walking the wire | lwt+hes

By alterhstyles

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Em seus dezessete anos, Louis nunca pensou que encontraria acolhimento entre tinta negra, agulhas e um pouco... More

avisos/saudações
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By alterhstyles

[n/a: quem é vivo sempre aparece não é mesmo?

nao vou me prolongar muita coisa por aqui, mas saibam que repudio meu sumiço de 2 ou 3 anos (?), bloqueio de escrita é uma coisa que nao desejo nem pro meu pior inimigo

um adicional; a fic já estava na reta final como eu planejei ainda na época ativa, nao esperem uma surra de capitulos (que vão ser postados na sexta por esse horário)

nem sei se ainda alguém lembra da fic, mas cá estou eu cumprindo minha promessa de retorno :) aproveitem!!]


No caminho para o hospital, Harry ficou com receio de Louis desmaiar ou acontecer alguma coisa de ruim em cima da moto, enquanto os dois se dirigiam até ao local, mas Louis estava tão perdido nos próprios pensamentos que dificilmente se soltou do tatuador que fez abraçá-lo enquanto dirigia a moto potente, sendo cuidadoso com o acelerador ao mesmo tempo que queria que Louis se acalmasse.

Antes que Harry pudesse pensar em estacionar, na ala emergencial, Louis saltou da moto atrás do balcão para que pudesse se informar onde estava sua mãe, felizmente, por ser o hospital em que sua mãe trabalhava, ele era bem conhecido pelo fato de acompanhar sua mãe uma vez ou outra nos plantões, então, quando a recepcionista o viu, uma senhora bem simpática chamada Marlee, era de fato que ela já sabia o que tinha acontecido, ignorando o papo furado e logo explicando que Jay estava passando por procedimentos que envolviam exames, mas que era pra ele aguardar em tal andar, que era quando ela seria encaminhada para lá, o moreno foi informado que sua irmã e um amigo já estavam lá por cima.

Desesperado, correu para o elevador, onde o botão foi apertado repetidamente como se fosse fazer descê-lo mais rápido, ele olhou de relance para ver se Harry o acompanhava, mas percebeu que ele ainda tinha ido estacionar a moto, e sinceramente, ele não estava com a calma necessária para esperar o tatuador.

Ao sair da caixa de metal, roendo o que ainda lhe restava de unhas, conseguiu avistar Niall e sua irmã, Fizzy, no final do corredor. Ela estava ocupada e aflita conversando com alguém no celular, e o amigo viu Tomlinson imediatamente, como se já estivesse esperando pela sua presença.

- Hey. – Diz o irlandês, puxando Louis para um abraço rápido e acolhedor, mesmo que Louis estivesse fora da realidade olhando para todos os lados procurando por algo que pudesse notificar que sua mãe estava bem. – Ela chegou desacordada no hospital, vim com a sua irmã e tenho a chance de ser preso porque eu preferi dirigir por ela, ela não parava de tremer.

- O que aconteceu? – Lou pergunta com a voz firme, tentando disfarçar o seu desespero, mas é claro que Niall o conhecia o bastante para não perceber isso. – Como isso chegou a esse nível?

- Eu não sei muito. – Niall suspira – Eu fui até a sua casa para tentar alguma informação sobre as coisas para você, mas já na porta eu já ouvi uma gritaria enorme, e a porta estava entreaberta. Foi tudo muito rápido, dei de cara com a sua mãe desmaiada no final da escada, a Fizzy estava tentando acordá-la, Lottie brigava com o seu pai no topo da escada e as gêmeas tentavam fazer Ernest e Doris pararem de chorar.

Merda. Merda. Merda.

- Fizzy estava em choque e conseguia falar poucas coisas, só pediu para eu levar Jay até o carro porque a ambulância iria demorar em cerca de vinte minutos para chegar. – Os dois olham para Fizzy, que tinha o celular levado ao ouvido e a outra mão na cintura, andando de um lado para outro totalmente pálida. – Foi quando ela ia dirigir, mas sua mão tremia tanto que não conseguia encaixar a chave atrás do volante, então, eu decidi dirigir, deve ser um pouco pior eu ser preso do que acontecesse algo pior com o nervosismo dela na hora de dirigir. Então, ela foi atrás com a mãe tentando acordá-la, sem sucesso... Enfim, agora estamos aqui.

- Que inferno. – Louis suspira, o sentimento de aflição aumentando no sangue. - Desgraçado. Austin descobriu alguma coisa.

- Louis, Harry está vindo.

Antes que pudesse pensar em algo, viu o tatuador atrás de si, com os olhares aflitos procurando alguma explicação, ou se perguntando se o menor estava bem, se sua mãe estava bem, talvez a confusão na cabeça de Harry estivesse crescendo toda vez que olhava para Lou.

- Oi, alguma notícia?

- Não, nada. – Tomlinson pragueja ao se sentar, passando os dedos nas têmporas, angustiado. Sente o peso no sofá branco, notando Harry olhando-o com cautela, mordendo os lábios como se estivesse pensando no que fazer. – Harry... Você não precisa ficar aqui...

Antes que o de olhos verdes pudesse responder alguma coisa, sua irmã se aproximou, chamando atenção com o salto pontudo que provavelmente nem teve a ideia de tirá-lo ao chegar em casa.

- Hey, Lou. – Fizzy tentou um sorriso, tentando disfarçar os olhos inchados e claramente destruída por dentro. – Foi o nosso pai que fez tudo isso.

- Não considero aquilo meu pai faz muito tempo. – Louis ralhou, levantando e parando na frente da sua irmã. – O que aconteceu, Fizzy?

- Venha, vamos conversar em particular. – Ela chama, olhando para os meninos com simpatia. – Com licença, meninos.

A mais velha o puxou para próximo da janela, onde não se encontrava ninguém, Niall e Harry, meio perdidos, sentaram e começaram a conversar entre si, apreensivos com a situação.

- Jay já estava coletando provas a cerca de um ano, para que ela pudesse se separar de Austin. – Felicité começa. – Você sabe, nosso pai é um juiz poderoso, tem várias amizades dentro do trabalho, não seria nada fácil acusá-lo de, principalmente, violência doméstica quando a justiça está ao lado dele por conta de algumas malas de dinheiro. Tinha que ser algo cuidadoso, nossa mãe me procurou para pedir ajuda, e pediu que ficasse entre elas e Daniel, e alguns outros advogados de total confiança com o caso.

Ela ignora o celular que começa a vibrar, poderia retornar depois.

- Estava tudo funcionando nos primeiros meses, mas depois Austin começou a desconfiar de Jay, não concluindo exatamente o que acontecia, não por esse lado, mas sabia que estava sendo traído. – Fizzy suspira. – Não que ele fosse deixá-la em paz, pelo contrário, só usou isso como motivo para ser o ogro que sempre foi, e piorou tudo. Não queríamos mais prolongar, ela estava sofrendo, mas ela disse que aguentaria mais para ter provas o suficiente, foi quando ele chegou bêbado em casa. E aproveitou que ela estava sozinha no quarto e começou a discussão toda, eu ainda não havia chegado, Lottie estava com os gêmeos na sala, escutando música com as crianças, e só viu o pior quando foi o estrondo na escada. Foi quando eu cheguei bem na hora, depois o Niall. O resto você já sabe.

Louis se encosta na parede, fechando os olhos e raciocinando tudo que lhe foi dito, talvez se ele estivesse em casa isso não tivesse acontecido.

- Lottie está com as meninas e os gêmeos em casa, tentando confortá-los. Austin saiu bêbado e quase explodindo de raiva e arrependimento no carro.

- Fizzy, você avisou para a segurança não deixá-lo entrar? – Louis questiona, o medo duplicando.

- Sim, já comuniquei.

Louis tranquiliza, só um pouquinho, porque o próximo passo deles era sentar e esperar os exames. Fizzy não parava quieta na cadeira pois precisava fazer diversas ligações, advogados, ajudar a acalmar as crianças passando notícias que a mãe estava bem, apesar dos mesmos não terem recebido um a sobre Jay. Harry confortava Louis segurando suas mãos, impedindo que ele arrancasse o mínimo que ainda restava de unha em seus dedos, e o sorriso confortador em seus lábios, apesar de não falar nada, era um sinal conectivo entre os dois, de que nada de mal aconteceria com Jay. Niall balançava as pernas agoniado na cadeira, mas não pôde demorar tanto porque sua mãe o esperava em casa, e ele se sentiu meio mal por deixar o melhor amigo numa situação dessas, e prometeu dizendo que voltaria amanhã.

E também, se confortava mais ao perceber que Harry estava dando a atenção que Louis precisava.

Um pouco depois do irlandês ir embora, trouxeram notícias sobre Jay, informando que ela foi direcionada para outro quarto que tinha acessibilidade maior de médicos, para que algo inesperado não durasse tanto tempo. Foram avisados que não poderiam receber tantas pessoas no quarto até ela acordar do sedativo e se apresentar estável; Austin tentou enforcá-la, os roxos ao redor do seu pescoço estavam fortes e tinha uma daquelas máscaras cobrindo sua boca e o nariz, tinha um roxo na sua bochecha e alguns arranhados pela testa, sua coluna foi drasticamente machucada na hora que foi empurrada da escada, com algumas complicações sérias. Não conseguiria se manter em pé por um bom tempo.

Fizzy e Louis estavam no quarto, Harry aguardava na porta e Daniel estava vindo, só soube da notícia agora. Os irmãos estavam de mãos dadas, lágrimas caíam dos olhos da mais velha em um silêncio profundo no quarto, Louis estava em choque, não acreditando na situação em que estava, sua mãe estava internada no hospital porque seu pai era um covarde e batia em mulher, na sua esposa.

Olhou para a irmã, Louis achava tão estranho ver a irmã chorando, fazia anos que ele não via isso, ela parecia estar tão machucada quanto o irmão vendo a mãe naquele estado. Então o de olhos azuis saiu do quarto sem aviso prévio, estava totalmente fraco, ficar lá dentro com a sua mãe desacordada piorava a situação.

- Lou?

- Eu não consigo ficar lá dentro. – Louis choraminga, olhando para o chão, ciente que Harry se aproximava para lhe abraçar. – Eu sinto como se eu tivesse culpa nisso, mas é tudo culpa do monstro do meu pai.

- Olhe para mim, anjo. – O tatuador pede com a voz calma, levantando o queixo de Louis com o seu dedo indicador, lágrimas se acumulando nos olhos do garoto. – Você precisa ser forte assim como a sua mãe está sendo, há pessoas que a amam e torcendo para que ela melhore, você é uma dessas pessoas, tenho certeza que ela é uma pessoa maravilhosa. Você tem que pensar positivo, okay? Eu estou aqui, seus irmãos também, ela vai melhorar.

Louis simplesmente adora a forma que Harry o acolhe, como faz o menor sentir que é importante, e pelo seu toque, transmite toda a sinceridade nas suas palavras, acariciando sua bochecha com os dedos pálidos, dando atenção para cada detalhe do Tomlinson.

- Você é lindo, amor. – Harry sussurra – Não chore. Isso definitivamente não combina com você. Quer ficar aqui fora?

- Sim.

- Ok, venha.

Harry leva Louis até o sofá, o hospital está consideravelmente vazio, e por ser o corredor principal, havia muitos sofás espalhados, não era provável se incomodarem com Louis deitado nele, a cabeça apoiada na coxa do tatuador, onde recebia acolhimento e carinho no cabelo, não há muito o que se fazer do que esperar pela manhã para Jay acordar.

Hospitais podiam ser caóticos em horários inimagináveis, e quando Louis está próximo de tirar um cochilo nada confortável nas cadeiras duras, tendo um único conforto sendo o colo do tatuador, pessoas bêbadas chegam para serem atendidas, buscando soro para tirar o excesso de álcool do estômago.

Ele se levanta, emburrado, atraindo a atenção de Harry, que estava quase dormindo sentado. Seus músculos doem e está de barriga vazia, uma sensação de enjoo o denomina desde que chegou no local, mas agora parece estar mais forte.

- Vou comprar café para você. – Harry levanta da cadeira e uma careta de dor é colocada em seu rosto, só por se entreolharem, já sabem que é por conta dos assentos desconfortáveis. – Um chocolate, talvez?

Louis abraça o próprio corpo, desviando o olhar. Suas bochechas ruborescem com a preocupação de Harry.

- Você ignorou meu comentário, não foi? – Louis não sabia se Harry queria estar ali, ou estava por pura consideração. – Está tudo bem se você quiser ir para casa, sério.

Harry deita a cabeça para o lado, desconfiado. Seus passos se aproximam do corpo menor e a mão sobe para acariciar sua bochecha esquerda.

- Você quer que eu vá embora? – Harry pergunta calmamente, um pouco triste pela insistência de Louis sobre sua companhia. – Posso comprar o café e—

- Não! Eu quero que você fique, óbvio. – O de olhos azuis mordica os lábios, brincando com a barra da camisa do tatuador. – Eu só não sei o que pensar, não sei se você está aqui por obrigação, sei lá.

Harry sorri e puxa o maxilar de Louis para perto, selando seus lábios em um ato calmo e carinhoso.

- Estou ótimo, amor. – Harry o encara, suas orbes verdes analisam cada detalhe do rosto do menor. – Não tenho nem um problema em ficar, mas se você quiser me chutar daqui, eu vou embora.

Louis ri e puxa o tatuador para um abraço.

- Vou comprar o café.

- Vou com você.

Os dedos de Harry se entrelaçam nos de Louis, o acolhimento do tatuador não passava despercebido em um mínimo de gesto para o de olhos azuis, seus dedos roçavam a parte de cima da mão dele, e Louis gostava do contraste que combinava e embelezava com os anéis e tatuagens do cacheado.

Harry era lindo. Louis sabia que podia passar horas o admirando, sua pele era macia e, limpa de tatuagens ou não, a facilidade para se atrair por ele não seria difícil, a forma que ele andava, seus movimentos e olhares parecem ter saído de um personagem perfeito de um livro, como nos de histórias adolescentes que Daisy e Phoebe viviam sonhando e irritando o Louis com tamanha estupidez por alguém que sequer existia – agora ele entende o sentimento das irmãs, mas por alguém real e que as vezes nem Louis conseguia acreditar que estava tendo algo.

Mas não era isso que definia Styles, desde o primeiro dia que o vira, algo de diferente em Harry o fazia sentir milhares de borboletas no estômago, nem ele sabia como definir como Harry o afetava tanto, mas sabia que o adorava muito mais que a sua beleza física.

Louis se divertira com um Harry estressado com uma máquina de café e notas de dois dólares. Aliviou um pouco a tensão de tudo que estava acontecendo agora, e com a barriga doendo, Louis ria sem parar do tatuador indignado com a máquina não querendo aceitar a sua nota, e depois de dez tentativas, Louis tentara e conseguira de primeira um café expresso.

- Sabe, prefiro ir na recepção atrás de alguma banca ao usar essa máquina de novo. – Harry entrega o copinho de café para Louis, que está controlando a risada, analisando o mesmo quando assopra e conforta seus dedinhos no copo quente com o líquido, bebericando em seguida. – Chocolate?

- Hmm. – Louis assente com a cabeça e se afasta da máquina ao lado da de café, onde tinha alguns doces à venda. Harry estava tão desesperançoso com a máquina, que sua surpresa ao aceitarem a nota na primeira tentativa foi um motivo de risada para Tomlinson. – Oh! Essa não te odiou completamente.

- Okay, mas não usarei mais essas máquinas. – Harry prontifica e Louis concorda com a cabeça, aceitando a pequena embalagem com o chocolate. – Vamos voltar, amor.

O caminho de volta para o quarto de sua mãe é curto, Louis lembra vagamente de ver sua irmã ninando com o celular no ouvido, falando com sabe lá quem, mas agora ela estava de pé, eufórica, conversando com um homem negro de jaleco. Ele não demora tanto para entregar o copo de café e o chocolate, andando apressadamente até os dois.

- O quadro dela é grave, mas está estável. – A voz do homem comunica Fizz, que tranquiliza a mesma e deixa Louis confuso e curioso. – Ela irá precisar de um ortopedista e uma lista de remédios, sua recuperação será lenta e não vai poder andar por algumas semanas... As vias respiratórias ainda estão fracas e vai ficar cansada por muito tempo até se desprender dos aparelhos, porém, os exames correspondem positivamente e o que resta é ter paciência daqui para frente.

Felicité agarra o braço do irmão em alívio, ambos com lágrimas escapando pelo rosto, porém, felizes pelo fato principal de que sua mãe vai ficar bem.

- Podemos vê-la? – Louis pergunta, primeiramente nota a repreensão do médico. – Por favor, cinco minutos.

A insistência de Louis comove o médico, que abre espaço para que eles passem.

- O sedativo ainda está forte, só vai acordar mais tarde. – Ele avisa, enfiando uma caneta no bolso do jaleco. – Irei mandar uma enfermeira para verifica-la depois que vocês saírem.

- Muito obrigada. – Fizzy agradece e entramos, Harry está em silêncio no banco e sorri de canto quando Louis o procura, incentivando-o a ver sua mãe.

Jay dormia serenamente na cama hospitalar, os batimentos estavam estáveis e a pele um tanto pálida, mas bem. Louis se ocupa em um pequeno assento no lado direito, tomando com calma a mão gélida e leve da mãe e deposita um beijo silencioso enquanto seus olhos azuis a encaram, notando o tanto de equipamento no seu rosto e os tons roxeados que lhe davam ódio nas veias ao lembrar do culpado.

Sua irmã apoia uma mão no ombro de Louis e a outra acaricia seus joelhos, o silêncio se prolonga e a única coisa que ecoava era os bipes do batimentos cardíacos da mesma.

- Acho que seria bom você ir para casa. – Fizzy diz baixinho, e o mais novo dirige o olhar incrédulo. – Ainda estou me acostumando com o fuso horário e tenho coisas para resolver sobre o processo, não podemos nos adiar.

- Eu vou ficar com você até ela acordar. – Louis é firme, mas ele não é o único Tomlinson insistente, e perder uma discussão para uma advogada de alto porte era previsto.

- Pense nas crianças, você ficou longe por muito tempo, certo? – Fizzy pergunta e o moreno afirma com a cabeça. – Acalmaria um pouco as coisas com as notícias vindo de você, e já combinei com Lottie, ela virá pela manhã depois de Lucy chegar para acalmar um pouco as coisas. É o tempo que você descansa e pode vir pela tarde.

Apesar de tudo, Louis não podia negar que estava exausto. E sua irmã tinha razão quanto aos argumentos, e ele sentia a necessidade de voltar para casa depois de tudo, o sentimento de covardia ainda o cutucava discretamente na sua cabeça. E pensando bem, veria sua mãe pela tarde, no horário que ela com certeza já estaria acordada, não foi tão difícil ceder.

- Se precisar de alguma coisa, me liga. – Louis sussurra e respira fundo, deixando um último beijo na mão da mais velha. Os dois levantam e saem do quarto, e o de olhos azuis puxa a irmã para um abraço. – Apesar das circunstâncias, é bom ter você aqui.

Felicite solta uma risada anasalada e abraça o irmão.

- Digo o mesmo, Lou. – Fizzy se afasta e olha para Harry, que está de pé próximo dos dois em silêncio. – Fico feliz que o Louis tenha você, só não esqueça que eu sou advogada.

Harry ri baixinho com suas covinhas expostas, Louis cora e revira os olhos, aquele não era um momento para constranger na frente de um cara que sequer definira relacionamento sério.

- Pode ficar tranquila, irei cuidar dele. – Harry se despede dando um beijo na bochecha de Fizzy, a mesma ainda o encara desconfiada, mas parece gostar do tatuador mesmo assim. – Até mais, Fizzy.

Os dois caminham para o elevador em silêncio, e o caminho para casa de Louis foi calmo e leve enquanto agarrava o tronco de Harry na moto.

Estava frio quando Louis descera da moto, agarrando os próprios braços e encarando a casa enorme que deixara dias atrás, a luz da sala estava desligada, mas o quarto das gêmeas estava em alerta, e ele conseguira ver uma movimentação na janela, era óbvio que elas iriam esperar algo.

Harry tira o capacete e encara Louis, que está mordendo os lábios sem saber o que fazer certamente, o tatuador puxa o mesmo para um abraço e Louis se acalma, o calor de Harry e seu cheiro o acalmavam, na verdade.

- Vai ficar tudo bem, okay? – Harry sussurra e Louis balança a cabeça diversas vezes no colo do cacheado. – Amanhã você me liga quando for voltar para o hospital, venho buscar você.

Louis franze as sobrancelhas, o encarando.

- Você não vai ficar? – Sua voz é um tanto manhosa e, um alerta toma conta do seu corpo. – Ah! Não vou obrigá-lo...

O de olhos verdes o encara cuidadosamente, levando sua mão tatuada e com anéis para a bochecha de Louis, seu toque é leve e carinhoso.

- Podemos deixar a apresentação para as pestinhas Tomlinson para depois, hm? – Harry sugere e Louis ri, concordando. – Tenho algumas coisas para resolver, e não quero ser um intruso na casa nesse momento.

- Não seria. – Louis responde, selando seus lábios com o de Harry com ternura. – Mas tudo bem, entendi o seu ponto. Vejo você amanhã então.

- Bom, acho que uma das pestinhas viu você me beijando. – Harry ri, olhando por cima do ombro de Louis, onde o mais novo o imita e vê Phoebe escorada na porta como uma mãe repreendendo o comportamento de um filho por ter chegado tarde em casa. – Boa sorte com ela, até depois amor.

Louis se afasta com os braços cruzados, Harry coloca o capacete o manda uma piscadela, onde liga o motor e dá partida para ir embora. Ao virar para entrar, Phoebe está indo em sua direção com os olhos inchados e cabisbaixa, abraçando o irmão sem pestanejar, Daisy aparece na porta em seguida, usando um moletom parecido com o da sua irmã e com uma xícara na mão. Todos em silêncio.

- Lottie deu notícias por Fizzy, disse que ela está em um estado grave. – Daisy é a primeira a comunicar.

Louis suspira e observa a casa, só há algumas luzes ligadas pelos cômodos, mas o silêncio é abrupto. Pela primeira vez, Chantilly não rosna para ele, somente cheira seus sapatos.

- É grave, porém estável. Ela vai ficar bem, meninas. – Louis retruca, ele retira os sapatos e seus pés encostam no assoalho gélido. – Onde está a Charlotte?

- Com os gêmeos, no quarto deles. – Phoebe diz de braços cruzados. – Foi uma luta para fazê-los dormirem, choraram bastante.

Louis morde os lábios, aflito.

- Ele não apareceu aqui, não é?

- Não. – As gêmeas respondem em coro.

- As aulas ainda estão suspensas, mas não significa que vocês têm que ficar altas horas acordadas. – Louis diz um tanto irritado, subindo as escadas para tomar banho. – Se eu sair do banho e vocês não tiverem no quarto, irei mandar cortar o wi-fi.

Louis ouve alguns resmungos, mas seu argumento parece ter funcionado, e então ele segue para o seu quarto em passos cansados. Todos os cômodos da casa davam angústia para o menino, antes, sua colocação com a mansão era razoável em memoria das suas irmãs e sua mãe, bons momentos aconteceram em cada cantinho daquela casa, mas agora, ele lembrava de cada cena que seu pai o brigava, ou brigava com uma das suas irmãs desde que ele criancinha.

O corredor dos quartos era composto de fotos da família; viagens e eventos que surgiram e lindas fotos espalhadas por lá. Austin estava em quase todas, Louis começou a tremer de tanta raiva e ódio que só percebeu o que fazia depois de carregar todos os quadros com Austin na fotografia para o quarto de hóspedes, jogando-os na cama na tentativa de diminuir sua raiva, seu desejo mesmo era de quebrar cada uma delas, mas com os gêmeos dormindo, era melhor evitar mais dores de cabeça pra ele e Lottie.

Com lágrimas nos olhos, ele vai para o próprio quarto.

Estava uma bagunça desde que ele saiu, mas limpo, tinha certeza que Lucille limpara e hesitou tirar todos seus troços do chão por medo de Louis ficar chateado, mesmo sabendo que ele não ficaria. Folhas, livros, alguns bonequinhos colecionáveis se espalhavam pelo carpete, ele estava achando tão estranha a sensação de ficar rodeado por algo que era seu conforto novamente, tinha se acostumado tão fácil com o cheiro do apartamento de Harry.

- Que droga. – Louis suspira. Na sua mesinha de estudos, ele colocou algumas fotos com suas irmãs e em especial, tinha uma com Austin. Os dois com boné de baseball, quando foram dois meses atrás para um ''dia dos homens''. – Covarde.

Louis arranca a foto da parede e rasga milímetro por milímetro, tentando despejar todo seu ódio ali, não era o suficiente, é claro.

Seu celular temporário estava para descarregar, fez questão de anotar o número de Harry rapidamente – não havia necessidade de continuar com ele, então, foi até o quarto das suas irmãs, procurando o que era realmente seu. Daisy e Phoebe já estavam em suas camas, reclamando quando Louis entrara pedindo o mesmo, Daisy tirou o mesmo de um amontoado de roupas do seu guarda roupa, o expulsando em seguida.

Ele realmente não queria incomodar Harry, parecendo um ficante grudado e sendo um pé no saco – mas talvez Harry não pensasse no seu real número na lista de telefone, avisá-lo não seria nada demais.

"Hey, é o Louis. Meu real número."

O coração de Louis saltita e ele corre para o banheiro com uma toalha limpa. Chegava a ser ridículo sua ansiedade ativa por esperar uma resposta de Harry, ele com certeza estaria ocupado com alguma coisa.

Definitivamente, Tomlinson percebeu o quanto sentiu falta do seu chuveiro quando entrara debaixo dele, o de Harry aquecia e era ótimo, mas o seu, talvez fosse uma relação íntima que ninguém poderia entender, seu estresse e preocupação podem ter diminuído um pouquinho a cada minuto que ele sentia a água descer por seu corpo nu.

Não sabia como seria as coisas daqui para frente, Harry estava na sua vida e um momento dramático familiar acontecia, sua mãe estava no hospital e um lado da família entraria com um processo contra o pai – as coisas seriam angustiantes e de estresses cotidianos, Louis sabia apenas disso, a primeira coisa era que sua mãe melhorasse, voltasse para casa e as coisas acalmassem um pouco entre nós, mas não teria uma paz completa sabendo que Austin seria um idiota depravado que iria complicar o processo de separação e acusações, isso se ele não inventasse de querer a guarda dos filhos.

Não que ele fosse tão amoroso e preocupado com Louis, Lottie, Fizzy e os dois pares de gêmeos, mas até onde iria sua insanidade para trazer desconforto e nada de paz para Johanna? Felicite e Charlotte eram um problema a menos por já serem adultas, mas Louis e as crianças ainda eram menores de idade, talvez não desse tempo para incluir Louis na lista de requerimento para guarda, mas a ideia de perder a companhia dos seus outros irmãos para o pai lhe deu vontade de vomitar.

Com a ideia na cabeça, é hora de sair do banho. Suas paranoias seriam cotidianas e fariam o inferno na sua cabeça assim como o pai, o corpo doía e a fadiga não passavam desde que parou no hospital.

Seu primeiro instinto é correr para pegar o celular que estava na cama, com a toalha na cintura e totalmente molhado, Louis sorri ao ver que o tatuador tinha respondido.

"Esse número já estava salvo com um coração azul. :)"

Os dedos molhados de Louis atrapalham na hora de digitar, sua pressa pra escrever era igual a de uma adolescente que descobriu uma traição do casal popular da escola.

"Que cavalheiro da sua parte."

Antes que a tentação de ficar olhando com expectativa para a tela aguardando a resposta, Louis pega roupas confortáveis para vestir, como suas coisas ainda estavam na casa do cacheado – não sabia exatamente quando pegaria de volta, tinha poucas opções e não tão favoritas assim, mas era a última coisa que ele reclamaria no momento.

Quando começara a enxugar o cabelo com a toalha, o celular começa a vibrar, exibindo o nome de Harry na tela.

- Hey.

- Oi, como está por aí? - Harry ficava com a voz mais bonita por ligação, Louis escuta os miados de Misty o rodeando. – Ela está perguntando por que cheguei sozinho em casa.

- Também é estranho não estar com a bola de pelo com quem tenho uma afinidade duvidosa. – Louis sorri, mordendo os lábios em seguida. – Bom, ainda não vi Lottie e os gêmeos, vou descer agora para cuidar deles. Mas está...complicado.

- As coisas vão se ajustar, amor, não se preocupe. – Harry é atencioso, parecendo estar ocupado com alguns papéis, pelo menos foi o que deu para Louis ouvir. – Eu poderia ficar a noite toda falando com você, mas tenho que terminar esses desenhos para hoje.

- Não tem problema. – O moreno coloca um biquinho nos lábios. – Bom trabalho, Harry.

- Se alimente antes de dormir, por favor. – Styles pede e Louis revira os olhos. – Não seja uma criança mimada, okay? Amanhã eu te busco.

- Até depois, Hazz.

- Beijos.

A ligação se encerra e Louis desce as escadas, os quartos dos gêmeos eram no andar debaixo para não correrem riscos de acidentes na escada, foi um ritual desde o nascimento da primeira Tomlinson por questões de segurança, e é óbvio que foi ideia da sua mãe.

No caminho, Louis passa pela cozinha. Teria certeza que desapontaria Harry nesse momento, mas não colocaria algo no seu estômago tendo o mínimo de certeza que vomitaria depois, sua cabeça estava um rebuliço, não seria difícil sofrer um pouco mais as consequências do dia que teve.

A senha eletrônica ao lado da porta também era outra medida protetiva, não tão exagerada quanto parecia, pois só era ativada depois das dez, que deve ser o horário de sono dos meninos. Doris vez ou outra tinha problemas com o sono, por conta da fome ou um pesadelo, consequentemente, acordava Ernest com o seu choro e eles eram inteligentes o bastante para querer passear pela casa de noite. A babá eletrônica nem sempre despertava o pessoal de um sono profundo.

O quarto dos gêmeos era colorido e com muitos brinquedos espalhados pelo carpete, mesmo com a arrumação direto no cômodo, era impossível ficar arrumado por mais de vinte minutos. O cheiro de colônia infantil e chiclete fez falta para Louis, que estava entrando na ponta dos pés, analisando toda parte.

Lottie estava com os gêmeos no colo em um pufe enorme, todos dormiam e a mais velha era quem mais carregava uma expressão cansada. Com um abajur ligado próximo deles, Louis se abaixa de forma calma para pegar Ernest, que segura seu ursinho Pooh preferido, está tão cansado que mal abre os olhos no trajeto até a sua cama.

Charlotte acorda confusa quando sente um dos seus braços ficarem mais leves, uma pontada de desespero atravessa seu olhar antes de notar Louis retornando para fazer o mesmo com Doris.

- Oi. – O moreno sussurra para irmã, que aceita de bom grado a ajuda e entrega a criança em seu colo. Doris é meio rabugenta e odeia ser acordada, soltando alguns resmungos quando vai para o colo do irmão. – Durma, princesa.

Quando termina de passar o coberto no corpo de Doris, ele encara a irmã se espreguiçando com uma expressão desconfortável no rosto, Louis estende a mão para Lottie ter impulso e levantar do pufe. Sua expressão triste e acabada dói em Louis, uma coisa rara de se acontecer é ver a loira destruída daquele jeito.

- Vamos comer, sei que você não comeu nada também. – Lottie comunica com uma voz pesada, puxando o irmão para fora do quarto. – Como está por lá? E Felicite?

Louis massageia as têmporas no caminho, ainda digerindo a ideia que iria comer obrigado pela sua irmã. Ela está vestindo uma regata rosa e calça moletom, seu cabelo está preso em um coque horrível e sua cara está inchada, bem pior que Daisy e Phoebe.

Ao chegar na cozinha, a mesma começa a procurar pães para montar um sanduíche, Louis procura algo para beber na geladeira.

- Fizzy está puta e cansada, mas parece que a última coisa que vai e quer fazer daqui para frente é dormir. – Louis despeja o suco de laranja em dois copos, mantendo o olhar para a mármore da cozinha. – Nossa mãe está com roxos pelo corpo, com dificuldade para respirar sozinha sem ajuda de aparelhos e complicações ortopédicas. Para melhorar, ironicamente falando, a situação, nosso pai deve estar em algum hotel feito o filho da puta que ele é, nem aí e sequer pensando na merda toda que fez com a gente, e especificamente, ela.

Lottie fica em silêncio, montando os sanduíches perdida em pensamentos, Louis acha que ela está exausta até para xingar o indigente, mas ela começa a falar segundos depois de entregar o sanduíche para o irmão, suas veias saltam quando ela aperta a faca nas suas mãos.

- Foi tão estúpido, Lou. – Ela dispara, seus olhos enchendo com lágrimas de puro ódio. – Tão estúpido como ele saiu daqui, deixando claro para todo mundo que a única coisa que se importava era com a bunda velha e gorda dele. Agindo como se não tivesse acabado de jogar a mãe dos próprios filhos escada abaixo.

Agora, os dois estão em silêncio, tentando digerir o ódio e suprindo as necessidades com um sanduíche na madrugada, a sensação de fome havia se escondido tão bem nos sentimentos ruins e desgostosos, que só perceberam quando estavam indo para o segundo sanduíche.

- Você vai amanhã pela parte da tarde cuidar dela? – A loira questiona, com a boca cheia de sanduíche.

- Sim. – Louis responde, dando uma golada no suco. – Não saia de lá até eu chegar, não podemos deixá-la sozinha.

- E Daniel? – Lottie pergunta.

- Não apareceu até eu sair, talvez esteja com Fizzy agora, ele tinha que resolver alguns problemas antes. – Ele finaliza. Não conhecia nem um pouco do suposto padrasto, sua desconfiança ficaria concretizada até sair da boca da própria mãe que ele era confiável. – Não quero que ela fique sozinha com ele também, vou desconfiar de todos que não forem do nosso ciclo por enquanto.

- Você está certo. – A irmã concorda, sacudindo as mãos para limpar alguns farelos do sanduíche. – Como você acha que vai ser daqui para frente?

- Não tenho a menor ideia, Charlotte.

Louis apoia o queixo em uma das mãos, e a outra, agarra forte a da sua irmã, que tem o olhar perdido para o nada, silenciosamente trocando suporte com o outro Tomlinson.

- Vamos dormir.

Eles decidem subir para escovar os dentes, e depois retornam para o quarto dos gêmeos; há uma quantidade boa de lençóis e alguns travesseiros que os dois trouxeram do próprio quarto, ambos passaram alguns minutos rindo e falhando em montar uma cama de edredons no chão, e entre gargalhadas, Louis mandou Lottie parar de graça para não acordar as crianças, e decidiram dormir depois de quarenta minutos de bate papo, o assunto para distração era Harry, onde Louis falou o quanto estava feito um idiota apaixonado por ele – não sabia se era tão óbvio para o tatuador, mas ainda era cedo para escapar dos seus próprios lábios sobre isso.

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