HELLOOOU! Advinha quem está de volta? Eu mesma. Vocês devem estar pensando "Ave maria, essa garota não deixa essa fanfic descansar em paz não?"
Eu até queria, mas é que já tem um tempinho que eu tenho uma história pro Noah na minha cabeça e se eu não escrever, eu vou entrar em surto.
Ah, e houve uma mudança no nome de um personagem aqui. Eu nem sei se vocês vão lembrar dele, mas ele costumava se chamar Jordan, mas eu mudei porque esse nome estava me irritando.
Anyways, talvez tenha ficado maior do eu planejava. Espero que gostem!
-x-
Eu quero chorar e eu quero amar
Mas todas as minhas lágrimas foram desperdiçadas
Em outro amor, outro amor.
- Não me diga que você se apaixonou pelo amante do seu irmão? - Ethan, o soldado que era amigo de Louis, disse enquanto saía de trás de uma árvore próximo de onde Noah estava parado, observando Harry desaparecer, com lágrimas em seus olhos. Ao ouvir aquelas palavras, as lágrimas começaram a fluir ainda mais dos olhos do quarto príncipe.- Ah, eu estava só brincando, mas parece que você realmente se apaixonou.
Noah limpou as lágrimas, sabendo que jamais seria capaz de dizer a Harry que o amava. Durante o tempo que passaram juntos, ele aprendeu a admirar o cacheado nos mínimos detalhes e a amá-lo profundamente. Mas sabia que o garoto jamais teria olhos para si, a única pessoa que existia no coração dele era Louis.
Ethan Jones observou as costas do príncipe, seus ombros subindo e descendo enquanto ele soluçava, era um choro silencioso. Ethan quis reconfortá-lo de alguma forma, mas não o fez. Assim como Noah, ele queria chorar também, pois doía saber que o príncipe que roubava seu sono todas as noites estava sofrendo por outra pessoa.
Tudo havia começado anos atrás, quando Jones chegou ao castelo para ser treinado por Louis. Ele era jovem, tinha os olhos castanhos, o cabelo em um tom de loiro claro, não era muito alto e se achava um cara comum, sem muitas oportunidades na vida.
Era uma tarde ensolarada, todos haviam feito os treinos de luta do dia. Estavam apenas esperando que Louis repassasse mais algumas coisas para que finalmente pudessem descansar.
-Amanhã nós faremos um...- Louis foi interrompido no meio de sua sentença pelo som de um cavalo se aproximando.
Descendo a colina próxima ao castelo, em um cavalo branco, com os raios de sol logo atrás de si, estava o jovem príncipe. Seus cabelos voavam com o vento e seus olhos desapareciam pelo sorriso enorme estampado em seu rosto. Ele usava uma roupa branca e tinha algumas flores no bolso.
- Irmão! - Ele exclamou quando viu Louis e os outros rapazes, direcionando seu cavalo até eles.
Todas as pessoas na cidade comentavam sobre o quanto o quarto príncipe era bonito, elegante e que o sangue Tomlinson definitivamente corria em suas veias. As jovens moças sonhavam em se casarem com ele, se atiravam aos seus pés, e as mulheres da alta sociedade também sonhavam em casar suas filhas com ele. Era o príncipe dos contos de fadas.
- O que acha de irmos caçar amanhã? - Noah perguntou de forma entusiasmada para o irmão mais velho.
- Hmm.- Foi tudo que o segundo príncipe disse, junto com um aceno de cabeça, mantendo a conversa curta.
- E vocês... Continuem com o bom trabalho.- Noah se virou para o grupo de rapazes e sorriu. Ele parecia estar de bom humor naquele dia. Antes de partir ele pareceu se lembrar de algo.- Ah, ganhei essas flores na cidade. Fique para você.- O príncipe esticou o braço para que pudesse entregar as flores para o garoto que estava mais próximo de si, Ethan. Ele aceitou as flores com suas mãos tremendo quando encostaram nas de Tomlinson.
- Quais flores são essas? - O de olhos castanhos reuniu coragem para perguntar e para erguer seu olhar.
- Tulipas amarelas. Elas podem significar alegria, mas também podem significar um amor sem esperança.- O príncipe sorriu uma última vez antes de continuar a cavalgar em seu cavalo, rumo aos estábulos.
Essa foi a primeira vez que Ethan o viu. Mesmo que vivesse um milhão de anos jamais poderia esquecer aquele dia.
O tempo acabou passando e, então, um misterioso rapaz acabou surgindo do nada no castelo, fazendo a vida de todos os príncipes girarem ao redor dele de alguma forma. Louis estava obviamente vidrado em Harry; Alexander andava de um lado para o outro pendurado em Harry; Thomas queria achar um jeito para se livrar de Harry; Robert gostava de ver Harry e Louis juntos; E, por fim, Noah estava obviamente caindo nos encantos daqueles malditos olhos verdes.
Foi de repente, não era algo que Noah planejava. Na verdade, ele nunca imaginou que isso aconteceria, havia passado a vida toda flertando com damas, nunca passou por sua cabeça que seu coração bateria mais forte por um rapaz. Durante uma tarde enquanto jogava xadrez com Harry, ele observou o rosto sério que o cacheado fazia enquanto movimentava suas peças, os cachos caindo em seu rosto e a forma como ele retorcia os lábios rosados.
Não importava o que ele fizesse, não conseguia tirar essa imagem da cabeça. Não importava o quanto ele falasse para si mesmo que aquele era o homem que seu irmão amava, ele não conseguiu fazer seu coração parar.
Ethan reparou quando o olhar do príncipe mudou. Ele ficava lá de cima, em uma das janelas do corredor, onde tinha a visão perfeita da mesa onde os dois rapazes jogavam xadrez quase todas as tardes. Ele reparou que Noah evitava olhar diretamente para os olhos de Harry, mas que espiava quando o cacheado não estava olhando, seu olhar demorava demais analisando cada detalhe do rosto do de olhos verdes.
O loiro conseguiu reparar tudo isso porque era assim que ele agia ao redor de Noah todos esses anos, desde a primeira vez. Nunca tiveram muitas interações, apenas alguns cumprimentos por educação, mas mesmo assim Ethan evitava olhar nos olhos do príncipe e espiava quando sabia que ele não estava olhando. Ethan observou o príncipe se apaixonar por outra pessoa.
Mas eu vejo seus olhos quando ela passa.
Que colírio para os olhos, mais brilhantes que o céu azul.
Ele te deixa hipnotizado, enquanto eu morro.
Quando toda a reviravolta, que fez Louis fugir acompanhado de Harry e Noah, aconteceu, Ethan decidiu que era melhor desertar. Uma parte era por respeito a Louis, que o treinou e de alguma forma havia cuidado dele esse tempo todo, e a outra parte era porque tinha que encontrar Noah. E, então, ele partiu acompanhado de seus colegas.
E depois de toda a batalha, ali eles se encontravam, com Noah dando adeus para a pessoa que amava e o loiro tendo que acompanhar bem de perto. Ele entendia como era amar alguém que jamais te olharia com outros olhos, era como dançar sem música.
O príncipe finalmente secou as lágrimas, respirando fundo e tentando não pensar em tudo que havia dado errado em sua vida nos últimos tempos. Ele sentia saudades da época que as damas se jogavam os seus pés, pelo menos ele não chorava por elas. Aquela era a sua primeira vez com um coração partido e ele não sabia muito bem como lidar com isso.
- Não conte...isso a ninguém.- Noah se virou para encarar o rapaz. Seus olhos estavam vermelhos e ele tinha uma aparência abatida, nem parecia o príncipe que sempre estava com um sorriso enorme no rosto.
Todo mundo ali tinha mudado muito, todos tinham perdido coisas que jamais teriam de volta.
- Não vou.- O loiro prometeu. Para quem ele contaria? Guardaria aquilo para a sua própria miséria.
E, então, Noah partiu. Parecia que Ethan estaria sempre olhando para as costas do homem que gostava.
Alguns dizem que você vai me amar um dia
E eu vou esperar, vou esperar para ter seu amor um dia.
-x-
Algum tempo depois.
A cidade estava especialmente agitada naquele dia, havia um grande festival acontecendo, pessoas estavam reunidas nas ruas, havia até músicos tocando algo que Noah não conseguiu reconhecer.
O príncipe decidiu que a melhor forma de esquecer todo o inferno que sua vida tinha sido nos últimos tempos era tentar voltar a rotina normal. Ele costumava adorar aqueles festivais, onde podia se misturar com a população, se divertir, beber e fazer algumas amizades.
Ele se lembrou que tinha prometido levar Alexander à um desses quando ele tivesse idade suficiente, mas aquilo jamais aconteceria. Havia tanta coisa que ele iria ensinar ao seu irmãozinho, mas a vida seguiu um curso irreparável. Ele e Louis tinham sido deixados para trás sem nada e não era justo.
Sem conseguir se divertir e sem aproveitar nada, ele voltou para o castelo de madrugada e resolveu se sentar na mesa onde ele e Harry costumavam jogar xadrez. Noah tinha uma garrafa de alguma bebida forte e desconhecida nas mãos, dava alguns goles de minuto em minuto e já estava sentindo o efeito do álcool em seu corpo. Queria beber até esquecer quem era, onde estava e quem tinha partido seu coração.
Todo lugar que ele olhava parecia um maldito canto fantasma, todo lugar naquele castelo tinha memórias demais. Memórias de uma vida que havia sido há alguns anos atrás, mas parecia outra realidade. Noah nem conseguia acreditar que algum dia a mesa no jardim esteve lotada de irmãos. Um dia eles se sentaram juntos pela última vez, riram juntos pela última vez, mas não sabiam que era a última vez.
- Quem está aí? - Ele escutou uma voz atrás de si e virou-se para olhar. Estava escuro, mas ele reconheceu a voz como sendo a de Ethan, e o rapaz tinha uma lamparina na mão.
- Sou eu, em carne e osso e bem miserável.- Deu outro gole na bebida.- Sente-se.- Noah indicou o banco para o rapaz e ele pareceu relutar, mas acabou se sentando em silêncio. O convidou para se sentar porque sentiu que precisava de companhia ou acabaria ficando louco com seus próprios pensamentos. - Quer um pouco? - O príncipe ofereceu a garrafa ao loiro.
- Está bêbado? - Jones questionou. Como ele não pegou a garrafa, Noah acabou entendendo como um não e retirou a oferta calmamente.
- Quase.- Deu mais um gole.
O silêncio se instalou entre ambos. O rapaz observou o príncipe, mesmo com a luz fraca da lamparina posta em cima da mesa ele ainda era prefeito. Desviou o olhar quando viu que Noah tinha percebido.
- Você me acha um idiota miserável. Por que toda vez que nos encontramos eu estou nessa situação? - Noah acreditava que provavelmente Ethan estava o julgando por dentro agora. Um príncipe idiota bebendo sozinho de madrugada, um príncipe idiota que se apaixonou por alguém que não poderia ter.
- Você não é um idiota miserável. E não é toda vez.- O loiro brincou com suas mãos que estavam postas em seu colo, se sentindo envergonhado por ter sido pego olhando.
- O que?
- Não é toda vez que nos encontramos e você está nessa situação...Quando eu o vi pela primeira vez você parecia o ser mais majestoso de todo o reino. Você me deu uma tulipa amarela.- O de olhos castanhos tentou conter o sorriso que se formava em seus lábios. Tinha sonhado com aquele dia tantas vezes que lembrava cada detalhe.
- Eu me lembro.- O príncipe riu em silêncio e deu mais um gole em sua bebida.
Quando o silêncio se instalou novamente entre eles, Noah encarou o garoto que olhava em outra direção. Ele era bonito, não era exatamente uma beleza exuberante, mas ele tinha charmes indiscutíveis. Suas orelhas ficavam vermelhas quando estava envergonhado, seus dedos batiam incansavelmente em sua perna e seu nariz fungava pelo ar frio da noite. Ethan tinha lindos olhos castanhos, Noah pensou que era uma pena que ele nunca olhava diretamente para as pessoas.
Estranhamente, o coração de Noah batia em um ritmo desconhecido. Talvez fosse seu corpo dizendo que era hora de parar de beber, ou talvez fosse algo que ele não compreendia ainda.
Sentindo a bebida em seu corpo, o príncipe se levantou, chamando a atenção do outro rapaz que também se levantou rapidamente, pronto para ajudá-lo no que fosse preciso. Noah deu dois passos largos e seus lábios tocaram os do loiro de forma desengonçada.
O beijo tinha gosto, principalmente, de álcool. As mãos de Noah estavam bem desajeitadas na cintura de Ethan, enquanto Ethan não sabia nem onde colocar as suas, elas estavam erguidas no ar. Os lábios do príncipe atacavam ferozmente os do outro, sem dar tempo de nenhum dos dois respirar ou pensar na situação em que se encontravam. Tomlinson o beijava como se quisesse fundir seus corpos.
De repente, Noah se afastou, dando alguns passos para trás, meio cambaleando, colocou as mãos na cabeça e murmurou algo para si mesmo.
- Desculpe...eu...- Ele tentava achar as palavras certas, mas estava travado. Seu olhar, além de assustado, parecia um pouco culpado.
- Príncipe...- Ethan tentou dizer, mas foi interrompido.
- Desculpe, eu sinto muito mesmo.- O príncipe disse isso e saiu andando em passos largos para dentro do castelo.
Mais uma vez, Ethan era obrigado a olhar apenas para as costas do amado. Dessa vez, sem nem entender o que havia acontecido. Ele ainda conseguia sentir os lábios do príncipe nos seus, as mãos em sua cintura e o gosto forte de álcool em sua boca.
-x-
Noah acordou no dia seguinte com uma dor de cabeça terrível, o quarto inteiro rodava, sua cama cheirava a álcool, seu estômago revirava e sua visão estava toda desfocada. Ele tinha certeza que ia ser um dia de cão.
Ele olhou para o teto do quarto, memórias da noite passada invadindo sua mente e o fazendo querer se esconder no primeiro buraco que aparecesse. Estava se sentindo péssimo por suas atitudes, mas tudo que ele conseguia ver em sua cabeça era os bonitos olhos castanhos.
Quando finalmente conseguiu recuperar um pouco da sanidade mental que lhe restava, ele caminhou - ou, se arrastou - até o quarto do irmão. Depois de bater algumas vezes na porta, escutou a voz calma do rei lhe dizendo para entrar. Louis estava sentado próximo a janela, olhando para fora do quarto, para além das colinas, sua feição mostrava que ele não tinha tido uma boa noite de sono também.
- Você está péssimo.- Louis falou quando percebeu a aparência do irmão mais novo. Logo depois, voltou a olhar para a janela.
Noah sabia o porquê de Louis estar sempre olhando para a janela, ele sabia que o irmão mais velho estava esperando por alguém. Alguém que deveria aparecer com seus cachos ao vento, os pequenos buraquinhos nas bochechas e os olhos verdes brilhantes, mas essa pessoa jamais apareceria. Harry tinha chegado na vida de todos de forma misteriosa e se foi do mesmo jeito.
- Você também.- O quarto príncipe respondeu.
Em alguns meses, a princesa da Áustria estaria chegando para celebrar o casamento, a união entre os dois reinos. Seria o começo de uma nova era, mas parecia que algo dentro do rei Tomlinson estava morrendo. Para ele, era apenas o começo do fim.
- Você vai continuar esperando? - Noah observou os papéis em cima da mesa, cartas escritas em momentos de agonia. Havia também as pinturas no canto do quarto que pareciam terem sido feitas as pressas, em um medo repentino de esquecer o rosto do amado.
- Eu vou sempre esperar por ele, nem que tenha que esperar mil anos.- O olhar triste não deixava a janela nem por um momento.- Você não entenderia.
Noah gostava de Harry. Noah sentia falta de Harry. Mas, talvez, não tanto quanto Louis. Ninguém nunca conseguiria amar Harry com a mesma intensidade que Louis amava. E era isso.
No fim, Noah desejou para que Louis e Harry pudessem se encontrar em algum lugar bem longe dali. Em algum lugar, algum dia, ele rezava para que esses dois pudessem ter a paz que mereciam. Um lugar onde o destino não fosse não cruel com eles.
O príncipe se arrastou pelos corredores após deixar o quarto do irmão, recebendo alguns olhares estranhos dos empregados do castelo. Sua cabeça doía em lembrar dos eventos da noite passada, de lembrar de uma certa pessoa com as orelhas avermelhadas de vergonha, de um beijo que mais tinha gosto de álcool do que qualquer outra coisa, mas que fazia seus lábios ansiarem por mais um pouco.
O motivo de sua dor de cabeça infernal surgiu no final do corredor, vindo em sua direção, meio cabisbaixo. Quando o loiro ergueu o olhar e viu que o príncipe estava em sua frente, ele deu meia volta e começou a andar rapidamente, torcendo para não ser notado.
- Ethan! - Noah tentou correr atrás do rapaz, mas acabou cambaleando e caiu no corredor, encostado na parede. Não deveria ter bebido tanto na noite passada, agora estava enfrentando as consequências.
- Príncipe! - Jones percebeu a queda do príncipe e voltou para ajudá-lo. Seu rosto estava vermelho como um pimentão e ele evitava a todo custo olhar diretamente para Noah, até mesmo suas mãos tremiam um pouco.
- Nós precisamos conversar...sobre ontem.- Tomlinson segurou no braço de Ethan e se levantou.- Eu sinto muito mesmo.- O príncipe continuou segurando o outro, para que ele não pudesse correr e fugir do assunto novamente. Seria melhor se eles resolvessem tudo o mais rápido possível.- Eu estava bêbado...e eu sei que não é desculpa, mas eu não deveria ter te desrespeita....- Noah tentou terminar sua sentença, mas foi cortado.
- Está tudo bem, você não gostou.- Jones encarava o chão e tentava fazer um pouco de força para se soltar.
- Não gostei?
- Você se afastou porque não gostou, certo? Então, estamos resolvidos.- Ethan mostrou um sorriso falso.
- Não, não é isso.- Tomlinson negou, tentando se explicar para o rapaz que tentava de toda forma se desvencilhar.- Eu só...não queria que pensasse que eu te beijei porque estava procurando uma maneira de substituir outra pessoa.- Ethan parou de se mover na hora.- Eu não te beijei porque estava pensando em outra pessoa...Te beijei por você ser você. Mas não deveria ter investido sem o seu consentimento.- Ethan finalmente ergueu o olhar, ainda meio envergonhado.- Se você tiver se ofendido com as minhas atitudes, peço que me dê um soco agora mesmo. Eu não irei revidar.- O príncipe ofereceu o rosto para que o loiro pudesse bater.
- Eu gosto de você.
- Oi?
- Gosto de você desde as tulipas amarelas. Eu sei que você só me deu elas porque eu era a pessoa mais próxima, mas eu gosto de você.- Os olhos castanhos brilhavam enquanto ele confessava algo que guardou para si por anos. Mesmo naquele momento, Noah não conseguia deixar de pensar em como ele tinha olhos lindos.- Você foi a primeira pessoa que me deu flores.
Noah não disse nada, estava sem palavras, não sabia o que dizer. Não tinha nada que ele conseguisse dizer naquele momento, aquilo tinha pegado ele de surpresa. Seu coração estava batendo em um ritmo que ele não conseguiu entender.
Ethan percebeu que tinha feito uma grande burrada e saiu correndo. Foi a vez dele ir embora e deixar Noah olhando apenas para as suas costas desaparecendo no corredor.
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Depois do choque, Noah precisou de alguns dias para se recuperar, entender e aceitar o que tinha acontecido. Ele tinha recebido muitas declarações de damas da nobreza desde que se entendia por gente, mas nunca uma tinha o feito ficar tão em choque. Ele nunca tinha pensado tanto em uma declaração, foi como um soco no meio do peito, ele não conseguia entender.
- Soube que passou os últimos dias trancado no quarto. Aconteceu algo? - Louis questionou. Noah tinha uma rotina de visitar o irmão todas as manhãs, mas não tinha aparecido nos últimos dias e o rei ficou preocupado.
- Precisava de um tempo pra pensar em algumas coisas.- O jovem príncipe se sentou na poltrona no canto do quarto e suspirou alto. Louis olhou para ele, para se certificar que estava tudo bem, depois desviou o olhar.
- Você soube? - O rei perguntou.
- O que?
- Ethan pediu para deixar o castelo. Foi uma surpresa, mas eu o deixei ir.- O pedido tinha pegado Louis de surpresa, mas ele devia muito a Ethan, pois o rapaz estava lá quando ele mais precisou de apoio.
- Que? - Noah imediatamente se levantou, como se alguém tivesse colocado mil alfinetes na poltrona.
- Ele me pediu ontem e disse que saíria hoje de manhã mesmo.- Louis apontou para algo na janela e Noah se dirigiu até lá para ver o que o irmão queria lhe mostrar. Ele teve a visão de um rapaz loiro, que reconheceu na hora, caminhando em direção a saída do castelo.
- Mas que merda! - O príncipe deixou o irmão no quarto e saiu correndo como um furacão.
Desceu as escadas em desespero, quase atropelando os empregados que realizavam seus afazeres do dia. Ele só conseguiu alcançar o rapaz loiro alguns minutos depois, no mesmo lugar onde ele tinha se despedido de Harry há um tempo atrás, no lugar onde ele chorou vendo as costas do cacheado desaparecer no horizonte.
- Aonde você pensa que vai? - O príncipe gritou, fazendo o loiro se virar e congelar no mesmo instante.
- Príncipe, eu...- Ethan nem tinha como dar uma desculpa, ele era um covarde. Estava fugindo porque tinha medo de como o príncipe reagiria, medo de como ficaria as coisas depois das bobagens que falou.
- Mas que diabos! - Noah caminhou em passos largos até o rapaz, o ergueu sem fazer esforço nenhum e o jogou em cima de seus ombros. Ethan se sacudiu, tentando descer a todo custo.- Você está proibido de deixar este castelo! - O príncipe deu um tapa nas pernas do loiro para que ele parasse de se movimentar. Começou a caminhar de volta para o castelo com o rapaz em seus ombros.
- Me solte! Você não pode me levar assim. Eu tenho uma reputação! - Ele pensou no que seus companheiros de luta diriam se o vissem sendo carregado nos ombros do príncipe como um saco de batatas.
- Me prometa que você não vai fugir.- O príncipe pediu. Ethan murmurou algo como "eu prometo".
Depois de alguns passos, Noah o colocou no chão. As pontas das orelhas de Ethan estavam avermelhadas e ele evitava olhar Tomlinson nos olhos. Sem pensar muito e tentando escapar daquela situação o mais rápido possível, ele quebrou sua promessa e tentou correr do príncipe, mas foi pego de novo.
- Teimoso! - Noah o segurou pelo braço.
- Eu fiz uma idiotice aquele dia.- Tentou se explicar. Ele olhava para suas próprias mãos enquanto brincava com a barra de sua camisa. - Eu não deveria ter dito aquelas coisas, não quero que fique algo estranho entre nós, por isso estou indo embora.
- Olha...- O príncipe começou, mas deu uma pausa. Queria achar as palavras certas naquele momento.- Eu acho que você merece alguém muito melhor. Você não merece um príncipe idiota que te dá uma flor que significa "amor sem esperança" logo no primeiro encontro.- Ele ergueu o rosto de Ethan e o fez olhar diretamente em seus olhos.- Você não merece um cara que te beija fedendo a álcool.
- Mas eu gosto de você. Assim como você não conseguiu evitar gostar de Harry, eu também não consegui evitar gostar de você.- Seus olhos castanhos estavam brilhando pelas lágrimas que se formavam, a pontinha de seu nariz estava vermelha e suas orelhas continuavam em um tom avermelhado também. Os lábios rosas estavam juntos em uma linha fina e Noah quase não resistiu em levar seus dedos até lá.- E quando você disse que me beijou por minha causa, e não porque estava pensando em outra pessoa, eu fiquei tão feliz.- O loiro sorriu fraco e encarou o mais velho, seus olhos cheios de ansiedade.
- Diabo de homem! - Noah juntou seus corpos, tão próximos que os dois conseguiam sentir a respiração um do outro, enlaçou a mão na cintura do rapaz e o beijou de forma desesperada. Sem se importar se alguém estaria os vendo de algum lugar.
Dessa vez não havia nenhum resquício de álcool, ambos sóbrios e explorando a boca um do outro. Era o segundo beijo que Ethan recebia na vida e ele tinha certeza que poderia morrer ali mesmo, sua alma estava pronta para sair do corpo. A boca de Noah dançava sobre a sua, dançava a melodia da mais linda música. Era diferente de tudo que já tinha experimentado e sentido na vida.
- Você não pode me fazer querer beijá-lo tão desesperadamente e simplesmente decidir ir embora.- O príncipe estava ofegante, os lábios bem avermelhados agora, e Ethan sabia que ele mesmo não estava muito melhor.- Não vê o que esses olhinhos fazem com o meu pobre coração? - O príncipe levou a mão do rapaz até seu peito.
Era diferente. Era diferente de Harry. Com Harry, seu coração batia em um ritmo acelerado. Com Ethan, seu coração batia todo desregulado, não havia ritmo, só parecia que ele iria morrer a qualquer momento. Isso era amor? Essa coisa que fazia ele querer tirar o coração do peito e entregar para outra pessoa, era amor?
E, novamente, sem planejar, ele se viu caindo profundamente nos encantos de alguém. Ele tinha entrado na maior enrascada de sua vida, e essa enrascada tinha nome, sobrenome, cabelos loiros e inconfundíveis olhos castanhos.
- Eu não sou Harry. Eu não sou ousado, bonito, delicado e cheio de senso de humor como ele.- Ethan se afastou, se desvencilhando dos braços do príncipe.- Você não tem ideia de quantas vezes eu desejei ser ele. Todo mundo o tratava com se ele fosse feito de porcelana, e eu cresci enfiado em lutas, ninguém nunca se importou com o que aconteceria comigo.- Ele olhou para algumas cicatrizes de batalha que ele tinha nos braços, todas elas eram memórias bem vívidas em sua cabeça.
Por que você me beijaria?
Eu não tenho nem metade da beleza dela
Você deu seu suéter para ela, é apenas poliéster
Mas você gosta mais dela
Eu queria ser a Heather.
- Garoto estúpido! - O príncipe o puxou, envolvendo o garoto em seus braços em um abraço reconfortante.- Me desculpe por não ter prestado atenção antes.
Noah parou para olhar as cicatrizes no braço do loiro, dedilhando cada uma delas, pensando em como deve ter doído, em como a vida do garoto em seus braços deve ter sido difícil. E, então, ele decidiu que deveria fazer algo.
- Me espere. Eu tenho que fazer uma coisa. Eu juro que se você fugir, vou revirar esse reino todo atrás de você.- Noah disse de forma desafiadora.
O príncipe correu até os estábulos, montando em seu cavalo branco favorito, partindo em direção a cidade, com apenas um destino em sua mente.
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Ethan esperou, pois sabia que se fugisse, Noah acabaria o achando de qualquer jeito. O príncipe apareceu algumas horas depois, igual da primeira vez que o viu, em um cavalo branco, o cabelo bagunçado pelo vento, um sorriso no rosto e flores em seu bolso. O sorriso aumentou mais ainda quando ele reparou que Ethan ainda estava esperando por ele.
O príncipe parou o cavalo ao lado do loiro, tirou as flores do bolso e as entregou para o rapaz, realmente igual da primeira vez. As mãos de Ethan tremiam quando ele as aceitou as flores.
- O que é isso? - Obviamente ele sabia que era uma flor, mas queria saber o que aquilo significava. Por que Noah lhe daria flores de forma tão repentina? Ele tinha ido à cidade para comprar flores?
- Na primeira vez que nos vimos, eu lhe dei tulipas amarelas, que significam amor sem esperança.- Noah praticamente saltou do cavalo bem em sua frente. O príncipe acabou com a pequena distância que havia entre eles.- Essas são tulipas vermelhas. Significam amor duradouro.- Sua mão foi parar na mão de Ethan, entrelaçando seus dedos.- Se precisar que eu lhe dê mil flores, eu lhe darei mil flores.
Noah conseguiu ver que os olhos de Ethan brilhavam quando o rapaz finalmente ergueu o olhar. Malditos olhos castanhos que faziam Noah querer ir aos céus e voltar!
- Se me olhar assim, serei obrigado a beijá-lo.
Nunca pensei que eu deixaria você entrar
Mas é você quem eu escolho
Eu pertenço a você.