O Vale dos Anjos - O Torneio...

由 schulai

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A morte tem o poder de separar um amor? Para muitas pessoas, a frase "até que a morte os separe" é a afirmaçã... 更多

#Agradecimentos
#Prefácio
Prólogo - Anúncio
(1) ένα - A morte não é o fim
(2) δύο - Lembranças
(3) τρία - O Julgamento
(4) - τέσσερα - A Última Conversa
(5) - πέντε- A Ameaça
(6) - έξι- As Leis do Novo Mundo
(7) - επτά - Um Cupido Chamado Anne
(8) - οκτώ - O Outro Século XXI
(9) - εννέα - O Torneio dos Céus
(10) - δέκα - O Segredo de Obelisco
(11) - εννέα - Intrusos no Funeral
(12) - δώδεκα - Os Xamãs
(13) - δεκα­τρία - Preparação
Booktrailer do Segundo Arco
Início
(14) - δεκα­τέσσερα - Inscrição
(15) - δεκαπεντε - O Mestre Ramirez
(16) - δεκα­έξι - Subindo o Nível
(17) - δεκα­επτά - O Treinamento para Voar
(18) - δεκα­οκτώ - O Vento que Traz a Tempestade
(19) - δεκα­εννέα - O Natal Solitário
(20) - είκοσι - O Casamento Frustrado
(21) - είκοσι ένα - Fuga
(22) - είκοσι δύο - Duelo entre Pupilos
(23) - είκοσι τρία - A Seleção
(25) - είκοσι πεντε - O Misterioso Elemento do Amor
(26) - είκοσι έξι - Silvester
(27) - είκοσι επτά - O Guerreiro Convencido
(28) - είκοσι οκτώ - Ventos Trágicos
(29) - είκοσι εννέα- O Plano de Koltz
(30) -τριάντα - Surpresas e Frustrações
(31) - τριάντα ένα - O Comunicado
Prenúncio
COMUNICADO PARA O LIVRO 2!
LIVRO 2 SAIUUUUU

(24) - είκοσι τέσσερα - A Cerimônia de Abertura

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由 schulai

Para esse vigésimo quarto capítulo vamos finalmente com uma das músicas que mais queria colocar nesse livro!

Ela é curta então fiquem repetindo!!!


Pela janela de um quarto, o sol brilhante acordou Dimítris na manhã seguinte à da seleção para o Torneio dos Céus. Despertou assustado, ainda com as palavras de Spner de que havia se classificado. Um barulho de passos no chão o fez olhar em direção à porta do quarto. Foi quando percebeu que não estava sozinho. Para alívio, descobriu tratar-se de Anne, que sorriu quando seu olhar encontrou o dela.

— Que bom que você acordou, mocinho. Já estava ficando preocupada! Muitas pessoas querem saber de seu estado.

— Só me lembro do Spner revelando que estava classificado para o torneio. Devo ter desmaiado no instante seguinte...

— Desmaiou sim — respondeu Anne —, porém está certo! Você está classificadíssimo para a disputa, parabéns. Estou tão orgulhosa! Meus dois meninos! Todos ficaram muito felizes com a notícia!

Dimítris sorriu feliz por ter a torcida de algumas pessoas no Paraíso.

— Mas já está sorrindo? Poxa, eu nem te contei o restante.

— Como assim? O que você está querendo dizer?

Dimítris sentou-se sobre a cama, reparando na roupa que vestia. Para sua surpresa, ao invés do jeans e camiseta que sempre usava, vestia agora uma bata azul clara, necessária para aqueles que sofriam internação.

— Olha, só para ter uma ideia, uma pequenina ideia, você ficou aqui por um dia inteiro e mesmo assim, mesmo assim, toda a imprensa ficou como louca atrás de você, já que foi o responsável pelo grande estrondo que ouvimos do lado de fora. Agora ficou famoso, viu!

Dimítris nunca se imaginou famoso. Tal ideia ainda o assustava. Preferia pensar no motivo do seu poder ser diferente dos demais. Isso impediria qualquer reação desnecessária.

Anne pareceu perceber a distração de Dimítris, pois continuou.

— Então nós despistamos a imprensa, mas descobriram o seu nome e divulgaram nos jornais noturnos e no jornal impresso de hoje, dá uma olhada. Você é o assunto do momento.

Dimítris pegou o jornal e para surpresa lá estava ele, desmaiado, carregado por Spner. A manchete dizia:

"Favorito? Rapaz desconhecido causa frisson nos expectadores e já se torna uma das apostas para o Torneio".

— Nossa — disse Dimítris —, mas por que todo esse estardalhaço, só por causa de uma explosão?

Dimítris, eu vi tudo, lembra? Você começou manipulando o vento, mas estava diferente, ele brilhava, aquilo não era normal, tem algo de diferente. O elemento que você manifestou foi diferente de tudo o que eu já vi e posso adiantar que é muito poderoso! Sua demonstração pareceu ter sido a mais impactante!

— Você tem alguma ideia do que isso possa ser?

— Não, só sei que hoje você verá o que é a imprensa do Paraíso.

Dimítris não sabia o que Anne queria dizer, porém no momento seguinte tudo fez sentido. A porta do quarto do hospital se abriu, revelando uma pequena multidão aglomerada no corredor. As pessoas invadiram o quarto, algumas delas conhecidas de Dimítris na Terra, como um professor do seu tempo de garoto e um velho senhor que morava em sua rua. Porém, a presença de pessoas vestindo roupa social, com câmeras e microfones nas mãos fez com que nada além delas tivesse importância. Era a imprensa do Paraíso.

Dimítris, poderia nos conceder algumas palavras? — perguntou um repórter jovem, de cabelos negros e olhos negros. Usava óculos, que provavelmente seria para manter a seriedade da profissão. Dimítris reparou que todos os instrumentos possuíam um selo com um sol, o que mais tarde descobriu se tratar de um carregador movido à energia solar. Nenhum dos equipamentos possuía fios, o que também chamava atenção. Ele mexeu a cabeça em afirmativa permitindo ao repórter prosseguir com a entrevista.

— Então nos diga uma coisa. Você, que morreu há apenas dois meses e meio. Como conseguiu se destacar e se classificar para a próxima etapa do torneio com tantos concorrentes e como se sente sendo o participante com menos tempo de Paraíso?

Dimítris já imaginava ser o participante mais novo do Paraíso, mas ouvir aquilo do repórter o deixou surpreso.

— Olha, é realmente espantoso saber que tão poucas pessoas passaram para a próxima fase, mas me esforcei ao máximo. Logo que cheguei aqui, procurei e encontrei um mestre e graças a ele que tive êxito nessa etapa do torneio.

— Ótimo — sorriu o repórter — agora, conte-nos. Como fez a proeza de ontem? Foi algo tão espantoso que alguns já lhe apontam como um dos favoritos.

—Francamente, não fiz nada demais! — esbravejou Dimítris arrumando a postura sentando-se com as costas retas — tudo bem, eu fui forte e passei, mas isso é tudo. Aposto que há muitas pessoas mais fortes do que eu nessa disputa.

O repórter de óculos estava preparado para outra pergunta, quando outro repórter, de paletó e cabelos bagunçados perguntou.

— Ontem à noite em uma cerimônia, foram divulgadas as primeiras lutas de cada um dos duzentos e cinquenta e seis participantes do Torneio dos Céus e a sua primeira adversária nessa fase será Janine, que disse conhecê-lo e ter muito receio de lutar contra um amigo. O que você espera dessa luta?

Dimítris ficou atônito, sem conseguir expressar sua opinião. Teria de lutar contra Janine? Ele sabia que a enfermeira odiava lutar e que assim como ele, esperava vencer o torneio para realizar um sonho pessoal. Ele não estava preparado para uma revelação dessas. Isso também significava que ela era poderosa, havia se destacado entre milhares em sua bateria. Como faria para vencer uma amiga sem machucá-la? Não poderia desistir. Essa ideia sequer se passava pela cabeça. Teria que vencer, destruindo ou não os sonhos da amiga.

— O que você espera dessa luta? — insistiu o repórter.

Dimítris levou um minuto para responder. Quando o fez, conseguiu esconder a frustração que sentia.

— Bem, agora tive uma surpresa incômoda, mas creio que tudo dará certo e prometo fazer uma luta honesta.

— Senhor...

Quando se preparava para ouvir a próxima pergunta, uma enfermeira entrou no quarto expulsando toda a imprensa, permitindo apenas a presença de uma pessoa por vez. Aparentemente contentes com o que tinham coletado, os repórteres saíram, deixando Dimítris a sós com Obelisco.

— E aí celebridade — Obelisco bateu no ombro de Dimítris com um soquinho —, achei que tinha mitado com minha técnica, mas você roubou toda minha cena, como está?

— Não muito bem.

— Imagino. Sei que sua cabeça deve estar dando voltas, mas não se empolgue com a fama, senão vai começar a olhar a agenda para ver os amigos!

— Não é com isso que estou incomodado, Obelisco.

O Anjo Guia de Enterro mudou o semblante. Não sorria mais. Estaria ciente da seriedade da situação? Ele puxou uma cadeira, sentando-se ao lado de Dimítris, que permanecia sentado sobre a cama.

— Fica tranquilo. Se a tal da Janine entrou no torneio não foi para fazer turismo. Ela é poderosa, caso contrário os Anjos Deuses não a teriam aprovado.

— Imagino.

— Fica frio! Eu também estou em maus lençóis então acho que posso ficar com cara de moribundo igual a você.

— Sério? Quem irá enfrentar?

— Um egípcio com cara de múmia! Ele participou da edição anterior do torneio. Acho que terei muitos problemas. O múmio é um anjo construtor.

Dimítris riu. O talento de Obelisco em diverti-lo o fascinava.

— Tem muita gente além da imprensa? — Dimítris apontou com o dedo em direção a porta do quarto.

— Ah, até que tem, viu? Seu mestre e um sujeito carrancudo com cara de mal-amado.

— Só pode ser o Brian.

— Isso mesmo! Olha vou te contar uma coisa, mas se eu souber que se espalhou, será culpa sua!

Dimítris girou o corpo, encarando Obelisco.

— Acho que o Brian tá gamadão na Anne!

— Por que diz isso?

— Por quê? — gritou Obelisco — Ele olhava mais para ela do que para qualquer outra coisa. E o pior não foi isso. Acho que a Anne correspondeu.

— Não brinca? — Dimítris não acreditava no que ouvia. Não imaginava Anne e Brian juntos!

— Acredite se quiser! Depois de tentar nos seduzir acho que ela mudou de alvo! — os dois riram, para logo em seguida se despedirem. Anne e Brian... Teriam futuro juntos?

Dimítris não conseguiu pensar no assunto, pois logo em seguida a porta novamente se abriu, para a entrada de Brian e Ramirez, que por exceção entraram juntos.

— Como está, garoto? — perguntou Ramirez. — Foi muito desgastante a etapa de ontem, não foi?

— Sim, mestre, foi sim. E você Brian, passou?

— Que pergunta estúpida! Claro que passei! Afinal, quem você acha que vencerá esse torneio?

Dimítris não respondeu. Lembrou-se da desistência na luta contra ele e preferiu não polemizar. A estima do americano estava em alta, esse era o objetivo desde o começo.

Dimítris, quero que se apresse e volte para a mansão. Precisamos intensificar os treinamentos visando os combates que virão. Você ainda está fraco e nessas condições não passa da primeira fase.

Dimítris olhou assustado. Sabia que precisava treinar, mas não imaginou que estaria tão fraco a ponto de correr o risco de perder.

— Quantos dias eu tenho antes da minha primeira luta?

— Seis dias.

Ele se calou. Seu desejo era visitar Mariah e avisar que sua missão se iniciaria, mas isso o faria correr o risco de perder a luta. Se isso acontecesse jamais se perdoaria. Ele queria vencer, queria derrotar Brian, Obelisco e qualquer um que interrompesse seu caminho. Por um momento sentiu-se egoísta por priorizar seus desejos acima dos sonhos dos outros, mas era assim que funcionavam as competições. Somente um venceria e somente ele realizaria seu sonho. Sabia que Ramirez o auxiliara nos treinamentos e que sem o mestre não teria passado da primeira fase do Torneio. Se alguém poderia ajudá-lo esse alguém era Ramirez.

O momento era de silêncio e obediência.

Dimítris assentiu com a cabeça, para logo em seguida ver Ramirez e Brian se dirigirem em direção à saída.

— Ah, garoto, você causou uma boa impressão nos Deuses. Se prepare, pois sua luta será a primeira do Torneio, a luta de abertura...

Dimítris chegou tarde à mansão, quando o relógio marcava cinco da tarde, logo após a liberação dos enfermeiros. Ramirez o esperava na recepção da mansão. Após cumprimentarem-se, ambos se dirigiram aos fundos. Para sua surpresa, inúmeros repórteres se encontravam do lado de fora filmando e fotografando seus movimentos. Ramirez lhe explicou que isso era tradicional, já que os lutadores do Torneio eram tidos como celebridades, sendo ele o que mais causara expectativa no público após o feito nas inscrições. Para sua alegria, o mestre providenciara um clone enquanto respondia aos jornalistas, permitindo que tivessem privacidade para treinarem.

— Muito bem, muito bem! Vamos lá, garoto! Agora é a hora! Quero que aumente sua força a partir de agora até tê-la sob controle. Entendeu?

— Sim, mestre.

— Não quero que se desgaste, quero que isso se torne comum a ponto de utilizar como quiser durante os combates. Lembre-se, tudo é feito com o poder da sua mente! É igual a voar, andar, correr. Você pode correr como um velocista, porém se seu corpo não estiver preparado e treinado, aguentará tal ritmo apenas por alguns segundos. Aqui, se quiser lançar um furacão você conseguirá, porém se não tiver treinado o suficiente poderá se destruir, ou ainda pior. Destruir as outras pessoas.

— Entendi. Acho que já tive uma experiência traumatizante quanto a isso — Dimítris se lembrou de quando demonstrou seu poder a Obelisco

— Vá manipulando o vento em escalas maiores até sentir que se cansará. Quando isso acontecer descanse, volte e continue no último estágio. Vá até seu limite! Garoto, essa é a essência das lutas no torneio, o controle do poder e a habilidade de saber a hora certa de lançar a energia necessária.

Dimítris assentiu com a cabeça, bateu palmas três vezes e respirou fundo. Era hora de treinar. Ele começou manipulando o vento em formato de rajadas as soltando para o céu, a fim de evitar a destruição das árvores ou mesmo a possibilidade de ferir algum repórter. Dimítris pôde sentir vibrações diferentes nas correntes de vento ao seu redor. Logo percebeu tratar-se de Brian, que parecia treinar em um local distante, já que não ouvia nenhum de seus movimentos. Estaria ele incomodado com a imprensa?

Quando à luz da Lua brilhava com intensidade no céu, Dimítris se cansou, buscando refúgio no gramado dos fundos da mansão. Ele se deitou olhando às estrelas, para logo em seguida ver o rosto de Mariah se desenhar. Queria imaginar o que sua esposa fazia naquele momento, porém o barulho dos flashes das câmeras começou a irritá-lo, por isso se levantou e voou o mais longe que pôde.

Durante o caminho encontrou Brian e esse atacava um tronco de árvore com golpes de espada, enquanto o fazia levitar com o auxílio do vento. O americano parecia irritado com algo, mas o que seria? Dimítris já estava para se afastar, quando o barulho da espada de Brian cessou. Curioso, olhou em sua direção e se surpreendeu com a presença de Ramirez. O que o mestre fazia no meio da floresta? Dimítris ficou paralisado, apenas observando, porém quando percebeu uma irritação em Brian, sua curiosidade venceu a batalha entre ir ou não ir, o fazendo se aproximar dos dois, sem que revelar sua presença.

Ao pousar sem emitir nenhum som, conseguiu ouvir os gritos de Brian.

— Por que continuou? Por que me aceitou como seu pupilo se ele seria sua joia mais rara? Se depois que ele aparecesse eu virasse um coadjuvante? Por quê? Seu velho idiota!

— Se acalme, garoto.

— Acalme? Toda sua atenção está voltada a ele, a imprensa só quer saber dele, os repórteres lá na mansão só miram seus flashes nele e você ao invés de me defender, de me apresentar, você ainda os incentiva?

— Lamento. Só queria que a imprensa mostrasse o meu treinamento nos telejornais. Quem sabe atrairia mais interessados.

— Sabe qual o problema de vocês dois? Ambos são viciados em fama. não vou mais ficar aqui, vou pra qualquer lugar onde não tenha de conviver com esse tipo de hipocrisia!

Brian alçou voo sem que Ramirez o seguisse. O mestre manteve-se imóvel, apenas olhando na direção que seu agora ex-pupilo saiu. Dimítris quis descobrir detalhes daquela revolta de Brian, o porquê da desistência do treinamento de Ramirez, porém não teve coragem. Sabia que escutara algo que não deveria e teve receio da reação de Ramirez em relação a isso. Ainda não entendia o interesse de toda a imprensa nele, mas sabia que algo não era normal.

O poder que manifestara nas inscrições e em alguns momentos do treinamento. Tinha medo do que isso significava e pela primeira vez, a visão de um futuro incerto com objetivos muito maiores que sua compreensão o afetou. Algo nesse torneio estava estranho e ele, querendo ou não, acabaria descobrindo.

Nos dias que se sucederam à partida de Brian, Dimítris treinou como nunca treinara antes. Ramirez, agora exclusivo a ele, comentou a saída de Brian como algo "natural" sendo uma escolha do próprio Brian, mas que nenhuma discussão ocorrera sendo uma partida amigável. Dimítris se chateou ao saber que Ramirez mentia, mas entendia a atitude do mestre, que aparentemente não queria revelar os sentimentos que Brian nutria por ele e pelo treinamento. Para sua felicidade, seus poderes evoluíram rapidamente, tanto que ao final do treinamento já conseguia ficar horas manipulando o vento sem sentir-se cansado ou sonolento.

Os dias se passaram e o grande momento chegou.

A abertura do Torneio dos Céus.

Dimítris levantou-se horas antes do evento, com o dia ainda por nascer, afinal não conseguiria dormir com tanta expectativa. Fazia tempo que não chorava a noite, porém dessa vez não resistiu, ainda carente da amada esposa e do querido pai. Já acordado, evitou os noticiários e jornais que sempre estampavam matérias sobre ele e a evolução de seu treinamento. Isso havia sido uma ordem de Ramirez buscando evitar a pressão por um bom resultado em sua primeira luta. Após um longo desjejum, Dimítris olhou ao relógio atento ao horário combinado com Anne e Obelisco. A cupido, por sinal, o surpreendera dias atrás ligando na mansão e chamando Dimítris para acompanhá-la, junto de Obelisco, para confraternizarem antes da entrada dos amigos no Coliseu. Segundo ela, as preces de um cupido tinham significado maior por isso não poderia perder o encontro.

Dimítris se despediu de Ramirez, que prometeu ir ao estádio acompanhar sua luta. O mestre ainda o alertou sobre cuidados ao manipular o vento e as técnicas especiais, como a barreira de vento de Brian, que poderiam causar-lhe problemas. Disposto a não gastar energia utilizou-se do teletransporte para ir ao estádio, dirigindo-se a uma cabine telefônica próxima a mansão de Ramirez e desembarcando em frente ao Coliseu, onde para sua alegria, Anne e Obelisco o esperavam.

— Muito bem! Fico muito feliz que vocês dois tenham sido bonzinhos e chegando no horário combinado.

Dimítris e Obelisco permaneciam quietos.

— Sei que estão nervosos, mas tenho certeza de que tudo dará certo! Vocês dois arrasarão e serão as grandes sensações do Torneio! A luta de abertura será moleza!

Os dois sorriram, mas permaneceram sem manifestar opinião. Anne os abraçou desejando sorte, prometendo torcer por eles a todo o momento. Logo em seguida, Dimítris e Obelisco se entreolharam, como que desejando sorte apenas com o pensamento. Então finalmente entraram no estádio, sendo orientados por alguns voluntários a se dirigirem a uma sala de espera, preparada exclusivamente para o descanso e preparação dos combatentes para as lutas no torneio.

Ao entrar no recinto indicado, a primeira reação de Dimítris foi estranhar a ausência do barulho dos torcedores. A segunda foi estranhar a diversidade dos lutadores naquele local. Eram muitos e cada um demonstrava uma emoção diferente. Alguns apenas olhavam para qualquer direção perdidos nos próprios pensamentos, outros se alimentavam com quitutes distribuídos em uma gigantesca mesa, já alguns mais concentrados como Lepidus, meditavam de joelhos no chão, próximos a diversos sofás de couro, com desenhos dos oito elementos sagrados.

Além de Lepidus, outras pessoas chamaram a atenção de Dimítris, como um egípcio que permanecia com os olhos vendados, mesmo no Paraíso não havendo cegos. Outra figura curiosa era uma índia, que parecia admirar uma lâmpada que iluminava o local. Seu olhar era assustado, nitidamente desconhecendo aquela tecnologia. Por último, um japonês com trajes de samurai falava sozinho em alto tom, chegando a arrancar risos de outros participantes. Ele parecia o mais ansioso de todos.

Dimítris, vou ali trocar uma palavrinha com o Lepidus e já venho.

— Espere! Vou com você.

— Acho melhor não. Tem uma pessoa que não para de te olhar desde que entramos — Obelisco apontou com o dedo. Janine o olhava com os olhos marejados. Ela não queria lutar com ele, Dimítris tinha certeza disso. Seguindo os conselhos de Obelisco, se dirigiu à enfermeira.

— Oi Janine, infelizmente seremos adversários hoje. Te desejo sorte.

— Eu também, mas não pense que será fácil — seu tom de resposta foi tenso, ríspido e ameaçador. Parecia que Janine queria evitar conversar com Dimítris e sofrer a angústia da luta sozinha.

Dimítris pensou em responder, porém ao ouvir o barulho da porta teve sua atenção tomada, pois Brian acabava de entrar no recinto. Ao contrário do que esperava, ele parecia animado aparentemente nem sentindo a ausência do treinamento do mestre Ramirez. Assim que Brian adentrou o recinto, um televisor fino como uma unha desceu do teto do local, mostrando o público no estádio, que parecia muito animado com o começo do Torneio dos Céus. A índia quase deu um pulo de susto com aquela tecnologia, mas foi contida por alguns que estavam ao seu lado, fazendo Obelisco rir alto e chamar a atenção de todos os presentes.

No momento em que Obelisco riu, a imagem da televisão mostrou o centro da arena onde Kanon, junto com os outros Anjos Deuses, exceto Cronos, começou a falar.

— A raça humana sempre foi e sempre será a maior beleza do Universo. Há infinitos anos, homens e mulheres viveram suas histórias, fizeram suas famílias, riram seus risos e choraram seus prantos. Durante todos esses anos vocês evoluíram, conquistaram, destruíram e corromperam. Os que estão aqui hoje são os abençoados, aqueles que em vida suportaram os males e às tentações e agora gozam da vida eterna junto da paz, beleza e sabedoria.

Todos na sala pareciam hipnotizados com o discurso do Anjo Deus da Água. Dimítris sentiu os pelos do corpo arrepiarem com aquelas palavras.

— Essa evolução humana precisa continuar, por isso precisamos de um anjo semideus poderoso, capaz de lidar com os desafios que venham a se suceder em sua jornada. Esse torneio visa encontrarmos essa pessoa, aquela que nos protegerá e dará a todos os humanos uma possibilidade de viverem felizes e despreocupados. Milhões de vocês, sem nenhum medo ou pudor, se aventuraram nessa jornada, porém somente duzentos e cinquenta e seis guerreiros alcançaram o direito de duelarem nessa arena por essa honraria. Esses guerreiros já são vitoriosos, por isso peço a todos uma salva de palmas pelo feito de chegarem aonde chegaram.

Assim que as palmas cessaram, uma porta se abriu, mostrando a figura de um voluntário. Logo em seguida, Sarah tomou a palavra no centro da arena.

— Agora, peço que os duzentos e cinquenta e seis combatentes do Segundo Torneio dos Céus entrem na arena!

As mãos de Dimítris tremiam. O momento havia chegado. Obelisco, parecendo perceber o nervosismo do amigo se aproximou, porém sem o sorriso que lhe era característico. Ele também estava nervoso.

— Você viu? Estamos sendo tratados como a esperança do mundo. Você tem ideia do que essa vitória significa?

— Sim, por isso farei de tudo para voltar à Mariah!

Obelisco rispidamente bateu em seu ombro.

— Não se ligou no que o Kanon disse? Se não é bom ficar esperto. Se vencer esse torneio, suas responsabilidades serão tantas que jamais será o mesmo.

Dimítris se calou. O que Obelisco disse fazia sentido. Se viesse a se tornar um semideus não teria conforto, nem tempo para se distrair e ficar com Mariah. Teria missões a cumprir e pessoas a salvar. Será que conseguiria ficar ao lado dela pelo tempo que quisesse? Dimítris não achou a resposta, mas respondeu para Obelisco algo que já descobrira há muito tempo.

— Bom, já não sou o mesmo há algum tempo. O que acontecer não fará diferença alguma.

Enquanto Dimítris e os demais participantes subiam as escadas em direção à arena, dois homens caminhavam à distância. Enquanto um parecia tranquilo com o início do torneio, o outro suava ansioso e ao mesmo tempo temeroso com o rumo daquele plano mirabolante.

— Não vai desistir agora, não é mesmo?

— Não, senhor Overlord, jamais.

— Muito bem, Rainer. Sabe que se falhar, ou desistir... — novamente aquela ameaça. Eram nessas situações que Rainer se arrependia de ter fugido das Oito Prisões.

— Eu sei, senhor. Já chegamos até aqui, não é mesmo? — Rainer não entendia como havia passado na primeira etapa. Visivelmente nervoso, acabara demonstrando um poder muito abaixo do que realmente conseguiria, porém os Anjos Deuses o aprovaram em unanimidade. Saberiam eles de que era uma farsa? Seriam eles tão espertos, ou ignorantes a ponto de não enxergarem a verdade por trás da máscara?

— Sim, Rainer, agora que chegamos só precisamos vencer nossos combates até que um de nós cruze o caminho dele. E quando isso acontecer...

— Quando isso acontecer será a chance de ganharmos nosso prêmio e nos tornarmos celebridades nas Oito Prisões! Você será um Deus e eu mostrarei ao meu pai do que sou capaz!

Pela primeira vez Overlord sorriu intrigando Rainer. O que quer que pensasse naquele momento, parecia confiante no sucesso do plano. Eles se dirigiram às escadas de acesso à arena do Coliseu, sendo recebidos com cordialidade por um voluntário.

— Boa sorte, senhores!

Rainer agradeceu com um aceno de mão. O voluntário mal sabia que naquela hora celebrava a participação de dois prisioneiros sedentos por destruição e tragédia. 


Vídeo Análise + Curiosidades + Easter Eggs: Capítulo 24


Opa, leitor, o que achou desse capítulo? Agora vai começar pra valer!!! Preparados? A partir de agora não tem mais volta, posso garantir!

Para o vídeo abaixo tive o grande prazer de contar com a avaliação do meu amigo Andre Prates! Muito obrigado, meu amigo!


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