caring only kills love

By hesunfIower

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(ABO) Louis precisa de filhotes. Ele sonha em ser mãe e está ficando sem tempo. Seus 26 anos estão se aproxi... More

Informações.
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Capítulo 1: Have You Ever Seen The Rain?

— Então, qual é a sua grande ideia? — Zayn perguntou, tomando um gole de sua margarita. Louis o ligou no meio da noite, soando agitado e muito impaciente, dizendo que havia descoberto como resolver seus problemas e realizar seu sonho. Zayn tentou mostrar animação pelo amigo, mas estava literalmente dormindo antes de seu celular tocar inúmeras vezes. Ele não entendeu que Louis estava indo até seu andar, com bebidas e pizzas, até sua campainha estremecer seu apartamento e o despertar novamente de seu sono profundo.

Zayn pode ter realmente cogitado a possibilidade de deixar Louis na porta de seu apartamento, esquecido no corredor junto ao elevador, mas não conseguiu ser tão malvado assim com seu melhor amigo. Mesmo que aquele ômega irritante tenha o impedido de dormir como queria naquela noite.

Agora os dois estavam sentados no chão da sala, com duas caixas de pizza de pepperoni abertas, música ambiente tocando e drinks sendo feitos compulsivamente por Louis. Ele estava extremamente inquieto. Zayn não estava aguentando mais. Estava perto de amanhecer e Louis apenas enrolou a noite inteira, jamais dizendo o que havia pensado. Ele estava simplesmente se enchendo de álcool – o que definitivamente acabaria com todo o seu humor e sua vontade de existir quando precisasse ir para o trabalho mais tarde – e falando coisas incoerentes. Contando histórias que Zayn já sabia e agindo como se eles estivessem tendo alguma comemoração inusitada.

— Me conta agora ou eu vou dormir, Louis!

Louis tremeu, abaixando a cabeça. Ele estava se sentindo inseguro e muito confuso. Queria que Zayn tivesse paciência, afinal, aquele poderia ser o conserto para toda insatisfação com sua própria vida. Ou o que tornaria tudo ainda mais fodido.

— Eu... Eu acho que vou entrar em contato com os meus ex-alfas e escolher um deles para... — Louis engoliu em seco, encarando os olhos nebulosos de seu melhor amigo. — Você sabe, me engravidar.

— O quê?! — O alfa chiou.

— Zayn! — Louis choramingou, reprovando a força e intensidade usadas na voz de Zayn.

— Você não pode estar falando sério, ômega!

— É sério, não é tão ruim assim. Eu já conheço eles, tenho certa confiança em suas intenções. Sei que posso conseguir transar com eles sem me sentir mal depois. E se der certo, posso engravidar!

— Isso é ridículo, Louis! Como você vai revirar todo o seu passado, então escolher um alfa e se humilhar pedindo para que ele te encha de filhotes em uma transa completamente aleatória, sem nem estar no seu cio?! Ou pior, você planeja passar um cio inteiro com um alfa que você já teve sentimentos, mas claramente não deram certo! O que você está pensando, ômega?! Isso não é bom.

Louis não conseguiu segurar suas lágrimas quando elas escorreram por seu rosto pálido. Ele estava apenas cansado, honestamente. Não aguentava mais procurar pelo alfa certo. Não aguentava mais se sentir solitário e um ômega ruim. Nenhum de seus relacionamentos deram certo, Zayn tinha razão. Em algum momento, o alfa simplesmente enjoava de Louis. De seu corpo e de sua personalidade complicada. Era sempre o mesmo, Louis era muito complicado para eles. Ele terminou várias relações também, não sentindo que valia a pena continuar naquilo, não o levaria a lugar algum. Nunca era o alfa certo, no tempo certo. E Louis estava cansado de perseguir o amor como um maníaco. Era exaustivo e decepcionante. Ele havia desistido.

— Não chore, ômega. — Zayn sussurrou, se aproximando do menor. — Me desculpe. Você sabe que é como meu irmão mais novo, não consigo controlar minha preocupação com você.

Louis chiou. Ainda chateado.

— Me desculpa, por favor. — Louis se encolheu nos braços de Zayn. — Você me desculpa? — Ele assentiu, resmungando algumas sílabas desconexas. — Então pare de chorar, ômega. Vamos ficar bem. Me desculpa por me exaltar, eu fui pego de surpresa. Não vai acontecer de novo, foi sem querer, ok?

— Ok. — Louis cochichou, esfregando seus cabelos no peito quente de Zayn. — Eu quero fazer isso, Z. Eu preciso, tudo bem? É a minha chance, eu estou ficando sem esperança e estou me sentindo deprimido nos últimos meses. Eu tenho você e a vovó, tenho Liam também, mas eu me sinto sozinho, Z. Muito sozinho. Quero meus filhotes. Preciso deles. E não posso mais esperar por um alfa para isso. Não vou aguentar esperar por mais tempo... Eu estou com medo, Zayn. Não sei até que nível de tristeza e solidão eu posso suportar como ômega.

Zayn acariciou seus cabelos.

— Tudo bem, Louis. Eu vou ajudar você.

Louis ronronou, satisfeito.

— Obrigado, alfa.

— Mas agora vamos descansar, porque mais tarde você trabalha e eu também. Depois vamos nos encontrar aqui, e você me conta tudo. Vamos fazer isso juntos, assim eu fico mais tranquilo. Você não está sozinho, mas eu entendo que se sinta assim, sem um parceiro e uma família na sua idade. É normal que ômegas fiquem depressivos por esse motivo, você não é ruim por isso, tudo bem?

— Tudo bem. — Louis sorriu, limpando uma lágrima de alívio que salgou seu rosto cansado.

Zayn segurou Louis no colo, levando-o até sua cama. Deitou o amigo no lado direito e caminho até o lado esquerdo; deitando também. Agradecendo mentalmente por Liam não estar naquele dia, ou as coisas estariam muito mais intensas. Liam quase tratava Louis como um filhote, ele surtaria muito com aquilo. Seria bom se Zayn falasse com ele primeiro, antes de Louis. Assim Liam teria tempo para surtar, antes de se tornar totalmente compreensível com os sentimentos de Louis.

Zayn cobriu seus corpos com o mesmo cobertor grosso e felpudo, antes que Louis reclamasse do frio do amanhecer. Eles adormeceram rapidamente, com o sol batendo na janela e pedindo para entrar. Zayn não abriu dessa vez. Preferindo o escuro, ainda dominante, presente no seu quarto.

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— Ele está mesmo mal, ômega. — Zayn afirmou, tristemente. — Você tinha razão, eu não estava querendo enxergar o que Louis anda sentindo, mas é verdade, ele está solitário e triste.

— Não se culpe, alfa. — Liam respondeu, segurando a mão de seu parceiro. — Louis esconde bem. Eu sei, porque sou um ômega e sinto as coisas com mais facilidade, minha sensibilidade me alertou que algo estava errado com nosso amigo. O importante agora é que ele se abriu com você. Disse como se sentia e o que gostaria de fazer. E Zayn, eu entendo sua proteção com ele, e sinto o mesmo, mas precisamos apoia-lo nisso. Não interessa o que achamos, ele precisa de nós. Vamos estar lá se ele ficar grávido ou ainda mais triste se não der certo, okay?

Zayn sorriu, apreciando a delicadeza de seu parceiro. Quer dizer, Liam pode ter quebrado alguns vasos de plantas e gritado bastante, cuspindo indagações e várias questões sobre a sanidade de Louis, mas depois de longos 30 minutos, ele sentou-se no sofá de casa, suspirando. Então ficou em silêncio, pensativo e reflexivo. Analisando o que possivelmente estava acontecendo com seu melhor amigo e caçando o motivo daquela tão desesperada ideia. Liam entendia e provavelmente também sentiria medo no lugar de Louis, principalmente se andasse se sentindo tão mal quanto Louis aparentava se sentir. Foi quando seu coração se conectou com a ideia de Louis, e Liam prometeu para si mesmo que ajudaria.

— Você é tão bom, ômega.

Liam sorriu quando Zayn o beijou.

Eles estavam atados há 6 anos. Ainda não tinham filhotes porque Liam estava ocupado demais com seu ateliê. E Zayn estava guardando dinheiro para conseguir sustentar sua família como queria. Eles tinham paciência e se amavam. Apesar de, em todos os cios, Liam implorar por filhotes, Zayn sabia que não era o que seu ômega queria. O instinto primitivo deles poderia tornar toda aquela espera mais difícil e, até, dolorosa. Mas era por uma boa causa. Eles queriam esperar até se sentirem realmente prontos para dedicar suas vidas a seus filhotes.

Liam não pode negar que, assim que se ligou a Zayn, quis logo filhotes. Mas Louis parecia deprimido o bastante com o fim de seu último relacionamento para aguentar seus melhores amigos realizando todos os seus sonhos em seu lugar. O ômega não precisou dizer nada, mas Liam sabia. Vê-los casando e se amando, Louis sentia uma felicidade absurda com aquilo, mas também tristeza, porque achava que jamais encontraria algo assim para si. Se Liam tivesse filhotes, Louis seria o melhor tio de todos, encheria seus afilhados de presentes e muito amor, mas estaria vazio por dentro, porque também gostaria de ter uma família e muitos filhotes.

Liam não encarava aquilo como egoísmo, e sim um ômega com o coração partido e uma alma sem esperança. Liam tinha certeza que se sentiria da mesma forma se estivesse no lugar de Louis. Na verdade, ele achava que seria bem pior. Porque seria invejoso e maldoso. Cuspindo sua dor na felicidade de seus amigos. Louis jamais fez isso. Nunca deixou transparecer que sentia seu peito arder. Nunca disse sentir dor. Nunca fez nenhum momento ser sobre ele e sua triste vida. Ele sempre colocou um sorriso no rosto, vestiu uma alegria superficial e agiu como se não pudesse estar melhor.

Liam apenas descobriu que as coisas não eram bem assim quando percebeu que Louis estava passando todos os seus cios sem um alfa ao seu lado. Com uma dor nada agradável e uma solidão insuportável. Então o ômega começou a olhar para Louis de uma forma diferente, procurando por mais do que Louis mostrava. Seus sorrisos pareciam falsos agora, suas risadas vazias e seu rosto sempre exausto. Louis estava trabalhando muito no bar e sempre cuidando de sua vó, ele se enchia de ocupações para não pensar no quão miserável se sentia.

Louis não estava feliz com sua vida. E isso tudo porque não se enxergava como um ômega suficiente para algum alfa que pudesse se interessar. Muitos flertavam com ele no bar onde trabalhava, mas Louis já não gostava de flertes. Ele queria ser propriamente cortejado. Ele queria primeiros encontros mágicos e amores verdadeiros.

Louis estava cansado de se doar para quem não queria o mesmo que ele. Todas as suas relações pareciam sem fundamento. Enquanto Louis buscava por um parceiro para formar uma família, os alfas que se envolvia procuravam por um ômega para se satisfazer. Louis não queria mais ser só isso. Ele sabia que muito de um relacionamento entre meia-raças era o cio e o rut. Mas Louis não queria mais só essa parte. Ele queria um laço. Um parceiro. Filhotes. Uma família grande e linda.

Louis havia aceitado que não conquistaria aquilo, no entanto. Ele estava cansado de esperar por isso. Louis queria montar sua família mesmo assim, sem depender de um alfa para isso. Ele poderia ter filhotes e cria-los estando sozinho. Louis era bom com crianças, o melhor. Ele sabia cuidar muito bem, afinal cuidava de sua avó desde adolescente.

Foi quando pensou em colocar aquilo em prática; não aguardar por um alfa para poder ter filhotes, mas tê-los sem estar atado. Seria difícil e cansativo, Louis teria que aguentar bem toda a pressão e o trabalho. Mas teria Liam, Zayn e sua avó para ajuda-lo quando precisasse. Louis podia fazer aquilo.

Mas ele também não queria fazer algo assim com um alfa qualquer, que não conhecia nem um pouco e não sabia o mínimo sobre seus genes. Assim ele acreditou que entrar em contato com seus ex-alfas pudesse funcionar. Apesar do tempo, Louis conhecia eles. Na maior parte, foram relacionamentos longos. Louis sabia os pontos positivos e negativos de todos. E somente colocaria na lista, os melhores.

Louis esperava que aquilo desse certo. Era a sua última esperança. Apenas com a ideia de ter um filhote, o mundo parecia mais colorido, e o sol mais brilhante. As ruas pareciam mais iluminadas e os dias mais suportáveis. A vida não parecia tão sem sentido quando Louis pensava em engravidar e carregar dentro de si seu maior amor. Segurar em seus braços a razão para continuar vivendo e não desistir de alcançar a felicidade que merecia.

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— Você pensa em ligar e falar o que? — Zayn indagou, bebendo uma cerveja. — Olá, poderia me engravidar, por favor? Ou Boa noite, uma noite por seus espermatozoides? Ou Oi, entregam bebês?

— Zayn! — Louis bufou.

— Amor, pegue leve com ele. — Liam pediu.

— Estou falando sério! Me coloco no lugar desses alfas e nunca concordaria em participar disso.

— Eles não precisam saber... — Louis disse.

— O quê?! — Liam exclamou. — Você não pensa em contar para eles? Só dormir com um deles e torcer para engravidar? — Ele estava em choque.

— Bem, não sei.

— Isso é inadmissível, Louis. — Zayn pontuou.

— Para vocês é fácil, ok? Vocês tem um ao outro e estão atados e tem planos e sonhos pela frente. Eu não tenho nada! Só sou eu. Sem nenhuma perspectiva de um futuro melhor, com um parceiro decente e vários filhotes! Não consigo ter expectativas mais altas que essas que estou dizendo, pelo amor de Deus, eu trabalho em um bar! Metade do meu dinheiro vai para minha avó, e o resto eu mal consigo bancar meu apartamento e as contas do mês. É isso para mim. Esse é o meu auge, ter a porra de uma noite de sexo casual e torcer por um filhote. Porque não tenho outra maneira, e estou ficando velho e deprimido cada vez mais.

Aquilo era algo sério. Ômegas eram feitos para procriar. Estava no instinto deles. No DNA que corria por seus sangues; eles precisavam ter filhotes. Se ficassem sozinhos, sem um laço ou filhotes, acabavam por morrer cedo demais. A taxa de depressão e suicídio, além de muitos adoecerem sem uma família, em ômegas eram altas. A questão era que tinham muitos ômegas para poucos alfas. Nem sempre foi assim, no entanto. Em certo momento, no início para o meio da seleção natural entre humanos e lobos, ômegas eram raros. Tão raros que alfas precisavam tentar se satisfazer com betas e, até mesmo, em casos extremos, com outros alfas.

Depois de bastante tempo, 5 séculos, os ômegas começaram a aumentar rapidamente e sem controle algum. Por isso, atualmente, existiam muitos ômegas e poucos alfas. Não era uma quantidade baixa de alfas, existiam muitos, mas comparado ao número crescente de ômegas acabava sendo considerado pouco. Então os ômegas começaram a ser frágeis e pouco resistentes, pegavam doenças com facilidade e costumavam não suportar os invernos mais rigorosos. Apesar da evolução os fortalecer a cada geração, eles continuavam precisando de um parceiro ou de filhotes, senão morreriam bem mais cedo do que deviam.

Por isso o desespero de Louis. Seu interior implorava por uma salvação. Seu interior implorava por um filhote. A tristeza profunda, que começava a sentir, era como um aviso para Louis procurar por uma saída menos cruel e fatal que a morte. O vazio que sentia perfurar sua alma, precisava ser preenchido, ou tornaria o ômega completamente oco por dentro. Então Louis lentamente definharia, sua essência se apagaria e ele não poderia mais ser salvo. Seu fim seria como o de milhares de outros ômegas; que morreram totalmente sozinhos, sem conseguir sair da cama de suas malditas casas para, ao menos, se alimentar e se hidratar.

Então engravidar, além de ser um grande sonho para Louis, era realmente uma necessidade de sua espécie. Ômegas precisavam criar suas raizes para conseguir suportar uma longa vida. Se não tivessem uma forte base presa ao chão, se partiriam como as árvores em noites chuvosas, cobertas por raios e trovões, ou cairiam inevitavelmente como suas folhas no meio de uma intensa ventania.

Era triste e sufocante, e todos esperavam que, em algum momento, ômegas não dependessem de um laço ou da procriação com tanto ardor. Era literalmente um peso que, assim que nasciam, sentiam no corpo. A finalidade de sua existência era gerar vidas. E ao mesmo tempo que sentiam-se honrados por isso, afinal, eram os únicos que podiam trazer filhotes ao mundo – betas também conseguiam às vezes, mas ainda era algo muito raro de acontecer. Também sentiam-se pressionados. Com 20 anos, ômegas já deveriam estar estáveis em um lar com um parceiro e vários filhotes, no mínimo. Isso os garantiria uma vida próspera.

Ômegas precisavam começar cedo – antes que fosse tarde demais – enquanto alfas não se preocupavam com o tempo. Muitos nem mesmo conseguiam uma formação ou, pelo menos, concluir o ensino médio. A maioria, guiados cegamento por suas famílias – claramente preocupadas com sua vida –, deixava a escola assim que tinham o primeiro cio. E seu objetivo passava a ser encontrar um alfa para si. Louis tentou muito, namorou com 8 alfas em toda a sua vida. Aceitando migalhas em troca de um pouco de esperança. Nenhum alfa quis marca-lo, por fim. Então Louis não enxergava valor em si mesmo. Sua esperança havia se esvaído por completo.

Era apenas muito, e todos concordavam com isso. Ômegas mereciam paz e tranquilidade. Eram criaturas delicadas, sensíveis e boas. Que precisam de um ambiente gentil, calmo e feliz. Estar em contato com extremo nervosismo e estresse fazia mal para eles, mas tais sentimentos desagradáveis estavam sempre entrelaçados à suas vidas. Era como uma condição que os ômegas estavam sujeitos. E a única coisa que os outros podiam fazer era dizer "aguente firme!" e realmente torcer por isso.

Ao menos, a ciência atual trabalhava loucamente para encontrar uma forma de amenizar esses dados inaceitáveis. Não fazia bem para nenhum meia-raça o que acontecia com os ômegas. O fato dos noticiários estarem cobertos por suas mortes não era mais ignorado. Todos estavam esgotados com tamanha crueldade da natureza. Dessa vez, a lei natural não parecia justa e inevitável. Os pesquisadores estavam se esforçando bastante para encontrar um meio de previnir todas essas tristes e constantes perdas de ômegas.

— Desculpa, Louis. — Liam sussurrou.

— Foi mal. — Zayn coçou a nuca.

— Tudo bem, eu só preciso que vocês me ajudem. Não sejam sarcásticos e maldosos, eu quero vocês do meu lado, mas se vocês não me apoiarem, eu vou fazer isso sozinho. — Louis revelou.

— Como eu disse antes, estamos juntos nessa.

Louis assentiu, tentando se acalmar.

— Você já tem a lista com os alfas? — Liam perguntou, curioso sobre as escolhas de Louis. Quer dizer, o ômega conhecia todos os namorados de Louis. Eles eram amigos desde o primeiro alfa que Louis se envolveu mais profundamente. Zayn também. Por isso suas opiniões e palpites valiam. Eles os conheciam também. — Me mostra!

— Tudo bem, ainda não está completa, nem certa. Alguns podem sair e outros podem entrar.

Louis tirou seu caderninho do bolso, sempre andava com ele para todos os lugares. Não gostava de esquecer de nada, mas sua memória era horrível. Então anotava tudo que precisava lembrar no pequeno caderno que guardava no bolso. Escrevendo o que precisava fazer durante a semana.

— Aqui está... — Louis disse, estendendo o caderno aberto em uma folha com cinco nomes.

— Só cinco? — Zayn questionou.

— É um rascunho. — Louis respondeu.

— Ok, vamos lá! Vou ler os nomes, um de cada vez, então debatemos sobre eles. — Liam soou muito animado. — O primeiro: Sam Claflin.

— Sam era caseiro e sensível. Um alfa bondoso, em geral. Mas com não tinha senso de humor e não era protetor. Meio bobo. — Louis comentou.

— Bobo demais! — Zayn enfatizou. — Esse alfa era muito lerdo. Não entendia piadas ou comentários divertidos. Além de ser muito monótono, não tinha um pingo de aventura no corpo.

— É verdade... — Louis concordou.

— Ainda é uma opção. Não acho que devemos descarta-lo. Ele não vai estar presente na criação do filhote, então não vamos precisar lidar com ele. E o Sam é muito lindo, genética boa! — Liam rebateu.

— Bom ponto. — Louis ponderou.

— Ok, vamos para o próximo. — Zayn pegou o caderninho das mãos de Liam, passando os olhos pela folha e lendo. — Dylan O'Brien.

— Ele também é lindo. E eu lembro que ele era bem inteligente, tipo, realmente esperto e rápido.

— Um tanto insensível. — Louis sussurrou.

— Nossa, tem razão! — Liam bateu com a mão na sua testa. — Chamávamos ele de robô. Viciado no trabalho, muito desorganizado com a vida pessoal. Dylan acabaria por te engravidar mesmo se você não quisesse, era super descuidado. Lembro que você terminou uns três cios em pânico, Louis!

Louis assentiu, antes de dizer:

— Eu entendo que vocês estejam buscando pontos positivos, mas todos eles vão ter pontos negativos também. Se a gente continuar nesse ritmo, não vai sobrar nenhum alfa para me dar um filhote.

Zayn acariciou seu ombro.

— Vamos ser menos exigentes, então.

Liam pensou em dizer não, que não seria menos exigente porque Louis merecia muito. Louis merecia o melhor do mundo e dos alfas. Mas isso apenas deixaria o ômega triste e chateado. Afinal, Louis já havia se envolvido com todos aqueles alfas.

— Tudo bem, vou ser mais sutil.

— O próximo é o Matthew Gray. — Zayn avisou.

— Deus, eu gostei tanto dele. — Louis falou.

— A gente nem tanto. — Liam chiou. — Ele era um alfa muito ciumento e grudento, queria estar com você todos os dias, todas as horas... Ele mal deixava você sair com a gente. Matt queria você só para ele. Era um pouco controlador e obcecado demais. Não acho uma boa entrar em contato com ele de novo. Lembro que quando você terminou, o pobre alfa passou semanas no nosso prédio e deixou tantas cestas com suas comidas favoritas na portaria. Ele chegou a cantar uma serenata para você, mas você estava passando a semana na casa da sua vó!

— Vocês gravaram o coitado cantando e sendo completamente ignorado por mim, nem para avisar que eu não estava em casa naquele dia!

— Por que faríamos isso?! — Zayn perguntou.

— Eu concordo com Liam, vou riscar ele da lista agora. Não vai ser uma boa entrar em contato depois de anos. Matt pode não saber lidar. — Louis informou, soando decidido. Ele pegou o caderno da mão de Zayn e uma caneta na sua bolsa, antes de riscar o nome Matthew Gray da lista.

— O 4° nome é Jesse Williams, o deus grego!
— Liam exclamou. — Esse alfa era a porra de uma estátua, sério! Tão, mas tão bonito e gostoso.

— Liam. — Zayn rosnou, ciumento.

— Me desculpe, alfa, mas ele era perfeito!

Zayn virou sua cerveja. Liam podia ser receptivo demais com outros alfas. Não era errado de sua parte, mas Zayn era realmente ciumento e ver seu ômega falando sobre outros alfas de uma forma tão positiva o deixava um pouco incomodado e triste. Liam dizia que, apesar de estar atado, não era cego e podia achar outros alfas bonitos, isso não interferia no seu amor. Zayn entendia essa parte, mas se falasse sobre algum ômega, Liam ficaria sem falar com ele por dias seguidos. Então Zayn não comentava sobre a beleza de outros ômegas, para poupar Liam de estresse, ele esperava que Liam fizesse o mesmo por ele, mas não aconteceu.

— Bem, um pouco controlador também. Nunca chegou a me desrespeitar, mas ele era estressado e sempre tínhamos que fazer o que ele queria. Lembro que a gente discutia muito. Mas Jesse era intenso nos dois extremos, o tanto que se chateava comigo, também me adorava. Era 8 ou 80 com ele.

— Você passaria um noite com ele? — Zayn questionou. — Se sentiria seguro e confortável?

Louis nem precisou pensar.

— Sim. Jesse me tratava muito bem nos cios. E ele era extremamente carinhoso e cuidadoso. Um alfa bom. Ele só era muito regrado, tinha hora para comer e acordar, se exercitar... E eu precisava ter a mesma rotina que ele, ou brigaríamos por isso.

— Ainda bem que você não é assim, Zayn.

— Claro que não, eu sou perfeito.

— Então recapitulando, até agora temos Sam, Dylan e Jesse na lista. Eles estão dentro, certo?

— Isso. — Zayn respondeu. — Estão.

— Ok! — Liam suspirou. — Vamos para o último, mas não menos importante... Harry Styles!

Louis ficou incrivelmente quieto.

— Para mim, ele é o melhor candidato. — Zayn informou. — Posso ter minhas diferenças com o cara, mas ele foi o melhor alfa que você se envolveu.

Louis continuou em silêncio. Liam o observou.

— Talvez Harry carregue bagagem demais. — Liam sugeriu. — Quer dizer, ele foi seu primeiro amor, Louis. O primeiro alfa que você namorou, o primeiro que te ajudou no seu cio. Acho que Harry possa ser muito para o que você quer.

Louis assentiu, um pouco sentido.

— Harry foi o único alfa que eu pedi para me marcar. Eu queria ser atado a ele. Eu queria ter os filhotes dele. Eu queria ser o ômega dele. Mas ele não estava pronto. Era cedo demais, foi o que Harry disse. Éramos apenas adolescentes e ele queria viajar o mundo. Eu lembro de perguntar se ele não acharia divertido ter uma companhia nas viagens. Harry disse que não. Que não queria se atar a ômega algum com 17 anos. Queria estudar, se formar. Estabelecer uma vida para si mesmo, antes de pensar em construir uma família. Harry tinha razão, hoje eu entendo o que ele queria dizer, mas ele partiu meu coração. — Louis contou, sensível.

Liam colocou seu braço em volta de Louis, fazendo carinho no amigo que parecia magoado.

— Vamos cortar Harry da lista, muitos sentimentos envolvidos a ele. — Liam finalizou.

— Eu não concordo. — Zayn os encarou. — Sim, ele foi um alfa que mexeu muito com Louis. Mas ele também foi o alfa que Louis mais amou e confiou. E você não quer reatar o namoro ou pedir por mais uma chance, você quer uma noite de sexo casual e só. Nenhum alfa vai saber do filhote, se Louis ficar grávido. Então Harry, se escolheremos ele, também não vai saber. Mas, honestamente, ele é o alfa que eu fico mais tranquilo em deixar dormir com você, Louis. Harry era um rapaz bom, podia ter muitos sonhos e ser extremamente aventureiro, lembro que nos arrastou para várias caminhadas, acampamentos e cachoeiras... Mas ele cuidava de Louis. Ele se importava com Louis. Então, se vamos escolher alguém para engravida-lo, eu acho Harry Styles o melhor alfa para isso. Ele é decente.

— O que você acha, Lou? — Liam estava confuso.

— Zayn está certo. Vamos dar uma chance para Harry.  Nossa história não pode interferir nisso, não tem nada a ver com minha gravidez. E de qualquer forma, vou entrar em contato com todos os 4 alfas, vou marcar um encontro com eles e ir os eliminando ou os escolhendo dessa jeito. Talvez até comente sobre minha ideia de engravidar, não sei se quero deixar isso em segredo. Parece errado. Posso sair com eles, ir conversando e os conhecendo mais um pouco, como eles estão hoje, então os que eu mais gostar, vou tentar explicar o que eu quero.

— Acho melhor você contar também. — Liam disse.

— Vão ser apenas esses 4? — Zayn perguntou.

— Por enquanto, sim. Mas se nenhum deles funcionar, vamos procurar por outros.

— Sam, Dylan, Jesse e Harry. — Liam repetiu, rindo. — Que a sorte esteja sempre a seu favor!

— Amor, não. — Zayn o repreendeu.

— Está tudo bem, Z. — Louis o tranquilizou.

— Quando você vai ligar para eles?

— Na semana que vem. — Louis explicou. — Eu pedi para meu chefe as minhas férias acumuladas, vou ficar um mês inteiro livre. Vou usar esse tempo para me dedicar a isso: ligações, flertes, encontros, sexo e filhotes. Eu só... Eu só espero que dê certo.

— Vai dar, Louis. — Zayn afirmou.

— Agora não, mas ele vai logo, logo! — Liam disse, gargalhando. — Não é, seu safadinho?!

Zayn e Louis se entreolharam, revirando os olhos, mas não conseguindo manter o riso guardado. Liam era apenas tão sem noção que chegava a ser engraçado. Embora tivesse seus momentos de seriedade e preocupação, vivia no mundo da lua no resto do tempo. Sua mente era, sem sombra de dúvidas, um lugar muito peculiar.

::

— Como a senhora está, vovó? — Louis perguntou, sentando no sofá ao lado de sua poltrona.

Ele a visitava diariamente. Fazia as suas refeições. Limpava sua casa semanalmente. Louis pediu muitas vezes para sua vó, Jane, morar com ele em seu apartamento. Mas a ômega era extremamente apegada à sua casa. Ela dizia que vivia com suas memórias e jamais conseguiria deixa-las para trás. Louis entendia sua vó e respeitava sua necessidade de morar na casa que formou sua família. E experimentou seus melhores momentos.

Seu marido havia morrido junto com seu filho e sua nora em um acidente de carro. Louis estava com Jane em casa, quando receberam a notícia. Todos haviam morrido no local. Louis não tinha mais seus pais. E Jane não tinha mais sua família. Foram meses e anos de profunda dor, eles estavam afundados no luto, mas Jane e Louis acharam força um no outro. Eles se cuidavam desde sempre. Quando Jane foi envelhecendo e já não conseguia cuidar de Louis como costumava, Louis mostrou que não precisava mais de seus cuidados, que já era um ômega forte e que podia se virar sozinho.

— Eu estou velha, querido. E meio surda!

— Vovó! — Louis riu. — Não fale assim.

— O que disse?! — Jane apontou para seu ouvido, como se não tivesse escutado. Louis gargalhou.

— A senhora continua sendo a pessoa mais engraçada que eu conheço. — Louis comentou.

— Claro, você só conhece 4 pessoas, Louis!

— Vovó!

— Estou mentindo, querido?

— Sim, são 5 pessoas, a senhora sabe disso!

Foi a vez de Jane gargalhar.

— E você é o melhor neto desse mundo.

— Porque eu só tenho você. — Louis e Jane disseram ao mesmo tempo. Era uma coisa que sua avó dizia várias vezes, era como uma piada entre eles. E Louis já havia decorado aquilo há muito tempo, sabendo exatamente quando Jane falaria aquilo.

Depois de tomarem o café da tarde, com bolo de cenoura e chá de hortelã, sentaram-se de novo na sala de estar e Louis colocou música no vinil de sua avó. Também era como uma tradição para eles. Ouvir músicas antigas, no vinil velho da família.

— E como você está, filhote?

— Bem. — Louis foi curto.

— Mesmo? — A voz aveludada de sua avó fez Louis sentir um conforto suave e seguro.

— Não, mas eu vou ficar. As coisas vão melhorar logo, vovó, eu prometo. — Louis informou, ansioso.

— Não precisa prometer, querido, eu acredito em você. — Jane segurou sua mão. Levantando da poltrona quando começou a tocar Have You Ever Seen The Rain? do grupo Creedence Clearwater Revival. Sua vó adorava dançar. Louis também. Principalmente se faziam aquilo juntos.

Eles rodopiaram pela sala, dando passos junto à risadas altas e sorrisos gigantes. A música caminhava pela casa, trazendo certa felicidade momentânea, que os dois sempre precisavam e apreciavam. Eles esperavam por aquele exato momento todos os dias da semana, era como uma longa lufada de ar para os dois. Depois de muito tempo prendendo a respiração no peito.

Jane segurou o rosto de Louis com suas duas mãos, enquanto a melodia da música continuava dançando entre eles, seus olhos azuis presos nos olhos azuis de seu neto. Era como olhar para seu filho. Jane beijou suas duas bochechas e disse calmamente:

— Já choveu demais em nossas vidas, Louis, está na hora de você desfrutar o calor do sol.

Notas:

Oi, minhas pedrinhas!

Então, o que acharam do plot? Gostaram? E o primeiro capítulo, vocês gostaram dele?

Foi uma coisa meio resumida, obviamente vou desenvolver mais durante os capítulos.

Harry ainda não apareceu, e ele vai demorar uns 2 capítulos para aparecer, eu acho! Tenham em mente que o Louis vai sair com outros alfas no início. Nada extremamente romântico ou longo. Mas é preciso para a estória que ele tente com os outros!

Louis vai ligar para os alfas, tocar Shout Out To My Ex de Little Mix e desligar. Uma mensagem bem clara e direta. Talvez eles fiquem ofendidos, mas quem se importa?! Louis só quer um bebê.

E sim, os alfas do Louis são crushs meus. Eu queria colocar mais, no entanto, achei 4 um bom número. Pensei que se colocasse mais, ficaria entediante e muito repetitivo. Não quero isso!

Bom, espero que vocês tenham gostado!
Obrigada por lerem. Até o próximo capítulo!
Todo meu amor para vocês, Ela.

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