Somewhere someday || L.S

By shinemyjjong

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Harry Styles é um rapaz que não acredita em muitas coisas, na verdade, há poucas coisas nas quais ele acredit... More

Prólogo
capítulo um
capítulo dois
capítulo três
capítulo quatro
capítulo cinco
capítulo seis
capítulo sete
capítulo oito
capítulo nove
capítulo dez
capítulo onze
capítulo doze
capítulo treze
capítulo quatorze
capítulo quinze
capítulo dezesseis
capítulo dezessete
capítulo dezoito
capítulo dezenove
capítulo vinte
capítulo vinte e um
capítulo vinte e dois
capítulo vinte e três
capítulo vinte e quatro
capítulo vinte e cinco
capítulo vinte e seis
capítulo vinte e sete (the end)
Epílogo
Extra
Extra 2
It was all yellow - Noah.

April's Daisy - Noah

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By shinemyjjong

Bom dia! Bom dia! Eu vim aqui atender aos pedidos das pessoas que me pediram uma continuação da história do Noah e do Ethan. UM EXTRA DELES PARA VOCÊS!!! SEJAM FELIZES!

Se quiserem bater um papo ou me xingar, me procurem no twitter @/shinemyjjong.

-x-

Eu sempre cuidarei de você
É, isso é o que eu vou fazer.

Ethan quase não conseguia acreditar no que estava bem em frente aos seus olhos. Quase. Mas a figura alta, de olhos azuis e extrema elegância, todo sorridente para duas damas adoráveis no meio da vila, para que todos pudessem ver, era real demais. Era o príncipezinho desgraçado em carne e osso.

– Muito obrigado pelos biscoitos, senhoritas. – Noah fez uma breve mesura para as garotas, como forma de agradecimento, nunca deixando o sorriso morrer. Ethan notou o pequeno pacote nas mãos do príncipe, conseguia sentir o aroma dos biscoitos da distância em que estava, pareciam deliciosos. O loiro adoraria alimentar os peixes do rio com aquela iguaria.

O sorriso no rosto do príncipe desapareceu em questão de milésimos de segundos quando ele notou o loiro parado a alguns metros deles.

– Realmente, muito obrigado pelos biscoitos, mas eu não vou poder aceitar. – O príncipe entregou os biscoitos de volta tão rápido quanto os recebeu. As duas garotas pareceram surpresas.– Tenham um ótimo dia.– Fez novamente uma mesura e se retirou rapidamente.

– Me desculpe pela falta de educação do príncipe. Ele vai aceitar sim. – Ethan caminhou até às garotas e estendeu as mãos para que elas pudessem lhe entregar os biscoitos. Elas pareceram desconfiadas por alguns instantes, mas sorriram.

– Não vou, não! – Quando as garotas fizeram menção de entregar o pacote para Ethan, Noah passou o braço pelos ombros do rapaz e o arrastou para longe delas.

O loiro se soltou dos braços do príncipe e começou a caminhar sozinho, em passos rápidos, para bem longe de Tomlinson.

– Aonde você vai? O caminho de volta não é por aí. – Ao perceber que estava ficando para trás, Noah também aumentou a velocidade de seus passos e conseguiu ficar logo atrás do loiro, o seguindo bem de perto.

– Vou embora. – Saiu como um resmungo baixo, mas o príncipe foi capaz de ouvir com clareza.– Vá comer seus biscoitos! Não me siga!

– Não há lugar nenhum nesse reino onde eu não te encontraria. – Noah avisou. Se tivesse que colocar o reino de cabeça para baixo para encontrar o rapaz, ele certamente faria.

– Veremos! – Ethan desafiou o amado.

– Você está assim por causa de alguns biscoitos?

Ethan não respondeu, apenas bufou e começou a andar mais rápido ainda, esperando colocar uma boa distância entre eles, antes que acabasse partindo a cabeça do príncipe com um soco. Noah não conseguiu deixar de admirar as costas do rapaz por alguns segundos, ele tinha pernas bem definidas devido a todo o treino de luta, seus cabelos balançavam com o vento e aquela calça lhe caía muito bem. O príncipe mal podia esperar para poder espalmar suas mãos em alguns lugares quando estivessem a sós e, de preferência, em um quarto.

– Você engana todo mundo com essas orelhinhas vermelhas. – O príncipe o alcançou novamente e tocou as orelhas do loiro, levando um tapa na mão como resposta. – Quem diria que você teria um temperamento péssimo? – Noah resmungou.

– Você quer um duelo? – Ethan questionou sem olhar para trás.

Os dois estavam juntos há 1 ano e aquelas implicâncias eram comuns entre eles. Noah amava quando Ethan ficava com aquele biquinho em seus lábios, a cara emburrada e o pé batendo forte no chão. Tudo porque sabia que aquilo não durava mais do que 10 minutos, logo ele voltava correndo para se aninhar em seus braços, para o encher de beijos e dizer que o amava.

– Você pode ter sido pupilo do meu irmão, mas eu ainda sou um Tomlinson. – O príncipe sorriu presunçoso, cruzando seus braços na frente do corpo e levantando uma sobrancelha. – A luta está no meu sangue. – Noah queria dizer que praticamente nasceu em um campo de batalha, mas não teve tempo.

Ethan finalmente se virou, o cabelo um pouco mais longo caindo em seus olhos. Os dois pararam de caminhar e se encararam por milésimos de segundos. O loiro ergueu uma sobrancelha também e sorriu em deboche. Não demorou muito para que o rapaz acertasse um chute certeiro na canela do príncipe, fazendo com que ele caísse de joelhos no chão. Tomlinson sentiu a dor e a vergonha irradiar por todo o seu corpo.

– Eu poderia te levar a julgamento – Noah se levantou envergonhado, batendo de leve em suas calças para tirar a sujeira. Ele conseguiu se recompor alguns segundos depois e continuou seguindo o amado, estava mancando um pouco. – E você teria que cumprir a sentença na minha cama. – O príncipe ultrapassou Ethan e fez com que ele parasse. Seus braços foram diretos para a cintura do loiro, o trazendo para mais perto. E como já era de se esperar, Jones cedeu e sorriu.

Ao olhar ao redor, Noah percebeu que estavam no meio da estrada, já era uma boa distância da vila, tudo isso apenas caminhando. Ao lado esquerdo havia um campo muito bonito e vasto, o verde da grama se conectava ao laranjado do céu no fim da tarde, e algumas flores enfeitavam a paisagem. O príncipe conseguiu notar as pequenas margaridas que floresciam ali. De repente, Noah pensou em um dos seus poemas favoritos e sorriu.

Margaridas em abril. – Ele falou em voz alta. Ethan pareceu não entender, um pequeno v se formando em sua testa. – Só estava pensando em um poema que eu gosto. – Explicou. Ele soltou a cintura do outro por um instante e se virou para admirar as flores.

Noah não se lembrava exatamente de onde vinha o poema. Era, provavelmente, de algum dos livros velhos que tinha roubado da mesa de Louis.

Margaridas em abril
Quando você floresceu, o mundo se coloriu.
Você se pôs a minha frente, sorriu,
E me fez cair aos encantos das...
Margaridas em abril.

Quando ele se aproximou das flores e estava a uma distância boa o suficiente para tocá-las, ele ouviu algo. Algo que, certamente, não deveria ouvir em um lugar como aquele, no meio do nada. Era um choro de criança, alto, desesperador. Por um breve momento, Noah duvidou da sua própria audição, mas ao olhar na direção de Ethan, viu que o loiro parecia tão chocado quanto ele. Ambos correram na direção do som.

Lá estava, no meio do campo aberto, algo parecido com uma cesta de frutas, forrada com alguns panos, largada de qualquer jeito. E o mais surpreendente é que havia um bebê dentro, ele chorava como se não tivesse amanhã e erguia suas pequenas mãos para o alto. Ethan caiu de joelhos, sem fôlego após ter corrido, ao lado da cesta.

– É um bebê! – Ele exclamou em surpresa.

– É claro que é um bebê. – Noah respondeu, também se abaixando. Suas mãos se esticaram devagar para tocar a cesta e depois pegar a criança em seus braços. A última vez que tinha segurado algo tão pequeno assim era quando Alexander ainda era daquele tamanho. – É uma garotinha. – O príncipe olhou em seu rostinho e a balançou, esperando que aquilo pudesse acalmá-la por alguns instantes. Ela não parecia ter mais de 5 meses, tinha algumas mechinhas de cabelo, eram bem pretos, seus olhinhos eram castanhos escuros e, quando fazia careta para chorar, um furinho no queixo surgia.

Ela era tão pequena, tão perfeitinha, que admirá-la foi tudo que ambos puderam fazer por alguns minutos.

– Temos que voltar à vila imediatamente e procurar pelos pais.

-x-

Ninguém a conhecia. Não importava o quanto Noah e Ethan tivessem perguntado, praticamente até o sol terminar de se pôr e escuridão da noite cair, ninguém conhecia a criança que o príncipe carregava nos braços, e ninguém sabia de alguma mulher que estivera grávida recentemente na vila. Não havia ninguém.

– O que devemos fazer agora? – Ethan questionou, depois que todas as opções se esgotaram. Eles tinham que voltar ao castelo o mais rápido possível, pois, a essa altura, todos estariam preocupados com o paradeiro dos dois.

Noah suspirou cansado, esperava que pudesse encontrar os pais da criança, que ela pudesse retornar ao seu lar. Mas ele sabia, desde o início, que nenhum pai deixaria uma criança no meio do nada, dentro de uma cesta, se não fosse para abandoná-la. Tomlinson queria estar errado, acreditar que tivesse sido apenas um engano, mas não havia ninguém procurando pela garotinha.

– Devemos retornar. – O príncipe concluiu. Ele aninhou a pequena em seus braços ainda mais, ela tinha sido vencida pelo cansaço e pegou no sono em algum momento.– Amanhã veremos o que devemos fazer.

– Há uma empregada no castelo que deu a luz há pouco tempo, talvez ela possa nos ajudar. – O loiro sugeriu. Eles precisavam de alguém que tinha mais conhecimento sobre crianças naquele momento. Os dois caminharam em direção de onde estava o cavalo, ponderando em como seria a forma mais segura de levar um bebê naquelas condições.

Por fim, Noah passou a pequenina para os braços de Ethan, ela apenas se remexeu um pouco e retorceu os lábios. O príncipe ajudou o loiro a subir no cavalo e subiu logo depois, passando um braço protetor ao redor deles, para se certificar de que o amado e a pequena estavam seguros para a viagem de volta.

O caminho foi tranquilo, Tomlinson sentiu uma estranha sensação de calmaria enquanto segurava as duas pessoas em seu braço. Havia muitas estrelas no céu, a estrada estava quieta e tudo que o príncipe conseguia ouvir, além do trote do cavalo, era a voz baixa de Ethan murmurando a melodia de alguma canção de ninar.

Quando finalmente chegaram ao castelo, Noah desceu do cavalo primeiro e ajudou o amado a descer junto com o bebê.

– Eu posso levá-la comigo. – O príncipe sugeriu, estendendo seus braços para que Ethan lhe passasse a criança.

– Você é um príncipe. Não pode simplesmente chegar no palácio como uma criança nos braços. – O loiro retrucou. Noah quis discordar, mas acabou cedendo. – Vou pedir ajuda para a empregada para alimentá-la.

Ethan se foi depois de deixar um beijo na bochecha do príncipe.

-x-

Noah Tomlinson não conseguiu pregar os olhos por nenhum segundo sequer naquela madrugada. Ele continuava se preocupando com Ethan e a garotinha, se eles estavam bem, se ela havia chorado, se o loiro tinha conseguido dormir.

Quando os pequenos raios de sol começaram e entrar pela janela, ele estava pronto para levantar da cama e revirar aquele castelo inteiro atrás dos dois. Mas não foi preciso, assim que abriu a porta, lá estava Ethan com a pequenina nos braços, enrolada em um cobertor, mexendo os bracinhos. O coração do príncipe parecia derreter toda vez que olhava para o rostinho dela, os olhinhos curiosos se movimentando e suas bochechas vermelhinhas. Não era justo que uma criaturinha tão doce estivesse em uma situação como aquela.

– Alguma sugestão do que deveríamos fazer? – O loiro questionou. Ele se sentou na cama com a pequena e brincou com seus dedos na frente dela, ela fez um som parecido com uma gargalhada. O príncipe não conseguiu deixar de sorrir com a cena.– Eu não acho que ela tenha família...– Ele disse baixinho, como se não quisesse que a garotinha escutasse.

– Não sei…– Noah disse. Por mais que a sugestão estivesse na ponta de sua língua, ele ainda não conseguia dizer.

– Será que deveríamos levá-la para a Igreja? Eu ouvi que algumas aceitam crianças desabrigadas.– O loiro sugeriu, sua feição meio retorcida, desgostoso com a sua própria ideia.

– Como poderíamos deixá-la lá sem saber o que vão fazer com ela? – Noah sabia que deveria confiar em "pessoas de Deus", mas não conseguia, sabia que nem todas eram boas. Não sabia o que aconteceria com ela lá. Era arriscado demais.

– Então, deveríamos achar uma nova família para ela.

– Não podemos simplesmente entregá-la para alguém assim. – Tomlinson rejeitou a ideia novamente. Era perigoso demais.

– Estamos sem opções, então. – O loiro suspirou.

– Nós… – O príncipe começou, em voz baixa, meio apreensivo. – Poderíamos…. – Ele respirou fundo, tentando tomar coragem para o que viria a seguir. – Ficar com ela. – Parecia que um peso tinha saído de cima de seu peito agora que tinha colocado sua ideia para fora. Era uma das coisas que tinha o mantido acordado durante toda a madrugada, ele continuava revivendo o sentimento de ter o amado e o bebê em seus braços. Parecia a coisa certa a se fazer.

– Nós não podemos ficar com ela. – Ethan se levantou da cama, caminhando em direção a janela, ficando em silêncio por alguns segundos e depois se virando para, finalmente, encarar o príncipe.

– Por que? – A voz de Tomlinson saiu mais quebrada do que ele pretendia.

– Como poderíamos? – O loiro retrucou.– Nós somos dois homens. – A sociedade jamais concordaria com dois homens criando uma criança, e Jones sabia disso. Todos sabiam disso. – Nós nem sabemos cuidar de um bebê.

– Qual é o problema? – Noah questionou. – Eu posso adotá-la como minha filha, ela seria uma Tomlinson. Louis pode ajudar com isso. – Ethan falou. Jones negou com a cabeça. – Qual é o problema? – Tomlinson perguntou novamente.

Ethan continuou em silêncio, ele tinha desviado os olhos dos de Noah e sua mente parecia ter ido para outro lugar por um breve instante.

– Por que não? – O príncipe insistiu mais uma vez. – Você não quer…formar uma família comigor? – Noah inquiriu, caminhando em passos largos até estar de frente para o outro. Naquele instante, ele viu os olhos do loiro se encherem de lágrimas. O bebê pareceu notar que Ethan estava nervoso, pois mostrou o início de um choro, deixando o furinho em seu queixo aparecer com a careta que fez.

– Como você poderia achar que eu não quero? – Ethan respirou fundo, se virou de costas e balançou a pequena de leve para acalmá-la. – Não é que eu não desejo ter uma família com você, mas seria impossível criá-la aqui no castelo, com todos nos observando o tempo inteiro. – Ele explicou. – Nós jamais teríamos paz. – Sua voz saiu fraca. – Se alguém descobrir, poderíamos morrer...Poderia acontecer alguma coisa com ela. Ela estaria em perigo constantemente com a gente. – Ao ouvir aquilo, Noah deu um passo para trás.

A criança pareceu sentir que o clima entre os dois ficou estranho e abriu um berreiro. O príncipe estendeu os braços para que o loiro lhe passasse o bebê, e ele fez. Os dois precisavam se acalmar para que ela ficasse calma também.

– Eu sinto muito… – Jones disse em voz baixa, alguns soluços escapando de sua garganta. – E se acontecer algo com ela por nossa causa? Eu não quero colocá-la em risco. – Ele se encostou na parede e se deixou escorregar até chão. – Meu pai não foi exatamente uma boa influência…E eu nem sei se posso fazer isso...Ser pai. – Ele abraçou seus próprios joelhos e escondeu o rosto, parecia estar chorando. O príncipe se ajoelhou ao seu lado, ainda com a criança em seus braços.

– Está tudo bem. Nós vamos dar um jeito.

– Você acha mesmo que podemos fazer isso? – A voz de Ethan saiu abafada, em um tom choroso. – Que podemos mantê-la segura?

– Você não quer dar a ela uma família? – Noah questionou.

– Eu quero. – O loiro finalmente levantou a cabeça e olhou diretamente nos olhos do príncipe, assentindo enquanto chorava. Seu rosto estava vermelho e as lágrimas fluíam uma atrás da outra.

Jones tinha sim pensado nisso o tempo inteiro durante a madrugada, tinha ficado a noite inteira observando ela dormir e aquilo não saía de sua cabeça, mas parecia muito arriscado. Se as pessoas descobrissem, eles poderiam ser enforcados, decapitados, queimados em praça pública. E a criança estaria em perigo também. Seria como dar uma família para ela apenas para deixá-la sozinha no mundo de novo.

– Então, nós vamos dar um jeito. Eu e você. Nós.

-x-

Tomlinson bateu na porta duas vezes antes de ouvir a voz baixa dizer um "entre". Quando ele adentrou o local, o cheiro forte de tinta e álcool invadiu suas narinas. Louis estava sentado no fundo do quarto junto ao cavalete, na tela inacabada a sua frente havia uma figura cheia de cachos e um sorriso gigantesco. Noah não precisava ponderar muito para saber quem era a pessoa na pintura, reconheceria aquele emaranhado de cachos em qualquer lugar do mundo.

O rei desviou os olhos da tela apenas por alguns instantes para olhar Noah, ele acenou com a cabeça e voltou a mexer com o pincel.

O quarto de Louis era uma bagunça, manchas de tintas para todo lado, papéis amassados no chão, garrafas de bebidas alcoólicas na cama. Ele passava boa parte de seu tempo trancado ali, a maioria das decisões sobre o reino eram tomadas dentro do quarto. O rei parecia abominar a sala do trono, ele raramente ia lá. Algumas vezes, Noah tinha o visto parado no corredor, olhando para dentro da sala do trono tristemente, como se fosse morrer de arrependimento.

A princesa da Áustria havia chegado há alguns meses, o casamento aconteceu o mais rápido possível, uma grande festa em toda a nação, todos comemoravam. Ela era uma mulher bonita, educada, reservada, tinha um sorriso leve, mas parecia tão infeliz com aquele casamento quanto o rei. Eles nem mesmo dividiam o mesmo quarto, ela, provavelmente, nem nunca tinha entrado ali e, se dependesse de Louis, nunca entraria. Eram duas pessoas fadadas a serem infelizes juntas pelo resto da vida. Na saúde, na doença e, principalmente, na tristeza.

– Eu tenho algo muito importante para te contar. – O príncipe respirou fundo. Pensou que levaria esse segredo para o túmulo, mas ele precisava ser honesto com Louis. Contar toda a verdade desde o início parecia o certo a se fazer. – Algo que eu deveria ter contato há muito tempo. E eu não sei se você vai gostar. – Noah abaixou a cabeça.

– Que você gostava dele? – O rei nem mesmo o olhou quando disse aquilo. Ele apenas abaixou o pincel e encarou a pintura. Não precisava de muita explicação para o príncipe saber quem era ele. Louis sabia.

– Você sabia? – Noah questionou, incrédulo.

– Eu acho que eu sempre desconfiei… – Louis tirou o olhar da pintura e olhou para a janela, como sempre fazia, esperando alguém retornar. – Só tive certeza quando vi que você tinha dado sua espada para ele. – Murmurou. – Você jamais faria isso por alguém que não fosse importante.

– Por que você não disse nada? Por que você não me deu um soco? Por que não me desafiou para um duelo? – O príncipe se aproximou em passos rápidos até estar a poucos metros do irmão. O cheiro de álcool era ainda mais forte ali. Se Louis sabia, então, por que ele não fez nada?

– Isso teria te feito parar? – O rei finalmente o encarou, olho no olho.– Eu o amei… – Ele começou, mas parou para se corrigir. – Eu o amo tanto. Eu o amo tanto que nem mesmo se eu sofresse a pior tortura do mundo, meu coração pararia de ser dele. – Ele sorriu de forma amargurada, dando um suspiro cansado e passando a mão pelos cabelos. – Mesmo se me cortassem a cabeça, eu estaria sempre do lado dele. – Louis se levantou. Ele caminhou pelo quarto em passos leves, deixando Noah apenas parado o observando. – Teria feito alguma diferença? Se você realmente o amava, um soco, um duelo ou até mesmo a morte, jamais seriam capazes de colocar um fim nisso. – Então, ele parou, se virando para Noah. – Mesmo se eu morrer, jamais conseguirei colocar um fim nesse sentimento, esse amor, essa solidão e amargura que se infiltraram em meu coração quando ele chegou e quando ele se foi. – O sorriso quebrado que veio após essa fala, deu uma fisgada no coração do príncipe.

– Naquela época, eu achei que o amava. Fiquei de coração partido em pensar que nunca seria retribuído. – Foi a vez de Noah andar pelo quarto, evitando o olhar do rei. Ele passou pela janela e sorriu ao ver a mesa onde ele e Harry costumavam se sentar para jogar xadrez. – Com o tempo, acabei percebendo que o que eu sentia por Harry era admiração. Ele era sua própria pessoa, fazia suas próprias regras, destemido, inteligente. Eu queria isso para mim. Achei que pudesse ter se estivesse apaixonado por ele.

– Hmm… – O rei murmurou. Ele sabia disso, Harry era tudo isso e muito mais.

– Eu tenho alguém. – O Tomlinson mais novo disse. – Alguém que eu quero proteger com a minha vida. Eu mataria para proteger o sorriso dele. – Ele pensou nos sorrisos amarelados que Ethan lhe dirigia nas tardes em que passavam juntos. Não havia um mundo onde Noah não mataria e morreria para proteger aquele maldito sorriso. – Apesar de que eu tenho certeza de que ele pode se proteger muito bem sozinho. – A sua canela, ainda latejando desde o dia anterior, era uma prova disso. – Não conseguiria por um fim nesse sentimento nem mesmo se eu morresse. Eu quero arriscar tudo para tê-lo.

– Ethan? – Louis perguntou, com um pequeno sorriso em seus lábios.

– Você sempre sabe de tudo. – O Tomlinson mais novo também sorriu.

– Você é meu irmão. – "Como eu poderia não saber?" era a pergunta que ficou no ar.

– Na verdade, há uma razão pela qual estou aqui hoje. – Noah se aproximou. – Há algo…alguém que eu preciso apresentar para você. – Uma expressão confusa apareceu no rosto de Louis.

E foi assim que Louis terminou com uma garotinha segurando seu dedo com suas mãozinhas. O olho dele brilhou quando a segurou no colo, ele olhou de Noah para o bebê, pelo menos, uma 5 vezes, esperando uma explicação.

Eu quero adotá-la.

-x-

– A gente pode mesmo fazer isso? – Ethan se sentou ao lado de Noah, encostado na cabeceira da cama, e deixou sua cabeça descansar no ombro do amado. Em seus braços, uma criança parecia estar em seu décimo quinto sono.

Logo eles estariam deixando o castelo. Em toda a sua vida, Noah nunca tinha morado em nenhum outro lugar, aquela tinha sido sua casa desde o nascimento. Mas estava tudo bem, ele não estava preocupado, estava dando um lar para o bebê e isso era o que importava. Conversando com Louis, todos decidiram que seria muito melhor, mais seguro, criá-la longe dos olhos curiosos das pessoas. Uma propriedade no campo, que Noah havia herdado por parte de sua mãe, era a melhor escolha, ficava a umas 3 horas de carruagem e era aconchegante, uma belo lugar para uma criança crescer com seus pais. O príncipe voltaria para visitar Louis sempre que pudesse, sabia que não poderia deixar o irmão sozinho.

Muitos achariam estranho o príncipe se mudar de repente, mas não era incomum. Tomlinson queria viver sua própria vida agora.

– Nós podemos. – Ele entrelaçou sua mão na do loiro e afirmou com um sorriso no rosto. – Eu, você e a nossa April seremos as pessoas mais felizes desse mundo.

– April? Você deu um nome para ela? – Ethan perguntou.

– April Daisy Jones-Tomlinson. O que você acha? – O príncipe levantou uma sobrancelha, presunçoso. Afinal, ela era sua margarida em abril. Ela floresceu, coloriu o mundo, sorriu, com aquela boquinha sem dentes, e fez o príncipe cair aos encantos das margaridas em abril. Assim como seu poema favorito.

– Sem nomes compostos, senhor Noah Jacob Tomlinson.

– Não estou te ouvindo. – Ele se fez de desentendido. – Estou ocupado demais apreciando a minha margaridinha.– Se abaixou para encarar o rostinho da sua filha.

Sua filha. Noah nunca pensou que esse dia chegaria para ele, sempre gostou de cortejar sem nenhuma intenção de casamento, mas nunca se imaginou com uma família. O resto de suas vidas estava apenas começando e já era brilhante.

– Nós seremos infinitamente felizes.

-x-

25 de abril, 1736.

Eu queria tanto que você estivesse aqui para conhecer April. H, ela é tão pequenina, o jeito que as mãozinhas dela se agarraram no meu dedo fez meu coração saltitar, mal posso esperar para ela me chamar de tio, para vê-la correr quando ela vier me visitar.
Sinto sua falta hoje mais do que nunca, e eu nem sei se isso é possível. Não consigo deixar de pensar no quanto queria ter filhos com você, um monte deles. Não me importaria se nenhum deles tivesse nosso sangue. Talvez, se tivéssemos tido filhos, eu me sentiria menos solitário agora. Sem você.
H, essa solidão destrói a sua alma do mesmo jeito que destrói a minha? Dói em você do mesmo jeito que dói em mim?
Se nos encontrarmos em outro mundo, espero que possamos ter filhos, para que nenhum de nós se sinta tão solitário quando o outro se for, para que tenha um pedacinho nosso no mundo.
Eu te amo.
Sinceramente seu, Louis Tomlinson.

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