecanismo de defesa que usava quando estava estressado.

Encarando os estrangeiros diretamente, o prefeito os julgou em silêncio. Se não fosse pelo seu cargo ele poderia facilmente passar por apenas mais um senhor rabugento que odeia turistas.

— Irei arcar com as despesas hospitalares da detive Pinheiro, em troca peço o silêncio de todos pelo incidente infeliz. — Ele impôs as condições, como a palavra final.

— Qual o problema de vocês? Uma oficial acabou de ser baleada e vocês se preocupam com o que a cidade vai pensar?— Willow aumentou levemente o tom de voz, mas Khalan se apressou a ficar entre a piloto e o prefeito.

— Se o senhor gentil quer arcar com as despesas, não vamos atrapalhar o trabalho dele e da Vanessa. Melhor pensarmos primeiro na nossa amiga.— A voz calma do químico fez o homem de terno concordar com a cabeça, como se entendesse o ponto dele.— Mas além disso, queríamos ao menos saber da situação da Vanessa. Ninguém nos dá notícias desde que chegamos. Estamos preocupados.

O homem colocou a mão no ombro do tailandês, apertando com certa força.

— Faremos de tudo para cuidar da detetive, não precisa se preocupar com isso, garoto.— O senhor ajeitou seu paletó, andando em direção a saída. Mas no meio do caminho ele deu meia volta, encarando o casal.— Por acaso não viram nenhuma garota ruiva vestindo um vestido branco no meio daquela festa?

Ambos negaram com a cabeça, e tendo sua resposta, o prefeito seguiu seu caminho até a saída.

— Ele não te lembra alguém? — Khalan perguntou cerrando os olhos na tentativa de continuar analisando o senhor, mas o perdeu de vista quando ele dobrou o corredor. — Não me é estranho...

Dando nos ombros, o tailandês desistiu da própria teoria. Obstinação não era exatamente uma palavra que o descreveria bem. Esforço em excesso parecia uma perda de tempo considerando a velocidade que suas ideias surgiam.

— O que fazemos agora? — Khalan continuou se afastando do balcão de informações. — 'Tá na cara que eles não vão nos contar nada e eu não aguento mais esperar naquele banco de madeira...

Enquanto franzia as sobrancelhas, pequenas marcas de expressão ficavam visíveis no canto dos olhos do químico. Era um detalhe pequeno que também chamava a atenção quando ele sorria.

— Eu não sei...— Antes de Willow concluir o pensamento, a enfermeira de antes entrou no campo de visão dos dois, com a carranca estampada na cara.

— A paciente pediu para ver vocês.— Com a voz monótona e com pouca vontade, a mulher seguiu o caminho do quarto de Vanessa, nem se importando se os dois estavam acompanhando seu passo.

Ao entrarem no quarto completamente branco, se depararam com Aaron em pé, encarando a detetive com as sobrancelhas franzidas.

— Parece que ele achou o quarto antes de vocês.— A enfermeira riu ácida, saindo do recinto com a sua prancheta.

Sem se importar com o comentário, Willow correu para verificar a situação de sua amiga, enquanto Khalan se colocava ao lado do lenhador, o encarando fixamente por alguns segundos.

— Eu já disse que estou bem, mas eles não querem me dar alta. — Vanessa reclamou com o tom de voz mais rouco do que o normal.

Ela não parecia nada bem. Seu rosto estava pálido e sua expressão cansada, como se tivesse acabado de acordar de um pesadelo. Por estar mais próxima, Willow pode sentir que a detetive ardia em febre.

— Passaria mais rápido se eles me receitassem morfina... — A oficial reforçou, mesmo sabendo de suas próprias limitações. No entanto suas frustrações não eram aparentes. — Que bom que está bem.—  Vanessa direcionou seu olhar em direção a Aaron, mas logo voltou a atenção para o lençol sem graça que a cobria. 

Aquele não era o primeiro comentário estranho que ela fazia desde que haviam se reencontrado.

— Claro que ele está bem, na verdade o cabelo dele parece até mais brilhoso.— Khalan comentou, encarando ainda mais o loiro.

Sentindo certo desconforto, Aaron deu alguns passos para o lado, indo para mais perto da cama.

— Fico feliz que tenha acordado, mas ainda precisa descansar. Eu vou trazer seu almoço aqui, e você vai continuar em repouso.— O lenhador comentou, se abaixando o suficiente para ficar na linha de visão da detetive.— Vanessa, por favor, precisa pensar em si mesma agora.

Willow concordou no mesmo segundo, reclamando que a mulher precisava comer mais legumes. Vendo que não eram necessários naquele momento dentro do quarto, Khalan gentilmente pediu para que a piloto o acompanhasse até o lado de fora. Com a porta fechada e sem nenhuma distração, Aaron finalmente soltou um suspiro pesado, bagunçando os próprios cabelos com certa urgência.

— Eu pensei que você não iria acordar...— A voz rouca do lenhador parecia carregada de dor.

Depois da dor Vanessa havia perdido seus sentidos, mas Aaron esteve lúcido  durante todos os momentos. Ainda podia se lembrar do desespero que sentiu enquanto a carregava até a caminhonete.

— Eu não morreria sem cumprir a minha parte do acordo, não deveria se preocupar. — Disse a oficial com intenção de tranquilizar o norueguês, mas o efeito de suas palavras foi o contrário.

Vanessa tentou arrumar sua postura para continuar a conversa, mas seu braço enfaixado não lhe fornecia o apoio necessário. Sem outra escolha, ela permaneceu em um meio termo entre estar sentada e deitada.

— Presta atenção, naquela hora, não era em mim que estavam mirando. — Sussurrou para o lenhador, mas foi interrompida quando ele se aproximou para ajudá-la com a posição. — Você me ouviu?

— Ouvi sim...— Não parecendo preocupado com o fato, Aaron ajeitou os travesseiros, afofando cada um para que a detetive tivesse mais conforto.— Me diga o que quer comer e eu vou cozinhar quando voltar para a casa, acho que vai precisar dormir mais um dia aqui enquanto melhora.

Vanessa franziu a testa, tentando novamente introduzir o assunto que queria, e novamente foi cortada. Dessa vez havia sido a proximidade do lenhador, que encostava sua bochecha contra a testa da detetive.

— Ao menos não está com febre.— Ele comentou.— Sabia que estava delirando enquanto eu te levava no colo? Eu achei até mesmo que você iria se declarar para mim.

— Está me provocando. — Vanessa presumiu franzindo as sobrancelhas, mas o silêncio do lenhador se tornou mais alto do que qualquer barulho no quarto. — Está, não está?

Sem poder ignorar a preocupação da detetive, Aaron se curvou para alinhar seus olhos. Sua atitude apenas serviu para causar mais inquietação no peito da detetive que se afastou como se pudesse prever seus movimentos.

— Eu não me declararia para você nem se estivesse fora de mim. Você é insuportável. — Vanessa pronunciou como forma de esconder a vergonha que sentiu segundos atrás. — E não quero que cozinhe para mim, prefiro comer a comida do hospital.

—Quando comer a gororoba daqui, tenho certeza que vai me ligar implorando por comida de verdade.— Ele se levantou, ajeitando suas roupas que agora vendo mais de perto, Vanessa percebeu algumas manchas de sangue, que provavelmente era seu.—  Jura que nem se estivesse fora de si? Então o nosso beijo não significou nada pra você? Vanessa, não sabia que era tão fria.

Fazendo uma expressão triste, Aaron se afastou da mulher, indo em direção a saída.

— Ainda está cedo, vou fazer minhas coisas e volto antes de anoitecer.— antes de sair da sala, ele olhou para trás, com um sorriso sarcástico.— Obrigada por ter sido meu escudo humano.

Aaron fechou a porta no momento exato em que a detetive mencionou respondê-lo. Embora a parede fina que os separava não fosse o suficiente para abafar os xingamentos direcionados a sua pessoa, ele poderia ter a palavra final.

Quando chegou no meio do corredor, duas enfermeiras cruzaram seu caminho com pressa indo em direção ao quarto em que a detetive estava alojada. Depois dessa visita indesejada para pedir silêncio, o andar voltou a ser tranquilo.

No final da manhã os três integrantes voltaram para o chalé. Ainda que preocupados, eles ainda eram humanos e precisavam de um descanso depois da noite tempestuosa.

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