BUCKY NÃO SABIA o porquê se ofereceu para vir com você. Naquele momento pareceu adequado, como se quisesse impedir algo parecido com o que houve na noite anterior. Mas de repente se tornou uma situação desconfortável observar você com o outro James, sorridente e simpático.
A solução para o ex-soldado foi ignorar e focar no que realmente importava até que fossem embora.
Horas depois quando deixaram o departamento da polícia local, o silêncio acompanhou a trajetória de ambos até a sede dos Vingadores. E talvez tenha sido melhor para você e seus pensamentos que não paravam de pipocar. – o protesto e sua não morte por um tiro. Em sua concepção você tinha certeza que Parker Hobbins estava por trás, porém no momento você não tinha muito a oferecer.
E o fato de Bucky nem sempre expor os próprios pensamentos para as pessoas te deixava mais incerta sobre o que ele achava sobre você, sobre os Vingadores e sobre a parceria que formaram horas atrás.
Quem sabe o silêncio entre vocês no carro já não estava dizendo o suficiente?
Bom, você não se importou quando o veículo parou. Tudo o que fez foi saltar dele para adentrar no prédio sem ao menos espera-lo.
– Sexta feira? – você convocou a IA que Pepper programou com o mesmo nome da de Tony. – Onde encontro o Sam?
– Ala B, sala de treinos dois, chefe.
– Obrigada, e eu não sou a chefe, certo? – você prendeu um riso enquanto caminhava.
– Mas estou programada para trata-la como tal. – a inteligência artificial indagou, demonstrando que Pepper a configurou pensando em você.
– Não precisa disso, sério.
– Como quiser.
Seus olhos encontraram Sam observando o lado de fora da base através da janela da sala.
– Nosso cara te tirou do sério? – ele questionou sem olhar para trás e você sabia que ele prendia um riso.
– Não exatamente, mas não entendo essa insistência para que trabalhemos juntos. – você retrucou cruzando os braços ao lado dele.
– É minha função garantir que tenham o mínimo de cumplicidade não acha? Se estiverem em missão e com vidas em perigo, terão que se ajudar.
– Que seja. – você suspirou o fazendo te olhar.
– Não consigo acreditar que estão sempre convergindo.
– Cansei de tentar decifra-lo.
– Tenho certeza que logo você volta a tentar. – você revirou os olhos com a fala dele. – E então? Conseguiu suas respostas com a polícia?
– Apenas confirmei o que já sabia, Sam. Os homens eram inocentes e foram induzidos! Parker… foi ele.
– O cara nos odeia mesmo. – murmurou pensativo.
– O que fazemos? Esperamos?
– Não… nos aperfeiçoamos. – confiante e certo das palavras, Sam afirmou olhando para o lado de fora, onde Carol estava treinando no gramado.
Com os cabelos da cor do sol presos e com vestimentas comuns, que liberaram os movimentos, Carol usava apenas um bastão para auxiliar seus movimentos. O objeto era direcionado de um lado a outro com agilidade e vez ou outra direcionado para o céu, e quando voltava para suas mãos era com maestria.
Ao seu lado Sam tinha um pequeno sorriso no rosto.
– Ela sim tem experiência. – você se adiantou em dizer.
– Pode até ser, mas vamos convergir muito. – retrucou ele te fazendo ficar confusa. – Ela mal chegou e quer mudar as normas.
Então você riu.
– Ela não quer mudar as normas! – você o corrigiu, recebendo um olhar sério. – Ela é uma capitã treinada, emana espírito de liderança por natureza.
– E uma personalidade forte. – complementou.
– Um tanto carrancuda também. – você acrescentou prendendo uma risada. – Mas fez o Thanos ficar de joelhos.
– Ok, já entendi. – Sam te cortou enquanto se virava para te olhar. – Não quer mesmo assumir essa posição? Digo, Natasha confiava em você para fazer isso.
– Eu sei, e se confiava mesmo aprovaria qualquer pessoa que eu escolhesse para liderar a equipe. E eu escolho Carol.
Em silêncio, ele assentiu suas palavras acatando sua escolha.
Desde o início você deixou claro que liderar não era sua vocação, mas sim lutar. Pois você dormia em helicópteros, acordava em zonas de guerra, salvava milhares de pessoas e tudo isso porque você queria que houvesse paz. E não importava que posição você ocupava na equipe, o que importava era o heroísmo que sua presença levava até as pobres almas ao redor do mundo.
[…]
Fazia uma hora que Carol tinha saído da órbita do planeta praticamente na velocidade que a luz demorava para se propagar. Tão rápido que ficaria imperceptível aos olhos humanos. E por mais que a ex-piloto estivesse na terra, o espaço ainda contaria com ela, pois existiam milhares de planetas necessitando de defensores. E eles a tinham.
Quando terminou o dever de ajudar um planeta aleatório antes que o mesmo entrasse em colapso, Danvers voltou a cruzar o universo para retornar ao planeta que estava antes.
Enquanto isso na terra você tentava não morrer de tédio por espera-la chegar até a base dos Vingadores. Você sentou de frente para a bancada da cozinha e observou Wanda se movimentar de um lado para o outro, espalhando ingredientes na ilha.
– Dia ruim? – a voz da feiticeira se fez presente.
– Não, só de treinos. – você respondeu apoiando o queixo na mão direita. Voltar a treinar era estranho e te traziam muitas recordações do passado.
Wanda voltou a se concentrar no que fazia e não demorou para que o aroma de um chá inundasse o ambiente, te fazendo suspirar agradecida. Sorrindo de lado, a mulher a sua frente arrastou uma xícara até você, que pegou com as duas mãos para esfriar a bebida quente.
Foi impossível para você olhar Wanda sem lembrar dos últimos acontecimentos. Talvez um pouco de culpa te preencheu, visto que seu olhar nela era de pura insatisfação misturado com insegurança. Ela era sua amiga, mas ao mesmo tempo foi como se você não a reconhecesse nas notícias que rodaram o mundo.
– Por que decidiu voltar? – sem se dar conta, você soltou a pergunta.
O silêncio continuou enquanto Wanda se virou lentamente em sua direção. A mulher secou as mãos e as guardou nos bolsos do casaco.
– Foi o único lugar que me veio em mente. – ela respondeu baixo e você pôde jurar que o sotaque dela estava de volta. – Por que a pergunta repentina?
– Pensei que depois de tudo você se isolaria, principalmente de nós que condenamos o tipo de coisa que você fez em Westview.
– Eu... – ela começou a dizer e fechou os olhos tentando se auto controlar. – Eu só queria ser feliz, ter uma vida...
– Acabando com a de outras pessoas. – você disse, após afastar o chá de si mesma. Ela suspirou.
– Tem coisas que não entende. – o tom de voz dela mudou para um grave, mas nada que te assustasse, apenas te fez entender o quão disposta ela esteve para crer nas escolhas que fez antes.
Você se levantou e viu seu relógio apitar indicando que tinha que treinar.
– Tem razão, eu não entendo.
Os minutos que passaram foram o bastante para Carol retornar a terra.
Você foi até o novo setor de treinos e uma das salas construídas era mais resistente para suportar níveis destrutivos de poderes. Se a Capitã escolheu ela para o treinamento não pretendia pegar leve. Isso se constatou quando as rajadas de poder dela começaram a rachar as paredes.
Foi nesse momento que você pulou para o outro lado da sala e desviou de um ataque dela.
– Devia maneirar, não queremos que o prédio desabe! – você gritou.
Seu pedido não surtiu efeito algum, Carol continuou lutando como se fosse uma batalha real. Numa fração de segundos seu corpo foi chutado por ela, até atravessar uma parede grossa de concreto.
– Geralmente é assim que reage com seus inimigos? – a loira perguntou caminhando para a sala em que te chutou. – Está aliviando e sendo uma oponente fácil...
– Ou você que está levando a sério demais? – você resmungou ainda nos destroços. Um gosto amargo estava em sua boca indicando que havia se ferido. Logo, você cuspiu uma quantidade de sangue e encarou Carol desacreditada. – Me fez... sangrar?
Ela deu um pequeno sorriso satisfeito ao te ver irritada, estava atingindo o objetivo de deixa-la furiosa.
Sem aviso prévio você atacou Carol usando as mãos cheias de energia para compensar sua falta de super-força – algo que apenas ela possuía. Seus corpos voltaram a sala de treinos pelo mesmo buraco aberto anteriormente. Quando rolaram no chão você ainda não tinha idéia do que fazer para vencer.
Se usasse seus poderes a deixaria mais forte, visto que a energia é vital para aqueles que a recebem. Com Carol não seria diferente, ela canalizaria poder o suficiente para iluminar um continente inteiro se fosse atingida com seus poderes.
A única idéia válida foi criar um escudo de energia como uma bolha que mantiveram ambas dentro. Carol olhou ao redor espantada e atirou uma rajada dourada no escudo, mas o poder atravessou o mesmo e o buraco se fechou novamente.
– Espera que seu inimigo fique preso a você para sempre? – ela questionou sarcástica.
– Na verdade não. – você disse com as mãos erguidas sustentando aquela bolha azul gigante. – Eu só queria ganhar tempo.
– Tempo?
Sua cabeça acenou em positivo e após isso você trouxe as mãos para perto de si fazendo a bolha diminuir, mas depois disso abriu os braços com força para que ela crescesse e jogasse Carol para longe. O impacto a colidiu contra a parte mais alta da parede.
Ela rolou pelo chão e se demorou a levantar. Enquanto isso você ficou satisfeita consigo mesma e ao mesmo tempo surpresa, havia conseguido nocautear um dos seres mais poderosos do universo.
– Posso jogar esse jogo o dia todo! – você provocou detrás do escudo de energia azul.
Carol abaixou as mãos e cessou os ataques com os olhos apertados em julgamento para você, que sorriu triunfante.
– Pode até ser, mas você se segura constantemente. – indagou Danvers caminhando em sua direção. – Eu vi você lutar contra Thanos, quase o fez implorar.
– Era tudo ou nada, ele precisava ser derrotado.
– Precisava eu sei, então quero que ao lutar comigo pense naquele tipo de situação. Não se segure.
– Porque diz isso?
– Porque encontrei alguém a minha altura.
Aquela frase: "dormia em helicópteros e acordava em zonas de guerra porque queria que houvesse paz" foi uma referência a Mulher Maravilha, minha heroína favorita! ❤
Alguém aí curte a DC também? Porque eu amo assim como a Marvel.
Até o próximo capítulo e já aviso que não quero ninguém infartando ao ler em! KKKKKK