Pétalas de Cerejeira

By NaniSenpaiNK

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Sakura tem uma importante decisão a tomar: continuar vivendo em sua vila, ao lado de seus amigos e família, s... More

Situações desesperadas, pedem medidas desesperadas
A primeira pétala de Cerejeira - Por olhos celestes
O desabrochar da Flor de Cerejeira
Nova realidade
Construindo uma Sakura Rank S
Tornando-se insubstituível
A segunda pétala de Cerejeira - Por olhos castanhos-mel
A terceira pétala de Cerejeira - Por olhos carmesim
Realidade Distorcida
A quarta pétala de Cerejeira - Por olhos negros experientes
A quinta pétala de Cerejeira - Por olhos negros gentis
A quinta pétala de Cerejeira - Ainda por olhos negros gentis
Acerto de contas
Encontro Inesperado
A sexta pétala de Cerejeira - Por olhos negros sombrios
A sétima pétala de Cerejeira - Por olhos carmesim
Acertos finais
A oitava pétala de Cerejeira - Por olhos bicolores
Escolhas cruciais
BÔNUS - A nona pétala de Cerejeira - Por olhos azuis oceano
A décima pétala de Cerejeira - Por olhos âmbares
Despedida e reencontros - Parte I
Despedida e reencontros - Parte II

A inconveniência da convivência

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By NaniSenpaiNK

NOTAS DO AUTOR:

Uwah! Aqui estamos para mais uma atualização!

Sobre esse capítulo: vamos às fortes emoções, então preparem os corações '-'

Boa leitura!*~

Obs.: Créditos do banner aos fanartistas! Apenas a edição é minha. Infelizmente não conheço ou tenho conhecimento de quem seja o artista da arte, mas se alguém souber, por favor, me diga que credito sem problemas!

[...]

CAPÍTULO 9

A INCONVENIÊNCIA DA CONVIVÊNCIA

Sakura entrou em seu quarto como um furacão e precisou de muito autocontrole para não bater a porta com toda a sua força bruta ao fechá-la.

A raiva estava borbulhando em suas veias como lava de vulcão em erupção, consumindo-a, corroendo-a.

Não, aquele sentimento não era raiva, era... ódio.

Nunca em sua vida imaginou que seria capaz de nutrir aquele sentimento, mas estar cara a cara com Uchiha Itachi tornou tão real o estrago que ele fez na vida da pessoa que amava com todo o seu pobre coração que...

Cerrou os dentes e enxugou com brusquidão as insistentes e inconvenientes lágrimas, sentando-se na cama.

E nem ser colocada num Genjutsu - Técnicas Ilusórias - pelo poderoso Sharingan, onde um pequeno Sasuke tinha dias felizes ao lado de sua família e amado irmão, só para depois presenciar a morte de todos aqueles que amava pelas mãos daquele que mais admirava, fazendo-a cair num ciclo vicioso de reconhecimento e lamentação e trazendo à tona sentimentos guardados desde o momento que o antigo integrante do Time 7 partiu de Konoha em busca de vingança... nem isso tinha sua atenção naquele momento.

Só o que pensava era: como?

Como ele ousava?

Como ele era capaz?

Aquele olhar... o olhar de quem sofreu o suficiente para desistir de viver.

Que ódio!

Depois de tudo o que fez, de todo o sofrimento que causou, de lhe mostrar tudo aquilo... aquilo que sabia não ser uma simples tortura psicológica e sim um acontecimento real do passado...

Droga, ela se sentia tão impotente!

Itachi não tinha o direito de achar que sofreu o bastante e que poderia desistir de viver depois de tudo o que fez a tantas pessoas e, sobretudo, ao Sasuke!

Socou o colchão e um grunhido rompeu sua garganta, tamanha frustração que sentia.

Ela iniciou aquela batalha certa de que iria até o fim, de que o mataria nem que para isso morresse, porque Naruto e Konoha já estavam protegidos com as informações que passou até que Tsunade pudesse encontrar outra maneira de continuar o trabalho dela, mas Sasuke... a única maneira de protegê-lo de ser consumido pela escuridão por matar o próprio irmão era matando Itachi ela mesma e estava disposta a fazê-lo, se não fosse pelo que viu naquele olhar;

Se não fosse por achar que a morte era uma solução indolor para alguém que cometeu tantas atrocidades;

Se não fosse por constatar que ele já estava condenado por algum mal que consumia rapidamente o pouco de energia vital que ele possuía, o que refletia diretamente em seu tempo de vida restante;

E, acima de tudo, se não fosse por perceber, no último instante, que não era capaz de escolher matar alguém, por mais que o odiasse.

Ela jamais seria como ele ou como qualquer um dos membros daquela Organização; jamais escolheria ceifar uma vida por vontade própria.

Pensaria em outra forma de salvar Sasuke, certamente existia alguma outra solução, só precisava usar a inteligência brilhante da qual se orgulhava para encontrá-la.

O dia passou lento, sem nenhum alarde para a sorte dela, que precisava pôr a cabeça no lugar.

Enquanto permaneceu sozinha, refletiu sobre como se descontrolou tão facilmente e, pior, sem uma justificativa coerente.

Sendo franca consigo mesma, ela agiu como a garota de sua infância agia quando se tratava de Sasuke e não podia se permitir continuar daquela maneira; não era mais uma Genin, nem uma garota boba, apaixonada, imatura e inconsequente, muito menos alguém que não tinha nenhuma aspiração a não ser conseguir a atenção daquele que amava.

Não. Definitivamente não era mais nada daquilo.

Ela se tornou uma Rank S, uma Akatsuki;

Continuava sendo apaixonada, mas uma apaixonada racional. E boba, imatura e inconsequente? Ora, com certeza não mais.

E certamente sua aspiração passava longe de conseguir a atenção daquele que amava, afinal o que ela tinha a oferecer à ele se conseguisse aquele feito?

E o que ele faria se soubesse que, além de uma desertora - depois de tanto tentar fazê-lo voltar para casa-, também se tornou a parceira do alvo do ódio dele?

A vida era realmente uma caixa de surpresas, só que de surpresas de muito mal gosto.

Seu foco tinha que continuar sendo proteger todos que amava, sem desvios e sem protelar o inevitável: tinha que ser ela a fazê-lo, não podia colocar aquela responsabilidade sobre os ombros de outra pessoa, como sempre fez.

Ela foi a escolhida e ela aceitou a tarefa.

E, àquela altura, já abdicou de muitas coisas para simplesmente abrir mão de ir até o fim.

Não podia morrer sem concluir sua missão primária: destruir a Akatsuki de dentro para fora.

Sentiu pelo mapeamento sensorial a aproximação de Pain e Tobi e por isso respirou fundo com os olhos fechados, preparando-se mentalmente para o que estava por vir.

Curvou-se para frente e apoiou os antebraços contra as coxas entrelaçando as mãos para transpassar um relaxamento inexistente pela linguagem corporal. Autorizou a entrada após as três batidas curtas de Tobi e olhou na direção deles com descaso.

— Sakura. — Pain a chamou assim que parou há alguns passos de si — Amanhã cedo você se juntará ao Itachi com a missão de capturar o Yonbi sob as instruções que passei na reunião passada.

— Certo. — assentiu para reforçar o seguinte entendimento: neutralizar o Yonbi sozinha para não haver desperdício de chakra.

Se era para agir sozinha na captura, por que Itachi tinha que ir junto?

Então o óbvio passou por sua mente: tinha que ir junto para vigiá-la.

Ora, não poderia ser o Tobi?

Sem dúvidas preferia o mascarado idiota. Lidar com a infantilidade irritante e encenada dele era melhor do que com tudo o que Itachi desencadeava em si.

Depois de algumas piadinhas do mascarado, Pain lhe entregou um pergaminho com as coordenadas da captura e retomou o tom de seriedade:

— Levando em conta o que houve mais cedo... — começou e ela torceu os lábios, supondo que teria que dar explicações sobre seu descontrole; — sua convivência com Itachi nos trará problemas?

Levou alguns segundos para entender a pergunta.

E mais alguns para o canto dos próprios lábios puxar um sorriso irônico diante da situação inusitada.

Alguma coisa poderia ser considerada um problema para aqueles Ninjas Rank S?

— Não. — desdenhou, endireitando-se e apoiando ambas as mãos na cama atrás de si, só para reafirmar o quanto estava relaxada; uma mentira deslavada, diga-se de passagem. — Acredito que a Akatsuki e eu queremos a mesma coisa quando se trata dele: mantê-lo vivo, o máximo possível.

O ruivo assentiu.

— Ótimo. — Os dois membros se dirigiram à saída, mas antes de realmente deixar o cômodo, Pain se virou para trás para encará-la — No fim da luta, o que você disse a ele?

Imaginou que Tobi, Pain e Konan não ouviram o que disse ao Itachi e ter a confirmação a deixou aliviada, pois acabou falando demais e isso implicaria em explicar mais do que estava disposta.

— Nada relevante, apenas como essa parceria vai funcionar.

Ele assentiu mais uma vez e Tobi surpreendentemente não fez nenhuma gracinha, apenas ficou com o rosto mascarado virado em sua direção, provavelmente observando-a, coisa que ele fazia com frequência nas últimas semanas, mais precisamente desde que voltou com Konan de Amegakure - Vila Oculta da Chuva.

Ambos se retiraram e ela finalmente se permitiu suspirar.

Deixou o pergaminho em cima do gaveteiro ao lado da cama e seguiu para o banheiro. Um longo banho quente certamente a acalmaria.

Não pensou em nada, apenas aproveitou a água corrente e a sensação temporária e ilusória de paz. Depois deitou e fechou os olhos, entregando-se ao cansaço pela primeira vez desde que ingressou na Akatsuki. Desligou-se de tudo: dos sentidos Ninja, do mapeamento sensorial de chakra e também de energia vital e só mergulhou no inconsciente.

Na manhã seguinte sentiu-se menos esgotada psicologicamente e mais preparada fisicamente para outra fase exaustiva integralmente em alerta, embora tenha sofrido com episódios de pesadelos quase a noite inteira; aquilo era comum desde que executou o Sanbi, então de certa forma se acostumou à inconveniência de passar por noites perturbadoras.

Antes mesmo do primeiro raio de sol cortar o céu, ela estava pronta em frente à caverna, aguardando sua dupla. Observou a natureza apreciando o momento de paz, mas tão logo suspirou em contentamento cerrou os dentes por sentir Itachi se mover em seu mapeamento sensorial, indo em sua direção.

O encontro foi marcado por uma breve troca de olhar: carmesim do poderoso Sharingan contra esmeraldas; e silêncio, apenas o silêncio.

Seguiram viagem caminhando - e não correndo ou saltando por entre as árvores com pressa - com direito a pausas metódicas para refeições, higiene e descanso, tudo sob a liderança de Itachi.

O percurso que levaria cerca de dois dias e meio, já que o destino era no extremo norte de Iwagakure - Vila Oculta da Pedra -, levou quase seis dias, no entanto Itachi não parecia preocupado com isso e se ele que era o veterano da Organização não achava relevante tal detalhe, não seria ela a fazê-lo, apesar de estranhar.

Durante todo o tempo se manteve distante psicologicamente, o que não era difícil já que o homem se mostrou tão taciturno quanto o irmão caçula e, em certo momento, ela até concluiu que aquele traço de personalidade poderia pertencer ao Clã Uchiha, porque ambos os irmãos surpreendentemente se pareciam muito em certos aspectos, assim como ridiculamente - e obviamente - se pareciam fisicamente:

Sasuke era quieto, Itachi também;

Sasuke geralmente transmitia pelo olhar, por um movimento sutil com a cabeça ou com poucas palavras o que queria, Itachi também;

Sasuke não pedia nada a ninguém, simplesmente fazia, Itachi também;

Sasuke era sucinto e prático, Itachi também.

E aquelas semelhanças estavam lhe dando nos nervos, porque mesmo quando queria se afastar a todo custo de tudo que sua vida anterior envolvia, a vida vinha sem dó e jogava na cara dela de que não era possível fugir dos fantasmas. Por isso sequer olhava na direção do Uchiha primogênito e o ignorava com todas as suas forças.

Pelas suas contas, logo chegariam ao alvo. Fazia algumas horas que passaram pela capital de Iwa e naquele instante deixavam para trás mais uma aldeia civil independente.

De repente, Itachi cessou os passos e olhou para trás na direção do céu.

Seu corpo ficou tenso de imediato.

Veja bem, ela estava mapeando em trezentos e sessenta graus quase quarenta quilômetros de onde estavam, então sabia que não havia uma alma viva sequer - que representasse algum perigo - em seu raio sensorial, mas aquele homem não fazia nenhum movimento que não fosse calculado e se estava, naquele exato momento, olhando para o céu, era porque algo tinha acontecido ou estava prestes a acontecer.

— Há algo de errado? — finalmente perguntou, depois de observá-lo encarar o céu em silêncio por um bom tempo, preso a algo interno.

Ele não expressava absolutamente nada facialmente, mas ela sentia certo... pesar emanando dele.

Desviando o olhar carmesim para si, encarou-a por alguns segundos antes de respondê-la com sua habitual inexpressividade em peso no tom e olhar:

— Não, não é nada.

Podia ser instinto, sexto sentido ou qualquer coisa do gênero, mas ela continuava sentindo aquele pesar e, além daquilo, sentia também que havia sim algo errado. Sua sensibilidade apurada captou certa agitação no chakra dele, algo sutil, quase inexistente, mas onipresente ao ponto de ter percebido.

Itachi retomou os passos e à ela não restou nada a não ser continuar o seguindo.

Adentraram uma aldeia e jantaram numa estalagem humilde, onde o Uchiha aproveitou para utilizar seu poderoso Sharingan para buscar na mente daquelas pessoas alguma informação relevante sobre o paradeiro do Jinchūriki alvo, que descobriram há dois dias que era um Shinobi, embora não estivesse ativo na função para com sua Vila. Itachi disse algo como: "Ele deixou a Vila para explorar o vínculo com seu Bijū.", como Naruto fez ao sair de Konoha com Jiraya, ela supôs.

No entanto, aquele Jinchūriki estava sozinho e, consequentemente, vulnerável.

E não sabia o que sentir diante daquela constatação: encontrá-lo vulnerável era uma vantagem na captura, mas isso facilitaria as coisas, e facilidade naquele tipo de ação não era uma coisa boa, porque nada poderia pará-la, nada poderia salvá-lo, não dela, não do Itachi, não da Akatsuki.

— Ele está a sudoeste daqui, isolado.

Seu parceiro comentou assim que a alcançou. Assentiu virando a dose de Sakê e pediu mais duas doses porque estava inevitavelmente tensa e triste.

— Vamos. — disse, assim que deixou o dinheiro do que consumiu sobre o balcão.

Ela estava tão atribulada que o trajeto foi apenas um borrão em sua mente. Em certo momento, quando já tinha a presença marcante do Yonbi em seu mapeamento num raio de quarenta quilômetros ao redor, Itachi disse alguma coisa sobre conferir o perímetro e a deixou sozinha.

E, sozinha, permaneceu estancada no mesmo lugar por alguns minutos, inspirando e expirando com dificuldade, suando excessivamente, sentindo tudo ao redor rodar mesmo estando parada e o coração doer, como se estivesse sendo apunhalado repetitivamente por diversas kunais envenenadas.

Levou a mão trêmula ao rosto, apertando o maxilar com desespero. Queria gritar, externar todo aquele caos interno por ser obrigada a fazer mais uma vez algo tão repugnante.

Ela não se tornou Ninja para ceifar vidas;

Não se tornou Médica para usar de seus conhecimentos para se tornar mais fatal;

As coisas não deveriam ser assim... ela não tinha que condenar uns para salvar outros, por mais importantes que esses outros fossem para si.

Aquilo era egoísta, insano...

Não desista. Não fraqueje. Não pense. Só faça., ordenava-se.

Só faça!

Assentiu repetidamente para si mesma querendo se convencer e fechou os olhos.

Mordeu o lábio inferior e quando abriu os olhos, tinha em mente acabar logo com aquilo.

Não era algo que podia evitar. Se não levasse o Yonbi, outro Akatsuki seria enviado para capturá-lo, isso se o Itachi mesmo não o fizesse. O Jinchūriki sofreria desnecessariamente assim como o Sanbi e, ainda por cima, ela levantaria suspeitas pela recusa e tudo o que conquistou até ali ruiria.

Lamentando os meios para ter sucesso em sua missão como Ninja de Konoha e como uma Akatsuki, andou a passos determinados até o alvo obrigando-se a ser fria e calculista.

Quando chegou, Yonbi, o Shinobi solitário, a esperava.

O campo aberto sob a luz do luar brilhava por causa do recente chuvisco. O manto verde da grama movia-se conforme a brisa forte e tudo ao redor pareceu congelar enquanto encarava aquele homem há alguns metros de distância.

Ela poderia se perguntar como ele sabia que estava lá e também como sabia que viriam atrás dele, como parecia que sabia, mas estava inteiramente concentrada em se obrigar a fazer o que era preciso.

— Por favor, — pediu alto para que fosse ouvida, tirando o chapéu de palha e soltando-o sobre o chão — não dificulte as coisas.

Sabia que era inútil tentar negociar. O homem jamais entenderia a situação dela, mesmo que tentasse explicar, mas a necessidade de poupá-lo de sofrer se sobressaiu.

— Eu prometo que não sentirá nada, será rápido e indolor. — continuou, a voz embargada e as lágrimas já acumulando-se — Por favor... por favor...

— Eu sou Rōshi da Liberação de Lava, o orgulhoso Ninja de Iwagakure e Portador do Quatro Caudas. — o homem discursou com a voz forte — E me recuso a facilitar a minha captura!

Fechou os olhos para expulsar as lágrimas e lamentou por aquilo, ela tentou... realmente tentou.

A luta que se seguiu foi feroz. Por mais que tentasse poupá-lo de sofrer, por mais que pensasse em inúmeras estratégias e tentasse colocar em prática para apressar as coisas sem machucá-lo desnecessariamente, Rōshi estava realmente determinado a frustrar seus planos, visto que a mantinha ocupada o bastante para impedi-la de encontrar alguma brecha para colocar em prática sua técnica final.

Não podia chegar perto dele para causar dano direto porque o corpo inteiro estava protegido por um tipo de escudo de lava. Também não podia ficar muito longe porque ele lidava melhor com luta à distância com seus jatos e chuva de lava.

Nunca se sentiu tão inútil diante de um oponente do jeito que estava se sentindo naquele momento. Se ao menos tivesse técnicas de elementos como água ou terra para neutralizá-lo, mas só tinha afinidade com Yin e Yang.

Malditas limitações.

Já lutavam há um bom tempo, sua velocidade foi afetada e seu estado emocional estava tão degradado que não conseguia se concentrar na batalha, por isso não pôde desviar efetivamente de um jato de lava e isso resultou em parte do seu braço esquerdo corroído pelo líquido fumegante.

Cerrou os dentes para se impedir de gritar de dor e liberou o Byakugō no In - Selo da Força de uma Centena - puxando a manga corroída do manto negro do braço com brutalidade.

Não tinha mais como continuar aquilo. Não podia mais protegê-lo de si mesma. E nem poupá-lo quando claramente ele estava se esforçando para matá-la.

A Besta de Quatro Caudas, em sua forma gigante de um macaco vermelho, guinchou ao alto em comemoração e ela aproveitou a oportunidade para colocar em prática a técnica que colocaria um fim naquela tormenta para ambos.

Ajoelhou-se fazendo os três selos necessários para a utilização da técnica e afundou as duas mãos no chão:

Kinjutsu: Seimei no Sokuji Haisui - Técnica proibida: Drenagem Instantânea da Vida.

Os traços negros da galhada de flores de Cerejeira do seu antebraço esquerdo ganhou vida e percorreu rapidamente pelo chão e posteriormente pela grama em traços mais grossos na direção do Yonbi, envolvendo o gigantesco corpo robusto por inteiro, mas diferente das vítimas anteriores, ele não paralisou.

Apresentou dificuldade em se mover, mas depois de muito esforço conseguiu, não demorando em pegar um grande rochedo do tamanho de uma casa para lançar na direção dela.

Por causa do choque de ver, pela primeira vez, aquela técnica falhar, e também por conta do uso de uma boa parte do seu chakra para iniciá-la, seu corpo estava lento, então não conseguiu tempo hábil para fugir, restando-lhe apenas socar aquela construção com potência máxima de chakra para destruir tudo antes de ser acertada.

Por um instante achou que não conseguiria.

Mesmo com o controle minucioso que tinha de chakra, só conseguiu reunir uma quantidade suficiente meio segundo antes de receber o impacto e por causa do desespero de não dar certo, acabou desperdiçando a energia por ter utilizado mais do que o necessário.

Ao menos escapou, mas foi por pouco.

Torceu os lábios e refez os selos para ativação da técnica, desta vez adicionando um selo. Ajoelhou-se e afundou as mãos no chão:

Kinjutsu: Seimei no Sokuji Haisui - Técnica proibida: Drenagem Instantânea da Vida.

Como da primeira vez, os traços negros percorreram do seu antebraço esquerdo o caminho até o Yonbi em traços grossos, porém dessa vez mais grossos ainda, pois não drenaria apenas trinta por cento do chakra dele e sim quarenta por cento.

Os selos de mão, na realidade, não serviam para validar e ativar a técnica - pois os selos em traços negros dando forma à lindas galhadas de Flor de Cerejeira em seu antebraço se encarregavam disso automatizando o processo - e sim para mensurar e controlar a efetividade dela. Cada selo era responsável pela drenagem por impacto de dez por cento sobre a quantidade total do corpo pertencente.

Um selo, dez por cento.

Dois selos, vinte por cento.

Três selos, trinta por cento.

Quatro selos, quarenta por cento e assim sucessivamente.

Se drenar trinta por cento não foi efetivo na paralisação do Yonbi, foi porque tinha uma quantidade maior de chakra do que os outros Bijū. Quarenta por cento certamente funcionaria; isso porque na tentativa anterior, embora tenha tido o próprio chakra consumido pela técnica, o Jinchūriki ficou praticamente intocado. A inviabilização de um dos lados, pela alta carga a ser retirada e efetivada, acabava gerando a não drenagem.

Tossiu sangue e curvou-se para frente como se tivesse sido apunhalada em um dos pulmões.

Maldição!, praguejou ao fechar os olhos.

A drenagem abrupta daquela quantidade insana de uma só vez fez mais estragos do que gostaria de admitir, mas ao menos dessa vez deu certo.

Era possível sentir perfeitamente o chakra estourar seu fluxo - assim como a energia vital em sua canalização -, perdendo assim controle e pressão, como se seus fluxos fossem canos estourados por todos os lados, irrigando água onde não deveria.

Abriu os olhos fitando a prova concreta de que realizou a técnica com sucesso: a Besta de Quatro Caudas tinha o robusto corpo paralisado, uma grande mão verde estendida em sua direção e olhos com íris amarelas e pupilas brancas evidentes pelo assombro de ter tido o corpo congelado.

Estremeceu pela aceleração cardíaca repentina, era um sinal de que o corpo estava se esforçando demais para conter os danos; isso porque o Byakugō continuava ativo e contendo o que podia.

Fechou um dos olhos ante a dor latente por todo o corpo quando sofreu múltiplos danos internos.

Ofegante, observava a grande Besta diminuir de tamanho lentamente por causa da drenagem do chakra. Desde o início do processo redirecionou o chakra recebido para a reposição do chakra que perdeu na ativação da técnica do seu segundo reservatório e, quando cheio, direcionou para o terceiro, que já estava quase cheio. Só pôde concluir que a cada cauda a mais nas Bestas, o chakra monstruoso aumentava em igual proporção.

Estava manipulando também a energia vital para si, ao contrário das vezes anteriores que expurgou o excesso; desde o ocorrido na missão com Konan que doou a própria energia vital para os aldeões de Amegakure - Vila Oculta da Chuva - teorizou uma maneira de se poupar e logo a colocou em prática criando um reservatório secundário de energia vital também.

Um acesso de tosse começou, estava se afogando no próprio sangue com hemorragia pulmonar. Fazendo um check-up interno de danos, constatou além dos pulmões, o coração, fígado, ambos os rins, pâncreas, intestino delgado e tireóide severamente afetados. Seus músculos do braço esquerdo estavam rompendo com o vazamento do chakra excessivo e algumas veias também, causando hemorragia imediata.

Sua energia vital também estava vazando e sua vivacidade estava sendo rapidamente afetada.

Não queria nem pensar no que isso acarretaria dali para frente, contudo estava grata e orgulhosa de si mesma por ter conseguido contornar parcialmente a situação.

Parou de drenar o chakra quando o terceiro reservatório encheu completamente e não poderia mais aproveitar, pois não imaginava que haveria tanto chakra para ser drenado e não selou seu corpo para um quarto reservatório. O Jinchūriki não sairia da paralisação àquela altura, isso era garantido, porque continuava drenando sua energia vital com afinco.

Demorando-se mais do que nas drenagens anteriores devido aos danos recorrentes, conseguiu concluir sua tarefa. Manteve-se na mesma posição - de joelhos e com as duas mãos afundadas na terra molhada - apenas observando o corpo inerte de um homem já bem vivido.

Ao menos não era mais uma criança.

Trincou o maxilar pela impotência.

Não importava se era a terceira vez que executava um sacrifício, ainda sentia-se como se fosse a primeira vez:

Concluiu a missão com sucesso, um sucesso cruel;

Mais uma vez lamentou o resultado.

Mais uma vez não queria ter ceifado uma vida tão preciosa.

Mais uma vez não queria ser como aqueles membros da Akatsuki.

E mais uma vez não queria ser a desertora Haruno Sakura da Vila Oculta da Folha que se aliou a Akatsuki.

Tossiu mais sangue e abaixou a cabeça sentindo as lágrimas escorrerem por seu rosto.

Aquilo tudo que estava sentindo pararia algum dia?

Aquela... dor; dor pela culpa, dor pela impotência, dor por ser a responsável por causar tanta dor. Aquela dor toda pararia algum dia?

Por mais solitário que aquele homem fosse, certamente havia alguém no mundo que sentirá sua falta.

Sentia dores por todo o corpo, mas seu braço esquerdo - local onde foi afetado pela lava durante a batalha e no momento também pela drenagem massiva de energias - estava pulsando uma dor aguda. Olhou naquela direção vendo que nem mesmo o Byakugō conseguiu regenerá-lo. Estava na carne viva, pior do que antes porque a lava continuava corroendo camada por camada expelindo excesso de pus, e internamente mal era capaz de sentir seu chakra ou energia vital fluir por ali.

Não era uma queimadura comum, concluiu. E a drenagem massiva piorou catastroficamente a situação.

Respirou fundo quando reconheceu uma assinatura de chakra e vital dentro de seu mapeamento, há alguns metros dali.

Tobi.

Até que demorou para aparecer desta vez.

— Haru-chan! Já terminou? — o "suposto" alienado perguntou alegre, virando-se para ela e só notando naquele instante seu estado deplorável, ficando prontamente preocupado já que o corpo inteiro ficou tenso visivelmente, tanto que até se esqueceu de continuar encenando a aura infantil e brincalhona — Você está bem?

O canto dos lábios puxou um sorriso fraco.

Duvidava muito que a preocupação fosse genuína, por mais que ele aparentasse estar realmente assustado.

Imaginava que isso se dava pelo fato de que estava realmente mal. Nunca havia terminado uma batalha com tantos danos severos daquele jeito.

— Vou ficar.

Assim que afirmou, foi desmascarada pelo próprio corpo que perdeu as forças e caiu para o lado, não dando tempo nem de ela tentar se equilibrar.

Pelo menos foi do lado saudável, não queria nem imaginar a ardência que sentiria se o braço queimado encostasse na grama e na terra úmida.

Tobi a ajudou a levantar, tomando cuidado com seu braço em carne viva.

Suas pernas estavam tão trêmulas e sem coordenação que ela ficou em dúvida se seria capaz de voltar com as próprias pernas.

— Onde está o Itachi?

A voz grave, o tom sério... Tobi, Tobi...

Será que ele tinha consciência de que não a enganava mais fingindo ser um bobo da corte?

A máscara escondendo o rosto, a encenação exagerada, o fato de se fingir de bobo e desprovido de inteligência... podia apostar que verdadeiramente era o oposto.

Talvez fosse o membro daquela Organização que representasse mais perigo, mais até que o Pain.

— Foi conferir o perímetro.

— Há quanto tempo?

Ergueu a cabeça para fitá-lo. O que era aquele tom irritado?

Oh, por um instante cogitou fazer uma piada sobre o quão sério e irritado ele estava, mas descartou a ideia quando pensou - dentro do possível em meio àquele caos de dor - em algo útil: aproveitar a oportunidade para observá-lo e ver até onde conseguia se infiltrar na guarda baixa dele.

— Não sei. — mentiu, quase foi ao chão quando Tobi a soltou, realmente suas pernas estavam fracas. Por sorte ele a segurou rapidamente, evitando assim uma queda vergonhosa — Veio buscar o Yonbi e passar novas ordens?

Afastou-se dele e sentou-se no chão. Não estava em condições de continuar em pé, não quando tinha o corpo com mais danos do que a regeneração podia dar conta, isso porque o Byakugō continuava fazendo seu trabalho, senão estava perdida.

— Você não está em condições de receber novas ordens.

Mesmo com toda a dor que sentia, não conseguiu evitar sorrir de verdade, com mais escárnio do que podia controlar:

— É mesmo? E desde quando isso se torna um impedimento para a Akatsuki? — desdenhou, imaginando o quão chocado ele estava para não retrucar ou voltar a faceta idiota — Devo me virar, não é? É assim que funciona com vocês.

Tobi levou exatamente noventa e quatro segundos para respondê-la; ela contou.

— Sim, é. — a voz estava tão longínqua que parecia mais estar falando para si mesmo do que para ela — Você...

Ela quis rir do quanto ele parecia perdido. Do jeito que se portava, estava claro que tinha perdido o rumo.

— Leve o Yonbi. Esperarei o Itachi e então ficaremos no aguardo de novas ordens.

Quando ela sugeriu que Tobi levasse o Yonbi, não imaginava que ficaria tão irritado a ponto de demonstrar por um estalo de língua. Mas foi isso que ele foi fazer ali, certo? E analisá-la, decerto.

E também não imaginava que ele a ergueria sem explicar o que estava fazendo e também que a envolveria com um aperto firme na cintura para que não caísse enquanto os tirava de lá, deixando o alvo da missão para trás.

— Você enlouqueceu?! — esbravejou assim que a tontura passou. Aquela técnica de teleporte ou de transportação era terrível por deixá-la com sintomas de labirintite. Piscou algumas vezes ainda atordoada enquanto era posta na cama com cuidado — O Yon-...

Calou-se assim que se viu sozinha no quarto da maldita caverna novamente, mas em vez de ficar irritada por ser deixada para trás sem nenhuma resposta, sorriu; agora era comprovado. Tobi só podia levar consigo uma pessoa com aquela técnica.

Quem manipulava e analisava quem agora, huh?

Segundos depois sentiu-o dentro do perímetro de seu mapeamento sensorial, só que no salão de reuniões há alguns metros dali, com o corpo recém falecido do Yonbi.

Qualquer sentimento de vitória ou diversão que sentiu se esvaiu.

A culpa voltando com tudo varreu qualquer coisa boa que pudesse sentir, mas tão logo mergulhou naqueles sentimentos corrosivos, se esquivou concentrando-se em algo útil: seu parceiro.

Onde Itachi se enfiou?

Não o sentiu nos arredores dos quarenta quilômetros que cobriu com seu mapeamento sensorial, tanto de chakra quanto de vital, então era impossível que tivesse escondido e suprimido seu chakra.

Ele não estava lá, simples.

Mas para onde foi? O que foi fazer?

Não deveria tê-la vigiado?

Pensando no termo "vigiado", lembrou-se de algo que precisava fazer.

Depois de escrever um novo pergaminho de espionagem - com a letra trêmula e quase irreconhecível devido à mão fraca por dor-, selá-lo e invocar Katsuyu, lhe entregando e pedindo para que entregasse para Tsunade - como nas ocasiões anteriores nessas seis semanas depois do primeiro pergaminho enviado -, pediu para que a lesma também tentasse curar seu braço; primeiro corroendo ainda mais a pele escamosa e lubrificada com camadas excessivas de pus com seu ácido, para depois curá-lo.

Não tinha tempo de analisar, mas tinha certeza de que a lava tinha algum tipo de veneno, por isso nem mesmo o Byakugō no In, já desativado, conseguiu curar a área afetada.

— ... mas Sakura-chan... — Katsuyu protestou pela terceira vez e ela respirou fundo para obter paciência.

— Está tudo bem, Katsuyu-sama. Eu sei o que estou fazendo. — apontou com a mão direita o braço em carne viva para mostrar o que explicava: — O seu ácido vai corroer a área afetada pela lava que continha algum tipo de veneno e então poderemos curá-la.

— ... mas...

— Por favor. Confie em mim.

A contragosto, depois de mais uma tentativa de refutá-la, a lesma na forma contida, quase do seu próprio tamanho, aceitou.

Ela enfiou uma toalha na boca para barrar os gritos de dor que sabia que viriam e acenou com a cabeça positivamente para que Katsuyu começasse.

Estava tentando ao máximo aguentar firme, mas a dor era insuportável. Mesmo com a toalha tampando sua boca, era possível ouvir seus grunhidos desesperados, por isso acenava freneticamente com a cabeça para que a lesma não desistisse.

Era preciso fazer aquilo.

Era preciso passar por aquilo.

E, para ser sincera, estava de acordo de que merecia aquela dor. Era o mínimo que poderia aceitar depois de tudo o que fez.

Estava com tanta dor e beirando ao desmaio que se desligou completamente do mapeamento sensorial, por isso não notou que Tobi chegou, bem na hora que Katsuyu começou a jorrar seu ácido na parte lateral externa onde possuía mais escoriações e que consequentemente lhe causou mais dor.

Com a mão trêmula sinalizou para Tobi parar - o mascarado pretendia atacar sua invocação - e acenou positivamente para incentivar Katsuyu a continuar, visto que seu jato de ácido estava reduzindo drasticamente em uma menção de parar.

Pain e Konan apareceram logo em seguida e aquele quarto pareceu pequeno demais enquanto protagonizava uma das cenas mais torturantes que já vivenciou.

Minutos depois, que lhe pareceram eternos, Katsuyu terminou o que fazia e se dividiu em inúmeras pequenas lesmas, subindo por seu corpo para cobrir seu braço corroído até os ossos.

Sua cabeça estava girando de tanta dor e por causa do vazamento do próprio chakra e energia vital, mas se forçou a continuar consciente para não dificultar ainda mais as coisas para a lesma.

Sua mente estava tão aérea que só naquele instante se deu conta de que podia ajudar.

Liberou o Byakugō no In - Selo da Força de uma Centena - para ajudar Katsuyu na regeneração acelerada e aguardou não tão pacientemente, com lágrimas nos olhos e boca ocupada com a toalha, o processo de cura estar completo.

Um bom tempo depois, que realmente não sabia dizer quanto, Pain e Konan se retiraram deixando claro que quando ela estivesse em condições, mandar chamá-los. Já Tobi, sentou-se na cama - já que ela ocupava a única cadeira presente no quarto - e aguardou com braços cruzados, corpo tenso e rosto mascarado voltado em sua direção.

Horas depois, que descobriu ter passado tanto tempo quando amanheceu e Tobi saiu apenas para buscar algo para uma refeição, finalmente se sentiu segura para tirar a toalha da boca.

Seu braço continuava doendo, mas não como antes a ponto de gritar. E suspeitava de que doeria por um longo tempo, mesmo regenerando todas as camadas necessárias, assim como o resto do corpo em consequência do aumento da drenagem do Kinjutsu.

Estava com a boca seca, com um mal estar desgraçado e um cansaço quase irresistível, mas continuou firme, se curando e sendo curada por Katsuyu, que não parou por nenhum momento.

De início, parecia ser um processo simples: tirar as camadas afetadas pelo veneno e lava com ácido e depois regenerar até ficar intacto. Acontece que no meio do processo perceberam que seus fluxos de chakra e energia vital foram prejudicados pela profundidade da corrosão, assim como pela alta drenagem do Kinjutsu, e que teriam que reconstruí-los, por isso a demora. Não era um procedimento simples e um erro cometido prejudicaria irreversivelmente sua vida como Ninja, já que não poderia mais lidar com chakra e vital com seu braço esquerdo inteiro.

E ainda havia um detalhe importantíssimo: teve que refazer o selo do Fūinjutsu no antebraço esquerdo.

Por sorte, tanto ela quanto Katsuyu, formavam uma dupla especialista naquele tipo de ação. Ela por ter conhecimentos médicos que orientou a outra e Katsuyu porque era a mais efetiva em regeneração acelerada e cura avançada.

Não era à toa que foi escolhida como invocação por Senju Tsunade.

Já tinha comido as frutas que Tobi trouxe. O viu entrar e sair do quarto duas vezes. Até mesmo Konan veio conferir como estavam as coisas, sem desconfianças ou olhares analíticos, apenas lhe tratou com uma preocupação genuína dentro da discrição e distância que a mulher impunha, mas suficiente para fazê-la sorrir como forma de tranquilizá-la diante do reforço com palavras de que ela ficaria bem em algumas horas.

Quando tudo aquilo acabou, quase um dia e meio depois, na presença de Tobi, agradeceu Katsuyu e desfez a invocação, conferindo se os movimentos dos dedos e fluxos de chakra e vital estavam de acordo.

Movimentar suas energias foi estranho no começo, rendendo muita dificuldade de controle e precisão, como se ela tivesse voltado a ser uma simples Genin, mas nada que com o tempo não pudesse ser resolvido.

Pediu para Tobi avisar e chamar Pain e Konan e, mesmo querendo com todas as forças tomar um banho e dormir até a próxima era, apenas sentou-se na beirada da cama e colocou o anel da Akatsuki que tirou antes de começarem os procedimentos.

Quando os três chegaram, reportou a missão e aproveitou para abordar sua mais nova descoberta, tanto para ganhar confiança, como para servir de aviso de que as coisas serão diferentes dali para frente:

— O Yonbi tinha uma quantidade maior de chakra do que os Bijū anteriores. — comentou, cruzando os braços e apoiando o queixo na mão direita, adotando uma postura pensativa, conforme realmente analisava com calma a situação, agora que tinha tempo e condições favoráveis para isso; — Talvez cada cauda contenha a adição de mais poder. — externou sua teoria.

— E por que você só está nos sinalizando sobre isso agora?

— Porque só reparei agora. Minha técnica não funcionou de primeira, precisei adaptá-la no meio do procedimento. — esclareceu, observando atentamente suas reações.

Só pôde concluir que eles sabiam disso e que só estavam a testando, porque nenhum deles pareceu minimamente surpreso ou resistente em acreditar em sua teoria.

Até quando seria testada daquela maneira deliberada? Era ultrajante!

— Talvez esse detalhe tenha passado batido durante a captura do Sanbi porque, como já pontuei antes, Kakuzu o desgastou com uma longa batalha, então quando interferi a quantidade de chakra restante era equivalente ao da Nibi, mas com o Yonbi, como lidei com ele sozinha, ficou evidente a diferença.

— Onde o Itachi estava durante o confronto? — Pain, novamente, foi quem perguntou.

— Conferindo o perímetro.

Não sabia até quando aquela desculpa ia funcionar, mas não continuaria omitindo o desaparecimento repentino daquele homem se insistissem em saber mais.

Até porque, estava o encobrindo por uma única razão: assim como Itachi tinha segredos, ela também tinha e eles entraram em um acordo implícito quando ele a pegou com Katsuyu - não tinham feito nada suspeito, mas invocar a lesma no meio da madrugada e afastada do acampamento sem nenhuma razão aparente poderia trazer perguntas à mente dele - e ela o pegou, um dia e meio depois, invocando um corvo e posteriormente colocando alguma mensagem em sua pata, só para deixá-lo voar em seguida.

Os dois escondiam algo.

E os dois concordaram em não tocar no assunto e um não se meter na vida do outro, mesmo que não tenham colocado isso em palavras.

— Itachi-senpai não estava lá mesmo depois que trouxe a Haru-chan e o Yonbi para cá. — delatou o mascarado com um quê de quem queria causar discórdia.

Quis revirar os olhos. Tobi achava que enganava quem com aquele persona infantil e idiota?

Céus, aquilo dava nos nervos. Não acreditava que depois de ele agir tão sóbrio quando sozinhos, voltaria a agir daquela maneira ridícula mais uma vez.

— De qualquer forma, — continuou, para tirar o foco daquele sumiço mais do que suspeito — quanto mais chakra o Bijū tem, mais precisarei drenar inicialmente e não sei se isso é viável para que se cumpra o objetivo de vocês.

Bingo. Era ali que queria chegar desde o início.

Não podia evitar que os Jinchūriki fossem caçados ou que a Akatsuki conseguisse selar os Bijū para fins extremamente perigosos para a Nação, mas poderia não ser mais a responsável por ceifar aquelas vidas e só a possibilidade de tirar aquele peso dos ombros a deixava um pouco menos aflita e triste.

— Você ainda tem o método de neutralização de um Bijū mais eficaz do grupo. — Pain afirmou com convicção e ela quase soltou um muxoxo de frustração — Ainda continuará a frente disso.

— Está bem. — disse a contragosto, controlando-se para não cerrar os punhos, rosnar para ele e lhe dar um belo soco naquela cara inexpressiva — Já tem novas ordens?

— Não. — Pain trocou um olhar rápido com Konan antes de encará-la novamente: — Itachi também não chegou, então não há nada que você precise fazer. — assentiu, vendo-o trocar um olhar rápido com Tobi desta vez, e voltar a fitá-la — Por ora descanse e se recupere, em dois dias selamos o Yonbi.

— Está bem.

Os três saíram, deixando-a sozinha e só quando estavam longe o suficiente para não a surpreenderem com um retorno inesperado se permitiu suspirar, exausta daquele jogo de palavras, confiança e testes.

Tomou um longo banho, sentindo o corpo inteiro dolorido e a mente já querer parar de funcionar e simplesmente apagou quando deitou, torcendo para o cansaço impedir os pesadelos de torturá-la ao menos naquela noite.

[...]

NOTAS FINAIS:

Vamos começar com algumas curiosidades:

Jinchūriki - hospedeiro da Besta.

Bijū - Besta com Caudas.

Percebam que a evolução na técnica da Sakura de drenagem em massa à distância é gradual. A cada vez que ela utiliza, percebe que há algo que pode ser melhorado e vai testando as possibilidades sempre que possui uma oportunidade. E, como puderam ver, a técnica dela também tem fraquezas ou pode falhar. Lembrem-se do que o sábio Itachinho disse ao Kabuto: "Todo Jutsu tem uma fraqueza..." Kkkkkkkkk

Outra coisa que quero que deem atenção: quando Sakura julga que Itachi esconde algo... essa coisa de enviar ESCONDIDO recados pelo corvo, de enrolar o trajeto até o alvo e desaparecer repentinamente e para piorar ainda vem esse final... o que acham que é? '-'

Quero teorias, hein!

E sei que vocês também têm teorias envolvendo o Tobi, Sakura já sacou algo e vocês?

Mandem tudo! Estou ansiosa para saber o que estão achando!

Até a próxima!*~

Obs.: Caso queiram ter prévias de capítulo, spoiler e interagir comigo além daqui, me sigam no Twitter por SenpaiNani, Instagram por NaniSenpaiNK e Facebook por Haruno Sah ou Nani Senpai!

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