Red Pills [EM ANDAMENTO]

By Padeira_Assassina

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[SEGUNDO LIVRO DA TRILOGIA RED] Reclusos pelos cumes montanhosos, os cidadãos da comuna de Odda vivem suas vi... More

Prólogo
Capítulo 1 - Em queda livre
Capítulo 2 - O abominável homem das neves
Capítulo 3 - Um homem solitário
Capítulo 4 - Ponto de Partida
Capítulo 5 - White Rabbit
Capítulo 6 - Um Deus
Capítulo 7- Linha de frente
Capítulo 8 - Briga de Rua
Capítulo 9 - Sabotagem
Capítulo 10 - Torta pronta
Capítulo 11 - Controle
Capítulo 13- You really got me
Capítulo 14 - Escudo humano
Capítulo 15 - All day and all of the night
Capítulo 16- Strip poker
Capítulo 17 - A maldição
Capítulo18- Carnificina

Capítulo 12 - Agenesia

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By Padeira_Assassina

— Não tem muitas novidades...apenas as que eu te contei no caminho.— A voz calma de Khalan ecoava pelo corredor do hospital bem cuidado de Odda.

O barulho do látex batendo contra a pele do tailandês ao colocar as luvas fez Vanessa se assustar, mas logo voltou a sua compostura.

— Doze adolescentes inconsequentes, vivendo a vida no limite sem se importar com o amanhã. Essa era a adolescência que eu queria.— O homem comentou, encarando a porta de ferro.— Na verdade, somente alguns são diferentes, já que em grande parte as drogas foram ingeridas no meio da bebida ou consumidas pelas vias respiratórias. Exceto dois jovens.

Khalan finalmente se calou, antes de segurar os puxadores da porta usando luvas, e com um pouco de força abriu a ala médica onde estavam todos os adolescentes internados.

O andar completamente silêncioso não transmitia nada além de desconforto. Toda aquela tranquilidade misturada com cheiro de água sanitária causava sufoco a qualquer um que não estivesse familiarizado com o ambiente.

Em passos leves, Khalan direcionou para o quarto com a menor numeração. Uma pequena expressão de surpresa tomou conta do rosto da detetive no momento em que reconheceu o jovem deitado sobre a cama hospitalar.

— Benjamin Olsen, a primeira vítima. — Vanessa pronunciou em voz alta exigindo uma confirmação do químico. A resposta foi imediata. — Eu decorei as páginas do relatório. 

Com brutalidade, a oficial retirou o cobertor térmico que cobria o corpo desfalecido do adolescente, deixando em vista as grosserias cicatrizes em seu braço. Haviam também pequenas marcas de agulha espalhadas pela pele pálida, mas essas quase passaram despercebidas.

— Khalan, eu quero ver os dentes dele! — Vanessa chamou a atenção do químico que ainda estava parado na porta. — Os dentes! Anda!

De forma desajeitada e com pressa, o químico trocou suas luvas e correu para fazer o que a detetive havia pedido, com delicadeza abrindo a boca do jovem.

Vanessa olhou durante alguns segundos, mas logo soltou um suspiro de desistência.

— Está um pouco azul, mas é devido ao tanto de álcool com misturas químicas que ele ingeriu. Pelo que conseguimos ver nos exames, ele bebeu demais, e quando o álcool já não fazia tanto efeito, partiu para drogas injetáveis.— Apontando com os dedos, Khalan mostrou as marcas de agulhas.— Ele injetou em si mesmo.

O clima na sala parecia pesado, e o silêncio ensurdecedor entre os dois apenas piorava a situação. A detetive estava imersa demais em seus pensamentos, e Khalan respeitava seu modo de trabalhar, deixando a escolha da oficial falar ou não.

— Próximo. — Vanessa decretou como se estivesse comandando uma operação. Seus modos não eram os mais adequados, mas seus pensamentos estavam acelerados a ponto de não se importar.

Batendo as mãos contra a porta do quarto, ela segurou a passagem para que o químico tomasse a frente. Seria um gesto bastante cavalheresco se não fosse pela ameaça e pelo olhar insano que a detetive carregava.

— Disse que houveram diferença em dois casos, certo? — Vanessa repetiu enquanto seguia os passos do tailandês, era como ter uma sombra em estado psicótico. — Também quero ver os dentes dele!

— É algum tipo de fetiche ou...— Khalan desistiu de sua  piada na metade do caminho, percebendo que não seria bem recebida.— Claro, claro.

Apertando o passo, o tailandês a guiou até o próximo quarto, onde novamente trocou suas luvas.

— Dois tiveram a droga injetada por outra pessoa, e pelos sinais de resistência, a droga foi inserida a força.— Relatou, enquanto com as mãos enluvadas abria a boca do garoto de cabelos loiros e o rosto queimado pelo sol, esperando o veredicto da oficial. — Esse é Carter, e, bem, pode ver que ele não aceitou com tranquilidade o tratamento.

Levantando o cobertor com uma das mãos, Khalan mostrou como o garoto havia sangue e pedaços de pele sob as unhas. O furo que havia sido feita pela agulha estava mais funda e maior que a da outra vítima, indicando certa força e precisão.

— Já ouviu falar sobre agenesia dentária? — Vanessa perguntou sem desviar a atenção do seu alvo. Khalan pensou a respeito e concordou, mas sua resposta não pareceu conhecê-la. — Se trata de uma anomalia, os portadores apresentam a ausência de um ou mais dentes.

Ao fim da explicação, a detetive se afastou do corpo do adolescente com uma expressão visivelmente frustrada. Ela poderia continuar a repetir o processo mais uma dezena de vezes, mas havia se acalmado o suficiente para comentar a respeito da sua observação.

— Três incisos entre os caninos, esse era o padrão presente nas mordidas no braço do Benjamin. — Vanessa continuou, clareando a mente do homem que tentava a acompanhar. — É um exemplar raro e não combina com a arcada do garoto...

— Acredita que essas mordidas podem estar ligadas ao caso?— Khalan perguntou, arregalando os olhos.— E pensar que quando eu perguntei aos médicos me disseram que era mordidas de animais!

O tailandês tirou suas luvas, se encostando na mesa de alumínio ao lado da maca. Ambos estavam tensos agora, apenas ouvindo o barulho das máquinas que mantinham o jovem vivo.

— Então a pessoa que procuramos deve ter essa anomalia. Certo, então vamos começar a perguntar para quem estiver ao nosso alcance.— Tirando suas luvas, Khalan parecia menos tenso no momento.

Antes de responder a questão, o garoto que estava na maca contraiu o peito, erguendo um pouco a cabeça e os pés. Por um momento, Vanessa achou que ele havia saído do coma, mas não havia passado de espasmos involuntários. Logo após, a risada do químico foi ouvida.

— Ah, ele faz isso sempre, é até engraçado.

— Deveria rever seus conceitos de humor... — Vanessa resmungou com as sobrancelhas franzidas arrancando um sorriso ainda maior do tailandês.

Esfregando os próprios braços, a detetive tentou se livrar do arrepio que percorria cada centímetro de sua pele. A temperatura do quarto havia caído bruscamente acompanhando mais um dia frio de inverno.

— Todos parecem estar dormindo... — Vanessa comentou seus pensamentos em voz alta chamando a atenção do químico. — Acha que eles tem sonhos bons? Ou apenas...

Khalan estava bastante intrigado com o questionamento da oficial, aquelas dúvidas não pareciam fazer parte da investigação. Quando seus olhares se encontraram, Vanessa retornou para realidade encerrando sua frase no meio.

— Temos trabalho pela frente, vamos. — Tomando a frente, a detetive esperou que o químico a seguisse. — Podemos parar para comer quando terminar de me mostrar todas as vítimas.

Acatando as ordens da oficial, Khalan a ajudou e explicou a situação de cada vítima, dando os detalhes das causas.

Quando o dia estava prestes a chegar ao fim, ambos se dirigiram até a lanchonete mais próxima para um bom café da tarde, e uma longa discussão sobre o que tinham em mãos naquele momento.
A conversa não demorou mais do que o tempo de se alimentarem, e Vanessa já havia montado uma rota em sua mente do que deveriam fazer durante a semana enquanto o avião estivesse fora de uso.

Quando estavam prestes a sair do local, Aaron entrou porta a dentro, chamando a atenção de todos que estavam ali. Não pela forma como ele havia entrado, mas sua presença parecia estranha naquele lugar, recebendo olhares de soslaio e outros de pena.

— Vim buscar vocês mas não estavam no hospital, imaginei estarem aqui.— O loiro explicou um pouco mais baixo que o normal, evitando encarar as outras pessoas no recinto.— Vamos indo?

Com a resposta imediata, os três voltaram para a velha caminhonete estacionada no outro lado da rua. Diferente da primeira viagem, Vanessa optou por se sentar no banco traseiro onde não se distrairia tão facilmente.

Uma conversa rotineira começou a ganhar forma no banco da frente. Era comum a omissão da detetive quanto a participação, mas no momento ela parecia tão longe em seus pensamentos que sua presença estava fora de órbita.

— Você fala demais. — Vanessa pronunciou ao encontrar os olhos do lenhador fixos nos seus pelo espelho do retrovisor. — Preciso que me leve a um lugar. Sabe onde fica a residência dos Olsen?

Fazer um pedido logo após um xingamento não era a maneira mais civilizada de conseguir seus objetivos. Khalan balançou negativamente a cabeça em reprovação, os dois haviam ensaiado previamente como deveria ser feito.

— Olsen? Logo hoje?— Aaron perguntou, franzindo sua testa. A reação do lenhador não foi bem recebida por Vanessa, que o encarava do retrovisor como se perguntasse qual o problema.— Achei que já tínhamos planos para hoje.

Completou, virando o volante em direção a passagem que dava até seu chalé.

— A festa. Vai acontecer essa noite, e eu já dei um jeito de entrarmos lá. Não sei quando vou conseguir novamente.

— Eu sinceramente prefiro uma festa do que ir ver uma família desolada.— Khalan comentou, no momento mais inoportuno. Mas seu bom humor não parecia ter sido atingido.— E também, estamos precisando relaxar depois de tanto estresse.

Em resposta, Vanessa permaneceu em silêncio considerando o julgamento dos demais passageiros. Seu estado compreensivo era tão sem expressão que causava calafrios.

— Sabe que nós vamos a trabalho, não sabe? — Ela reforçou diretamente para o tailandês que parecia muito ocupado visualizando como seria o final da sua noite. —  Não faça com que eu me arrependa...

Khalan ergueu as duas mãos no ar confirmando suas boas intenções, mas o sorriso travesso que o acompanhava não passava confiança alguma; nada o agradava mais do que festas, bebidas borbulhantes e a companhia da australiana.

No momento em que a caminhonete estacionou, o químico correu para dentro do chalé para compartilhar a programação com Willow, deixando Aaron e Vanessa para trás. Ambos se olharam pelo retrovisor, mas não disseram nada, apenas mantiveram o contato visual — havia algo de estranho no ar—, e o momento foi quebrado ao ouvirem as vozes dos outros dois do grupo. 
Assim, saíram do automóvel sem trocar uma palavra sequer. 

Seria uma longa noite.

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