O Segredo do Príncipe | Showki

By ckyunbabie

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Em um reino comandado por um rei tirano, o príncipe Hyunwoo é forçado a um casamento arranjado. Contudo, ele... More

Novidades
1. Laços forjados
2. Acidente intencional
3. Só mais um nobre
4. Adeus, amiguinho
5. Mau gosto
6. Príncipe mimado
7. Limites
8. Promessas vazias
9. Duas condições
10. Cumplicidade
11. O segredo da princesa
12. Não se força o amor
13. Memórias perdidas
14. Noite ruim
15. Maldito soju
16. Péssima influência
17. Ingenuidade
18. A pureza do amor
19. Capaz de tudo
20. O garoto do jardim
22. Teatro matrimonial
23. Um singelo pedido
24. Ações e consequências
25. O criado curioso
26. Impasse fatal
27. Sem saída
28. Palavras não ditas
29. Tempo perdido
30. As últimas peças
31. Cicatrizes internas
32. Fragmentos do passado
33. Redescobertas

21. Sonhos e pesadelos

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By ckyunbabie

Não esqueça do voto! 💗

Alerta de gatilhos: esse cap contém menções a abuso sexual (sem descrição detalhada).
Nos vemos lá embaixo!

— 👑 —

Hyunwoo estava mais do que pronto para enfrentar a ansiedade e conversar com Kihyun sobre a noite em que beberam juntos. Falar com Nari havia lhe trazido clareza quanto a isso; ele sabia que precisava tirar a história a limpo, ou ficaria maluco de tanto pensar se tinha sido real ou não. Por algum motivo, uma fração de sua intuição estava agora cutucando-o e levando-o a pensar que não tinha sido imaginação, apesar de não fazer ideia do que levaria Kihyun a beijá-lo daquela maneira. Não estava achando que tinha sido somente o soju, se tivesse que ser sincero.

Ele adoraria poder ter feito o que queria logo após sua conversa com Nari, porém foi convocado a participar de parte dos preparativos para seu casamento. Acabou passando muito mais tempo do que esperava opinando sobre arranjos de flores para sua futura sogra, Byeol, que no fim acabaria por usar somente as opiniões femininas, de qualquer forma. Nari parecia tão entediada quanto ele, brincando com a aliança de noivado em seu dedo e mordiscando a bochecha.

— De que importa se serão rosas ou tulipas no seu buquê? — Hyunwoo resmungou para ela, suspirando de cansaço enquanto alongava os braços.

Os dois estavam sentados no outro extremo da mesa de jantar, observando as rainhas que pareciam entretidas com a enorme quantia de flores e outros tipos de decoração.

— Não faço ideia, também não me importo — ela respondeu com a voz baixa. Byeol se aproximou com três tipos diferentes de flores, colocando-as ao lado de seu rosto para ver qual combinava mais com seu tom de pele e perguntando qual ela preferia. Nari deu de ombros. — Tanto faz, mãe, são todas lindas.

— Não é tanto faz, Nari! São para o dia mais especial da sua vida — Byeol retrucou, ajeitando o cabelo da garota em um coque no topo da cabeça.

— Seria mais especial se eu pudesse escolher com quem me casar — Nari resmungou, recebendo um olhar fuzilante de sua mãe.

— Não fale assim ao lado do seu noivo, atrevida... perdão, príncipe Hyunwoo, ela está só estressada. — Byeol continuou direcionando um olhar irritado para a filha.

Hyunwoo deu uma risada e disse que estava tudo bem. A rainha não precisava saber que ele também estava insatisfeito com aquela união forçada e tampouco se importava com o buquê de Nari.

Quando essa pequena reunião finalmente terminou, Hyunwoo já não teria mais tempo para conversar com Kihyun, ficando muito frustrado com isso. Já era o segundo dia após aquela noite e não havia trocado sequer uma palavra com o amigo, sendo que gostaria de nem mesmo ter se despedido dele, apesar de não se recordar do momento em que o fizera. Conformado e um pouco infeliz, ele se deitou para dormir, torcendo para toda a coragem que conseguira juntar não tivesse se esvaído de manhã.

***

Kihyun acordou sufocando um grito, suando frio. Os três colegas de quarto se assustaram com o súbito barulho, acordando de supetão e tentando entender o que tinha acontecido.

— Quem gritou? Kihyun? — Minhyuk perguntou, confuso, sem receber qualquer resposta. Ele conseguia ouvir a respiração ofegante e entrecortada do amigo, mas Kihyun não respondeu.

— Está tudo bem, hyung? — Jooheon também questionou, se levantando e tateando no escuro até achar a cama do amigo. Kihyun estremeceu quando ele tocou sua perna e se afastou dele, assustado, o que fez Jooheon entender o que tinha acontecido.

— Sim — ele respondeu, ainda tentando se recompor, mas não conseguia parar de tremer.

— Ei, Kiki, estamos aqui — Jooheon disse, se aproximando mais, mas sem tocá-lo. — Você teve mais um daqueles pesadelos?

— Voltem a dormir, eu estou bem.

Apesar de ser isso o que falava, não estava nada bem. Todas as sensações do pesadelo ainda o atormentavam, rastejando como insetos debaixo de sua pele. Sentia como se alguém apertasse seu coração com as próprias mãos naquele momento, impedindo-o de bater corretamente, e a respiração desesperada acompanhava a agonia e o péssimo frio na barriga.

— O que está acontecendo? — Wonho perguntou.

— Nada, você pode voltar a dormir. Eu e Jooheon vamos cuidar dele. Kihyun, vou segurar as suas mãos, está bem? — Minhyuk se levantou também, indo até a cama dele e se ajoelhando ao lado dela, encontrando as mãos do amigo e as segurando. — Estamos aqui com você, está bem? O pesadelo não foi real, você está seguro.

Minhyuk sempre sabia lidar com tais crises de Kihyun. Ele era seu amigo há tanto tempo; tinha acompanhado a fonte e motivo desses pesadelos, o início deles e também todas as vezes em que voltavam a acontecer. Felizmente, sabia o que precisava fazer para acalmá-lo.

— O pesadelo não foi real, Kihyun. Você já se livrou dele, está tudo bem, estamos aqui com você — Minhyuk repetiu, alisando a mão trêmula do amigo. — Podemos abraçar você?

Kihyun assentiu, esquecendo de que os amigos não conseguiriam enxergá-lo, e então disse em um murmúrio que podiam. Minhyuk se sentou em sua casa e o abraçou de frente, enquanto Jooheon o abraçou de lado. Minhyuk continuou repetindo que estava tudo bem e que os dois iriam protegê-lo do que quer que fosse, que o pesadelo já tinha acabado. Ele começou a chorar nos braços dos amigos, atormentado pelas imagens que não saíam de sua cabeça.

Kihyun se lembrava de tudo que tinha acontecido bem demais, como se tivesse sido há apenas alguns dias, e não anos. Gostaria de poder deletar aquelas memórias imundas e repugnantes de si, mas não conseguia. Mesmo quando parecia entrar numa fase da vida onde podia focar em outras coisas, aquilo inevitavelmente sempre voltava. A maior fonte de suas inseguranças com os nobres, além de todo o descaso que sofrera durante a vida, o acompanharia até o dia em que deixasse de respirar.

Era como se aquelas mãos repulsivas ainda estivessem lhe tocando, como se a boca nauseante ainda cuspisse em seu ouvido que ele podia usar Kihyun como bem entendesse e ninguém iria se importar, porque era só para isso que ele servia. O garoto tremia e chorava intensamente nos braços de Minhyuk, soluçando alto e tentando se agarrar ao presente, não deixando a mente retornar ao passado perturbador, mas era impossível. Era ainda mais impossível quando os pesadelos continuavam o transportando para aquele momento, nunca permitindo que ele se esquecesse.

Com o passar de alguns minutos sem Minhyuk ou Jooheon o largarem, ele finalmente começou a conseguir respirar de maneira normal, por fim se acalmando. Minhyuk enxugou as lágrimas do seu rosto e o segurou com as duas mãos, repetindo que estava tudo bem. Kihyun assentiu e fungou, envergonhado.

Não era a primeira vez que isso acontecia e também não seria a última, mas ele sempre se sentia fraco por se sentir tão mal por algo que tinha acontecido há tanto tempo, mas não era fácil superar um abuso como aquele. Ele seria para sempre desconfiado de nobres por conta do dia em que aquele príncipe o agarrou, enfiando-o em seu quarto e trancando a porta. Alegou estar de olho no criado bonitinho há dias, agora finalmente tendo a oportunidade de aproveitá-lo.

O garoto não era muito mais velho que ele, mas era mais alto e mais forte, conseguindo conter seus movimentos sem muito esforço. Kihyun não tinha como fugir, não podia gritar, não podia se defender... E mesmo que pedisse socorro, quem se importaria em ajudar um mero serviçal como ele? Quem daria importância ao seu sofrimento? Quem o escutaria ao invés de dar a razão ao príncipe em questão de segundos?

Depois de tudo, ele foi atirado para fora do quarto como um objeto que agora já não tinha mais uso. Kihyun vomitou no corredor, sentindo-se imundo e nojento, arranhando a pele de seu rosto e suas mãos até sangrar para tentar arrancar de si qualquer resquício daquele contato, mas não podia fazer isso.

Por dias, ele precisou continuar a servir aquele que o violentou, incapaz de olhá-lo nos olhos, sabendo que o príncipe o encarava com frequência, podendo repetir o ato a qualquer momento, mas não o fez. Aparentemente, a humilhação da primeira vez foi o suficiente para si, além da constante observação, sabendo que fazia o criado se sentir como um lixo, totalmente apavorado.

Sempre que aquele príncipe estava próximo dele, Kihyun perdia horas se banhando após se afastar, como se apenas os olhares já o sujassem, o tornassem repugnante e corrompido por ele.

No entanto, a aliança com o reino de tal príncipe foi desfeita, fazendo assim com que Kihyun nunca mais tivesse que vê-lo, mas ainda temia por isso todos os dias. Seu senso do próprio valor foi corrompido pelo trauma. Ele sabia que não tinha sequer um nobre entre todos aqueles crápulas que o visse como um ser humano, e não como um escravo ou objeto. Ele sabia que estava ali para servir e sua saúde física e mental valiam menos do que um resto podre de comida que seria jogada fora. Ele sabia que teria um fim desagradável como o de sua mãe, preso ali até o final de sua vida, dedicando-a àqueles que não mereciam qualquer dedicação.

— Está se sentindo melhor? — Minhyuk perguntou, apertando suas mãos.

— O suficiente — Kihyun respondeu. — Podem voltar a dormir... muito obrigado por me acalmarem, e me perdoem por tê-los acordado. Eu amo vocês.

— Tem certeza? Se precisar, ficaremos com você mais um pouco — Jooheon ofereceu, passando a mão pelo cabelo do amigo. — E também amamos você, Kihyun.

— Tenho, vocês precisam descansar. Já estou me sentindo melhor, eu prometo.

— Tudo bem, então. Também amamos você — Minhyuk repetiu a fala de Jooheon, lhe dando um último abraço e voltando a dormir. Jooheon também disse que o amava e voltou para a sua própria cama.

Kihyun não conseguiu voltar a dormir, por mais que tivesse conseguido parar de chorar. Sabia que bastante tempo estava se passando, ouvindo Jooheon começar a roncar e a respiração pesada de Minhyuk na cama ao seu lado, mas a mente não se acalmava nem mesmo por um segundo, impedindo-o de relaxar. Ele soltou um suspiro alto e se sentou na cama, encarando a escuridão.

— Não consegue dormir? — Wonho perguntou, interrompendo seus pensamentos negativos.

— Por que está acordado? — Kihyun desviou do assunto.

— Porque está de manhã e nós precisamos trabalhar...? — respondeu, num tom divertido. — Sei que teve uma noite difícil, se quiser posso trabalhar por você hoje, e você fica livre.

— Não, eu preciso mesmo do trabalho para me distrair. Eu gosto.

— Tudo bem. Se tiver qualquer coisa que eu possa fazer, é só falar. — Por algum motivo, Kihyun sabia que ele estava sorrindo ao dizer isso.

— Por que está sendo tão legal comigo? — perguntou sem rodeios.

— Preciso de um motivo para ser legal com você? Não sabia que era assim tão desconfiado. Eu só sei que você não está muito bem e poderia querer passar o dia quietinho.

— Não só agora, desde que você chegou... está sendo tão simpático e gentil — Kihyun explicou. Quase acrescentou algo sobre Wonho estar flertando com ele, mas não tinha certeza disso.

— Está pensando demais — Wonho respondeu, dando de ombros. — Eu gostei de você, e costumo ser gentil com todos que conheço, acho que todos merecem ser tratados bem.

Kihyun não respondeu. Pensou em agradecer ou simplesmente dizer que isso era nobre da parte dele, mas qualquer resposta parecia estúpida, então resolveu ficar calado. De qualquer forma, precisava se levantar para trabalhar e não podia ficar perdendo muito tempo com conversas aleatórias. Ele saiu do quarto para ir lavar o rosto e tomar um banho frio, na esperança de se sentir mais acordado e disposto a encarar seu dia.

***

Sua boca tinha o sabor doce do soju de uva, o mesmo que ele acabara de beber, mas que vindo dos lábios dele parecia muito mais gostoso. As mãos de Hyunwoo percorriam suas costas, arrepiando a pele ardente com tal contato para em seguida apertá-la e puxá-la para si, marcando onde os dedos pressionavam.

Ele queria Kihyun mais perto, tanto quanto possível, o corpo colado no seu enquanto as bocas trabalhavam em conjunto num beijo caloroso e faminto, com nenhum dos dois se atrevendo a se afastar. As mãos passeavam livremente pelo corpo um do outro, explorando o desejo intenso que sentiam. Quando Hyunwoo abriu os olhos para encarar a face bonita de Kihyun, tudo o que viu foi o teto do próprio quarto.

Sua mente não o deixaria mesmo esquecer o que precisava fazer naquele dia, pelo jeito, o que era até bom, na verdade. O sonho que acabara de ter apenas o incentivava a não deixar o medo lhe controlar, o impedindo de largar da decisão que havia tomado.

Ele sequer se permitiu demorar, porque se pensasse demais, desistiria de tudo. Se arrumou e foi direto ao quarto que sabia que Jooheon dividia com Kihyun, porém encontrou apenas o braço direito e outro criado lá, que ele sabia que se chamava Minhyuk.

— Ah, bom dia — disse. Os dois também o cumprimentaram, Minhyuk um pouco surpreso com a súbita aparição do príncipe em seus aposentos. — Sabem onde o Kihyun está?

— Não faço ideia... ele pode estar em qualquer canto desse castelo agora fazendo um milhão de tarefas — Jooheon respondeu, sacudindo a cabeça e comprimindo os lábios.

— Mas se você quiser nós passamos algum recado para ele — Minhyuk acrescentou.

— Seria ótimo, obrigado — Hyunwoo agradeceu. Ele umedeceu os lábios e ponderou por alguns segundos. — Digam que preciso conversar com ele e estarei na biblioteca o dia todo. E que é importante.

— Anotado, chefe — Jooheon brincou, dando um sorriso.

Assim que o príncipe se retirou, Minhyuk trocou um olhar com Jooheon, querendo saber o que estava acontecendo, mas ele e Jooheon ainda estavam agindo de um jeito um pouco estranho um com o outro. Ele soltou um suspiro frustrado e também saiu do quarto para ir trabalhar e procurar Kihyun.

Demorou um pouco para o Lee conseguir encontrá-lo, mas estava em um de seus refúgios mais óbvios, o jardim, regando as flores azuis que tanto gostava. O recado de Hyunwoo foi dado e foi como uma bomba de ansiedade explodindo dentro de Kihyun. Será que ele tinha se lembrado do que aconteceu e estava irritado? Minhyuk deixou claro que o príncipe dissera se tratar de algo importante... ele provavelmente tinha se lembrado, mas Kihyun negaria. Caso não funcionasse, ele admitiria, mas pediria desculpas e culparia o soju.

Ele não podia deixar tudo do jeito que estava. Precisava de uma boa justificativa para ter beijado o príncipe, que seria unicamente o fato de estar fora de si, e não porque de fato quis fazer aquilo. No entanto, ele teria que torcer muito para Hyunwoo acreditar nisso e não condená-lo por ter ousado fazer algo tão idiota.

Kihyun tentou adiar o momento de ir até a biblioteca o máximo que podia, porém não queria deixar Hyunwoo plantado lá, esperando por ele o dia inteiro. Ele respirou fundo, sentindo o imenso frio em sua barriga aumentar ainda mais, e tomou coragem e força de fazer as próprias pernas voltarem a funcionar para o levarem até onde tinha que ir.

Rever o príncipe lhe causou ainda mais ansiedade. Estava focado em um livro, tal como a outra vez em que eles conversaram naquele recinto, e ele ficava extremamente atraente quando estava concentrado daquela maneira.

Kihyun sacudiu a cabeça e tentou focar, dando três batidinhas na madeira de uma estante para chamar a atenção do príncipe, que ficou ansioso também ao notar sua presença. Ele fechou o livro e acabou ficando em silêncio por alguns segundos, processando que o amigo estava de fato ali à sua frente, e enfim o cumprimentou, nervoso.

— É bom ver você, já faz um tempo — Hyunwoo comentou, se sentindo estúpido. Não fazia tanto tempo assim e ele se fazia soar carente dizendo isso, mas Kihyun sorriu, fazendo com que seu coração parecesse ter se transformado em geleia. — Sinto falta de nossas aulas de canto e dos treinamentos.

— Desculpe, eu estive bastante ocupado nos últimos dias — Kihyun explicou. Estava tentando controlar a timidez para não deixar muito óbvio que algo diferente tinha acontecido na última vez em que se viram, mas não estava funcionando.

— Tudo bem, sei que tem suas responsabilidades.

— E você também — respondeu. — Você queria falar comigo sobre algo importante?

— Uh, sim — ele confirmou, subitamente voltando a se sentir nervoso. Já havia treinado em sua mente o que iria dizer, mas colocar em prática estava se provando ser muito mais complicado. — Como foi que terminou a nossa noite? Eu não me lembro de muita coisa. Não sei quando você foi embora e se deu tudo certo.

Ele fez questão de analisar as reações de Kihyun depois de sua pergunta, e ao ver as bochechas se tornarem rosadas e o olhar se desviar para um livro qualquer, pôde ter certeza de que alguma coisa fora do normal tinha acontecido. Talvez ele realmente não tivesse apenas sonhado aquele beijo. Talvez ele tivesse sido real.

— Você apagou... Estávamos deitados no chão, conversando, e de repente você parou de responder. Eu consegui te arrastar para a sua cama, de algum jeito, e fui embora. Ninguém me viu. — Kihyun tentou caprichar em sua omissão, mas sabia que não estava conseguindo controlar as próprias emoções que se externavam facilmente, sentindo seu rosto se amornar.

— É mesmo? Eu nem sei quando foi isso, já estava em outro mundo quando nos deitamos no chão — Hyunwoo disfarçou, se levantando da poltrona e apoiando as costas em uma estante próxima de Kihyun, cruzando os braços. Sentia o impulso de se aproximar dele cada vez mais. — Mas talvez você também não se lembre de algo, não é?

— Eu não estava tão bêbado assim, me lembro de tudo — ele disse, mas logo após ter feito isso, quis dar um tapa no próprio rosto. Ele tinha acabado de jogar fora sua desculpa para caso o príncipe pedisse uma explicação para ele tê-lo beijado. Não fazia ideia do que diria agora caso ele fizesse essa pergunta e era tudo culpa sua.

— Entendo. — Hyunwoo umedeceu os lábios e virou-se para ele. Kihyun não queria que ele se aproximasse mais, somente pelo fato que assim seu corpo parecia ainda mais perto de ter uma parada cardíaca. — Bem, depois que você se foi, eu sonhei com você.

— Sonhou? — Kihyun perguntou, engolindo em seco. Hyunwoo assentiu. — E como foi o sonho?

— Eu não me lembro — disse com um sorriso fraco, dando um passo a mais. Já estava bem de frente com Kihyun agora e, mesmo parecendo mais calmo que o mais baixo, o próprio coração também palpitava dentro do peito. — Mas eu sei que foi interessante.

Kihyun acabou o encarando, sem conseguir desviar o olhar. O príncipe estava um pouco perto demais, o rosto perfeito em frente ao seu, os lábios cheios tão convidativos...

— Mas foi só um sonho, não é? — Kihyun respondeu em voz baixa. Ele desceu o olhar de maneira instintiva para a boca de Hyunwoo, algo que ele não deixou passar, sorrindo mais uma vez ao notar por onde o criado passara os olhos.

Kihyun se afastou um pouco, temendo que a proximidade o fizesse cometer uma loucura, porém o príncipe pegou sua mão e não o deixou ir. Ele o puxou pelo braço com delicadeza, fazendo com que ele voltasse a estar em frente a si.

Agora, ele tinha certeza de que não tinha apenas sonhado ou imaginado o beijo. Kihyun estava negando, mas estava tão claro em seu olhar e em suas reações que algo tinha acontecido. Hyunwoo estava com vontade de pressioná-lo na parede da biblioteca mal iluminada e repetir a dose, mas o nervosismo e o medo o impediam. No entanto, ainda conseguiu se aproximar um pouco mais e levar a mão até o queixo do criado, segurando-o com delicadeza.

Kihyun sentia sua respiração quente no próprio rosto e seu perfume gostoso invadia as narinas, fazendo-o querer ficar ainda mais perto dele, porém longe ao mesmo tempo; não podia se dar o luxo de fazer uma burrada mais uma vez.

— Não precisa ser só um sonho — Hyunwoo murmurou, segurando seu rosto. Ele queria tanto, mas tanto beijá-lo mais uma vez, que sentia seu coração prestes a explodir no peito como um monte de fogos de artifício.

E Kihyun teria mesmo o beijado também nesse exato momento, porém, de repente, a mão do príncipe em seu rosto lhe trouxe uma péssima memória, como aquelas que saíam de seus pesadelos.

Um gosto ruim invadiu a sua boca e ele o afastou de um modo brusco, dando um passo para trás, surpreendendo-o. Hyunwoo não esperava por isso, ficando confuso com sua atitude. Kihyun não disse nada durante longos segundos, encarando o chão e parecendo muito transtornado com alguma coisa, tentando falar algo.

— Desculpe — Kihyun falou baixo. Ele respirou fundo, tentando se recompor, mas a mente fazia um emaranhado desagradável de momentos ruins. — Não estou em um bom dia.

Hyunwoo assentiu, magoado pela rejeição, mas aceitou-a calado, dizendo apenas um pedido de desculpas também. Ele não entendeu que o criado estava de fato tendo um péssimo dia, crendo que essa fala havia sido o jeito que ele encontrou para afastá-lo. O silêncio a seguir foi um pouco constrangedor, mas Kihyun limpou a garganta e tentou trocar de assunto para evitar que aquela conversa continuasse tão trágica.

— Mudando de assunto, tenho uma coisa pra te perguntar. Jooheon está agindo de uma maneira muito estranha com Minhyuk, você sabe se tem algo acontecendo com ele? — perguntou. Era uma questão genuína, apesar de estar usando-a para distraí-los do que acabara de acontecer.

— Estranha de que jeito?

— Minhyuk disse que o ama e ele surtou... não sei por quê. — Kihyun crispou os lábios, nervoso. Sua mente estava em outro lugar naquele momento, e era um lugar nada agradável.

— É mesmo? Isso realmente não soa como o Jooheon. Tenho certeza que ele ama o Minhyuk, mas não sei por que ouvir isso dele o faria surtar. Posso tentar conversar com ele para descobrir.

— Seria ótimo. Eles demoraram para se confessar um para o outro e finalmente ficar juntos... Seria uma pena algo tão bonito acabar por algum motivo que nem sabemos, pode ser algo bobo.

Hyunwoo o respondeu, mas Kihyun voltou a pensar nos próprios problemas; gostaria muito de ter beijado o príncipe mais uma vez quando teve a chance, e de estar fazendo isso naquele exato momento, porém a mente estava mesmo tomando um caminho escuro e penoso, prendendo-o em pensamentos ruins.

Ele começou a tremer relembrando daquela noite que era dona de um de seus traumas, a fonte dos seus pesadelos, e Hyunwoo acabou percebendo isso. Antes que ele pudesse perguntar o motivo, Kihyun pediu desculpas a ele e saiu da biblioteca com pressa, indo direto ao jardim para se esconder em meio ao labirinto de grama, o seu refúgio.

— 👑 —

O contraste entre um deles sonhando coisas boas e o outro tendo pesadelos... ai :(

Pois é, gente, o Kiki já sofreu demais nessa vida, assim como o Hyunwoo. Esse é mais um dos traumas dele e o principal motivo pra ele ser tão hesitante com nobres.

E infelizmente o Nunu pegou um dia ruim para tentar investir nele, não me batam e não desistam de mim kkkk 

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