Red Pills [EM ANDAMENTO]

By Padeira_Assassina

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[SEGUNDO LIVRO DA TRILOGIA RED] Reclusos pelos cumes montanhosos, os cidadãos da comuna de Odda vivem suas vi... More

Prólogo
Capítulo 1 - Em queda livre
Capítulo 2 - O abominável homem das neves
Capítulo 3 - Um homem solitário
Capítulo 4 - Ponto de Partida
Capítulo 5 - White Rabbit
Capítulo 6 - Um Deus
Capítulo 7- Linha de frente
Capítulo 8 - Briga de Rua
Capítulo 9 - Sabotagem
Capítulo 10 - Torta pronta
Capítulo 11 - Controle
Capítulo 12 - Agenesia
Capítulo 14 - Escudo humano
Capítulo 15 - All day and all of the night
Capítulo 16- Strip poker
Capítulo 17 - A maldição
Capítulo18- Carnificina

Capítulo 13- You really got me

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By Padeira_Assassina

Dentre todos, Vanessa era a que menos estava interessada em ir naquele evento, mas sabia que era uma boa oportunidade de sondar o terreno.
Depois de todos estarem devidamente trocados para não parecerem tão velhos, a detetive finalmente saiu do quarto, vestindo a mesma jaqueta de antes e com os cabelos presos.

— Não! — Willow esbravejou, antes mesmo de sua amiga sair do quarto.— Você não vai assim!— Batendo os pés no chão com força, a piloto empurrou Vanessa de volta para o cômodo.

Com pressa, a mulher de cabelos curtos jogava roupas de sua mala de qualquer jeito, procurando uma peça de roupa em específico.

—Precisa mostrar mais a pele! está parecendo uma freira! Jovens não se vestem assim.— Segurando uma jaqueta transparente, a Willow sorria de orelha a orelha.— Isso sim vai ficar perfeito com o seu top preto e uma calça militar. Ah, e solta esse cabelo.

Vanessa nem mesmo disfarçou seu olhar de desgosto.

— Isso não vai funcionar. — Vanessa reforçou seus pensamentos enquanto observava a peça de roupa que foi atirada em sua direção. — Não posso me vestir assim! Vou estar exposta, Willow! Eles vão poder ver tudo!

Todos os argumentos da detetive caíram ao chão apenas com um olhar da australiana lhe pedindo calma. Relaxando os ombros, a detetive se despiu da jaqueta militar que tanto era apegada.

— Tudo pela investigação... — Vanessa tentou se convencer, enquanto desfazia seu penteado. Os cachos caíram sem peso algum sobre seus ombros, pegando mais volume conforme ela os bagunçava. — Como é possível se manter aquecida dessa forma?

Sem toda a sua armadura, a oficial parecia muito mais humana — essa era uma versão que ela fazia questão de manter escondida.

— É uma balada! Vai estar quente que nem o inferno lá dentro, e se precisar de aquecedor pode me abraçar.— Willow comentou dando tapinhas nas costas de sua amiga. Ela era a única que Vanessa não cortaria a mão com tanta intimidade.— Só falta uma coisa.

A detetive se agarrou em sua própria roupa, temendo o que viria depois do olhar psicótico da piloto.

Depois da sessão de tortura, Willow saiu do quarto com um sorriso enorme, ajeitando sua boina na cabeça.

— Senhores e senhores, eu lhes apresento a Vanessa 2.0.— Dando espaço para sair do quarto, a detetive colocou o corpo para fora do cômodo, atraindo os olhares de todos na sala.

A sombra dourada nos olhos fazia um belo contraste com os cachos negros que adoravam a cabeça da oficial. A jaqueta que ela não queria usar deixava em evidência as curvas bem trabalhas do corpo malhado que Vanessa lutava para manter a forma.

— Eu sei, eu sei, eu fiz um ótimo trabalho.— Willow se gabou, andando em direção aos homens parados na sala.

— Isso tudo estava escondido em baixo de muito mau humor e toneladas de pano?— Khalan comentou, e ao olhar para o lenhador ao seu lado, percebeu que Aaron não havia movido um músculo. Mantendo toda a atenção em Vanessa.

Willow assistiu a cena com um sorriso orgulhoso estampado nos lábios pintados de vermelho. Havia encontrado uma passatempo que poderia lhe manter entretida até o final do inverno ou ao menos enquanto durasse.

— Não estamos atrasados demais? — Vanessa perguntou sem jeito, quebrando o silêncio que havia se formado com a sua presença. Não queria admitir o que havia lhe causado um frio na barriga.

— Você ainda tem muito o que aprender... — Khalan respondeu como se fosse um ancião regrado de sabedoria. — Não estamos indo para uma reunião, precisa saber o momento certo para aparecer...

Passando o braço ao redor do pescoço de Willow, Khalan continuou andando até que pudesse pegar Vanessa pelo caminho. Havia um sentimento nostálgico envolvido pelos três, uma chance como aquela não acontecia com frequência.

— Se não se adiantar vou te deixar para trás. — A detetive repetiu antes de passar pela porta do chalé, chamando a atenção do lenhador, mas dessa vez ela estava sorrindo enquanto fazia a ameaça.

Balançando a cabeça para voltar sua atenção na vida, Aaron se apressou a trancar a casa toda, logo correndo até a grande caminhonete.

— Onde vamos é um pouco perigoso, mas não vão estranhar a nacionalidade de vocês por ter muitos intercambistas por lá. Tentem não conversar com quem acharem tão suspeitos, e se perguntarem seus nomes, não digam de cara.— Aaron comentou assim que entrou no carro, dando a partida no mesmo.— E o mais importante: não bebam nada!

Khalan foi o primeiro a concordar; estar tão perto das vítimas o fez repensar muitas vezes o que iria ingerir. Quando finalmente chegaram numa montanha no meio de uma trilha, Aaron desligou o carro, ligando a luz do teto para enxergar cada um ali.

— Melhor nos separarmos em duplas. Assim ninguém fica sozinho e conseguimos sondar melhor o terreno, não é?— Ele se virou em direção a detetive, que examinava a jaqueta que usava. Após a confirmação da mesma, todos desceram do carro.

— Então o nosso foco é achar quem passa a droga?— Willow perguntou, enquanto abraçava o químico de forma que andassem juntos.

— Uma amostra também seria útil... — Khalan sugeriu animado com a possibilidade, desconsiderando completamente seus recursos precários no hospital.

— Fiquem de olho em qualquer vira-lata que não chame muita atenção. — Vanessa não foi muito bem compreendida, mas apenas deu nos ombros. — Depois não digam que eu não avisei.

Conforme andavam pelo caminho tortuoso, o som de uma música eletrônica se tornou alto o suficiente para abafar até mesmo os próprios pensamentos. Estavam prestes a se infiltrar no ponto alto da noite.

Por se tratar de um ambiente aberto, era impossível considerar as proporções que aquele evento poderia tomar. O vale completamente escondido após uma alta colina era bem montada com um pequeno palco e luzes para todos os lados, mas logo na superfície havia uma multidão de adolescentes bêbados impedindo uma melhor visão.

— Nos encontraremos na caminhonete em duas horas?— Willow disse com um sorriso enorme, e Khalan mais que depressa concordou.

Antes de Vanessa diminuir o tempo que teriam, o casal se enfiou no meio das pessoas, se misturando a ponto de sumir da vista de qualquer um. Apertando os punhos, Vanessa começou a andar em direção ao centro, se espremendo entre os adolescentes que pulavam ao ritmo da música; estar naquele ambiente fazia a cabeça da detetive doer.
Vendo a situação que poderia se formar pela irritação da mulher, Aaron segurou no braço de Vanessa, em seguida tomando um belo tapa na mão.

— Eu só estou tentando te ajudar a não se perder aqui no meio!— Aaron grunhiu, vendo o vergão vermelho que se levantou nas costas de sua mão.

Franzindo as sobrancelhas, estendeu a mão em direção ao lenhador sugerindo uma maneira mais diplomática de continuarem juntos. Foi uma atitude inesperada e por alguns instantes o lenhador hesitou.

Prendendo a respiração, Vanessa se condenou mentalmente por ter tomado uma atitude tão constrangedora. Ela se virou com pressa para continuar o caminhou, mas ficou presa no lugar ao sentir os dedos do norueguês se entrelaçaram aos seus.

Sem se encararem diretamente, os dois seguiram desviando dos adolescentes embriagados sem um destino certo. Aaron deveria prestar atenção no que acontecia ao seu redor, mas só podia notar o quão fria era a mão da detetive.

— É a sua primeira vez aqui? — Vanessa perguntou em um tom mais alto, mas precisou se aproximar para repetir a pergunta  por conta da música alta.

— Ãhn...— Ele comprimiu os lábios numa linha, encarando o céu por uns instantes. Sabendo que não poderia fugir da pergunta, apenas negou com a cabeça.— Eu costumava ser chamado pra festas assim.

Passando o braço por trás da detetive, o lenhador pegou um copo qualquer com uma bebida alaranjada dentro. Logo recebeu um olhar desconfiado da mulher, ao oferecer para ela.

— Não é pra beber, apenas segure. Nessas festas eles normalmente vão te dar um copo e esperar até você acabar com ele se não estiver bebendo. O mais seguro é ficar com um na mão e dizer já estar bebendo.— Vanessa ergueu as sobrancelhas ao ouvir o raciocínio do loiro, mas não o questionou sobre como chegou a aquela conclusão.— Mas e você, é a sua primeira vez numa balada clandestina?

— Não costumo participar das operações de campo, então sim. — Sequer havia passado pela cabeça da detetive que ela poderia frequentar festas como aquela fora de seu trabalho. — É diferente do que eu imaginava.

Os olhos negros da oficial percorriam os quatro cantos do terreno estudando o comportamento dos adolescentes. Aaron testemunhou o exato momento em que ela enxergou algo que não deveria ver e desviou a atenção com pressa.

— Adolescentes me assustam às vezes. — Ela admitiu enquanto observava a bebida em seu copo se mover por conta própria acompanhando o grave do som. — Isso é realmente útil, nunca sei o que fazer com as mãos em festas.

— Você não costuma viver a própria vida, não é?— Aaron perguntou sem perceber, mas ao não receber uma resposta agressiva, continuou.— Sei que a sua vida deve ser perigosa e cheia de empecilhos, mas você é jovem e nunca viveu nada fora do trabalho pelo jeito.

A detetive respirou mais fundo, tentando mudar o foco do assunto, mas era difícil olhar para outro lado sem ficar traumatizada.
Vanessa sentiu seu corpo ser levemente empurrado para frente, seguido de um pedido de desculpas de um garoto que claramente não tinha idade o suficiente para estar ali.

— Vamos sair de perto das mesas, deve ter alguém suspeito por perto do palco ou nas saídas por trás.— O lenhador comentou, enquanto passava o braço pela cintura da mulher.— Não saia de perto de mim.

Antes de contestar algo, Aaron saiu andando por entre as pessoas, praticamente carregando a mulher enquanto servia de escudo contra o mar de pessoas. Vanessa se sentiu uma boneca de pano sendo carregada daquela forma.

Quando finalmente o lenhador parou de andar, Vanessa se afastou dando um curto passo para trás, era o mais longe que conseguia manter seus corpos. Aaron não parecia nem um pouco interessado em facilitar o distanciamento.

Desviando o quanto podia do norueguês, a detetive observou os adolescentes ao seu redor e um em especial lhe chamou a atenção. Um garoto pálido com o rosto coberto de sardas, eles se encararam por poucos segundos antes dele sumir entre a multidão.

— Jhon... — Vanessa pronunciou com um olhar intrigado, chamando a atenção de Aaron. — Pensei que ele não voltaria depois do que aconteceu...

— Muito menos depois dele ter dito que odiava esse tipo de lugar e o pessoal que frequentava.— Aaron ergueu um pouco seu corpo, podendo enxergar por cima do mar de pessoas, sua altura ajudava bastante no momento.— Por aqui.

Ele agarrou a mão da detetive, a puxando novamente para conseguir passar entre as pessoas. Jhon tentava andar cada vez mais rápido, mas não tinha força o suficiente para empurrar as pessoas da sua frente, e percebendo a brecha, Aaron esticou o braço, agarrando o colarinho do garoto.

— Por que está aqui? E por que tentou fugir, garoto?— O lenhador precisou aumentar sua voz, enquanto com uma mão segurava o adolescente, quase o tirando do chão, a outra mão ainda segurava Vanessa com firmeza.

— E-eu não fugi, juro!— aumentando o tom de voz, o ruivo parecia desesperado para se soltar.— Vim aqui apenas pra me distrair! E-eu nem bebi nada!

— Sei, e a cor natural da sua boca é laranja?— O lenhador debochou, apertando ainda mais o colarinho.

O conflito começou a sair do controle, tomando proporções grandes o suficiente para se espalhar o boato de uma briga. Aaron raramente era visto fora do chalé, e logo sua presença atraiu diversos olhares curiosos.

— O que deu em você!? — Vanessa brandou tentando se desvincular do norueguês que havia perdido completamente a noção da força que a estava segurando.

Jhon estava com o rosto congelado em uma expressão de terror, seu medo era real e seus sentido não estavam respondendo da maneira que deveriam. O estado embriagado que se encontrava só poderia piorar sua situação.

— Eu estou estou encrencado? Estou, não estou? — Ele perguntou em meio ao nervosismo ainda tentando se soltar, mas a diferença de estrutura entre os dois era gritante.

Enquanto a discussão continuava, Vanessa olhou por cima do ombro procurando por algo ou alguém. Ela não sabia ao certo o que estava visando, seu instinto era o único sentido que jamais iria lhe trair. Mas naquele momento ela torceu para estar errada.

Soltando o ar pela boca, o lenhador finalmente afrouxou o aperto, colocando Jhon de volta ao chão sem que ele caísse.

— Ainda não, mas pode estar amanhã quando eu for falar com os seus pais.— Aaron sentiu seu braço ser puxado com força, e quando se virou para questionar Vanessa sobre o que era, tomou um susto.

O barulho alto de um tiro seco ecoou por toda a festa, superando até mesmo as batidas fortes da música, que foi parada imediatamente. Todos começaram a gritar, correndo com pressa para saírem do meio do campo. Uns empurravam o que estava em sua frente, enquanto outros estavam petrificados gritando de medo. Mas todos foram arrastados para longe de alguma forma.

Em meio a toda aquela confusão, Aaron percebeu como o aperto da mão de Vanessa havia se esvaído, e assim entendeu o que havia acontecido. 

O sangue escorrendo pela jaqueta transparente fez o lenhador se desesperar por alguns segundos, gritando a detetive e a sacudindo para que ela o respondesse, mas o tiro em seu braço havia feito Vanessa perder seu sentido.
Tudo parecia ter ficado em completo silêncio naquele momento, como se um vácuo tivesse privado aquela parte da Noruega, tirando o ar o som e os sentidos; apenas o desespero permaneceu. Aaron escutava batidas de coração enfraquecendo, mas não sabia explicar se era o seu mesmo, ou se era o da mulher dona dos cachos manchados de sangue.  

A segurando entre os braços, ele apenas teve o pensamento de proteger a oficial do tumulto das pessoas, enquanto procurava ao redor o responsável. Mesmo depois de ver uma figura alta guardando algo na cintura, o lenhador não pôde fazer nada pensando em cuidar do ferimento primeiro— iria resolver aquilo depois.

Ao chegar na caminhonete carregando Vanessa no colo, ele se deparou com Khalan pálido, enquanto Willow olhava atentamente tudo ao seu redor.
Mas ainda que estivesse preocupado com a dupla, Aaron apenas repetia que deveriam correr para o hospital, sem soltar a mão fria da detetive nem por um momento. 

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