Doce Garota - Supremacia Styl...

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O Início da Supremacia Styles - Quadrilogia [Degustação - Completo na Amazon] Um namoro falso, um casamento a... Més

Aviso & Gatilhos
DG1
DG1 - Capítulo Um e Dois
DG1 - Capítulo Três e Quatro
DG1 - Capítulo Sete e Oito
DG1 - Capítulo Nove
DG1 - Capítulo Dez
DG2
DG2 - Capítulo Um
DG2 - Capítulo Dois
DG2 - Capítulo Três
DG2 - Capítulo Quatro
DG2 - Capítulo Cinco
DG3
DG3 - Capítulo Um e Dois
DG3 - Capítulo Três e Quatro
DG3 - Capítulo Cinco
DG3 - Capítulo Seis e Sete
DG3 - Capítulo Oito e Nove
DG3 - Capítulo Dez
DG4
DG4 - Capítulo Um e Dois
DG4 - Capítulo Três e Quatro
DG4 - Capítulo Cinco e Seis
DG4 - Capítulo Sete e Oito
DG4 - Capítulo Nove e Dez
Agradecimentos

DG1 - Capítulo Cinco e Seis

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(06/10)

Ao seu lado, eu sou uma arma carregada. Não consigo mais aguentar isso, sou todo seu e não tenho nenhum controle”.

No Control – One Direction

Era terça-feira e eu não fazia ideia de como tinha conseguido enrolar a diretora por não ter uma resposta sobre Cameron.

— Dona Rosie — chamei minha patroa me aproximando dela depois de limpar as mesas, estávamos prestes a fechar a lanchonete. Como Andrew não ficou hoje, ela quem iria fechar a loja comigo.

— Sim — ela me olhou quando me aproximei, estava atrás da bancada do caixa.

— Quando a senhora disse que não aceitava namoro entre funcionários, foi pelo seu filho, certo? — Ela concordou com um balanço de cabeça — Ah...

— Por quê?

— Acho que quem devia receber essa advertência era seu filho, principalmente por ele namorar — disparei sem pensar.

Ela riu e eu senti que perderia o emprego.

— Sempre direta — afirmou.

— Desculpa, não quis ser... Grossa e inconveniente — fiz uma careta.

— Meu filho é um tanto difícil, conversar e brigar não resolve.

— Sendo difícil ou não, traição é caráter, não o gênio de alguém — disse baixinho para que ela não ouvisse enquanto limpava a bancada.

— Obrigado por dizer que não tenho caráter — a voz de Andrew ecoou atrás de mim. — Você não pode chegar para minha mãe — me virei de frente para ele e ele parou próximo de mim — e falar isso, você nem me conhece — disse ríspido.

O encarei, o olhando nos olhos por instantes até que ele desviou o olhar. Meus pais me entenderiam por perder o emprego, considerando que eles nem me queriam trabalhando agora.

— Você tem toda a razão, isso justifica tudo — disse sem conter a ironia — Estou dispensada, dona Rosie?

Ela concordou e eu tive a sensação de que seria mandada embora a qualquer momento porque não conseguia calar a boca.

Los Angeles, Estados Unidos,

Quarta-feira, 11:21.

Entrei no refeitório com Katherine e Neji, que discutiam sempre que estavam juntos por motivos que ninguém entendiam visto que eles se conheciam há tão pouco tempo e já se implicavam como eu e Cameron, a diferença era que eles ainda conversavam tranquilamente.

— Você quer sempre ser a dona da razão, quem te aguenta? — Neji questionou se sentando ao meu lado e Katherine se sentou em minha frente.

— Se você estivesse certo, não estaria errado — Katherine rebateu revirando os olhos, acabei rindo deles.

— Vou pegar os lanches e Neji, desculpa, mas essa discussão já foi ganha. Larry existiu sim, só não vê quem não quer e você só discorda porque Kath concorda que existiu — ri para eles.

Ela fez expressão de vitoriosa e eu me levantei batendo de frente com Cameron Styles que derrubou todo o lanche em mim.

O refeitório ficou barulhento por risadas e os olhares estavam em nós. Minha blusa azul claro estava cheia de molho.

— Tinha que ser — disse controlando a respiração e tirando o pão do hambúrguer que estava colada com molho em minha clavícula.

Coloquei o pão em sua bandeja. Puxei minha bolsa e sai do refeitório o mais rápido possível indo até o banheiro.

Droga de molho!

Amarrei meu cabelo e comecei a me limpar.

— Amiga, meu Deus — Natalie disse entrando no banheiro com Katherine.

— Ah, droga, pior que nem tenho uma blusa reserva — Katherine se queixou.

O molho parecia ter impregnado em minha blusa. E aquele babaca nem se quer pediu desculpas. Não estava brava, na verdade, não era algo que ele ou eu podíamos controlar, também não lhe dei tempo de pedir desculpas, mas era inevitável não ter algum conflito com Cameron.

— Eu tenho, mas é bem curta, pode ser? — Natalie questionou.

— Se tivesse sujado só a blusa de baixo estava tranquilo, mas não, sujou a de frio também, eu vou passar frio — reclamei vendo meu casaco sujo e molhado por estar tentando limpá-lo.

— Malik — Cameron chamou com a voz mansa.

O olhei através do espelho e ele estava com um moletom preto do Paris Saint-Germain em mãos. Ele olhou Natalie que saiu puxando Katherine, ela estava quase babando olhando Cameron e eu me questionei quando foi que isso aconteceu.

— Isso não é um banheiro unissex, Styles — disse ainda o olhando pelo espelho.

— Rebecca — chamou com firmeza — não foi minha intenção — me virei o olhando. — Me desculpa, não queria mesmo — o encarei por instantes vendo que seu olhar era firme em mim e seus olhos estavam bem azuis.

Soltei a respiração, me rendendo, pois sabia que de fato não tinha sido intencional.

— Tudo bem.

— Toma — ele me estendeu o moletom preto.

Franzi o cenho.

— Você é insuportável com suas blusas de time, mas obrigada — me virei para a pia voltando a limpar a blusa que estava em meu corpo.

Cameron parou atrás de mim e colocou o moletom em cima do meu casaco na pia.

— Você não tem muita escolha — ele riu e simplesmente saiu do banheiro.

Eu jamais admitiria em voz alta, mas ele estava certo. Ou eu passava frio e ficava suja, talvez eu passe frio usando a blusinha que Nat propôs ou eu fico em paz usando a blusa dele... Não tão em paz por ser uma blusa de Cameron.

Encarei por segundos o moletom preto, o peguei e o perfume impregnou em meu nariz. Um cheiro ótimo de perfume de quem não prestava e que eu devia manter o máximo de distância.

Mas acabei colocando o moletom e o perfume não saia de meu nariz de forma alguma, o que me fazia espirrar.

Caminhei até o carro, coloquei as blusas sujas no mesmo e aproveitei para espirrar o remédio no nariz antes que eu o arranque de tanto coçar. Me olhei sem acreditar que estava usando o moletom de Cameron.

Olhei para frente o vendo com uma garota que não era Melissa, estava se agarrando com ela, devia ser a segunda ou terceira garota da semana. Não que eu tivesse algo a ver com aquilo, mas não tinha como simplesmente não notar.

Sai do carro tentando não mostrar a minha presença, mas foi impossível quando assim que travei o carro, o alarme disparou. Minha mãe deve ter conseguido quebrar o alarme do meu carro outra vez.

O casal me olhou e eu desviei o olhar. Desliguei o alarme e quando estava prestes a sair, Cameron se aproximou de mim e a garota começou a andar de volta para escola. Sua boca estava marcada e seu cabelo bagunçado.

— Tá gripada? — Perguntou e eu funguei negando com a cabeça.

— Rinite, seu perfume é muito forte, mas dá para usar.

— Se quiser tem o moletom do time.

— Nunca — disparei quase que desesperada e nós dois rimos, pela primeira vez, juntos. — E para de fingir que se importa, sei que você quer alguma coisa — ele riu de lado.

— Ficou bem em você — disse me olhando por inteira.

— Deve ter ficado bem em todas as outras que já usaram esse moletom — dei de ombros rindo e ele ficou sério, negou com a cabeça em desaprovação, mas não me contrariou.

— Malik, por que não me ajuda logo com as notas? — Questionou e estendeu a mão para passar no meu rosto.

— Primeiro — segurei sua mão, o impedindo — para de falar comigo como se quisesse me conquistar — soltei a mão dele e ele me olhou rindo. — Segundo, cinco palavrinhas, Cameron, apenas cinco.

Ele revirou os olhos e se afastou virando-se para trás. Colocou as duas mãos na cabeça como se estivesse se rendendo, abaixou os braços e virou novamente se aproximando de mim.

— Eu preciso da sua ajuda — admitiu em voz extremamente baixa, parecia ser difícil para ele, como se nunca tivesse feito aquilo antes.

— Desculpa, não te ouvi — ironizei e ele bufou.

— Malik, eu preciso da sua ajuda! — Disse alto e indignado.

— Ficou bem em você.

— O quê? — Questionou com seu olhar carregado de confusão.

— Pedir ajuda — ele riu mostrando o dedo do meio na minha cara e eu empurrei sua mão rindo. — Vou falar com a diretora, começamos amanhã.

— Mas amanhã tenho treino.

— Isso não é problema meu — afirmei passando por ele e ouvindo sua risada.

— Malik — me virei o olhando, ele deu alguns passos até mim, parou em minha frente e soltou o coque que eu estava — não estou dando em cima de você, é só que...

O sinal tocou.

Ele afastou a mão de meu cabelo desviando o olhar do meu e saiu de perto de mim.

Soltei a respiração que não sabia que estava prendendo, meu coração estava acelerado e... por que ele não terminou de falar?

Voltei para a escola sentindo alguns olhares em mim. Eles me olhavam, olhavam o moletom e me olhavam novamente tentando acreditar no que estavam vendo.

Não os culpava, nem eu acreditava naquilo.

— O quê? — Natalie quase gritou e riu se aproximando.

Katherine me olhou estranho.

— O que o quê? — Rimos.

— Você está com a blusa do meu irmão, ele nunca empresta as blusas dele, principalmente de time, para ninguém — disse surpresa.

Arrumei os óculos depois de espirrar.

— Foi porque ele que me sujou, era o mínimo — disse dando de ombros e Katherine se manteve me analisando.

— Amiga, te vejo depois, te amo — Natalie beijou meu rosto e correu para a quadra, pois teria treino das líderes agora.

Sorri a olhando correr desengonçadamente, Cameron parou no armário ao meu lado e Katherine saiu caminhando até o armário dela.

Organizei meus livros, quando fechei a porta do armário espirrei novamente e Cameron riu.

— Está rindo do que, idiota? A culpa é toda sua!

— Estou rindo de você — ele riu de lado e me olhou por instantes.

Ele precisava urgentemente parar de me olhar assim.

— O palhaço aqui é você — disfarcei o fato de que seu olhar em mim estava diferente.

— Quem está com o nariz vermelho aqui é você — rebateu, acabei rindo, mas fiquei séria quando me lembrei para quem estava rindo.

— Babaca! — Disse caminhando até o armário de Katherine.

— Insuportável! — Retrucou fechando a porta de seu armário e ouvi seus passos saindo do corredor.

— Vamos? — Questionei Katherine.

Estávamos em um grupo de estudos chamado Fênix, que eu estava conhecendo para quem sabe, começar a participar oficialmente.

— Você gosta dele? — Questionou diretamente.

— Claro que não, por que insiste nisso?

— Porque parece — disse séria. — Pelo menos da parte dele, não parece ser raiva ou ódio — e saiu andando antes de mim em direção contrária da biblioteca.

Fiquei um tempo parada tentando entender o que estava acontecendo.

Entrei na biblioteca e me aproximei de Neji.

— Kath não vem? — Questionou quando me sentei ao seu lado.

— Não sei, tem algo de errado com ela — Neji me olhou e forçou um sorriso.

— Ela pediu para não te contar, mas ela e Cameron começaram a ficar desde... sexta — explicou e eu o olhei com o cenho franzido.

— Eu não fazia ideia, ela parecia achar graça em relação a mim e Cameron.

— Ela pediu para não te contar — arqueei uma sobrancelha. — Não explicou o motivo, só não quis falar.

Katherine entrou na biblioteca no mesmo instante e se sentou ao meu lado, sem me olhar.

— Katherine, se Cameron quiser, ele é todo seu e do resto das pessoas que ele fica, eu não tenho nada a ver com a vida de vocês. Não é comigo você precisa se preocupar — ela me olhou — e se você é do tipo que implica por causa de homem, por favor, não precisa continuar falando comigo — disparei.

— Então gente, vamos começar — Neji, o capitão do Fênix, chamou nossa atenção e a dos outros alunos que conversavam entre si.

Depois das aulas de projetos, sai da sala de pintura e Katherine estava encostada na porta.

— Eu não brigo por homem, por nenhum, me desculpa — disse caminhando ao meu lado.

— Sem problemas — sorri relaxando o corpo. — Avisa a Natalie que eu fui falar com a diretora por favor? — Questionei e ela concordou.

Caminhei até a diretoria pensando que iria realmente ajudar Cameron Styles.

A diretora explicou que eu ajudaria Cameron durante o primeiro semestre, a temporada de futebol começaria daqui há três meses e ele precisava ter o máximo de notas recuperadas. Cameron tem cinco trabalhos para fazer até o mês que vem, o que esse garoto estava pensando da vida dele eu não fazia ideia.

Sai da escola vendo que Natalie e Cameron ainda estavam no estacionamento com Katherine.

— E aí — Cameron desceu do capô do carro e Katherine estava não parava de encará-lo —, falou com a diretora?

— Sim, começaremos amanhã, depois do intervalo até às 15h.

— Não ia ser a partir das 13h? — Natalie questionou me entregando um copo lacrado de suco de limão.

— Ia — aceitei o copo —, mas o mocinho tem mais coisas a fazer do que eu imaginava — ele riu relaxando os ombros —, então ela estendeu o horário.

— Ah — Natalie pegou em nossas mãos —, vocês prometem que não vão se matar? Antigamente eram brigas toda hora — ela revezou os olhares entre nós.

— Se ela for mais legal explicando matéria do que como pessoa no geral, vai dar certo — Cameron provocou.

— Se ele deixar o ego dele um pouco de lado, ser menos prepotente, menos babaca e não ser arrogante — o olhei e ele me olhou — talvez dê certo.

Ele passou a língua nos lábios tentando não sorrir.

— Não conte com isso — afirmou.

Soltei a mão de Natalie e fiquei de frente para ele.

— Você não tem muita escolha — o relembrei e seus lábios tremeram em um sorrisinho.

— Ah meu Deus — Natalie se queixou e eu acabei rindo a olhando.

— Vamos meninas? — Questionei e Katherine me olhou apreensiva.

— Ela vai comigo — Cameron disse olhando Katherine e caminhou até seu carro.

Eu e Natalie nos olhamos e olhamos Katherine que nos olhou e quando ia dizer algo, Cameron buzinou, ela apenas deu um aceno com a mão para nós e saiu em direção ao carro de Cameron.

Caminhamos até o meu carro.

Cameron era rude, não esperava ninguém e fazia pouco caso das meninas e mesmo assim elas corriam para ele, era tão... estranho.

— Ela vai se decepcionar feio com ele — Natalie disse entrando no carro.

— Provavelmente — concordei dando partida.

— Eu a avisei na sexta-feira passada, quando ela foi lá em casa, ele nem a recebeu direito e logo os dois saíram. Ela está se envolvendo totalmente e Cameron só envolve o que é importante para ele.

— Ela foi avisada — comentei.

— Ela me falou que ele fala que gosta dela, mas deve estar fingindo ser recíproco, isso de acordo com o que ela fala — explicou.

— E você não acredita nela?

— Meu irmão não costuma dizer que gosta das pessoas para ter o que quer — explicou e eu acabei rindo —, mas ela já deu vários presentes para ele nesse tempo e ele deixa claro que não se importa e não faz questão. As meninas sempre saem destruídas por ele e ele simplesmente não se importa.

— Bom, ao que entendo ele deixa claro que não quer nada com ninguém, se elas saem destruídas talvez seja pela imagem que criam dele e não pelo que ele é. Não sei bem, jamais colocaria minha mão no fogo por aquele garoto.

Ela riu ao meu ouvir.

— Talvez ele encontre alguém que dê um jeito nele — disse desanimada.

— Pessoas não são centros de reabilitação para dar jeito em outra pessoa. Ele, com ele mesmo, precisa tomar um jeito — eu disse e Natalie respirou pesado.

— Cameron está em uma fase horrível desde que Alice o traiu.

— Alice Parker? Ela está na faculdade, não? Eles namoraram? O que eu perdi?

Parei o carro na frente de casa.

— Sim, Alice terminou ano passado. Eles namoraram durante dois anos do colegial, depois que você foi embora, há dois anos. Cameron chegou em Liberty e já conquistou seu lugar na escola por ser novo e jogar tão bem, conseguiu tirar o time de Andrew, que era capitão na época, Cam é o primeiro de toda a história da escola a ser capitão logo no primeiro ano. Chegou no segundo ano, no baile de formatura do terceiro e Cam viu Andrew com Alice. Eles namoram até hoje — arregalei os olhos.

— Andrew e Alice? — Questionei.

— Sim e foi por agora que Cam começou a decair nas matérias, beber, às vezes fuma e usa as pessoas constantemente. Disse que amor é limite e ele não precisa de limite nenhum — ela riu preocupada e desanimada. — Ele me preocupa tanto, parece estar mais calmo agora, mas no fim do ano passado depois de descobrir tudo ele começou a se envolver em confusões e chegava todo arrebentado em casa.

— Eu sinto muito por tudo isso.

— Eu sou a primeira a discutir com ele quando começa a usar alguém, quando é amiga minha então... Enfim, nunca tinha falado sobre isso com ninguém e me sinto até mais leve — a abracei e ela sorriu. — Me conforta saber que você jamais se envolveria com ele, seria horrível.

— Fique tranquila — sorri tranquilamente para ela.

Los Angeles, Estados Unidos,

Quarta-feira, 16:33.

Depois de atender alguns clientes, Andrew — que deixava claro que estava com raiva de mim — avisou que dona Rosie estava me chamando em seu escritório.

Subi as escadas depois de passar pelo corredor, bati na porta duas vezes e entrei na sala sabendo que seria demitida.

— Sente-se, Becca — pediu após eu fechar a porta.

— Dona Rosie — me sentei —, peço desculpas por ontem, eu preciso me segurar em muitas coisas, juro que não vai acontecer — ela riu tirando os óculos.

— Não vou te mandar embora, Becca, e esse negócio de dona Rosie, guarde a formalidade para quando estivermos na frente de clientes e fornecedores — sorri concordando. — O que você falou ontem deixou Andrew pensando a noite toda, ele reclamou de você, mas foi porque você falou algo que ele nunca havia escutado assim. Mas gostaria de te dizer para não falar esse tipo de coisa na frente de outras pessoas.

— Eu espero nunca mais falar nada sobre — rimos.

— Certo. Mas é sobre outro assunto que quero tratar com você. Você está no último ano e se preparando para as provas da faculdade, sendo assim, há dias em que a lanchonete fica mais vazia, você pode estudar nesse meio tempo, desde que fique atenta quando chegar clientes. Liberei isso para Raquel faz um tempo, nas quintas e sextas o movimento é muito grande então não terá como.

— Sério? — Ela balançou a cabeça concordando. — Perfeito, muito obrigada.

— Não é todo lugar que aceita isso, mas entendo que você é estudiosa, dedicada e responsável, por isso estou te liberando para isso.

— Muito obrigada, Rosie, de verdade! Não sei como agradecer — ela sorriu.

— Pode voltar ao trabalho — concordei me levantando e indo até a porta. — Aliás, boa sorte ajudando Cameron — a olhei.

— Vou precisar — afirmei e rimos.

Eu quase cai da cadeira quando o sinal tocou.

Olhei no relógio, eram três horas da tarde e Cameron não tinha aparecido sendo assim, de acordo com o que foi conversado e combinado com a diretora, se Cameron não viesse hoje, eu não precisaria ajudá-lo.

Sai da biblioteca depois de guardar meu livro na bolsa, bati na porta da diretoria duas vezes e minha entrada foi permitida.

— Ele não veio? — A diretora López me olhou por cima dos óculos e eu sorri negando com a cabeça. — Você nem disfarça sua felicidade — rimos, mas ela logo ficou séria.

— Eu sabia que ele não viria, estava óbvio, conheço o Styles — afirmei.

Ela concordou com um balançar de cabeça, parecia desapontada.

Cameron com certeza devia estar com alguma garota ou bebendo com os amigos, talvez estivesse fazendo qualquer outra coisa que fosse irresponsável. Responsabilidade nunca foi seu ponto forte.

— Estou liberada? — Questionei e a diretora pareceu acordar.

— Claro, Malik. Até amanhã.

Sai da diretoria e coloquei meus fones.

Senti um baque me empurrando para trás e me deparei com ele. Cameron me segurou pelos braços, caso contrário eu teria caído lindamente no chão. Estava suado, com o rosto avermelhado, ofegante, seus cabelos dourados estavam bagunçados, em cima da sobrancelha esquerda havia um pequeno machucado, envolto de seu olho esquerdo tinha um sombreado roxo como o de um hematoma e o canto de sua boca estava com um pouco de sangue. Seus punhos estavam roxos e ele estava acompanhado de seu melhor amigo, Elliot.

— Boa sorte com a diretora — me recompus e me afastei dele com um sorriso vitorioso.

— Malik...

Antes que ele continuasse, sai andando o mais rápido que pude em direção ao estacionamento. Tinha vinte minutos para chegar no trabalho e eu ainda não havia comido nada.

Passei na frente da farmácia da escola e não pude evitar ver Jace, um garoto que era deficiente visual, sendo examinado pelo enfermeiro Simon. Jace parecia ter levado uma surra das boas.

Franzi o cenho. Cameron aparentemente parecia ter acabado de chegar de uma confusão, era provável que tinha sido apenas uma coincidência.

Cheguei à lanchonete e Andrew estava de péssimo humor.

— Rebecca, vá limpar as mesas — Andrew disse de forma rude que até mesmo dois clientes que estavam sentados nos bancos das bancadas nos olharam.

Fiz o que ele pediu. Os clientes, depois de comerem, saíram deixando apenas eu e Andrew na lanchonete.

— Vai me tratar assim até quando? — Questionei me sentando na cadeira de frente para o caixa e pegando meu livro de francês, já que Rosie tinha me liberado para tal feito.

Andrew ficou em silêncio apenas encarando o celular em sua mão.

O sino da lanchonete tocou alertando a entrada de alguém, me fazendo levantar o olhar.

— O que você estava fazendo com Cameron? — Melissa indagou com estresse em sua voz e Andrew levantou o olhar.

— Como? — Questionei confusa.

— Ele falou que estava com você, mas está todo machucado e parecia cansado — Andrew riu maliciosamente. — Anda nerd, fala!

— Quem devia saber do seu namorado é você, ele não apareceu para o estudo de hoje, portanto, não estava comigo — afirmei calmamente.

Ela respirou fundo e simplesmente saiu como uma patricinha que não conseguiu o que queria. Essa farsa de Melissa me estressava, ela não era uma patricinha, muito menos uma Regina George como tentava mostrar e tentava sustentar uma personagem de ensino médio, aquilo a tornava patética e ao mesmo tempo era triste.

— Talvez você não seja tão santinha como finge ser — Andrew riu e eu o olhei entendendo sua insinuação.

— Andrew — me levantei parando em sua frente, o sino de aviso tocou e ele me encarou curioso —, não é assim que você vai conseguir me irritar, você só está provando o grande babaca que você é — sussurrei e sua expressão vitoriosa mudou repentinamente.

Caminhei até a mesa onde os clientes se sentaram e os atendi.

— Por que você é assim? — Andrew questionou assim que voltei para o caixa.

— Você está na defensiva desde o dia em que eu falei aquilo. Não falei por mal e mesmo assim, não devia ter falado nada, mas foi o que você mostrou ser e até agora só tem piorado — expliquei calmamente.

— De caráter questionável? — Ele cruzou os braços e eu soltei a respiração.

— O que você quer que eu pense de pessoas que traem? — Questionei em voz baixa.

— Você não sabe da história toda.

— Então, isso explica tudo? — Olhei em seus olhos.

— O pedido da mesa dezessete está pronto — Freya, que trabalhava na cozinha, avisou após bater o sininho.

Passei por Andrew, peguei o pedido e o levei até a mesa dezessete.

— Bom apetite! — Disse sorrindo e quando olhei para frente, através do vidro da lanchonete vi Cameron em sua moto me olhando. — Com licença — pedi me afastando.

Coloquei a bandeja na bancada, Andrew olhou na direção onde Cameron estava e negou com a cabeça.

— Já venho — avisei saindo da lanchonete.

Cameron estava com seu capacete em mãos, levantou o olhar para mim e eu senti meu corpo todo estremecer.

— Pode ficar feliz, não precisa mais me ajudar — disse abaixando seu olhar.

— Se não tivesse se metido em confusão, talvez as coisas seriam diferentes — afirmei e ele me olhou.

— Você não faz ideia do que aconteceu — disse em voz baixa, seu olhar demonstrava uma tristeza enorme.

— E o que aconteceu? — Questionei com curiosidade e me perguntando se devia mudar de ideia e ajudá-lo.

— Não importa.

Suspirei.

— Como vai ficar o time? — Ele arrumou sua pose e olhou para a frente.

— Com um novo capitão — disse colocando o capacete.

— Cameron...

— Acabou, Malik, desculpa ter feito você esperar.

E antes que eu pudesse responder, Cameron acelerou a moto sem nem olhar para trás.

O olhei até perdê-lo de vista. O carro de Melissa, que estava parado na outra calçada, o seguiu.

Voltei para a lanchonete sem fazer ideia do que tinha acontecido com Cameron. Nada tirava da minha cabeça os machucados de Jace. Amanhã falaria com ele porque Cameron, com certeza, não iria me explicar o que tinha acontecido.

Los Angeles, Estados Unidos,

Quinta-feira, 22:44.

Depois do jantar e de me despedir dos meus pais, subi as escadas para o meu quarto.

Olhei algumas anotações que tinha feito em um caderno e acabei sorrindo:

"...A oração chega até Jesus e Jesus chega até as dificuldades".

Meus pensamentos foram interrompidos por gritos e coisas quebrando vindos da casa ao lado, a casa dos Styles.

—... VOCÊ PERDEU O TIME, CAMERON? — Ouvi Arthur gritando e em seguida um barulho estrondoso de algo caindo. — VOCÊ PRECISAVA DISSO PARA PASSAR NA FACULDADE!

Desci as escadas o mais rápido possível. Meu pai estava colocando os chinelos e se levantou o mais rápido que pode do sofá.

— Ele vai matar o garoto, eu já venho — papai disse saindo pela porta.

— Segure Louis e fique com Isaac, vou ver Eliza, Elô está dormindo no bebê conforto, fique de olho nela também — mamãe pediu me entregando Louis e saindo, também, de casa.

Fechou a porta e Isaac me olhou assustado.

Encarei Louis que me olhava enquanto chupava o dedo. Me sentei com Isaac e ele se deitou em mim.

— Irmã, o que aconteceu? — Isaac questionou fazendo carinho em Louis.

— Não sei, mas acho que foi por Cameron ter sido expulso do time — comentei olhando a tevê.

— Você não vai ajudar ele? — Neguei com a cabeça, Isaac me olhou entristecido e se deitou novamente. — Então ele não vai mais me ajudar — disse baixinho.

Fiquei em silêncio. Por segundos de estresse eu havia me esquecido do trato que fiz com Cameron.

— Isaac...

— Por favor irmã — ele se sentou no sofá me olhando — ajuda ele, por favor, Cameron é legal, muito legal.

— Podemos encontrar outra pessoa para te...

— Eu não quero que outra pessoa me ajude — Isaac se levantou emburrado. — Eu quero meu amigão me ajudando! Você não entende, ninguém me ajuda com a paciência que ele me ajuda! — O olhei surpresa, Isaac nunca gritava comigo por nada — E ele não... — Seus olhos se encheram d'água — Ele não zomba de mim por ser doente — disse coçando os olhos que estavam avermelhados.

O puxei para se sentar comigo.

— Ei — acariciei seu cabelo —, você não é doente, seu cérebro só funciona um pouco diferente igual ao meu pâncreas... A diferença é que meu pâncreas nem funciona — ele riu.

— Você não está ajudando — disse fungando.

— Eu não sabia que Cameron sabia lidar com seu TDAH, mas, já que você quer tanto seu amigão te ajudando, eu vou ajudá-lo — afirmei e Isaac deu um pulo de alegria, em seguida me abraçou.

— Acha que tio Arthur o expulsou de casa? — Neguei com a cabeça.

A porta se abriu e meus pais entraram, atrás deles estava Cameron, que não nos olhou, com uma mochila nas costas.

— Amigão! — Isaac se levantou, o abraçou e ele sorriu.

— Tudo bem, garotão? — Cameron bagunçou o cabelo dele, em seguida me olhou, olhou Louis em meu colo e deu um sorrisinho bobo, balançou a cabeça e voltou o olhar para Isaac.

— Cameron vai dormir aqui hoje — papai avisou e eu apenas concordei. — Vem, vou te mostrar o quarto que você vai ficar.

Meu pai, Isaac e Cameron subiram as escadas e minha mãe se sentou ao meu lado no sofá.

— Arthur deu uma surra em Cameron — minha mãe disse em voz baixa —, Natalie foi para a casa de uma amiga no meio da confusão e Eliza estava passando mal quando chegamos.

— Por que ele foi expulso do time? — Questionei.

— Por causa das notas e por causa de irresponsabilidade, Arthur encontrou maconha nas coisas de Cameron e isso foi o fio que precisava.

— Tio Arthur também não sabe conversar, ele sempre partiu para a agressividade com Cameron e não é assim que funciona. Enquanto Cameron só apanha, Natalie faz as mesmas coisas e tio Arthur só conversa com ela — disparei e revirei os olhos.

— Está do lado de Cameron? — Perguntou com certa surpresa na voz e eu a olhei.

— Sim, em toda a nossa convivência eu sempre ouvi Cameron apanhando quando aprontava e parece que nada mudou. Não é assim que as coisas funcionam, mãe — expliquei.

— Eliza está grávida, espero que Arthur aprenda a ser pai de menino o mais rápido possível — mamãe disse pegando Louis de meu colo. — Traz a Elô quando subir, por favor?

— É um menino? Mas como já sabem? Nem sabia que ela estava grávida — disse confusa e pegando a bebê conforto com a minha irmãzinha dentro.

— No meu sonho ela segurava um menininho — mamãe deu de ombros subindo as escadas. — Aliás, Eliza ainda não sabe que está grávida — completou.

Acabei rindo, os sonhos de minha mãe nunca erravam.

Subi as escadas, ajudei minha mãe com os bebês e em seguida entrei no meu quarto, me preparei para dormir e me deitei, mas o sono não vinha.

Rodei e rodei na cama, nada.

Tomei um banho relaxante, coloquei o pijama e desci as escadas enrolada na coberta fina.

Me sentei em cima da bancada com uma xicara com achocolatado e olhei pelas janelas vendo o céu estrelado.

— Sem sono? — Ouvi a voz de Cameron.

Ele estava apenas com um short da Nike, desviei o olhar dele, concordando com a cabeça.

— Preciso falar com você — fechei mais o cobertor em mim e ele se encostou na pia a minha frente.

Seu corpo estava com alguns hematomas e ele pareceu entender o meu olhar.

— Não foi meu pai, ouvi sua mãe dizer que ele me bateu, mas não foi isso — explicou.

— Mas e o barulho que escutamos antes dele começar a gritar com você? — Questionei e ele riu.

— Na hora em que eu falei sobre ter perdido o time, minha mãe estava com a torradeira na mão e a deixou cair porque ficou em choque com a notícia.

— Entendi — comentei e soltei a respiração pelo nervosismo que estava sentindo. — Vou te ajudar a conseguir o time novamente — ele riu negando com a cabeça.

— Não adianta mais — disse se virando de costas me deixando ver sua tatuagem.

Senti um soco em meu estômago, meu coração se acelerou e meu corpo suou frio. Não conseguia tirar os olhos daquela tatuagem.

Um relâmpago amarelo se passou em minha mente...

Eu estava em uma estrada quando ouvi o barulho de várias buzinas ao mesmo tempo e veio um clarão do farol do carro que quase me cegou, tinha a certeza de que seria atropelada, porém, não senti nada, então toquei meu próprio corpo confirmando que estava viva e inteira.

— Malik? — Cameron chamou e eu o olhei após balançar a cabeça.

O encarei por instantes, assustada e confusa se aquilo era uma lembrança, um sonho ou qualquer outra coisa explicável.

— Adianta sim, Cameron — voltei ao assunto tentando disfarçar.

— A diretora deixou bem claro que agora é só recuperando minhas notas sozinho, eu tenho meses até o início da temporada, não dá Malik — Cameron disse decidido.

Ele estava para sair da cozinha, quando parei em sua frente.

— Ela não precisa saber que eu estou te ajudando — ele me olhou. — Podemos estudar aqui em casa, meus pais não vão achar ruim.

— Por que, do nada, você quer isso? Achei que ficaria feliz por não me ajudar.

— Isaac pediu — ele riu assim que me ouviu.

— Eu não vou parar de ajudá-lo só porque você não vai me ajudar.

— Tínhamos um acordo — argumentei e olhou em meus olhos.

— Não me importo com esse acordo — disse sério e calmamente para que eu marcasse suas palavras. — Vou continuar ajudando o baixinho porque eu gosto dele, me vejo muito nele e ninguém, até hoje, sabe como agir com uma pessoa hiperativa. Não se preocupe, Isaac é mais que um acordo — me coloquei outra vez em seu caminho, nossos corpos quase se bateram e ele não conseguiu me olhar.

— Me deixa te ajudar, Cameron — pedi seriamente. — Sem acordos, só... — soltei minha respiração — Só me deixa te ajudar.

Cameron me olhou fixamente e, por algum motivo, não consegui manter meu olhar. Me afastei dele quase que de imediato.

— Começaremos sábado de manhã.

— Sábado? De manhã? Isso é uma brincadeira, certo? — Questionou, incrédulo.

— Traga todos os seus trabalhos, amanhã você fala com os professores sobre o que você precisa fazer, fale com a diretora que você vai tentar sozinho e pede para ela te dar mais uma chance — peguei a xicara que estava na bancada e a coloquei na pia. — Boa noite, Styles.

Los Angeles, Estados Unidos,

Sexta-feira, 10:56.

Entrei no laboratório de química e me sentei ao lado de Jace, sempre ficava um garoto com ele por conta de sua dificuldade.

— Oi, posso ficar com ele nessa aula? — Questionei o garoto de cabelos brancos e ele me olhou.

— Você não sabe cuidar dele e não vou deixar ninguém maldoso com ele, já bastou ontem — disse ríspido.

— Quem é a pessoa? — Jace questionou passando os dedos pelo livro de química, que era em braile.

Tirei meus óculos e peguei nas mãos de Jace.

— Sou Rebecca Malik — disse o deixando passar as mãos em meu rosto.

Seu toque era suave e ele parecia ser curioso, suas mãos foram até meu cabelo, passaram em minhas orelhas e pararam, novamente, em meu rosto.

— Você é bonita — ele disse rindo.

— Muito obrigada — coloquei meus óculos.

— Calleb, eu gostei dela — Jace disse e o garoto de cabelos branco acinzentado sorriu.

— Vou estar na biblioteca, o leve até mim no fim dessa aula, ok? — Questionou me olhando e eu concordei.

— Você quer saber de Cameron Styles — disse passando, novamente, os dedos no livro.

— Como você sabe? — Questionei curiosa e com humor.

— Ele falou de você ontem.

— Ele...

— Bom dia turma — disse a professora de química.

Ela me olhou surpresa por estar com Jace.

— Professora, desculpe o atraso — Katherine disse entrando na sala.

— Sente-se, Katherine — pediu a professora.

— Ah, que bom que nos sentamos com Jace hoje — Katherine disse se sentando na mesma bancada que nós. — Jace, sente só o que eu fiz no cabelo — ela pegou a mão dele e colocou em suas tranças o fazendo sorrir.

Envolvi meu braço com o de Jace e, com sua bengala, ele começou a caminhar pelo corredor comigo. Katherine disse que iria para as arquibancadas e eu a encontraria depois de deixar Jace na biblioteca.

— Cameron pediu para não contar nada sobre ontem — Jace iniciou —, ele não quer que as pessoas saibam que ele tem um lado bom — disse rindo e me fazendo rir. — Mas não foi ele quem me bateu — afirmou e paramos na frente de Calleb. — Acredite, ele é mais do que sua visão pode ver.

Calleb nos olhou.

— Obrigado por cuidar dele — Calleb agradeceu.

— Não precisa agradecer — sorri o olhando. — Até a próxima — me despedi depois de beijar o rosto dos dois.

Cameron estava encostado na porta que levava ao estacionamento, quando me viu fez um aceno de cabeça para que eu o seguisse e saiu indo até o estacionamento.

O segui, ele se encostou em meu carro e eu parei em sua frente. Tirou um cigarro do bolso da jaqueta, o colocou na boca e quando ia acender, puxei o cigarro de sua boca.

— O que está fazendo? — Questionou quando joguei o cigarro no chão e o esmaguei.

— Você nem gosta disso, para de fingir — ele me encarou sem acreditar, mas acabou rindo.

— Como sabe que eu não gosto?

— Você estava testando esses dias na janela do seu quarto e começou a tossir que nem um condenado, depois falou que negócio ruim — disse imitando sua voz e ele riu de uma forma que eu ainda não tinha visto desde a minha volta a Los Angeles.

— Então você estava me observando da janela, Malik? — Ele questionou com convencimento e bagunçou meu cabelo como fazia quando éramos crianças.

Empurrei sua mão e desviei de sua pergunta, quando questionei:

— Enfim, o que aconteceu? — Perguntei cruzando os braços.

Ele me olhou por instantes sorrindo e desviou o olhar.

— A diretora me deu dois meses para fazer os trabalhos de todas as matérias, depois vou fazer uma prova geral e se for bem, eu volto para o time.

— Isso é ótimo! — Disse animada e sorrindo.

— Ela me deixou continuar treinando, mas disse que tenho que cumprir tudo sozinho devido a minha irresponsabilidade de ter te deixado lá plantada me esperando.

— Justo — ele riu dando de ombros. — Te vejo amanhã então, as nove da manhã.

— Sim, nerd insuportável.

— Quarterback babaca — rebati enquanto caminhava para longe dele.

E um sorriso se formou em meu rosto.

Caminhei até o campo de futebol e me sentei nas arquibancadas com Katherine, Natalie e Neji.

— Para onde foi ontem? — Questionei Natalie e mordi um pedaço do meu lanche natural.

— Para a casa de uma amiga — disse sem me olhar nos olhos.

— Por que está mentindo para mim?

Senti o olhar de Neji e Katherine se revezando entre mim e Natalie.

— Não começa, Rebecca, estava com uma amiga.

A analisei até olhar um roxo em seu pescoço.

— Amiga... entendi — olhei para frente vendo Cameron entrar no campo com o uniforme do time.

— E você, onde estava?

Por reflexo, sabia que Natalie estava me olhando.

— Com uma amiga — disse vendo Cameron com toda a sua brutalidade treinando e ela olhou na mesma direção que eu no exato momento em que Cameron me olhou.

— Você é patética — Natalie se levantou.

— Não mais que você — rebati.

Ela me olhou irritada e saiu andando até a direção do refeitório.

— Com quem você estava, Becca? — Katherine olhou Cameron e me olhou desconfiada.

— Fui levar Jace na biblioteca — relaxei o corpo e os olhei. — Acabei parando para conversar com Calleb — expliquei.

— Oxalá, que susto! — Disse rindo — Achei que estava com Cam — neguei com a cabeça — Vou sair com ele essa noite, ele é tão... Ele — suspirou.

Eu e Neji nos olhamos e ambos ficamos em silencio.

Los Angeles, Estados Unidos,

Sexta-feira, 19:33.

— Vamos fechar mais cedo hoje — Andrew avisou na cozinha, não evitei o sorriso, mas ele me olhou, desfiz o sorriso e comecei a arrumar as coisas. — Ouviu, Rebecca?

— Sim, senhor — disse com formalidade.

— Ótimo.

Revirei os olhos já que estava de costas para ele. Limpei as mesas e passei pano no chão. Troquei minhas roupas e desci as escadas voltando para a lanchonete.

Fechamos tudo e me despedi do pessoal da cozinha que sempre iam embora juntos.

— Até segunda — disse a Andrew, começando a caminhar até minha moto.

— Até, manda um beijo pra Natalie — o olhei confusa.

— Do que você está falando?

— Achei que fossem amigas — ele riu. — Ela não te contou?

— Andrew, com a Natalie não, por favor — pedi me aproximando dele.

Senti uma pontada no meu coração e meus olhos se encheram d'água ao pensar no que ela estava fazendo.

— Nossa, não imaginei que ficaria assim — sua expressão mudou para preocupação.

Ele estendeu o braço como se fosse me tocar e eu me afastei. Respirei fundo e o olhei.

— Você é um babaca — neguei com a cabeça. — É egoísta, trai a namorada, usa as pessoas porque não tá feliz com o relacionamento e Natalie sabe que você está a usando, mas não venha querer usá-la para me atingir, ela tem idade pra saber o que faz da vida — parei na frente dele — mesmo que seja com um grande... — ri com sarcasmo e decidi não entrar na pilha dele. — Você não vale a pena — caminhei até minha moto — e se quiser me mandar embora por tudo o que eu falei e por achar você uma pessoa de caráter duvidoso — montei na moto e coloquei o capacete — vai em frente — fechei a parte da frente do capacete e acelerei dando partida.

Cheguei em casa e me joguei na cama. Cameron tinha voltado para a casa dele hoje, provavelmente depois de ter se explicado aos pais, esperava que eles se resolvessem.

Troquei minhas roupas e fui na direção da janela para abri-la um pouco vendo que a de Cameron estava aberta, o que me possibilitou ver ele com Raquel, a garota que reveza os horários comigo na lanchonete.

Olhei meu celular e vi a notificação de mensagem da própria Katherine dizendo:

Kath: sei que você o odeia

Kath: mas ele tem sido muito bom pra mim

Olhei novamente a janela. Cameron caminhou até ela, o olhei negando com a cabeça e ele sorriu a fechando.

Continua llegint

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