Oásis (Yoonseok/Sope)

By realsope1

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Com o preconceito mortal que os ômegas enfrentam, Hoseok fez de sua única missão na vida nunca ser descoberto... More

Um.
Dois.
Três.
Quatro.
Cinco.
Seis.
Sete.
Oito.
Nove.
Dez.
Onze.
Doze.
Quatorze.
Quinze.
Dezesseis.
>>> PERSONAGENS <<<
Dezessete.
Dezoito.
Dezenove.
Vinte.
Vinte e um.
Vinte e dois.
Comeback?
TRAMA OÁSIS
NOVA CAPA!!!!

Treze.

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By realsope1

Oi oi anjos 💜
Como estão nesse domingo?
Eu tô meio pra baixo, só estou postando mesmo pra não deixar vcs esperando e tb aproveitando enquanto tenho inspiração pra escrever...Enfim, espero que gostem 🙏🏽

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Contra a paisagem urbana sangrenta, o mundo se derrete em nada além de luzes de néon através do para-brisa, o tráfego da cidade agitado e ao mesmo tempo silencioso. Hoseok encara os arredores um pouco mais à vontade em comparação com a vez anterior em que estivera sentado no carro do alfa. Uma parte dele se pergunta mais uma vez como chegou a essa situação depois de ter vivido uma rotina certa durante esses cincos longos e repetitivos anos.

Se Deus não o tivesse amaldiçoado com seu cio no mesmo dia em que o herdeiro Min tinha chego, ele poderia ter escapado ileso. Claro, poderia estar se iludindo, mas na sua cabeça talvez pudesse ter feito alguns arranjos para seus futuras ciclos, como solicitar uma licença periódica de uma semana do trabalho e esperar seu cio em casa. Mesmo que isso parecesse totalmente implausível - porque seria dispensado imediatamente ao fazer tal pedido - poderia ter encontrado uma outra solução.

Dessa vez a viagem não é muito longa, o silêncio absoluto é inquebrável. Yoongi parece estar pensando em algo, lábios firmemente dobrados e o olhar fixo na estrada. Hoseok se pergunta honestamente por quanto tempo terá que ficar preso nos planos do alfa quando é evidente que este não está contando a ele toda a história. Por que ainda precisaria checar Jihoon quando o outro cuidador dele estivesse por perto? E o que ele quis dizer ao citar que seu omma não era hostil com seu appa, mas que também não estava "bem" com ele?

Enquanto eles cruzam uma estrada estreita ao longo das luzes da rua transbordante e terraços luxuosos, o cenário se transformava em uma vasta extensão de terra vazia. Yoongi para o carro na garagem e examina a paisagem com cautela. Só então, uma figura familiar sai correndo pela porta da frente e ele imediatamente reconhece o perfil esguio de Kim Taehyung no escuro anoitecer. Este que se curva rapidamente quando os dois saem do carro, dando um pequeno sorriso para si.

— Sr. Min, a casa está limpa. — o assistente informa e o mais velho ali envia ao beta um aceno rápido enquanto Hoseok o segue. A justaposição da escuridão total e luzes fervilhantes o cega por um momento.

A casa está limpa e arejada como sempre, como se o lugar fosse alvejado a cada minuto do dia. As pinturas penduradas na parede são quase genericamente sofisticadas e ômega volta sua atenção para a sala familiar no final. Eles diminuem a velocidade e pararam quando Yoongi hesita visivelmente por um momento, antes de fazer um gesto para Taehyung se aproximar.

— Sr. Min. — o beta começa, batendo de leve na porta. O silêncio permanece contra a separação entre os três e o homem enfiado em seu quarto, o Kim pressionando os lábios e tentando lentamente mais uma vez. — Sr. Min, alguém gostaria de vê-lo. — ele diz gentilmente mas, novamente, não há o menor indício de resposta, enervando-o um pouco.

Taehyung olha de volta para o alfa, que acena com a cabeça após uma pausa significativa.

— Estou abrindo a porta agora, Sr. Min.— o beta informa, girando a maçaneta da porta com uma cautela excruciante, aparentemente com medo de fazer até mesmo um decibel de barulho.

A porta se abre com um rangido e revela um interior mal iluminado, encharcado de borrões de escuridão contra os cantos cortantes e uma única luz noturna sangrando âmbar sobre a cama. Jihoon está deitado no colchão, frágil e de forma inerte contra os lençóis de veludo azul. Ele vira a cabeça lentamente e Yoongi instintivamente dá um passo à frente, respirando.

— Omma-

— Não... — o ômega mais velho dita. — Não chegue perto de mim. — suas íris vítreas piscam por um momento antes que algo pareça chamar sua atenção.

Jihoon gira para o lado com muita dificuldade e fixa seus olhos no ômega envolto atrás das duas figuras. Ele bate os cílios contra as bochechas abatidas fracamente, separando os lábios em um leve espanto. Ele tenta falar, a boca se abrindo e fechando várias vezes enquanto ele levanta o braço em agonia.

Hoseok cautelosamente passa por Yoongi e se aproxima de Jihoon, se acomodando ao lado dele na cama.

— ... É você. — ele murmura, seu olhar varrendo o rosto de Hoseok antes de se voltar para o alfa e o beta.

Sabendo que suas presenças não são bem-vindas, Yoongi se curva e fecha a porta silenciosamente atrás deles. Com o anoitecer, o quarto fica escuro, a única fonte de luz tingindo a pele do mais velho com um laranja estranho. Depois que os dois se vão, Jihoon se derrete em um pequeno sorriso amável. A culpa imediatamente se apodera de Hoseok enquanto ele olha para o homem deitado diante dele. Como poderia ter considerado manipular o ômega para garantir sua própria segurança quando este já estava sofrendo?

— Quem é você? — Jihoon pergunta, visivelmente muito mais calmo do que o normal. O primeiro encontro deles foi bastante caótico, hoje no entanto, ele não se irrompe em nenhum discurso repentino e chocante, simplesmente considerando o ômega ao seu lado em silêncio.

Hoseok pondera por um momento, especulando se o mais velho realmente esqueceu-se de si. Se fosse o caso, poderia aproveitar a oportunidade para oferecer um apelido e guardar sua identidade, mas se Jihoon se lembrasse, seria pego na mentira.

— Meu nome é...Hoseok. — ele diz e observa enquanto Jihoon ri levemente, rolando sua cabeça para trás para olhar distraidamente para o teto.

— Eu sei disso, querido. — sua voz se reduz a uma tosse seca, alarmando o mais novo por uma fração de segundo. — Eu quero saber quem você é.

A quietude permeia o ar noturno e do vento gelado, fazendo Hoseok agitar seus cílios. Ele aperta os lábios enquanto debate sobre o que dizer. Como contaria ao mais velho a estranha relação que compartilha com seu filho, o renomado chefe corporativo Min Yoongi?

— Você disse que meu querido Himchanie mandou você, mas você está sempre com eles. — a voz de Jihoon queima visivelmente em um ressentimento absoluto, a tensão indo tão rápido quanto pode. O ômega mais velho lentamente bate seus cílios, o olhar treinado implacavelmente no teto. — Meu Himchan nunca os deixaria chegar perto de você...

Hoseok fica calado e o silêncio se acumula contra os quatro pilares sufocantes, a iluminação do abajur se mesclando com a escuridão e servindo apenas para restringir o perímetro da sala.

— Alfas são monstros... — Jihoon sussurra em uma voz quebrada, o olhar finalmente caindo para encontrar os olhos do Jung. — Fique longe deles.

As palavras atingem um cordão pertinente dentro da traqueia de Hoseok, o jovem ômega mergulhando seu olhar nas íris vítreas do mais velho. A pele ictérica de Jihoon se estende sobre seus dedos finos e protuberantes enquanto ele respira fundo.

— Eu tenho sofrido por muitos anos nesta casa. — o Min sussurra com um desânimo insinuante. Ele engole em seco e fecha os olhos. — Mas eu acho que isso é carma...pelo que eu fiz a ele.

Mais uma vez, a quietude engolfa a sala, deixando um Hoseok pensativo. Ele deve falar ou simplesmente ficar quieto?

Cerrando as mãos, ele fala suavemente: — Quem, Sr. Min?

Jihoon pisca lentamente, letargia arranhando a fibra de sua pele. O tempo parece desacelerar em uma sala onde o anoitecer está encharcando e um homem cansado permanece imóvel, deixando o mundo exterior passar rapidamente como um borrão.

— Ele. — o ômega sussura fracamente. — Aquele que foi amado, enquanto eu não fui. Eu...eu fui um tolo. — Jihoon engasga abruptamente com suas palavras, sibilando como se tivesse sido picado com ferro derretido. Hoseok se levanta freneticamente, mas o mais velho estende a mão, caindo para trás como uma boneca de pano no travesseiro. — Por que eu queria o amor de um monstro como aquele? — o clima diminui de forma pertinente enquanto a tristeza brilha nos olhos do outro, que se volta para sua penteadeira.

Jihoon inclina o queixo em direção ao conjunto de conchas espalhadas pelo mostruário e Hoseok rapidamente se dirige para lá, olhando para a vitrine com dezenas de conchas dispostas umas contra as outras. Justaposta à atmosfera marinha da sala, a multidão imaculada parece quase etérea, como se a sala inteira fosse uma moldura cortada de um momento. Ele cautelosamente pega da gaveta e a entrega para o Min, que leva uma das conchas ao ouvido e fecha os olhos, sua respiração difícil fervilhando em um silêncio tranquilo e deixando apenas o zumbido do ar-condicionado no lugar. Minutos se passam e a exalação frágil de Jihoon quebra o silêncio prolongado. Ele se derrete em um sorriso fraco enquanto pressiona a concha mais perto de sua orelha.

— Você pode ouvir o oceano aqui. — ele sussurra, os dedos deslizando sobre as cristas da concha. Sua espiral é salpicada com um preto fosco, trilhas desbotadas ao longo dos redemoinhos marrom- mel.

Trinta minutos depois e Jihoon adormecer, sua mão caindo inerte enquanto a concha cai ao seu lado. Hoseok calmamente pega a concha e a coloca na mesa de mesa de cabeceira mesmo, no caso do ômega precisar dela mais tarde. Ele ainda permanece sentado ao lado do mais velho por um longo tempo, velando seu sono, antes de se levantar e caminhar cuidadosamente até a porta.

Quando a porta se abre ligeiramente, os olhos de Hoseok pousam no alfa parado no corredor, a cabeça do último imediatamente girando até si.  Instintivamente ele coloca um dedo nos lábios enquanto Yoongi se aproxima cautelosamente, passos batendo inaudivelmente no chão polido.

Ele dá um passo para o lado e observa enquanto o alfa entra para dar uma olhada em seu omma. Há uma suavidade atípica em seu semblante enquanto ele  fica de joelhos e se abaixa ao lado da cama de Jihoon, simplesmente observando-o por um tempo sem derramar uma única palavra.

Yoongi finalmente abaixa o olhar para o CD player na mesa de cabeceira. Ele aperta alguns botões e uma música lenta se infiltra no silêncio, combinando com a brisa intrusa. É uma canção folclórica familiar, a voz aveludada valsa através da quietude. As palavras saem dos alto-falantes enquanto o alfa se levanta, mais uma vez olhando silenciosamente para seu progenitor adormecido. A ressonância das cordas dedilhadas do violino se instala e o alfa o cobre com ternura, diminuindo o brilho do abajur; ele se vira e Hoseok imediatamente desvia seu olhar, movendo-se para fora do caminho enquanto Yoongi fecha a porta.

Eles ficam parados no corredor escuro, apenas o luar derramando parte do disfarce que as sombras gentilmente ofereceram. Um toque de melancolia rabisca no semblante vazio do alfa.

— Ele o deu algum problema, Sr. Jung? —  Yoongi começa em um tom distante, evidentemente ainda preso em seus pensamentos.

Hoseok balança a cabeça, dando um passo para trás.

— Então, o que ele disse a você? — a voz de Yoongi cai um tom, o sondando com seu olhar que nunca vacila.

Hoseok instintivamente hesita enquanto decide se deve dizer a verdade

— Ele...disse que sofreu muito nesta casa. — ele informa, piscando letargicamente.

O mais velho o contempla por um breve momento e pergunta: — Mais alguma coisa?

O ômega prontamente balança a cabeça, o olhar indecifrável do alfa quase perfurando o seu crânio.

— Vou levá-lo para casa então, Sr. Jung. Obrigado por esta noite.

Antes mesmo de ter a chance de protestar, Yoongi caminha pelo corredor, deixando-o para atrás. Taehyung não é visto em lugar nenhum lugar da casa quando ele faz o percurso de volta, e Yoongi sem surpresas abre a porta para que entre no carro, emitindo um suspiro carregado ao ligar o motor. A noite se mostra pelo para-brisa e quando as luzes da cidade cortam sua visão, Hoseok se perde em pensamentos sobre o estranho monólogo de Jihoon.

Sentindo o olhar do alfa sobre ele, o ômega vira os olhos destemido enquanto mantém contato visual com o mais velho. O aborrecimento cresce rapidamente quando Yoongi não se move, apenas olhando silenciosamente para o si. Por que diabos ele estava o olhando tanto?

O neon vermelho do semáforo se projeta sobre seus rostos e o Min quebra o olhar quando o verde respinga contra a janela, seus lábios ainda puxados em uma linha fina. Eles entram no seu bairro e Hoseok se senta com um bocejo, olhando pela janela. Mesmo que não haja nenhum sinal de Jimjn ao longo da calçada ele ainda aponta para a loja de conveniência, não querendo que o amigo faça uma aparição surpresa novamente. Quem sabe, ele pode até valsar nos braços do alfa.

— Você não quer que eu o deixe no seu quarteirão, Sr. Jung? 

— Eu quero comer ramen instantâneo.— ele murmura mas, Yoongi não diz nada enquanto eles param na loja.

O alfa faz um movimento para sair do carro e ele rapidamente interrompe: — Eu não preciso que você abra a porta para mim, Sr. Min.

Hoseok desce rapidamente e se vira para fechar porta, franzindo a testa pelo alfa ter saído mesmo assim.

— Eu gostaria de comer também, Sr. Jung. — ele disse, a casualidade artificial em sua voz quase faz o ômega revirar os olhos. O alfa equilibra seu blazer na mão e olha para si. — Eu suponho que possa jantar com você?

Por uma questão de educação, Hoseok acena com a cabeça e gira sobre os pés, entrando na loja de conveniência antes que o alfa possa ir para o seu lado. As luzes intensamente brilhantes picam em sua visão enquanto ele examina os arredores, decididamente puxando para baixo sua máscara. As únicas pessoas dentro da loja são um homem alto, provavelmente um alfa, e o caixa que é um beta já idoso, que inclusive cochila no balcão.

Ele cautelosamente nota a presença do alfa enquanto caminha até o corredor dois, rapidamente pegando um pote de ramen de carne ao lado do jovem. Vendo que não há assobios ou qualquer tipo de perturbação, Hoseok relaxa, escapulindo para o próximo corredor. Ele passa os dedos por vários outros lanches, pensando em pegar alguns doces. Jimin estave reclamando disso quando ele voltou para casa e também estava desejando um pouco de chocolate agora, de qualquer maneira. O ômega pega dois sacos de doce de leite, uma caixa de bombons e um lote de mini chocolates, decidindo estragar o amigo e a si mesmo um pouco.

Depois de revirar vários produtos ele pega uma garrafa de chá de pêssego, deixando-a cair acidentalmente ao tentar colocá-la no estoque preso entre seu braço e o peito. A garrafa rola para o lado e Hoseok caminha atrás dela, parando abruptamente quando o alfa que viu antes a pega. Ele cautelosamente observa o enquanto o jovem se levanta, um largo sorriso em seu rosto. O estranho parece ter no máximo vinte anos, reconhecidamente bonito com suas sobrancelhas grossas e rosto de menino. Ele está usando uma camisa cinza e calça moletom preto, uma sacola com itens já pagos debaixo do braço.  O alfa o entrega a garrafa caída e Hoseok cuidadosamentea pega com um agradecimento silencioso.

— Sem problemas. — o homem o responde alegremente, esfregando a nuca enquanto seu sorriso vacila em seus lábios.

Hoseok se vira para sair quando o homem fala mais uma vez com ele.

— Você, uh, gosta de doces? — o rapaz   ri, um nervosismo excêntrico em sua voz.

O ômega olha para a pilha em seus braços, pressionando os lábios antes de responder humildemente: — Meu colega de quarto gosta.

— Oh, eu sei como é. Esses colegas de quarto são todos iguais. — ele ri timidamente, coçando a nuca e limpando a garganta. — Você, hum, saiu bem tarde.— uma longa pausa se manifesta e o homem tosse mais uma vez, mudando seu peso de uma perna para a outra. — Digo, alguém tão bonito quanto você não deveria sair tão tarde sozinho. — o alfa começa a rir timidamente de novo, uma risada carregada de um constrangimento. 

Hoseok pisca enquanto processa o elogio. Já se passou muito tempo desde que alguém o elogiou assim antes, levando em consideração a frequência com que ele sai de casa sem as falsas maquiagens e cicatrizes.

O homem estende a mão abruptamente, oferecendo um sorriso afetado.

— Hum, a propósito, meu nome é Jung Jaewon. — ele sorri, carmesim começando a se formar em seu pescoço.

Hoseok olha para a mão estendida quando um braço voa em volta de sua cintura.

— Terminou de pegar o que precisa? — a mão de Yoongi repousa sobre o seu  estômago, enquanto este olha indiferente para o alfa envergonhado diante deles.

Surpreso, o braço de Jaewon cai para trás, e ele enrola os dedos para trás, abrindo um sorriso estranho, o olhar encontrando o chão.

— Ah, e-eu deveria saber. — ele diz, ainda persistindo em seu sorriso, apesar do desânimo rabiscado em seu rosto. —Ainda assim, foi muito bom conhecê-lo. Vou, hum, deixar vocês dois sozinhos agora. — ele rapidamente caminha até a saída, desaparecendo o mais rápido possível.

Ouvindo um leve toque quando a porta se fecha, o ômega tira o braço do Min de seus quadris, estreitando os olhos para o homem pairando sobre ele.

— Sr. Min, você não precisava fazer isso. Ele não estava me incomodando.

Yoongi pisca e limpa a garganta, entoando: — Oh. Eu sinto muito, Sr. Jung.— ele faz uma pausa desajeitada antes de explicar: — Foi...instintivamente.

— Certo... — Hoseok murmura. Ele momentaneamente vislumbra os dois potes de macarrão instantâneo nos braços do alfa junto com uma tigela recheada até a borda com ovos cozidos, bolo de peixe e salsichas. Guardando seus comentários para si mesmo, ele se dirige ao balcão com o mais velho atrás de si.

Depois de pagar pela comida, eles se acomodam nas poltronas perto da janela, o vapor do macarrão embaçando o vidro. Eles cavam em silêncio, ambos olhando para a paisagem urbana de tráfego arrastado e pedestres que passam. É engraçado, Hoseok pensa, por uma fração de segundo que a névoa se transforma em pó e o reflexo do alfa se materializa entre os carros que passam; para alguém considerado um adversário, ele com certeza está passando muito tempo com Min Yoongi.

— Eu mandei alguns dos meus funcionários para a loja de suplementos que você mencionou. — o Min comenta por entre goles. — Eles prontamente deram um reembolso. Vou repassar para você assim que a transação for concluída.

Jungkook pisca brevemente na mente do ômega, a estrutura magra do beta contra o azul das dez horas que se afoga. Como em todos os dias, eles almoçaram juntos, os hematomas em volta do pescoço do Jeon desaparecendo com o tempo. Hoseok solta um suspiro de alívio, uma fração da tensão em seus ombros diminui.

— Obrigado, Sr. Min. — ele respira. É verdade que os ricos e poderosos podem conseguir tudo o que querem com um estalar de dedos.

— Obrigado por hoje.  — Yoongi retorna, as sobrancelhas franzidas enquanto ele devora atentamente seu kimchi.

O mais novo cutuca o pedaço irregular que flutua em sua sopa temperada, se reclinado na poltrona. Sua mente vagueia de volta para a forma frágil de Jihoon na cama e suas palavras assustadoras de hoje. Em como ele apertou a concha como se fosse seu tudo e logo após caiu em um sono tranquilo ao ouvir as vozes do oceano.

— Seu omma realmente gosta da praia. —  ele começa, dando algumas mordidas.

— Ele gosta de água. — Yoongi responde sucintamente, mexendo sua carne na tigela de molho.

— Ele gosta de mergulhar no mar? — Hoseok pergunta em uma exalação longa. — Porque eu não sei nadar.

— Não, ele não sabe nadar mais tão bem.— o alfa diz e olha para si. — Nunca aprendeu a nadar, Sr. Jung?

— Eu não tinha ninguém para me ensinar. — Hoseok engole sua sopa, ocupando-se em comer. Com seu appa nunca presente e seu omma evitando sair para muito longe por causa dos insultos que recebia por seu rosto desfigurado, ele nunca teve o luxo de aprender algo tão básico.

— Entendo. — o mais velho mastiga seu bolo de peixe, engolindo vários de uma só vez. — Você pode considerar aprender com seu companheiro.

Yoongi encontra seu olhar na janela de vidro e desta vez, Hoseok recua, sorvendo mais da sua comida.

— Você tem um companheiro, Sr. Min? — o ômega questiona, batendo seus hashis contra a borda de sua tigela. Yoongi parece ter sido pego de surpresa pela pergunta, olhando para si por um longo momento antes de acenar com a cabeça.

Hoseok se afunda em uma carranca profunda e cessa seus movimentos, encarando o alfa.

— Então, para que precisa de mim, Sr. Min? 

— Nosso casamento foi arranjado, Sr. Jung. — Yoongi fornece a informação. — E é provável que vá demorar também. Ainda não estamos nem noivos.

O alfa rasga outro pacote de macarrão enquanto o ômega mal está na metade do seu primeiro. Este que fica bastante atordoado pelo apetite voraz do Min, como se ele não comesse há dias. Mais uma vez, o silêncio submerge os dois homens, o rádio da madrugada borbulhando ao fundo com o ruído branco persistente.

— Sr. Jung eu gostaria que nosso relacionamento fosse baseado na confiança. Pode parecer que tenho algum tipo de influência sobre você, mas não vou manipulá-lo. — Yoongi entoa, interrompendo seu discurso para engolir mais do macarrão. 

Hoseok quase bufa, desviando o olhar. Como o mais velho pode esperar que o relacionamento deles seja baseado na confiança quando ele obviamente emite informações?

— Que tal eu te contar algo sobre minha família para equilibrar isso? — Yoongi comenta e Hoseok gira sua cabeça para lançar ao alfa uma carranca cheia de dúvidas. — Você estava confuso sobre o outro cuidador... — ele começa, franzindo as sobrancelhas. — Sobre por que eu perguntei se você poderia visitar Jihoon mesmo quando ele estivesse por perto. — a quietude embebe a atmosfera e o Min suspira cansado. — A razão é que não estou me dando bem com ele. — suas unhas estalam contra a mesa enquanto ele olha a paisagem sem rumo, círculos nos olhos acentuados sob as luzes ofuscantes. — E ele não é contratado, é meu irmão.

Hoseok junta as sobrancelhas enquanto medita sobre as palavras do mais velho. Ele só pode estar se referindo a Min Yonghwa ou Min Byunghee, seus dois irmãos mais velhos - ambos alfas.

— Sr. Min, tinha dito que seu omma só ficava confortável com ômegas. — ele aponta enquanto Yoongi continuando a mastigar sua refeição. As insinuações se confirmam quando o alfa o olha com aqueles mesmos olhos cinzentos. Para uma família tão respeitável como os Min, é flagrante que tal escândalo de haver um filho - escondido por algum motivo - não listada no registro. Yoongi estava revelando um segredo substancial que sua família estava escondendo ou Hoseok estava delirando?

— Eu quero que você fique à vontade, Sr. Jung. — o Min diz, a voz rouca carregada de cansaço. — Eu gostaria que você fosse sincero com Jihoon, em vez de se sentir pressionado. E sempre que sentir vontade de desistir, pode fazê-lo. Não vou chantageá-lo para ficar. — ele solta uma respiração irregular, olhando-o diretamente nos olhos. — Eu realmente gostaria que você pudesse ser a ponte entre ele e eu.

A estação de rádio das dez ressoa nos alto-falantes da loja de conveniência, uma lista de reprodução parecida com canções de ninar toca sem para. Hoseok idêntica a canção folclórica pois seu próprio omma costumava cantar para ele nos dias em que seu estômago se dobrava com uma fome nauseante e eles nada podiam fazer. Sinceramente, não sabia o que estava acontecendo na casa dos Min e tinha medo de se envolver em problemas desnecessários.

— Jihoon disse algo sobre porque sempre quis o amor de um...monstro.  — Hoseok murmura, mantendo os olhos fixos em sua tigela. Um golpe de vida fervilha na borda dos olhos do alfa, seus lábios entreabertos. Ele balança a cabeça lentamente após um longo momento.

Eles ficam em silêncio mais uma vez, um cliente entra, vaga pela loja e desaparece rapidamente. E só depois de um longo momento pensando consigo mesmo que Yoongi volta a comer. Do nada, ele soltou abruptamente um grunhido áspero, colocando a boca em concha.

Hoseok levanta o olhar interrogativamente e fica surpreso quando o alfa começa a bater em seu próprio peito, tossindo forte. Ele estava evidentemente sufocando depois de encher a boca com comida, arregalando os olhos e tentando o seu melhor para engolir.

Quando finalmente consegue engolir o que tinha na boca, Yoongi ofega como se tivesse acabado de correr uma maratona. Com o rosto pálido e lábios inchados, ele lentamente dirige seus olhos para o ômega, que ri escandaloso. Uma fração de segundos sendo o suficiente para que este se contenha apressadamente e feche a boca.

Hoseok se levanta para disfarçar e joga fora seu copo, voltando para Yoongi que, tendo aprendido sua lição, come um pouco mais devagar dessa vez. Quando terminam, eles saem da loja de conveniência. O ômega puxa a máscara sobre o queixo e enterra as mãos nos bolsos do moletom. Yoongi pigarreia e ajusta o relógio. 

— Boa noite, Sr. Min. — ele começa primeiro, considerando o homem mais velho com um pouco mais de conforto. De certa forma ele acha bom que o alfa não mantenha sua fachada primitiva o tempo todo.

Yoongi balança a cabeça, deixando escapar um suspiro e olhando por um instante para seus pés. Ele separa os lábios e demora um pouco antes de finalmente falar: — Espero que um dia se sinta confortável o suficiente para rir na minha presença, Sr. Jung. — ele diz, olhando para o céu escuro antes de olhar para o ômega.

Hoseok pisca uma vez quando o alfa abre a porta do carro e pega duas caixas de dentro. Ele os entrega, comentando: —Um presente de agradecimento e um presente de desculpas, um para você e seu colega de quarto. O verde é seu.

Olhando para as caixas de veludo cuidadosamente embrulhadas, Hoseok balança a cabeça e murmura baixinho:

— Obrigado, Sr. Min. — ele prontamente se curva para seu chefe que se despede.

A caminhada de volta é curta pela mesma rua. Quando ele chega ao semáforo, vasculha a vizinhança e encontra o carro do alfa no mesmo ponto ao longe. Ele suspira e decide empurrar o homem para fora de sua mente, olhando para o prédio onde mora antes de entrar.

Vendo a figura esguia entrar no condomínio, Yoongi se inclina em seu assento, desviando o olhar do para-brisa. As palavras do ômega permanecem em sua mente e ele sabe claramente quem é o monstro a quem Jihoon se referiu - seu appa. Ele pondera bastante, fechando os olhos quando uma tensão pinica seu pescoço. As coisas estavam começando a ficar um pouco melhores com Hoseok.

A desconfiança obviamente ainda estava lá, mas tendo embaraçosamente engasgado com uma bola de peixe, ele de alguma forma conseguiu fazer o ômega rir. Yoongi respira fundo, colocando a chave na ignição e ligando o carro. Pensando no incidente humilhante na loja de conveniência, ele se afasta mais e mais dos bairros humildes.

Jung Hoseok tinha uma bela risada.

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