Clube do Azar

By nandamarqx

250K 7.6K 3.5K

Belalís, além de ser uma charmosa cidade em um vale, abriga segredos mágicos que são um mistério até para a m... More

Sexta-feira 13 é dia de Clube do Azar!
Aos membros do Clube
Tarô do Azar
• Mona •
• Isamélia •
• Ariana •
• Valquíria •
• Diretor •
• Acidente •
• Morte •
• Ressurreição •
• Venturi •
• Solis •
• Castro •
• Albani •
• Pizza e Deuses •
• Tataravó •
• Gata •
• Nícolas •
• Passo 1 •
• Passo 2 •

• Escolhas •

1.5K 212 109
By nandamarqx

Isa encarava o teto esperando que ele parasse de girar em algum momento. Ainda podia sentir o gosto amargo do comprimido solúvel para enjôo que Mona havia dado para ela minutos antes – e que ainda não tinha feito efeito – após uma breve discussão com Valquíria, que acreditava ter um feitiço infalível para aquilo. Isa tinha certeza que, depois daquilo, nunca mais beberia nenhum tipo de bebida gaseificada. 

Seu pai, contrariado, deixou a casa após tentar amparar a filha e ser recusado com a desculpa de que Isa precisava ficar sozinha. Ela precisou se livrar rapidamente dele antes que percebesse a presença das três garotas que entraram sorrateiramente em sua casa, e ele não queria causar ainda mais conflitos com Isa. Às vezes a passividade dele era bem-vinda. Ter seu espaço respeitado pelo pai, mesmo que a contragosto dele, era uma das grandes qualidades da relação entre os dois, diferente de sua mãe, que parecia estar em todo lugar a todo momento, como um ser onipresente. 

Isa fechou seus olhos e suspirou. O pensamento sobre King estar morto a poucos metros de distância fez com que seu estômago embrulhasse novamente. Talvez o feitiço de Valquíria não fosse uma má ideia. 

Uma mão gelada pousou sobre sua testa e afastou os cabelos curtos grudados em seu rosto. Isa abriu os olhos imediatamente e Mona apareceu em seu campo de visão curvada sobre ela.

— Você está bem? — A garota dos cabelos cacheados presos em rabo de cavalo estava com as sobrancelhas franzidas, genuinamente preocupada.

— Eu vou ficar bem — Isa suspirou aliviada por ter sido Mona a tocar nela. Era inevitável que sua mente não fosse levada a acreditar que o Azar estava próximo o todo tempo.

Mona se sentou perto da cabeça de Isa e puxou uma almofada para o seu colo cobrindo suas coxas nuas. A garota Albani voltou a fechar seus olhos. Se sentia fraca. Pensou em se levantar e procurar algo para comer. "Pedir comida para que fosse entregue em sua casa seria mais fácil", ela pensou. 

Seus pensamentos foram interrompidos pelas vozes vindas de algum ponto atrás do sofá em que estava deitada, o que só podia significar que estavam a alguns metros de distância na cozinha. Reconheceu que eram Ariana e Valquíria discutindo algo que ela não conseguia entender de onde estava. Isa levantou seu corpo o suficiente para que pudesse enxergar a cozinha por cima do encosto do sofá. 

— O que vocês estão fazendo? — Ela perguntou sem enxergar nenhuma das duas meninas.

Valquíria e Ariana se levantaram ao mesmo tempo de trás da bancada da cozinha, aparecendo no campo de visão de Isa. 

— Limpando a sua bagunça — Ariana respondeu como se fosse a resposta óbvia para a pergunta.

— Vocês não precisavam fazer isso — Isa estava envergonhada por aquilo. Havia derrubado o café e a xícara tinha se espatifado.

— Não foi nenhum esforço — Valquíria sacudiu a mão no ar e sorriu.

Ariana girou a cabeça na direção da garota loira que, surpreendentemente, estava com um sorriso simpático nos lábios, e expressou incredulidade. Isa ergueu as sobrancelhas prevendo que não sairia algo bom daquilo.

— Você está brincando, né? — Os olhos de Ariana estavam semicerrados esperando pela resposta.

— O quê?! — Valquíria interpretou o papel de garota inocente que claramente não era.

— Eu limpei tudo sozinha, Valquíria! 

— Não é verdade. Eu borrifei... Essa coisa — Ela levantou o frasco borrifador e o chacoalhou no ar. 

— Inacreditável... — Ariana recomeçou a discussão.

Isa se jogou novamente no sofá ignorando mais uma discussão entre Valquíria e Ariana. Sabia que duraria por mais tempo e não se desgastaria com aquilo. Buscou entre suas memórias alguma história que explicasse a briga incessante entre as garotas Castro e Venturi. Não se lembrou de nada que não fosse óbvio: Nenhum dos clãs realmente se davam bem. O que acontecia entre as duas deveria ser só incompatibilidade de personalidades com uma pitada da velha história das bruxas antigas de Belalís.

— Eu aposto que elas vão se pegar em algum momento — Mona, que havia se levantado para enxergar as outras garotas da cozinha assim como Isa, se sentou de volta no sofá se esparramando no assento.

— Eu quero estar longe quando essa briga acontecer.

— Não desse jeito, Isa...

Ela girou a cabeça para cima e encontrou Mona com a expressão de que havia falado algo que ela deveria ter entendido de primeira. Aos poucos, o semblante no rosto de Isa mudou, se iluminando ao entender sobre o que Mona se referia.

— Você acha que elas...? — Isa estava com os olhos arregalados. Isso talvez fizesse mais sentido do que sua teoria de incompatibilidade de personalidades. Mona apenas sorriu maliciosamente e acenou com a cabeça positivamente – Definitivamente aquilo entre as duas era tensão sexual.

Isa riu alto. Quais eram as probabilidades de tudo aquilo ser real? Não era possível que os Deuses não estivessem por trás de toda aquela história, fazendo disso um jogo, movendo peças e rindo de como tudo se desenrolava.

— Do que você está rindo? — Ariana, de cabelos mal amarrados e cheio de fios ruivos soltos, apareceu na sala.

Isa e Mona deram uma rápida olhada uma para outra e sorriram. Era um segredo delas.

— Do quão ridículo foi eu desmaiando no meio da cozinha — Isa mentiu.

Ariana arqueou uma sobrancelha e maneou a cabeça para o lado, nem um pouco convencida da resposta. Podia não ver claramente as intenções das três jovens bruxas, mas podia dizer que elas estavam mentindo. Ela sentou na poltrona verde musgo de frente para onde Mona e Isa estavam sentadas, ainda as encarando. Valquíria veio logo em seguida, agarrou uma almofada e acertou a garota deitada esperando que ela se levantasse e desse um espaço para ela no sofá. Isa olhou ao redor mostrando que haviam outros lugares para se sentar na enorme sala que sua mãe mobiliou como se não pudesse escolher apenas um sofá e algumas poltronas para compor a decoração. Daise simplesmente comprou tudo o que havia a agradado e fez de sua sala o lugar perfeito para reuniões de amigos, que claramente não aconteciam. 

Valquíria a ignorou e a acertou novamente deixando claro que não se importava: Ela queria sentar ali. Isa bufou. Nas atuais circunstâncias, começar uma discussão por algo tão bobo quanto aquilo não valia a pena. Ela se levantou dando espaço para que Valquíria sentasse.

— Então — Valquíria começou ao se sentar do lado de Isa e agarrar uma das mãos dela —, o que vamos fazer sobre o King?

Isa olhou para mão de Valquíria sobre a sua, olhou para ela que agia como se nada estivesse acontecendo e dirigiu seu olhar para as outras garotas esperando que alguém notasse. Não foi Mona ou Ariana quem Isa encontrou olhando para a causa de sua estranheza. O Azar estava escorado na parede atrás de Ariana, bem de frente para ela. Aquilo a fez estremecer. Podia passar o tempo que fosse, quando o ser misterioso aparecia de repente e tão próximo de outras pessoas, Isa sentia seu corpo estremecer.

— Os grupos do colégio só falam sobre King — Mona se lembrou de seu celular explodindo de notificações. 

Suas redes sociais normalmente só serviam para três coisas: Bisbilhotar a vida de pessoas famosas que nem sabiam de sua existência; postar alguma foto vez ou outra quando estava para baixo e receber comentários sobre como era bonita e fazer seu ego feliz novamente; ter seus pequenos flertes que, na maioria das vezes não resultava em nada, mas outras a levava a festas com pessoas estranhas e que não era de conhecimento de todos. Mas de uma hora para outra, passou a ser uma das pessoas mais populares de São Basco e aquilo a incomodava: Quantas coisas poderiam surgir sobre ela e sua vidinha secreta?

— E de nós — Valquíria acrescentou.

— Não vai demorar até que comecem a desconfiar da gente — Ariana tinha grandes motivos para ficar preocupada com isso. Leona foi embora de Belalís por causa da desconfiança dos cidadãos da cidade sobre algo que ela não era culpada e havia sido banida antes que tudo aquilo se tornasse uma tragédia maior. Depois deixou seu marido, pai de Ariana, porque viver com um homem como aquele era perigoso e instável, e era tudo que não queria para a filha. Ariana não conseguia imaginar tudo pelo que sua mãe passaria quando as peças do quebra-cabeça sobre o desaparecimento de King fosse montado e ela estivesse bem no centro dele. 

— Eu tenho a saída... — Valquíria deixou no ar. Não precisava se explicar: Todas sabiam ao que ela se referia e pela primeira vez o grupo ficou em silêncio sobre o assunto.

Isa olhava para suas pernas, pensativa. Àquela altura, já havia esquecido da mão de Valquíria sobre a sua. Ela balançou a cabeça, suspirou e manteve seu olhar fixo para baixo para que não olhasse diretamente para o Azar. Não podia encarar ele quando desse a resposta em que estava em sua mente. Sabia que, no mesmo instante em que falasse, o ser alto do outro lado da sala começaria a pensar em todas as formas de fazer o plano em que Isa estava metida dar errado. 

— Eu acho que devemos seguir a ideia da Valquíria — Ela disse de uma vez. 

— Eu também — Mona respondeu em seguida. — Não posso ter mais uma coisa dando errado pra mim. 

— Ariana? — Valquíria direcionou sua atenção para a garota Venturi sentada do outro lado na poltrona. Preferia que a votação fosse unânime, assim elas estariam ligadas para sempre pelos dois grandes segredos: Que tinham causado a morte de King e o ressuscitado depois.

Ariana engoliu em seco e apenas pensou em sua mãe. Ressuscitar King com certeza era uma péssima coisa a se fazer e mal conseguia prever as consequências desastrosas que isso traria. Ela balançou a cabeça e concordou com o plano. 

— Ótimo! — Valquíria se levantou. 

— Onde você vai? — Ariana girou seu corpo para acompanhar com o olhar Valquíria caminhando em direção a porta.

— Pegar um dos itens do nosso feitiço!

A última coisa que viram foi os cabelos loiros sumirem porta afora sem dar mais explicações sobre o que estava acontecendo.

— Ela trouxe as coisas? — Isa balançou a cabeça tentando colocar tudo lá dentro em ordem. "Valquíria já tinha tudo planejado e ajeitado para o feitiço desde quando?", ela pensou.

Mona deu de ombros. Ela havia ajudado Valquíria com um pequeno baú que colocaram do porta malas do carro de Ariana. Agora estava explicada a utilidade dele.

Isa soltou um pequeno riso pelo nariz. Valquíria ela era louca e não tinha certeza se isso era algo ruim. Percebeu que estava bem, finalmente. Esquecendo de evitar o Azar, o encarou até que o sorriso desaparecesse de seus lábios. Ele tinha a cabeça maneada para o lado e os olhos menores do que o normal, como se estivesse muito longe em seus pensamentos, imerso em algo e sem se importar em importunar sua vítima. Isa sentiu algo em seu peito retorcer. 

A reação do ser misterioso era nova e ela não tinha a menor ideia do que aquilo significava.

Continue Reading

You'll Also Like

18.9M 1.1M 158
Foi no morro aonde tudo começou, aonde eu descobrir o amor e a dor, que eu descobrir que as pessoas que amamos podem nos dar o mundo, pra depois dest...
28.8K 3K 41
Harry é um adolescente impulsivo e cheio de segredos, que aprontará bastante com o coração e com o corpo dos dois maiores rivais do seu colégio.
23.9M 1.4M 75
Maya Ferreira mora na California e tem a vida simples de uma adolescente de 17 anos sem emoção nenhuma, até que uma fofoca que mais parecia irrelevan...
179K 6.8K 47
sn é uma menina de poucas condições,sua mãe morreu sn tinha 5 anos,ela ficou com seu pai que também acabou partindo, então foi morar com uma tia, che...