LUKAS POV
Hoje é meu aniversário de 6 anos. Cresci muito, vovó fala que sou um rapazinho, mamãe me chama de bebê, é muito confuso.
Os adultos são muito confusos, minha cabeça minha cabeça vira pudim toda vezinha que tento entender. Mamãe diz que sou o melhor irmão mais velho para Jasmim, acho que sou o melhor filho mais velho já que todos as coisas que faço é para a mamãe. Jasmin não faz nada, ela é fofinha e eu gosto de apertar e apertar ela, agora eu posso porque ela já tem 2 meses, e ela nem chora só ri e se estica toda, daí dou um beijinho e sento para assistir meus desenhos ou brincar e ela fica só lá na cadeirinha ou no chão me olhando. Papai diz que ela vai crescer rápido e me encher o saco, estou esperando.
Ih não era isso que eu queria dizer, bom, queria dizer que os adultos são confusos. Vou começar pelo Tio Cole e a Tia Lili, eles namoravam, depois não namoravam mais e brigavam o tempo todinho que minha cabeça até doía, agora estão namorando de novo, tia Mads ainda briga com o Tio Josh o tempo todo, mas os dois não namoram agora ela namora a tia Vanessa igual a Tia Timena namora a Tia Half, e as duas tem dois filhos, quer dizer Tia Mads tem a Olive e tia Vanessa tem o Zyon, é muito complicado as vezes. Só o Thor pra me ajudar com essa família. Não consigo entender nada que acontece.
Só que agora, agora eu tô chateado com a mamãe sabe, porque ela diz que somos melhores amigos e tudo mais, só que não quer conversar comigo sobre aquele assunto. Toda vez que eu falo um pouquinho de nada ela já muda de assunto, pensa que não percebo é?! Quero saber de tudinho, tudinho.
Um carrinho faz barulho na TV e eu paro de pensar tanto nos problemas, aí ai minha vida tá muito agitada, volto a prestar atenção só no desenho, mas não gosto mais tanto se Carros, prefiro Capitão América, Thor, Batman, Spiderman, essas coisas mais legais que chutam, e socam e explodem para todo lado. Jasmin também gosta bastante, ela fica toda de olho arregalado e batendo as pernas como se quisesse lugar, mas não posso brincar de lutinha com ela porque ainda é muito pequena e mole, só a Truffle que aguenta um pouco.
Eu estou cuidando da Jasmin aqui na sala e o papai tá fazendo fruta com iogurte lá na cozinha, vamos comer e depois fazer exercícios pra ficar chapado. A mamãe foi na minha escola, levei uma advertência e ela teve que ir lá saber o que eu fiz, tomara que minha bunda não fique quente com isso. Vou pedir de aniversário uma não surra no traseiro.
- Papai, a mamãe volta quando?
- Logo, tomara que não com a sua expulsão em mãos. Cara, você vai pouco pra a escola, mas quando vai apronta.
- Tô indo todo santo dia - reclamo.
- Só porque a Jasmin nasceu e estamos fora de turnê, mas a moleza tá acabando, carinha.
Eu adoro turnê, é ruim estudar em casa, mas a turnê é muito mais legal.
- Papai, a turnê é muito mais maneira.
- Não gosta da escola?
- Gosto, só que prefiro ficar viajando e vendo coisas legais e tocando com o tio Rob e ouvindo a mamãe cantar.
- Ela canta muito né, cara?!
- Aham - balanço a cabeça com força e salto só sofá - papai, porque a mamãe ainda não quer falar daquilo?
- Aquilo? - faço uma careta e ele ri - ah sim ... Ela não se sente confortável, quando for a hora vocês conversam.
- Ok - faço um barulho na boca e Jasmin chora - ih ela tá chorando, papai.
- Vê o que ela quer.
- Não sei ver isso.
- Sabe sim.
- Folgado - mas estou ao brincando e o papai ri - o que foi, bochechuda?
Ela não responde só grita e grita e soca as mãos para cima. Jasmin é brava, as vezes ela puxa meu cabelo e dói pra caraca. Pego a chupeta e coloco na boca da chorona, ela chupa e depois cospe pra chorar se novo.
- Acho que ela quer colo - falo, não sei o que ela quer mesmo.
- Balança um pouco a cadeira que já vou.
Balanço né, fazer o que, coloco a chupeta de novo na boca dessa garota e balanço a cadeira devagar pra ela não sair voando ... Zoooom .... Pela sala. Funciona um pouco.
Papai corre logo pra sala e me entrega o potinho de fruta, depois coloca o dele na mesinha e começa a tirar Jasmin da cadeira.
- Você não colocou o pano, papai.
- Onde?
- Aqui na mesa. Está encrencado quando a mamãe chegar.
- Depois limpo.
Bem na hora que a gente senta pra comer e a Jasmin já tá calada, a mamãe entra pela porta. Nem ouvi ela chegar, nem o elevador subindo. Meu ouvido deve tá cheio de cera.
- Tem que limpar os ouvidos também - falo pra o papai que me olha com careta - e nem limpou a mesa.
- Lukas, nós vamos ter uma conversa muito séria nesse minuto.
Paro até de comer na hora, mamãe tá com uma cara de brava que dá medo. Papai me olha sério e depois para a mamãe.
- É meu aniversário - falo - de presente quero uma não surra.
- Sei bem que é seu aniversário - mamãe fala brava - e deveria mesmo não ter mais nada de comemoração como castigo. Porque você sabe que merece.
- Não fiz nada - me defendo né - juro.
- Lukas, você mostrou o pinto para todo mundo da sua sala - ela grita e eu pulo no sofá - quero te dar uma surra.
- Mamãe ...
- Lukas, pelo amor de Deus, filho - papai fala sério mas eu vejo que ele quer rir - já conversamos sobre isso várias vezes.
- Mas papai ... Só estávamos medindo, o meu é o maior sabia?
- Lukas James - mamãe grita de novo - vou colar a cueca na sua bunda. Não sei ... Te mando não fazer as coisas e você vai e faz ... Fiquei morrendo de vergonha das professoras.
- Mamãe ...
- Mamãe coisa nenhuma - ela grita mais alto e eu arrasto a bunda para perto do papai - agora você está com essa cara de cachorro abandonado, mas não pensa antes de aprontar.
- Cami, angel, calma.
- Calma nada, KJ. Esse moleque estava mostrando o pinto para as outras crianças, você sabe o que é isso?! Nosso filho mostra o pinto na escola e você me pede calma?
- Ele é só uma criança, essas coisas acontecem.
- Não acontecem não - mamãe grita e joga a bolsa de lado vindo para perto de mim - talvez seja hora de você parar de ir para a turnê, Lukas, vai ficar com seus avós enquanto eu e seu pai trabalhamos.
- Não - eu grito bem alto e minha garganta tá ficando pequena - não quero ficar com ninguém.
- Querer nem sempre é poder, você está demais ... Sempre aprontando, falando o que não deve, com conversas que não é pra sua idade ... Tanto adulto está fazendo mal pra sua educação. Chega, não vai mais viajar com a banda e acabou.
- Não - grito bem alto - você me odeia. Eu sabia, sabia, meu amigo falou que ser irmão mais velho é uma merda - grito e choro porque eu tô triste - ser irmão mais velho é uma merda.
- Luke, calma - papai me segura e eu salto do sofá - ei, filho.
- Não quero irmã, devolve, não quero - eu choro mais - vocês não me amam mais ... Não me querem mais ... Vão me deixar pra trás porque tem um bebê ... Eu sei.
- Não é nada disso, Lukas ... Pode parar de manha já - mamãe fala séria.
- Camila - papai fala - não é assim que vamos resolver isso.
- E como é então? Porque conversar não adianta, estou cansada, CANSADA, tenho que cuidar da Jasmin também e toda semana Lukas apronta uma coisa na escola, ao invés de aprender ele vai só para aprontar.
- Eu vou embora. Você não quer mais ser minha mãe? Eu que não quero mais ser seu filho - eu grito e corro pela sala para a Camila não me segurar, não é mais mamãe não - fica aí com essa menina idiota que não faz nada além de chorar e cagar nas calças - nem ligo que falei cagar e não fazer cocô, tô com raiva - ninguém me ama mais nessa casa e eu também não amo mais ninguém.
Saio correndo e chorando, tô tão triste no meu peito. Não tenho mais mamãe nem papai, eles não me querem porque tem um bebê novo e fofo. Tudo bem, mostrei meu pinto na escola mas não fui o primeiro, nem foi ideia minha. Agora vou embora mesmo.
Subo correndo as escadas, acho que alguém tá me gritando mas nem ligo, tô nem ai. É o pior aniversário da minha vida todinha, nem quero mais fazer 6 anos. Entro no quarto e tranco a porta com a chave, já posso fazer isso agora que sei abrir, um dia fechei e não consegui abrir teve que vir um homem cheio de ferramentas arrancar tudo e eu fiquei um século preso aqui dentro.
Pego meu iPad e ligo rapidinho para minha vovó Sol. Toca um monte enquanto limpo a meleca que tá escorrendo do meu nariz, de repente a voz da vovó fala bem animada.
- Oi, aniversariante. Como está seu dia, meu amor?
- Vovó, vem me buscar - falo chorando igual um bebê mesmo - vou morar com você.
- O que?
- Não me quer também?
- Claro que quero, meu amor, mas o que foi?
- A mamãe tá brava e não me quer mais, falou que vai me largar na sua casa porque me odeia e tá cansada de mim. Vem me buscar.
- Deixa eu falar com a sua mãe.
- Ela não é mais minha mãe - a vovó reclama - é a Camila. E eu tranquei eles lá fora. Vovó, por favor - choro mais alto, aí alguém tenta abrir a porta - vem, por favor.
- Okay, okay. Estou indo, para de chorar tá bom, meu amor?! Tenho certeza que é só um engano, seus pais te amam muito, anjinho.
- Não amam não.
- Tá bom. A vovó já está indo, tá bom? Já peguei as chaves do carro e estou indo, amor.
- Tá bom. Tchau.
Desligo e coloco o iPad com cuidado na cama, depois corro para o armário abro as gavetas e remexo, não sei o que se leva quando vai embora de casa.
- Luke, cara, abre a porta.
- Não - falo para o KJ - vou embora, a vovó já tá vindo me buscar.
- Você ligou para sua vó?
Nem respondo. Claro que eu liguei, como que ia embora se não posso pedir um Uber?
Ele continua batendo, e depois a mamãe bate também e pede pra eu abrir. Não tô nem ai, nem respondo mais, não quero falar com ninguém. Vovó Tessa diz que sou teimoso igual uma mula, sou mesmo. Pego um monte de roupa e enfio na minha mala do Spiderman, fecho tudo, sento na cama e pego meu cobertozinho e abraço, não ando mais com ele pela casa mas hoje quero ficar com ele o tempo todinho. Passa um tempão, a mamãe e o papai ficam batendo na porta, a mamãe ainda tá brava e fica falando que preciso abrir e assumir que errei. Não quero mais conversar com ela. Meus olhos tão doendo e aí escuto o interfone tocar bem alto e a Truffle latir.
Sei que é a vovó Sol, abro a porta e saio arrastando minha mala. Enfio dentro do elevador, entro e aperto o botão do 1, é rápido e a porta abre pra eu sair correndo.
- Vovó - grito e jogo a mala de lado.
- Oi, meu amor - a vovó tá falando alguma coisa só que ela para pra olhar pra mim - oh meu bebê, porque esse rostinho tão vermelho ein?!
- Quero ir embora.
- Você não vai embora coisa nenhuma, Lukas - mamãe fala e eu olho pra ela de cara feia - e não faz cara feia pra mim não.
- Cami, por favor - papai pede - fica calma, não tem necessidade de nada disso.
- O que está acontecendo aqui? - a vovó pergunta.
- Eles não me querem mais, a mamãe tá cansada de mim e eu vou embora porque eles já tem um filho novo.
- Luke, carinha, não foi isso que a mamãe disse pra você.
- Foi sim.
- Não foi - a mamãe grita de novo.
- Viu, vovó ... Ela gritou bem alto que tá cansada de mim.
- Lukas - a mamãe fala alto - você precisa assumir as coisas que faz, é mimado e está me deixando louca com tanta reclamação da escola toda semana, estou cansada.
- Amor, pelo amor de Deus se acalma.
- Camila, você está discutindo com seu filho de 06 anos - a vovó fala com calma - está cansada, tudo bem, vou levar o Lukas comigo e você descansa e coloca a cabeça no lugar. Lembre que ele é uma criança mas tem sentimentos.
- Eu também tenho, e ele não se importou quando me fez deixar a Jasmin aqui e ir na escola ouvir reclamação mais uma vez.
- Ela só liga pra essa menina idiota - grito e me penduro na vovó - me leva embora, me leva embora.
- Você não vai a lugar nenhum - a mamãe grita.
- Para de gritar - o papai pede falando alto e ficando todo vermelho - Marisol, leva ele com você, por favor, só um pouco e vamos nos acalmar por aqui.
- Estou calma - a mamãe fala - estou calma.
- Não está não, e se não parar de berrar vou esquecer que está em um período muito difícil e te dar uns tapas bem dados - a vovó fala séria, ela me pega no colo e beija meu rosto - está tudo bem, anjinho. Vamos lá.
A vovó vai saindo rápido comigo no colo, eu agarro ela e meu cobertozinho e nem olho para mais ninguém. Só pra Truffle que tá deitada olhando tudo.
- Minha mala - lembro - vovó, minha mala.
- Não precisa de mala, de nada. Mãe, deixa ele aí.
- Não - a vovó fala com aquela voz de mandona - vai se acalmar, descansar, surtar com o KJ, o que estiver precisando e depois eu trago o Lukas, ou não. Se acalme.
- Tchau, Truffle ... Vovó, posso levar a Truffle?
- Agora não, Luke, depois um dos seus tios vem buscar. Tudo bem?
- Okay - a vovó abaixa e pega minha mala e depois continua andando - vovó?
Levanto a cabeça do ombro quentinho dela e olho bem de pertinho o sorriso que a vovó me dá sempre que eu chamo.
- É o pior aniversário de toda minha vida. Não quero mais fazer 6 anos.
- Está tudo bem, meu amor. Até porque você já fez 6 anos, espertinho.
- Vou fingir que ainda tenho 5.
A vovó ri e já estamos descendo as escadas pra garagem. Tem alguém chorando dentro de casa, fico curioso pra ver quem só que desisto porque chorei um montão já e não quero mais saber de nada. Vou sentado na frente porque é meu aniversário e porque tô triste, a casa da vovó é logo ali e não demora nadinha pra chegar.
- Quem fez essa mala, Luke?
- Eu, vovó ... Não dava tá certa - ela ri e coloca a bolsa do lado do sofá - depois o vovô pode buscar as coisas certas junto com a Truffle?
- Amorzinho, você não vai morar aqui pra sempre.
- Não posso morar aqui também? Vou ligar pra tia Mads.
- Não, amor, claro que pode. Mas a sua mãe e seu pai não vão deixar.
- Vão sim, eles já tem um bebê e eu só encho o saco.
- Quem disse isso?!
- A mamãe.
- Lukas, sua mãe não disse isso.
- Não assim desse jeito - balanço os ombros pra cima e pra baixo - ela não quer mais ver filme comigo, nem conversar, nada ... Toda vez ela dorme ou diz que não dá pra ser naquela hora e aí quando vou chamar ela dorme de novo. Acho que ela tá cansada de ser minha mãe mesmo.
- Cami só está cansada, Luke, antes ela tinha um bebê só e agora são dois, e tem que voltar a trabalhar e todas essas coisas chatas de adultos - balanço os ombros de novo e a vovó ri - ela não quis dizer aquelas coisas que te chatearam.
- Quis sim, como que a pessoa fala sem querer? Quando não quero falar fecho a boca e pronto, não tem como falar sem querer.
- O que quis dizer é que ela não falou com o coração, entende? Foi da boca pra fora.
Fico pensando e pensando, não entendo muito esse da boca pra fora, mas entendo falar com o coração.
- Como quando briguei com a Olive e disse que ela fedia a queijo estragado mas não era verdade?!
- Isso mesmo. Você não disse com o coração, foi só porque estava com raiva. Entende agora?
- Sim. Mães não podem sentir raiva dos filhos.
- Podem sim, mães também são seres humanos e tem sentimentos.
- Eu também tenho.
- Sei disso, você tem muitos sentimentos por isso que fica chateado fácil, e está tudo bem. Meninos também podem ficar triste e chorar.
-Eu sei - subo no sofá e sento com meu cobertor - a mamãe disse de coração, vovó.
- Não disse, amor.
- Ela nem me deu parabéns, sabia? - meu olho coça e meu nariz começa a escorrer - não é mais meu aniversário. Vou escolher outro dia que for legal.
- Não funciona assim, Luke, sabe disso.
- Vou fingir que pode.
- Okay, okay. Vamos falar de outra coisa. O que você andou aprontando na escola?
- Não fui eu que comecei, estávamos no banheiro fazendo xixi e o Cameron mostrou o pinto dele e pediu pra ver os nossos.
- Porque?
- Porque o pai dele disse que não somos circulados igual ele.
- O que? - a vovó me olha confusa e depois começa a rir - circuncidado, Luke.
- Isso aí.
- Foi isso mesmo, Luke, não foi de novo aquela coisa de ter pinto grande?!
- Juro, vovó, não sou mentiroso.
- Eu sei, amor. E a confusão das fotos autografadas?
- Só queria dar um presente para os meus amigos, não tenho culpa que a escola ficou louca.
- E a fulga para a sala de música?
- Vovó - bufo - só ia tocar uma música na bateria.
- E porque sua mãe está tão brava com essas coisas?
- Ela tá brava com tudo que eu faço - cruzo os braços e olho pra frente - tá bom, não vou mais morar lá mesmo.
- Luke ...
- Não vou.
- Olha, você tem um gênio muito forte para alguém tão pequeno.
O papai sempre diz que eu tenho um gênio do caralho, se tem palavrão é uma coisa muito maneira ou muito ruim. Tanto faz.
- Você é lindo, inteligente e amoroso, Luke, e eu te amo. Tá bom?
- Também te amo, vovó - ela me abraça e beija e depois me balança um pouco - tem bolo?
- Só o do seu parabéns, não pode mexer.
- Pode sim, não quero mais parabéns.
- Amorzinho, vou te contar um segredo - a vovó bate palmas e se anima - sabe aquele restaurante de dinossauros que você quer tanto ir?!
- T-Rex.
- Isso, o seu pai conseguiu reservar para comemorar seu aniversário. Vai ter uma longa mesa com toda nossa família e a banda toda, já devem até estar arrumando tudo. Se anime.
- Não vou.
- Claro que vai, é um dia muito especial.
- Tô muito triste.
- Não seja teimoso - ela da um tapinha no meu joelho - vai ficar tudo bem. Sua mãe vai se acalmar e vocês dois vão sentar e conversar sem gritos, você vai parar de aprontar na escola.
- Mas ...
- Luke, tem que parar pra pensar se aquilo vai te meter em encrencas antes de fazer, a escola não é igual os bastidores do palco, tem regras diferentes e as pessoas são diferentes. Sei que você consegue entender isso, só não está acostumado a ir tantos dias seguidos pra escola - fico calado - vamos esquecer isso, que tal comer alguma coisa?
- Estou com fome.
- Sempre está. Tem pão de queijo e posso fazer leite bem geladinho com chocolate. Que tal?
- Eu adoro.
- Isso, vamos comer.
A vovó Sol é sempre animada e barulhenta, ela é engraçada. Ela liga a música enquanto faz tudo pra comer, eu fico sentado pensando no a Truffle tá fazendo sem mim, ela fica comigo o tempo todo deve estar muito triste. Tomara que meu pai e minha mãe não briguem e que a Jasmin não fique chorando feito a sirene dos bombeiros porque isso deixa a mamãe irritada.
Eu gosto do meu quarto, será que dá para o tio Dylan trazer tudo pra cá? Tio Cole é muito atrapalhado e sempre deixa as coisas cair e quebrar, não dá pra pedir isso pra ele. Tenho que esperar.
Eu como, deito no sofá e assisto desenho com a vovó, ela tirou o dia se folga pra ficar comigo. Tô quase dormindo quando o celular dela toca, é o papai eu sei porque ela fala Oi Kage, aí eu sento e fico escutando a vovó dizer que eu não quero mais festa nenhuma, daí ele pede pra falar comigo, mas eu não quero, depois a vovó fala com a mamãe que também quer falar comigo, também não quero falar com ela.
- Cheguei - a porta da frente bate com tudo - oi, mãe ... Oi, cabeçudo.
- Oi, tio Cole.
- O que está fazendo aqui?
- Vou morar aqui. Trouxe até minha mala.
- Sua mãe nunca iria deixar, vai sonhando.
- Camila, filha, está tudo bem ... Claro que ele vai ter festa ...
- Não vou não - grito.
- Vai sim - tio Cole se mete onde não deve - seu pai vai pagar, cara, vou poder comer tudo que quero de graça.
- Eu não quero festa mais.
- Você tem 6 anos, não tem querer nenhum. Fala pra ele, mãe ... O que aconteceu?
- Muitas coisas - resmungo.
- Então vamos lá fora sentar, abrir uma cerveja e conversar antes de sair pra comer.
- Tio Cole ...
- Vai ter festa sim.
- Eu não posso beber cerveja - rio bem alto e ele faz cara de espanto - seu tonto.
- Ah droga, bom, te dou uma coca-cola. Pode ser?
- Sim - afirmo e pulo fora do sofá - mas não diet.
- Diet é coisa de mulherzinha ou do Dylan - rio mais alto.
- Cole, vou arrancar seus cabelos - a vovó ameaça, mas o tio Cole só ri e levanta a mão pra eu dar um soquinho - Cami, meu amor, está tudo bem aqui, Luke já se acalmou ... Sim ... Ele comeu, assistimos uns filmes ... Tudo tranquilo ... Não ... Vai descansar e pare de me ligar é uma ordem ... Eu sei, filha, eu sei ...
Tio Cole me agarra pela gola da camiseta e sai puxando para fora. Ele é um cara meio maluco. Depois se pegar as latinhas na geladeira vamos até o quintal e eu sento no chão com meu tio.
- O que aconteceu? Conta tudo.
Começo a contar tudo, tudo. Tio Cole fica caladinho ouvindo, ele não dorme nem fica irritado, só escura e balança a cabeça.
- E o pinto dele era mesmo circuncidado?
- Sim - balanço a cabeça com força pra concordar.
- Que estranho. Nunca vou deixar alguém chegar com uma faca perto do meu pau.
- Foi o que eu disse - tio Cole me olha e ri.
- Você tem só 6 anos mesmo?
- Acho que sim.
- Cara, eu com 6 anos não sabia nem encontrar o par da meia.
- Estranho.
- Certo, tenho um presente muito maneiro pra você. Vamos lá em cima buscar. E se falar que não quer festa vou te pendurar pela cueca no corrimão da escada.
O que eu posso fazer? Tio Cole sempre cumpre o que promete. Ele me dá um patinete elétrico muito maneiro e depois me leva na rua pra andar, caio várias vezes antes de aprender.
Até que meu dia foi legal, menos q parte que meus pais estão de saco cheio de mim.
Continua .....
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POV Lukas a pedido de uma leitora que não vou lembrar o nome agora. Meus amores, não ficarei mais tanto tempo sem postar. Prometo. E o próximo capitulo é a visão da nossa Cami. 😘