Oásis (Yoonseok/Sope)

By realsope1

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Com o preconceito mortal que os ômegas enfrentam, Hoseok fez de sua única missão na vida nunca ser descoberto... More

Um.
Dois.
Três.
Quatro.
Cinco.
Seis.
Sete.
Oito.
Dez.
Onze.
Doze.
Treze.
Quatorze.
Quinze.
Dezesseis.
>>> PERSONAGENS <<<
Dezessete.
Dezoito.
Dezenove.
Vinte.
Vinte e um.
Vinte e dois.
Comeback?
TRAMA OÁSIS
NOVA CAPA!!!!

Nove.

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By realsope1

"Estou ouvindo o que você diz, mas simplesmente não consigo emitir um som

Você diz que precisa de mim

depois você vai e me derruba"

| Oásis |

Um grito estridente repentino emana da frente e Hoseok é tirado de seus devaneios. Jihoon começa a se debater em seu assento e grita histericamente, cambaleando para o rumo de Taehyung, que desvia até parar na beira da estrada.

— Como você se atreve a deixá-lo chegar perto de mim?! — o ômega agarra o pescoço do Kim e Yoongi rapidamente avança para detê-lo. Porém no momento em que pousa as mãos no mais velho, este recua violentamente, ofegando.

— Por que estou aqui com você?! — Jihoon grita, recuando contra a janela e batendo a cabeça contra a porta do carro. Antes que qualquer um deles possa responder, o ômega se atrapalha
com a maçaneta da porta e cai no chão. — Socorro! Assassinos! Eles estão tentando me matar! Socorro!

Hoseok sai às pressas e tenta ajudá-lo mas o Min se contorce em suas mãos, gritando incontrolavelmente.

— Quem é você!? — Taehyung tenta ajudar e Jihoon afunda seus dentes na mão dele, empurando-o para o lado.

— Omma. — a voz profunda de Yoongi estrondeia e quando ele tenta se aproximar, o ômega grita mais, se afastando.

— Não me toque! Não me toque! — Jihoon se torna um frenesi total, jorrando jargões em um ritmo assustador.

— Olha, estamos na praia omma! — Hoseok diz em uma tentativa de se sobressair sobre os delírios insaciáveis do mais velho ali. Este que visivelmente se acalma, olha ao redor e cambaleia em direção ao mar.

— Quem é você? Por que está ajudando eles? — Jihoon busca desesperadamente uma fuga, gritos angustiados ressoando na noite fria.

— Omma, eu sou um ômega. — a palavra provocadora incita a atenção do Min mais velho imediatamente, seus olhos lívidos se voltando em sua direção. Ele suaviza em um olhar visivelmente atordoado e esbarra com a mão no seu pescoço.

— Oh, você realmente é um... — Jihoon carinhosamente passa a palma da mão sobre o símbolo em sua pele, o olhando com um olhar incomum de admiração. Após deliquescer na compostura, ele notavelmente se equipa com um senso de coerência muito melhor. — Por quê está aqui?— o ômega inclina a cabeça para o lado. — Eles sequestraram você também? Rápido, vamos fugir!

Jihoon o agarra pelo pulso mas Hoseok segura sua mão.

— Nós-...eu estou aqui porque eu queria te levar para a praia.

— Você? — Jihoon pergunta com uma carranca profunda. — Não, não, Himchan me trouxe aqui. Não você. Quem é você?

— Eu... — Hobi olha para Yoongi e decide não falar qualquer tipo de relação com o alfa. — Só quero levar você para a praia, já que o Himchan está ocupado. — ele não tem ideia de quem diabos é Himchan mas, a resposta consegue apaziguar o mais velho que evidentemente entristece ao ouvir isso.

Jihoon balança a cabeça concordando lentamente.

— Porque eles estão aqui? — ele zomba, o tom ácido na língua. — Ou...você está trabalhando para eles?

— Eu disse a eles para nos trazerem aqui já que eu não posso dirigir. — Hoseok mente e para seu alívio, o outro ômega acredita na sua explicação. — Mas eles não ficarão conosco.

— Oh...isso é bom. Tenha cuidado, eles são pessoas más. Vamos nos apressar. — Jihoon o puxa em direção à praia e quando eles entram no leito de areia, um sorriso ilumina suas feições. Seus sapatos mergulham na colcha de grãos dourados, as ondas tranquilas batendo contra a costa. Uma leve brisa passa por seus cabelos, o ar frio eriçando sua pele.

A lua cheia paira sobre a efervescência do azul meia-noite, mistura de índigo capturando-se no contorno das estrelas como pó de lavanda. O Min para de repente e gira sobre seus pés, olhando duramente para duas figuras que o seguem atrás.

— Deem o fora! — ele grita, parando Yoongi e Taehyung em seus passos.

Hoseok tenta arrastá-lo para continuar o passeio mas, o ômega permanece enraizado no chão com os olhos furiosamente fuzilando os dois, que  decididamente recuam para o carro e os assistem à distância. Mas ainda não era o suficiente para Jihoon, sua voz explodindo no ambiente noturno, quebrando a tranquilidade inicial. Yoongi e Taehyung aquiescem, entram no carro e saem ao ver que o ômega mais velho ainda estava insatisfeito.

O Jung medita silenciosamente enquanto observa o carro desaparer na noite. Não era seguro para eles ficarem sozinhos assim, mas pelo menos a praia parecia estar deserta. Também duvidava muito que os outros dois realmente tenham ido embora.

Seu telefone vibra nesse momento.

"Sr. Jung, ligue para nós quando estiver pronto para sair. Muito obrigado e desculpe por todos os problemas. - Kim Taehyung."

Hoseok rola até as mensagens de Jimin mas, antes que possa lê-las, Jihoon dispara. Alarmado, ele imediatamente coloca seu telefone no bolso e corre atrás do outro que vai em direção à costa, deixando pegadas de uma figura torta iluminada pelo luar empático.

Jihoon se joga no chão com tudo, parecendo procurar algo na areia. Hobi se ajoelha ao lado do homem e o observa dedilhar as conchas do mar na areia. A água gelada do mar tenta alcançá-los e, às vezes, lava as mãos pálidas e ossudas dele. Depois de examinar a área por um tempo, o ômega decide perguntar com cautela:  — Posso ajudá-lo a olhar, Sr. Min?

O mais velho faz uma careta a sua menção.

— Não me chame assim. — ele o repreende. — Meu nome é Jihoon. Lee Jihoon. Eu não sou um Min.

— Ah, ok, Sr. Lee. E o que você está procurando? — Hoseok vai atrás quando o mais velho se agacha sobre um emaranhado de algas marinhas. Com o canto do olho, ele percebe duas pessoas na outra extremidade se aproximando.

— Mais conchas. — Jihoon cantarola e se estica, procurando minuciosamente.

— Entendo. Me deixe ajudá-lo então. — ele responde, se abaixando para caçar também. Já fazia um tempo desde que interagia tanto com outro ômega além de Jimin. Ao contrário de seu amigo, ele se mantinha estritamente reservado, devido ao disfarce.

— Eu encontrei um! Eu encontrei um! — Jihoon embala uma linda concha de avelã contra o rosto, os cantos manchados com rosa salmão, pressionando contra o ouvido e escutando atentamente, olhos maravilhados iluminados pela luz estonteante das estrelas. Ele empurra a concha em sua direção e gesticula para que coloque seu ouvido nele. — Você pode ouvir o oceano? — Jihoon pergunta com entusiasmo.

Hoseok abre o primeiro sorriso sincero da noite, ouvindo um eco amplificado de ondas gigantes ressoando na cavidade.

— Sim, eu posso.

— Isso é legal?

— É lindo! —  ele diz ganhando um sorriso jovial do outro ômega.

Jihoon se afasta ansiosamente e grita quando pousa os olhos em outra concha. Então era isso que ele tanto queria fazer, o Jung reflete para si mesmo, seguindo o mais velho.Sua trilha de passos é desenhada ao longo da costa, cúspides moldadas captando o luar gotejante de cima.

O Sr. Min novamente pede que ele ouça a concha, os dois se acomodando na areia; ele agarra ambas as conchas e as examina antes de colocar uma no seu colo. Hoseok curiosamente olha para o mais velho, que dá um tapinha em sua mão, declarando: — Fique com ela.

Gentilmente ele pega a concha com ambas as mãos e olha para Jihoon com um pequeno sorriso.

—  Fique com ela.Você estará seguro...estaremos seguros.

— Obrigado, Sr. Lee. —  uma súbita abundância de emoções surge dentro do Jung. O olhar maternal que Jihoon lança sobre ele estava sufocando suas vias respiratórias e por apenas aquela fração de segundo, ele se pergunta exatamente quantas coisas quis dizer para seu omma, mas não soube como.

Eles continuam procurando na costa por mais conchas, Jihoon cantando um trava-língua local e Hoseok fazendo o coro baixinho em diversão quando vozes barulhentas e repentinas invadem o momento.

O ômega trava sua mandíbula ao perceber os dois homens que tinha visto ao longe se aproximando deles. Pelo tamanho, era fácil saber que eram alfas. Ele se levanta e agarra Jihoon, mas os estranhos começam a correr até eles.

— Uau, esse aqui é quente! E por aqui sozinho com o omma. Onde está o appa?

— Não parece que ele tem um. Que tal eu ser seu papai, meu doce?

Hoseok range os dentes um contra o outro e eles zombam.

— Uh!! Alguém está ficando com raiva.

Hoseok puxa o ômega mais velho para o lado e sussurra para que este vá embora, ficando protetoramente em pé na frente dele.

— Oh? — um dos homens ri e o outro lamenta exageradamente: — Ah, indo embora tão cedo? Mas acabamos de chegar. Vocês não gostaram de nós?

— Por favor, nos deixe em paz. — Hobi grunhe, amaldiçoando-os até as profundezas do inferno.

— Ele não gostou de nós. — o mais baixo lamenta. —  Mas nós gostamos tanto de você. Quer voltar para casa conosco?

— Vá embora! — Jihoon grita atrás de si, quase caindo para frente. —  Bastardos! Nojento! Saia, saia! Morra, morra morra!

— Uau. —  um deles zomba, avançando ameaçadoramente.—  Sua vadia de merda, tem certeza que quer falar
assim conosco?

Jihoon continua a gritar e a arremessar as conchas fracamente neles, os dois alfas se abaixando habilmente. Claramente irritados, eles começam a rosnar e Hoseok dá um passo para trás, puxando o ômega consigo e sussurrando para ele ficar atrás de si. Uma mão agarra sua mandíbula e rudemente torce sua cabeça para encará-lo. Seu coração dispara e apesar de seu lábio inferior tremer, a adrenalina incita uma coragem ansiosa dentro dele. Ele suprime o estremecimento que percorre seus membros e se força a olhar o alfa nos olhos.

— Quem disse que você podia me olhar, vagabunda? —  o alfa rosna. A mão pesada disparando direto em sua face enquanto ele gargalha. — Porra, já estavamos indo embora, só queríamos dizer  'Olá '. Está vendo o que você me faz fazer?

O rosto marcado de Hoseok se move lentamente e ele deliberadamente dá uma joelhada no homem, pega Jihoon e corre. Seus dedos coçavam para voltar lá e acabar com o alfa imundo mas, tinha de garantir a segurança do mais velho antes de mais nada.

— Quebre o pescoço daquele velho maluco! — um ruído surdo de passos atrai a atenção do alfa e ele para de correr atrás do ômega bonitinho e seu omma, virando a cabeça e bufando: —Que diabos você quer? Ei, cara, fique fora disso-

O homem é empurrado de volta em seu amigo e os dois tropeçam para trás, um estalo nauseante reverberando pelo ar parado. Yoongi agarra o homem maior pelo cabelo e o acerta socos com a mão descontroladamente. Taehyung puxa os ômegas para longe em direção ao carro, e logo está correndo de volta a praia para ajudar o chefe.

Hoseok salta para a calçada e abre a porta para Jihoon, persuadindo o homem a se sentar no banco de trás. Seu coração palpita histericamente e a onda de adrenalina percorre sua corrente sanguínea de maneira sedutora. Ele se imagina quebrando a mandíbula do homem e batendo com a cabeça dele, jogando-o de cara na areia. Os insultos humilhantes ricocheteiam em sua cabeça e desperta um ódio refrensível em seu estômago.

Ele lava suas visões brutais, voltando sua atenção para o que importava.

— Está tudo bem Sr. Lee? — Hobi abaixa sua voz, mas ainda assim, Jihoon recua. Embora seu rosto esteja estático ele agarra sua camisa, estremecendo contra o tecido. O ômega desamparadamente olha para o pobre homem abalado, aproximando-se e o puxando ternamente para descansar contra ele.

Jihoon permanece calado, murmurando baixinho enquanto a carranca rabisca permanentemente em seu rosto.

— Não queria ir embora..estúpidos, estúpidos, estúpidos...deixe-nos em paz.

Hoseok acaricia delicadamente as costas do mais velho enquanto sua mente corre desenfreada, o silêncio permitindo que seu rancor dobrasse, triplicasse em um desejo monstruoso. Ele olha pela janela vendo a luta ainda em andamento, as figuras borradas em uma bagunça contra o horizonte.

[...]

Yoongi se recosta no parapeito e move o cigarro apagado para frente e para trás entre os dedos, observando as duas minúsculas silhuetas ao longo da costa. O brilho incandescente do poste pendurado acima de suas cabeças tinge sua pele extremamente branca.

Taehyung o olha e cantarola suavemente:  — Você pode acender. Está tudo bem, sério.

— Não estou com vontade. — ele rejeita sem piscar, seus dedos agitados provando o contrário. Era um péssimo hábito dele fumar sempre que se sentia inquieto ou perturbado, a compulsão já o acompanhava por quase sete anos. — De qualquer forma eu vou ter que para com isso uma hora ou outra.  O Baekhyun é asmático. — Yoongi gira o cigarro decisivo e o embolsa, cruzando os braços sobre o peito e observando os ômegas saindo novamente do carro e caminhando ao longo da costa. Ele emite um suspiro drenado e afina os lábios, mordendo os próprios dentes.

Tudo tinha sido completamente inesperado; tinha quase certeza que seu omma desprezaria Hoseok como todo os outros e exigiria ver apenas Kibum ou Himchan, e então teria que recorrer — a contragosto  — aos sedativos para não deixar que ele se machucasse e nem machucasse ninguém ao seu redor. E então tudo seria tudo em vão e no fim ainda terminaria em discórdia entre ele e seu omma, o que obviamente também cairia muito mal com seu appa.

De fato, havia dirigido para a casa do moreno puramente por desespero — Jihoon o desprezava não importava o que fizesse, e o ódio parecia apenas aumentar junto com a deterioração de sua saúde mental. Mas todas as considerações foram jogadas fora da janela, apesar das muitas falhas que ele havia mapeado quando a ideia surgiu pela primeira vez em sua cabeça. Então procurou Jung Hoseok por muitos motivos, na verdade. O mais óbvio é que ele era um ômega — a única classe que seu omma parecia aceitar. Seu appa só permitia que betas e alfas trabalhassem em sua casa, o que levou ao problema urgente em que nenhum dos servos poderia chegar perto de Jihoon.

Mas também o procurou porque precisava de alguém em que pudesse confiar mais do que um simples estranho, alguém com quem pudesse fazer um acordo que não fosse registrado no papel, para que seu appa nunca descobrisse. E foi só quando Hoseok abriu a porta para si, que sua mente voltou à lógica, seus olhos se fixando nos encantadores do ômega: tinha procurado um ômega sem parentesco nenhum, sem a permissão de seu appa e não apenas isso, mas também havia se intrometido nos aposentos privados dele. Não tinha o direito de exigir vê-lo depois do expediente e em um ambiente tão pessoal — a roupa casual o havia levado a outro mundo.

Yoongi tira o cigarro amassado do bolso novamente e se contém antes que pegasse o maldito isqueiro, se contentando em apenas girar o cilindro branco enquanto observa os dois menores caminhando e brincando pela praia, mesmo depois do desagradável acontecimento de mais cedo. Seu omma parecia ter mesmo gostado do moreno. Honestamente, não previu tal resultado quase parecido com um conto de fadas.

— Eles parecem estar se divertindo. — Taehyung comenta casualmente e Yoongi suspira, sua postura suavizando ao ouvir risadas da dupla. Já tinha se passado um bom tempo desde que tinha ouvido Jihoon rir. Apenas Himchan ou Kibum conseguiam fazer isso, e nenhum deles dois tinha tido muito tempo para o ômega ultimamente, ou mesmo permitiam que ficasse por perto.

— Tem certeza que eles não vão nos ver daqui?  — Taehyung ri entretanto Yoongi permanece em silêncio e recuado sob o brilho do poste, o fazendo seguir o exemplo.

Eles tinham fingindo ir embora quando Jihoon ficou inflexível em não os querer por perto, se retirando para o ponto obsoleto do cais, com vista para a praia. Seu chefe geralmente se escondia  ali sempre que os irmãos ômegas levavam o Sr. Min para a praia, vigiando-os de perto caso algo acontecesse.

— Estou surpreso que o Sr. Jung tenha concordado em vir.  — o comentário de Taehyung é quase inaudível.

Yoongi solta um suspiro irregular e reclina-se contra poste. Ele também tinha ficado chocado. Mas era óbvio que o ômega não aceitou isso de boa vontade, já que seus movimentos revelavam que ele simplesmente queria o expulsar de sua casa o mais rápido possível. Definitivamente havia mais alguém lá e Hoseok o via como uma ameaça, portanto aceitou seu acordo apressado.

O ômega irradiava uma inocência estrangeira que Yoongi nunca havia testemunhado antes. Provavelmente era apenas sua aparência, com seus olhos surpresos adoráveis, pernas claras e camisa enorme. Talvez tenha sido essa a razão pela qual seu omma regrediu em suas memórias. O pensamento o enerva e simultaneamente o inunda com uma nostalgia amarga. A maneira
como ele o tratou, mesmo que brevemente, era tão reminiscente — seus cuidados, sua disposição alegre e o sorriso amável sempre costumava usar...

— Himchan vai ficar chateado. — Taehyung diz vendo o Min olhar para a praia encharcada de escuridão, um cenário monocromático assustador com a luz da lua dando apenas um pouco de variação nos tons das cores.

— Os empregados... — Yoongi começa, amassando o cigarro com força entre os dedos. — por favor diga a eles que Hoseok é o esposo de um dos pesquisadores do laboratório e que ele veio fazer um teste de acompanhamento. Avise-os de que quem espalhar sobre isso será imediatamente demitido.

As repercussões são sempre uma dor de cabeça a se pensar. Ele deveria ter trazido o ômega somente depois de dispensar os servos. Estes que com certeza estariam especulando coisas já que Hoseok evidentemente não era Baekhyun, muito menos pertencia à família Byun.

E se algum deles revelasse sobre isso a alguém, seria um grande problema. Himchan já o detestava normalmente e seu appa já era controlador o suficiente. Ele só ficaria ainda mais furioso ao saber que arriscou a reputação da família e futuro noivo, especialmente com os Byuns sendo defensores da "castidade".

— Ok.  — Tae murmura. — Mas...não seria melhor pedir ao Kibum uma próxima vez? Você sabe o que vai acontecer se seu appa descobrir que está solicitando outro ômega pelas costas dele.

Yoongi aperta a mandíbula e estala a língua.

— E você acha que ele vai cuidar? Eu não tive escolha! Himchan não estava aqui quando precisamos, ninguém estava.

Taehyung abaixa a cabeça silenciosamente e Yoongi relaxa, suspirando de cansaço. Eles mergulham em um silêncio denso, respirações laboriosas trocadas. O alfa se desencosta do poste e estica o pescoço, inspecionando o assistente sem palavras. O corte na bochecha dele ainda está sangrando mas, as marcas de unha em seu pescoço estão desaparecendo.

— Vá ver o Dr. Park quando chegarmos em casa. — ele instrui e desvia o olhar antes que Taehyung se transforme em um sorriso suave. Não queria ver. —  Está tudo bem. Não é grande coisa. Não precisa disso tudo. — ele cruza os braços, franzindo as sobrancelhas quando vê  dois homens caminhando em direção à praia. Os ômegas já tinham se cansado e entrado no carro a alguns bons minutos mas, mesmo assim não queria arriscar nada desastroso de novo.

Ele entrega as chaves ao Kim e o instrui a se dirigir até o veículo primeiro.

Era hora de partir.

[...]

Jihoon adormeceu quase que instantaneamente contra o seu ombro, roncando muito suavemente. Ainda perdido em seus pensamentos, ele vê uma figura se aproximando com sua visão periférica e rapidamente se endireita, olhando desconfiado para o homem.

Um pouco da tensão desaparece quando ele reconhece Taehyung, que abre a porta do carro com cautela e se abaixa o dando um sorriso tranquilizador. Sua bochecha estava machucada, mas fora isso ele parecia fisicamente bem.

— Nós os pegamos. — o Kim diz enquanto observa a cena do Sr. Min, que dormia profundamente no ombro do ômega. Ele solta um suspiro longo e cansado, a transpiração escorrendo por sua testa. — Lamento que tenha passado por isso. Sério, aqueles alfas...— o beta fecha os olhos e balança a cabeça frustrado.

Hosoek apenas balança a cabeça, prestando pouca atenção no que o Kim diz, esticando o pescoço para ter um vislumbre de quem procurava.

— Ah, o Sr. Min já vem, ele só está procurando as conchas. Vou chamar a polícia agora.

— Espere, não. — Hobi interrompe, deixando o outro surpreso. Mas ele logo elabora: —  Eles estão subjugados e não nos machucaram.

Taehyung muda o olhar e balança a cabeça calmamente, oferecendo uma risada estranha.

— Você é muito gentil, Sr. Jung

Longe disso. Mas mesmo que prestassem queixa, de que adiantaria? Claro, ele pressume que a influência dos Min poderia muito bem garantir a condenação daqueles alfas nojentos porém, eles mereciam coisa muito pior.

— Mas eu acho que não há nada a temer. Aqueles bandidos ficaram loucos de medo quando viram o símbolo do Sr.Min.—  Tae sorri orgulhosamente mas o ômega distraidamente olha para trás dele, respirando apressadamente.

— Pode me ajudar um pouco? Eu queria ir vê-lo.

— Ah...ok. — o beta concorda e desliza para dentro do carro pelo outro lado, cuidadosamente descansando a cabeça de Jihoon em seu ombro.

Hoseok aproveita e rapidamente sai pelo lado direito, caminhando a passos largos em direção a costa, notando apenas uma forma sombria parada de costas. Ele vai até Yoongi que se vira para ele com uma sobrancelha arqueada.

— Sr. Jung. — o Min o cumprimenta, tossindo levemente. — Lamento que tenha sido colocado em perigo. Você está bem?

Hoseok não queria todavia, não consegue lhe dar a menor atenção agora. O pedido de desculpas se transformando em um
zumbido confuso quando ele avista as duas figuras encolhidas e gemendo na areia, machucadas e sangrando. Silenciosamente ele se aproxima dos dois, palavras pungentes batendo sem dó contra os lados de sua cabeça. Ele tenta expulsá-las para seu próprio bem, mas mal percebe que está prestes a explodir a qualquer momento.

— Vou chamar a polícia. Sinto muito, Sr.Jung eu-

Hoseok levanta a mão, interrompendo o que quer que Yoongi fosse falar, balançando a cabeça e respirando desregulado. Ele caminha em direção aos corpos quase em coma, se agachando e encarando o alfa que segurou seu rosto antes.

— P-Por favor, não nos denuncie...— o homem geme e resmunga, parecendo totalmente patético, uma total contradição com seu eu inicial arrogante e condescendente.

Hoseok inclina a cabeça para o lado e levanta a mão, balança o punho e o acerta brutalmente na mandíbula alheia. O alfa gagueja, cuspindo sangue e gemendo fracamente. Uma cascata de fúria voraz o domina e ele sibila: — O que você disse para mim agora pouco? Que queria me estuprar ? Quebrar o pescoço do meu omma?

— S-sinto...m-muito, eu não sabia que era esposo dele... — o homem gagueja apontando em direção ao Min, a repulsa disparando nas veias pulsantes de Hoseok. Ele agarra um punhado de cabelo do alfa e impiedosamente o aperta para trás, dobrando a cabeça do bandido.

— O quê? Então se eu não fosse esposo dele você me estupraria? Mataria meu omma? — antes que o homem tenha a chance de responder, Hoseok soca seu rosto mais uma vez, observando impiedosamente enquanto ele sufoca com o sangue que vaza de seu nariz. —Vocês bastardos privilegiados desfilam ao redor do mundo como se fossem donos dessa porra toda, mas olha só onde estão agora. —  o ômega rosna e se levanta, chutando o homem até a maré, onde ondas frias e rasas sobem até ele.

Hoseok esmaga a cabeça do homem na areia com o pé, lamentando apenas o fato de que ali perto não tinha nada de concreto. O bandido se afoga no próprio sangue e na água salgada e agarra delirantemente seu pé, o estado ferido deixando pouco espaço para que escape.

— Eu não devo nada a você e você não merece nada, seu pedaço de lixo. Vocês não são melhor do que ninguém! — com um chute rápido, o homem vomita e perde a consciência.

O ômega bufa vigoroso, o peito subindo e descendo bruscamente. Ele desvia seu olhar ardente para o outro alfa que se encolhe. Yoongi o avaliava com choque absoluto, mas a expressão rapidamente desaparece. Ele permanece o olhando, agora menos chocado, no entanto e Hoseok abaixa a cabeça sem mais palavras, marchando de volta para o carro.

Jihoon ainda dormia contra o ombro de Taehyung, este que rapidamente coloca um dedo nos lábios e aponta para o banco do carona. Ele faz uma pausa por um momento antes de concordar com relutância e entrar. Sem demoras, Yoongi também entra e se senta no banco do motorista, partindo.

A satisfação fermenta na garganta de Hoseok, um tom de angústia fazendo os pelos de suas costas eriçarem. O clima no carro é tenso, o trio tem medo de acordar o ômega adormecido. E sob as luzes da rua, ele finalmente pode dizer melhor o estado de Yoongi — que estava um pouco desgastado, mas praticamente ileso. O Jung desvia o olhar quando o alfa o pega olhando para ele, concentrando-se agora na pitoresca paisagem que passa ruidosamente. Eles logo chegam a casa dos Min com Jihoon, felizmente, tendo dor mido todo o caminho.

— Sr. Jung, por favor, espere no carro. — Yoongi o instrui e sai do automóvel.

Taehyung revela suavemente: — Consegui dar-lhe o remédio.

— Remédio?  — o alfa ecoa infeliz e o beta rapidamente esclarece.

— Não os sedativos. Apenas os normais. Acho que está tudo bem levá-lo, ele deve estar sonolento com o remédio.

— Quando você o deu?

A conversa deles sai do alcance de sua  audição e fragmentos dela caem indecifráveis na mente de Hoseok. Yoongi se agacha ao lado de seu progenitor adormecido e cuidadosamente o carrega, desaparecendo dentro de casa. O trabalho árduo dos acontecimentos de hoje o rebate de sua insensata "justiça", servida à fadiga e ele se permite baixar um pouco a guarda, apoiando-se na janela e fechando os olhos.

Por enquanto, iria acreditar na história do alfa. Seu pedido parece genuíno e até agora, Yoongi não contradisse nada que propôs. O que exige mais de sua consciência, no entanto, é a sensação de ter esmagado aquele alfa imundo. Era tão bom mostrar àquele imbecil seu lugar. Ele não era absolutamente nada e ainda agia como se fosse o dono do mundo.

O ômega permanece no sabor do triunfo e vingança, reprimindo um sorriso quando o clique repentino da porta o assusta e ele abre os olhos, vendo Yoongi se acomodar no banco do motorista novamente. Hoseok desvia a cabeça e pressiona os lábios; esperava que o Kim o levasse de volta, não Yoongi — certamente não ele.

Sem mais palavras o Min liga o motor e sai da garagem, serpenteando pela vizinhança. Eles ficam em silêncio absoluto e o sono o faz fechar os olhos a cada poucos minutos. Sua cabeça gira mas se força a ficar acordado; suas pálpebras se abrem novamente depois de alguns minutos antes de pesar, pesaroso, um sonho impaciente agarrando-se aos seus cílios. Por um tempo ele adormece e acorda minutos depois, vasculhando freneticamente o lugar ao redor.

O ômega encontra Yoongi olhando para ele com o que só pode descrever como uma expressão curiosa, o carro tendo parado em um sinal vermelho. Hoseok limpa a garganta e o alfa desvia seu olhar. Quando eles finalmente alcançam o complexo de apartamentos onde morava, Yoongi para na calçada.

Ele acena e respira exausto.

— Boa noite, Sr. Min.

Hoseok rapidamente sai e se dirige até o  portão. O som de outra porta abrindo o faz parar e ele instintivamente fica na frente do portão, bloqueando a entrada do outro. Yoongi caminha até ele e oferece: — Vou acompanhá-lo, Sr. Jung

— Muito obrigado Sr. Min, mas não é necessário. — nenhum deles faz qualquer movimento porém, o alfa acena com a cabeça depois de um momento.

— Sr. Jung. — Yoongi começa hesitante. — Muito obrigado por sua ajuda hoje. Estou muito grato. — suas palavras leves passam por Hoseok, que se encolhe. — Por favor, consulte um médico para verificar seus ferimentos. Eu pagarei as contas médicas. Já faz um tempo que não vejo meu omma tão feliz, então, obrigado de novo.

Hoseok levanta a cabeça e sua curiosidade permanece na ponta da língua. O que exatamente tinha acontecido com Jihoon? Ele se impede de jorrar as palavras descuidadas e invasivas, decidindo não bisbilhotar.

— Se houver alguma maneira de eu poder compensá-lo, por favor me diga. Se você gostaria de ser pago... — o Min tira a carteira do bolso e ele o intercepta.

— Sr.Min, eu não estou pedindo dinheiro. Fiquei feliz em ajudá-lo.

— Entendo. Se precisar de algum favor em troca, por favor, não hesite em me falar. — Yoongi retorna, verificando a hora e descobrindo que já se passava da meia-noite. — Já que o fiz ficar acordado até tão tarde, tire o dia de folga amanhã então.

O comentário repentino e insinuante levanta a cabeça de Hoseok e eles se encaram, castanho avelã mergulhando em um cinza abismal. O ômega se curva para o mais velho e congela quando se lembra de sua jaqueta que deixou com Jihoon. Droga. Precisava dela para se esconder dos vizinhos.

— Minha jaqueta...

Yoongi percebe seu murmúrio baixo e sem palavras, tira a própria e a estende para si.

— Está tudo bem, Sr. Min. — ele esponde mas o alfa a segura persistentemente.

— Por favor, pegue. Eu não preciso dela.

Hoseok se recusa teimoso e puxa sua camisa, na esperança de cobrir seu rosto. Entretanto o alfa joga a jaqueta preta sobre sua cabeça.

O ômega estremece com o contato antes de registrar o algodão abraçando sua pele.

— Boa noite, Sr. Jung. — o alfa gira sobre os calcanhares sem dizer outras palavras  se dirige para o seu carro.

Hoseok suspira e a contragosto, escondendo seu rosto na jaqueta alheia,  rapidamente andando até seu apartamento.

Yoongi observa de seu carro enquanto o ômega desaparece dentro do prédio, um suspiro quase inaudível escapando de seus lábios. Ele bate os dedos contra o volante e olha para o banco do passageiro, lembrando-se da maneira surpreendente como Hoseok lidou com o alfa na praia. O observou durante o caminho discretamente e achou bastante divertido vê-lo inclinar-se para um lado e outro e então se endireitar com frequência, antes de bater os cílios lentamente e adormecer novamente.

Ele parecia realmente fofo.

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