EmiSue - Armadilhas do coraçã...

By iriszohar

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Emily Dickinson é a filha mais nova dos três filhos de Edward Dickinson, um dos maiores nomes da indústria li... More

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Anonymous
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Welcome Norah e Noah - pt 1
Welcome Norah e Noah - pt 2
Just Married
Epílogo
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Epílogo pt. 02

Realidade injusta

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By iriszohar

POV SUE

Despeço-me da Emily, na entrada do prédio da editora, com um aperto no peito e uma sensação horrível de estar vendo o meu amor pela última vez. Vou em direção ao elevador e entro. Cada segundo naquele espaço minúsculo era uma eternidade. Os andares subiam lentamente no painel acima dos botões e nada daquela porta abrir, eu já estava ficando sufocada. Não tenho claustrofobia, mas acho que a sensação chegou bem perto.

Quando chego no meu andar, digo um "bom dia" rápido pra Raquel, que já está na recepção e caminho a passos largos até minha sala.

Estou preocupada, estou com medo e também estou sem celular.

Merda! Agora que me toquei que estou sem celular, não posso entrar em contato com a Emily e saber se está tudo bem.

Estou suando frio, ando de um lado para o outro na minha sala, prestes a ter uma crise real. Ainda de pé, me apoio com as mãos sobre a mesa e não consigo mais segurar o choro. Resolvo sentar-me em minha cadeira, levo as mãos à frente do meu rosto, entrelaçando os dedos, apoio minha testa sobre eles e de repente, em um ato desesperado começo a rezar. Eu nunca fiz isso.

Deus, oi sou eu, a Sue, Susan. Lembra de mim? Eu não sei como começar essa conversa... ou se isso é uma conversa, sei lá. Oração, talvez? Eu nunca fui muito religiosa e você sabe disso... acho que nunca conversamos de verdade.
Um dia me falaram que você escuta as pessoas quando elas te chamam de coração. Não é? Bom, eu não sei como fazer isso, então lá vai.
Deus, eu sei que o senhor tem inúmeras prioridades e sei também que existem pessoas precisando de você agora mesmo. Mas eu também tenho uma pessoa, e sem ela eu não existo. Essa pessoa é tudo pra mim, eu não sei explicar, mas se você está aí em cima olhando tudo, você deve saber, melhor do que eu, o quanto a amo. Então, se você estiver aí na linha, ou onde quer que você esteja, escuta o que eu vou te pedir agora, por favor!
Protege a minha Emily daquele monstro do Edward e de suas intenções. Eu não sei o que ele é capaz de fazer e nem quero pensar muito nisso porque sei como eu sou fraca e inútil aqui em baixo. Fica ao lado dela, por mim. Segura na mão dela e não solta, claro, depois que eu terminar aqui, aí você pode ir. Só, cuida da minha Emily e não deixa nada de mal acontecer com ela. Eu...não sei, eu te dou a minha alma. É disso que você gosta? Eu sinceramente não faço ideia do que dar em troca disso além da minha vida e da minha alma. Toma tudo de mim. Mas proteja a minha Emily, por favor!
Tá bom, não vou mais te perturbar. Pode ir agora, vai lá ficar com ela. Amem? Eu acho.

Após essa conversa com o criador eu fico ali, chorando sozinha. As horas se passam e nada do telefone tocar. Porque eu tenho um telefone na minha mesa, tem um na recepção também. Emily entraria em contato, não? Ou viria direto pra cá após o almoço.

Mas já são quase duas da tarde. Até que horas essa conversa vai?

Minha cabeça começa a pensar todas as merdas possíveis. Cheguei a cogitar uma masmorra, uma torre no topo da mansão onde ele a prenderia e nunca mais a deixaria ver a luz do sol. Eu estou ficando louca, sim eu estou.

— Senhorita Gilbert, — Raquel entra em minha sala com um pacote nas mãos e o estende pra mim — deixaram isso lá em baixo, na portaria. Disseram que é pra você. — eu estranho a situação mas agradeço e Raquel se retira da sala me deixando sozinha com aquela pequena caixa.

Na caixa está escrito somente: "Para Susan Gilbert". Quando abro vejo um bilhete e um celular, no bilhete estava escrito: ligue-me.
Eu já imaginava do que se tratava, mas estava preocupada com Emily então liguei o aparelho. Poucos segundos depois as mensagens chegam.

*mensagem de texto*

Número privado: Gilbert, eu avisei sobre as consequências da sua teimosia. Dessa vez foi só um susto. Da próxima talvez eu não medirei minhas forças.

Que merda ele quer dizer com isso?

De repente o telefone da minha mesa toca e eu o pego desesperadamente.

— Senhorita Gilbert! — é Raquel na linha 1 — a senhorita Lavínia está ao telefone ela quer falar com você.

— Então, passa a ligação Raquel. — mas gente custava passar a ligação logo? Ela precisava anunciar quem era?

— Ah, sim. Desculpa. Eu...eu ja vou transferir. Só um minuto.

O que a Vinnie...? MEU DEUS A EMILY!

Ligação

— Sue! — Vinnie parece nervosa.

— oi Vinnie, fala o que aconteceu?

— a Emily, ela está com você?

— Não, ela não foi pra sua casa ?

— sim...ela... olha, eu não sei direito o que aconteceu porque quando cheguei eles já estavam discutindo. Mas deu muito ruim aqui e a Emily saiu cantando pneu, literalmente!

— você ligou pra ela?

— eu tentei mas o telefone dela está desligado, a Emily nunca fez isso.

Na hora meu estômago embrulhou e eu quase boto pra fora todo o nada que tenho na barriga, porque não consegui comer nada até agora. Também pudera, quem conseguiria? Parece que eu levei um soco, uma voadora no peito e no estômago.

— Vinnie, a Emily saiu daí a quanto tempo?

— Sue, uma hora mais ou menos.... Eu não sei!

— UMA HORA? E VOCÊ SÓ ME LIGA AGORA?

— Sue meu pai...

— SEU PAI O QUE LAVINIA?

— nada, deixa Sue... vem pra ca por favor!

Como eu vou explicar que não posso ir até sua casa porque estou na mira de seu pai?

não, Vinnie. Vai pra minha casa. Estou indo pra lá agora.

— tudo bem.

Sem pensar duas vezes pego minha bolsa e desço para a garagem e somente quando chego lá me dou conta de que não estou de carro.

AAAAH PUTA QUE PARIU!

Subo novamente pro térreo e pego um táxi. Foda-se quanto vai dar essa corrida.

— senhor, — chamo a atenção do motorista —por favor, acelera pelo amor de Deus!

Ele percebe o meu nervosismo, não questiona e mete o pé no acelerador. Eu agradeço e ele acelera mais.

— moça, eu não sei o que está acontecendo, mas se você tiver fé em alguma coisa, se agarra nela e se acalma.

O que? Você...? — penso olhando pro céu pela janela do taxi — você tá ai? Olha, se estiver é melhor que tenha escutado o que te pedi umas horas atrás!

Poucos minutos depois eu chego ao meu destino, jogo uma nota de cem no colo do motorista e saio do carro.

— Moça a corrida deu quarenta! Seu troco! — ouço ele gritar.

— Fica pelo apoio moral — faço um gesto com a mão agradecendo, ele agradece de volta e dá partida.

Vinnie já está na porta da minha casa, encostada em seu carro e quando me vê corre pra me abraçar.

— Sue! — ela fala me apertando e mais um pouco eu viro uma pasta.

— Vinnie me fala o que está acontecendo.

— cadê seu celular? Por que ele está desligado? Qual é o problema de vocês?

— Eu perdi, mas isso não vem ao caso. Cade a Emily?

— Eu não sei! Achei que ela estivesse aqui. Liguei pra casa dela e ela também não está lá.

— Puta que pariu Lavínia — falo abrindo o portão da minha garagem.

— O que você vai fazer?

— O que eu já deveria ter feito, vou procurar por ela. — falo entrando no carro e Vinnie me acompanha.

Dou partida no meu carro indo em direção à casa dos Dickinsons, porque é de lá que ela saiu. Tento fazer o caminho que ela faria de volta para casa mas nenhum sinal dela.

O celular de Lavínia toca e ela atende. É o Austin. Continuo prestando atenção na via à procura dela, mas não a encontro em lugar algum.

— Sue! Pro hospital agora!

— O que? Qual?

— Hospital geral, no centro rápido! Austin recebeu uma ligação do amigo dele, o Ben. Ele é diretor do hospital. Emily deu entrada lá há algumas horas.

— Mas o que aconteceu com ela? Ele disse alguma coisa?

— Não, ele só mandou a gente ir.

Por que Emily deu entrada em um hospital público? Não faz sentido. A não ser que...

— MEU DEUS LAVÍNIA ELA SOFREU UM ACIDENTE! — falo acelerando mais o veículo.

— O que? Como assim?

— A Emily tem plano de saúde Vinnie, por que caralhos ela daria entrada em um hospital público? É o primeiro lugar pra onde a ambulância leva as vítimas de acidente.

Vinnie não conseguiu falar mais nada, nem eu. O desespero do que poderia ter acontecido tomou conta de nós duas. Chegamos em menos de dez minutos no hospital e eu larguei o carro de qualquer forma no estacionamento e corri para dentro a fim de saber o que aconteceu.

Ao chegarmos, perguntei sobre Emily na recepção e a recepcionista parecia não saber responder e não me deu muita atenção. Fiquei nervosa, obviamente, e me excedi.

— O GAROTA OLHA PRA MIM! Alguma vítima de acidente com o nome EMILY DICKINSON deu entrada nesse hospital? — eu gritei batendo no balcão fazendo a recepcionista se assustar comigo.

Ben e Austin vêm em minha direção. Austin me abraça e me retira do balcão com medo de eu avançar na recepcionista.

— Sue, calma. Vem aqui. — Austin diz me conduzindo para uma sala reservada.

— ME ACALMAR? AUSTIN CADE A EMILY E O QUE ACONTECEU COM ELA? — em minha mente eu estava gritando, mas minha voz saiu mais falhada do que qualquer outra coisa.

— Susan, Vinnie, — Ben começa a falar se aproximando da gente — Emily deu entrada aqui no hospital há poucas horas, uma ambulância do corpo de bombeiros a trouxe.

Foi aí que meu coração parou. Corpo de bombeiros? Não deve ter sido coisa simples.

— Cade ela, Ben? — ouço Vinnie falar mas eu não consigo abrir os olhos.

— Ela está na unidade semi intensiva agora. Os médicos que a atenderam me passaram o prontuário assim que cheguei. Depois de examinar o prontuário e verificar pessoalmente o estado dela, liguei para o Austin informando. Apesar de o acidente ter sido grave, ela não corre mais risco de vida. Tivemos que fazer uma transfusão de sangue pela perda excessiva que ela teve por conta de um traumatismo craniano, mas Emily está respondendo bem. Fora isso nada grave, só um deslocamento de clavícula e o joelho esquerdo que foi preciso imobilizar. Por sorte não houve nada com o bebê e a gravidez encontra-se estável.

— Espera, o que? — o interrompi assim que ele disse a palavra "gravidez".

— Emily não perdeu o bebê, ela ainda está grávida. — ele conclui nos acalmando, como se nós não estivéssemos sabendo da notícia naquele exato momento.

Emily e eu estamos juntas há duas semanas. Antes disso ela era noiva do Samuel. Mas é claro! Quando ela me contou do episódio do PUB, na quinta-feira antes dele viajar, ela me disse que ele a forçou a fazer sexo com ele e foi a última vez que ele a tocou dessa forma. Provavelmente essa gravidez é proveniente desse episódio.

Agora estou ligando os pontos. Mas como eu ia imaginar? Os enjoos, as tonturas e os desmaios repentinos. É óbvio que só podia ser isso. Mas com certeza seria a última coisa que eu pensaria. Emily provavelmente não sabe e quando souber seu mundo vai desabar.

— Eu posso vê-la? — pergunto ao Ben, que assente e me leva até o quarto onde ela está. Vinnie e Austin nos acompanha.

Emily está dormindo tão tranquilamente que nem parece que há pouco estava entre a vida e a morte. E eu não estava com ela. Mais uma vez Emily estava sozinha.

— Me desculpa, meu amor — sussurro segurando em sua mão, depositando um beijo em seu dorso. — me perdoa.

— Aparentemente não foi um acidente, a polícia está investigando uma possível tentativa de homicídio. — Ben explica, tomando nossa atenção novamente. — Vocês sabem de algum desafeto de Emily ou alguém que queira seu mal?

Imediatamente Vinnie diz o nome do Samuel, mas eu sei não há somente essa possibilidade. E tudo por culpa minha, pela minha insistência em continuar com nosso relacionamento. Eu deveria ter previsto que algo maior estava por vir, quem falava comigo por mensagem não estava de brincadeira.

— Eu preciso de ar, com licença. — saio correndo do quarto mas assim que passo pela porta minhas pernas fraquejam e eu sento-me no corredor do hospital.

— Sue, calma ela vai ficar bem — Vinnie se abaixa e fala acariciando minha cabeça e eu balanço a cabeça em negação.

— Vinnie, eu não posso mais continuar. Eu sinto muito.

— O que? Do que você está falando? — Vinnie pergunta levantando meu rosto. Eu sei que não posso falar nada então somente balanço a cabeça novamente em negação.

Quando minha mãe faleceu, eu perdi minha melhor amiga e a melhor pessoa que havia conhecido na vida. Vi o declínio do meu pai e a perda de tudo que tínhamos. Por vezes culpei meu pai por me deixar sozinha e me envergonhei de seu estado ébrio durante muito tempo.

Hoje me encontro aqui, calçando seus sapatos. Ao menos eu tive um aviso, antes de perder a mulher que amo. Ela não foi tirada de mim subitamente. Me avisaram, me ameaçaram e eu com toda minha teimosia quase a perdi para sempre. Eu quase matei Emily por amá-la.

Mas isso tudo é muito injusto, eu deveria denunciá-los para a polícia! Mas denunciar quem? Se eu nem ao menos tenho uma prova de quem seja?

— Inferno! — eu grito e me levanto para sair do local. Ouço Vinnie me chamar de volta mas eu corro para que ela não me alcance. Vou embora dali o mais rápido que posso sem olhar pra trás.

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