Oásis (Yoonseok/Sope)

By realsope1

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Com o preconceito mortal que os ômegas enfrentam, Hoseok fez de sua única missão na vida nunca ser descoberto... More

Um.
Dois.
Três.
Quatro.
Cinco.
Seis.
Oito.
Nove.
Dez.
Onze.
Doze.
Treze.
Quatorze.
Quinze.
Dezesseis.
>>> PERSONAGENS <<<
Dezessete.
Dezoito.
Dezenove.
Vinte.
Vinte e um.
Vinte e dois.
Comeback?
TRAMA OÁSIS
NOVA CAPA!!!!

Sete.

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By realsope1

Oi oi nenês 💕
Como estão nesse dia de domingo?! Eu estou me sentindo adorável depois dos alimentos que Sope nos deu no GDA hehehehe. Bom, espero que gostem de + um cap. 🙏🏼

###################################

"Eu sinto algo tão certo
Fazendo a coisa errada
E eu sinto algo tão errado
Fazendo a coisa certa"

| Oásis |

A noite se esvai em pleno crepúsculo, a fuligem deliquescendo na garoa do luar. Hoseok se estica em fadiga quando vislumbra o relógio, maravilha e descrença passando por sua cabeça.

Ele durou mais um dia.

Nada havia dado errado hoje, apesar do estranho episódio durante o almoço em que o Min descarregou quase toda a sua bandeja de comida em si. Ele realmente iria deixá-lo escapar assim? Era quase como se o confronto nunca tivesse acontecido, mas a onda de prazer memorizada em sua pele o lembrava diariamente que não foi apenas um pesadelo.

Essa miragem de tudo parecer bem é mortal para ser vítima, mas o Jung não pode evitar baixar a guarda. Yoongi era muito mais misericordioso do que esperava que fosse, por mais horrível que seja admitir isso; uma sensação desconcertante se agita em suas entranhas. Poderia ele ser um simpatizante de ômegas?

Hobi afasta vigorosamente o pensamento. Nenhum alfa em sã consciência seria um, considerando que nada debom sairia disso para eles. Arrumando os papéis na gaveta de sua mesa, ele pega seu telefone e franze a testa para as inúmeras mensagens de texto de Jimin, lendo o mais recente: "Eu te amo", enviado no meio da tarde.

Sentindo que algo estava errado, ele rapidamente passa os olhos pelo resto das mensagens: "Hobi, você precisa se casar logo, ok? Encontre alguém que cuide de você. Nem todos os alfas são monstros. Viva uma vida feliz com um bom marido.", "Não tenha medo de nada. Você é a pessoa mais corajosa que já conheci. O mundo não pode esmagá-lo, então não deixe ninguém tentar derrubá-lo. Você é forte e seu status não significa nada.", "Você é tão lindo. Não se afogue em tanto ódio, certo? Dê a si mesmo uma chance de amar.Faça isso para que eu não tenha que me preocupar tanto com você."

Todas enviadas horas depois de terem se visto pela última vez, bem no meio do horário de trabalho de Jimin. Hoseok imediatamente disca o número do amigo, preocupação correndo por seu corpo. No momento em que o outro ômega finalmente atende, o alívio flui.

"Jimin?!"

"...Hobi hyung"

O Park respira, a voz suave.

"Aconteceu alguma coisa?"

Ele vai direto ao ponto; uma longa pausa os separa antes do mais novo dizer algo.

"Nada aconteceu. Como está o trabalho? As coisas estão bem com seu chefe, certo?"

"Tem certeza?"

Hoseok pressiona. A voz do amigo estava consideravelmente menos otimista do que o normal e ele parece estar evitando o assunto.

"Sim."

Jimin retorna rapidamente. Há uma falta de ruído atípica no fundo de estalos e zumbidos.

"Oh, estou em casa. Voltei mais cedo."

Antes que possa questioná-lo, Jimin continua a falar.

"Estou fazendo lasanha de carne. Você tem que fazer frango com curry no fim de semana para mim, ok?"

" Jimin-"

"Acho que a carne está queimando! Tenho que ir!"

Com isso a linha corta, deixando um tom frio e estridente para trás. Hoseok encara seu telefone em silêncio e emana um suspiro preocupado, colocando-o no bolso. Ele normalmente faz hora extra, mas decide sair mais cedo, arrumando suas coisas às pressas. Enquanto caminha rapidamente para a saída, uma voz o puxa de volta.

— Hoseok?

O ômega olha para trás e lança a Jungkook um pequeno sorriso, pensamentos ainda congestionam sua mente inquieta. O beta corre até ele e passa a mão pelo próprio cabelo, sorrindo.

— Está saindo mais cedo hoje? — recebendo um aceno de cabeça, ele ri e exclama: — Uau, não esperava por isso. Você sempre fica até tarde!

Os lábios de Hoseok se curvam mais uma vez e eles evaporam em um silêncio pacífico. O Jeon esfrega desajeitadamente seu pescoço, seus movimentos ficam mais vigorosos e ele balbucia.

— Uh...você vai a pé?

— Sim. — Hobi respira, limpando a garganta ligeiramente.

O beta cantarola e balança a cabeça, desviando o olhar momentaneamente antes de encontrar os olhos do Jung novamente.

— Uh...já que estou indo agora e você também... — Jungkook continuou a divagar enquanto Hoseok o olhava inquisitivo. Sempre via o programador sair do escritório na hora, principalmente porque mesmo para betas, é melhor não ficar fora até tarde. — Você... — a hesitação soa tão fortemente na voz do mais novo que Hoseok suaviza a expressão, inclinando a cabeça para o lado e terminando a frase por ele.

— Vamos voltar para casa juntos? — ele sugere e Jungkook pisca, surpreso, antes de balbuciar.

— Oh, é mesmo? — seus olhos se iluminam com um brilho deslumbrante antes que ele vacile: — Uh, quero dizer, você não precisa! Eu não estou incomodando? Seu parceiro não está esperando por você nem nada?

— Não. — o Jung ri, interiormente divertido com a tagarelice do programador. — Vamos voltar juntos. — uma pontada de culpa o atinge enquanto observa o beta derreter em um sorriso cegante. Se ele descobrisse que era um ômega, o que sentiria? Decepção, por ter pensado tão devidamente enganado, por um ômega? Ou pior, ódio?!

— Oh, então, eu vou pegar minhas coisas! Só vai levar um minuto! — Jungkook corre de volta para dentro antes que possa garantir que vai o esperar.

Hoseok sai do escritório e vislumbra o edifício alto pairando sobre ele, a placa bem no topo brilhando na noite. Hoje estava particularmente frio, arrepiando até suas bochechas. Minutos depois Jungkook sai cambaleando porta afora com sua bolsa aberta e sua numerosa parafernália espalhada, provocando uma risada carinhosa no ômega. Enviando de volta um sorriso bobo, o mais novo pega seus itens e joga sua mochila sobre um dos ombro. Ele encara o Jeon e gesticula para a frente levemente.

Hoseok decide andar primeiro e o beta naturalmente o segue, esticando seus longos membros e bocejando; seus olhos olham ao redor sem jeito antes de focar em si.

— Você já jantou? — Jungkook pergunta.

— Não, e você?

Ele balança a cabeça em negação e assobia baixinho.

— Seu ômega cozinha para você, certo? Isso parece bom.

— Na verdade eu sou melhor cozinhando. — Hobi brinca e o mais novo sorri para ele.

— Vou dizer isso à ele da próxima vez que o ver.

— Mas é verdade. Eu sou ótimo cozinheiro! É só porque ele vai para casa mais cedo, então normalmente faz o jantar. — Hoseok explica pacientemente. A presença de Jungkook era calorosa e reconfortante, deixando-o mais à vontade.

— Bem, eu quero experimentar sua comida um dia então, ver se é tão boa quanto você diz.

— O que costuma comer no jantar? — Hoseok pergunta.

— Hoje provavelmente vou fazer ramen instantâneo como sempre faço. Vou polvilhar um pouco de bacon e adicionar alguns ovos cozidos. — Jungkook dá um tapinha em sua barriga com satisfação.

— Você sempre come macarrão instantâneo? Sabe que não é nada saudável, não sabe?

O ômega sugere e Jungkook resmunga brincando.

— Eu sou muito pobre, tenho que economizar caso seja demitido de repente. — ele balança os braços para frente e para trás, ainda assobiando a mesma melodia.

A luz da lua ilumina os dois que caminham vagarosamente pela beira da estrada, os transeuntes ocasionais passando. Ninguém hesita em olhar duas vezes, pois o símbolo no pescoço de Jungkook está coberto por uma bandana que ele costuma usar quando vai ou quando sai do trabalho. Com sua altura e rosto jovial, ele mal consegue se passar por um alfa adolescente seguindo os padrões, apesar de sua estatura esguia.

O que mais revela o status de um beta e de um ômega é se o indivíduo cobre ou não seu signo — os alfas nunca precisam fazer isso e muitos até usam sua marca com orgulho, sem qualquer obstrução.

— Hum...eu não sabia que você era próximo do Sr. Min.

A declaração repentina de JungKook faz o ômega estremecer. O mais novo inclina a cabeça para trás e solta um suspiro ofegante, olhando para a lua crescente pendurada em meio à escuridão sombria.

— O que estou dizendo. Claro que vocês dois seriam, afinal, são alfas. —  JungKook o olha e sorri levemente.  — Deve ser bom ser um. — as palavras são alegres, mas se traduzem na própria amargura de Hoseok e na fraude nojenta que ele se tornou, um mero peão da hierarquia social. Se realmente detestava o sistema, se acreditava que os alfas não serviam para nada, por que estava imitando um deles com tanto fervor?

Ele não era nada além de um hipócrita.

— O que há de tão bom em ser um alfa?

O tom de Hoseok  cria um clima áspero e ácido, seus olhos desviando-se para o pavimento no chão.

JungKook abre os lábios em surpresa antes de murmurar: — Bem, vocês pegam tudo.

— Nós não merecemos isso. — o Jung rebate porém, relaxa ao ver o olhar questionador do outro. — Isso...não deveríamos ser classificados assim. Só porque alguém é um alfa não significa que seja melhor do que os outros.

— É. Mas eu nunca poderia competir com um.

— Isso é besteira. — Hoseok grunhe, apertando seus lábios e se desculpando novamente. — Quero dizer, olhe para você mesmo! Você é o melhor programador em seu departamento.

O beta ignora, embora ele não possa fornecer uma justificativa para sua negação mas, Hoseok pressiona.

— Jungkook eu estou falando sério. Você é melhor do que muitos outros em nossa empresa. Não faz sentido que eles tenham uma classificação mais elevada, que tenham a coragem de agir como se fossem melhores quando você obviamente os ultrapassou.

O Jeon fica calado por um instante e só depois de uma pausa significativa, ele resmunga.

— O mundo funciona assim, eu acho. — ele gira sua cabeça em direção ao Jung e lhe lança um sorriso suave. — Pelo menos existem pessoas como você.

O remorso se acumula em suas entranhas e Hoseok estremece quando uma rajada de vento passa por ele. Jungkook percebe e tira seu moletom, assustando-o ao colocá-lo sobre seus ombros.

— Jungkook, eu estou de terno. — ele ri. — Você vai pegar um resfriado.

— Acho que tenho uma chance melhor de sobreviver.  — o beta bufa. — É você quem está tremendo. — ele dá um tapinha nas suas costas, as mãos se demorando por ali antes de se afastarem lentamente.

— Obrigado. — Hobi sussurra, se afundando no tecido macio que tem um cheiro distinto de amaciante e sabonete.

— Sabe, as vezes eu queria ser alfa. — Jungkook confessa e o ômega pressiona os lábios, olhando para cima e querendo repreendê-lo. — E mesmo depois do que você disse, eu ainda não consigo deixar de pensar assim. — ele diz se desculpando, seu sorriso tão mal colocado por baixo de suas palavras cansadas. — Já tenho pensando nisso por um bom tempo, para ser honesto. É triste ser um beta, sabe? — Jungkook cantarola, aquela pequena pitada de tristeza imbuída em sua voz. — Estamos tão deslocados. Basicamente inúteis para o mundo. —  Hoseok levanta a cabeça e vê o mais novo com a cabeça baixa e aquele sorriso desagradável ainda tecendo em suas bochechas espinhentas. — Não temos nada. Não posso engravidar ômegas, não posso carregar crianças para alfas.

Sua brutal honestidade esmaga Hoseok prontamente.

JungKook percebe o clima pesado e lhe envia um sorriso encorajador.

— Merda, desculpe. Estou tornando tudo isso deprimente, não estou?

— Não, não é isso. — Hobi  responde apressadamente. — Eu só... JungKook você é mais do que isso. Você não nasceu apenas para procriar. Isso é tão...frio. — ele engole o infortúnio que o fermenta. Nunca tinha realmente pensado em tal perspectiva.

— Eu também penso isso. — o Jeon ri e coça a nuca com vergonha. — Quer dizer, eu amo programação de computador e eu estava bem com essa coisa toda de nunca me casar. Tipo, e daí se eu não tiver filhos ou encontrar outra pessoa? Pelo menos eu tenho minha codificação e vou morrer fazendo o que eu amo. — ele abriu mais o sorriso e expele um suspiro frágil, a súbita miséria tomando conta de seus olhos inocentes. — Mas ultimamente eu tenho pensado que seria legal ter alguém, sabe? — a voz do beta cai vários decibéis, o volume vulnerável e humilhado, como se ele não merecesse a chance de amar porque não pode dar prosseguimento a uma geração.  Era doloroso ouvir como suas palavras tremem um pouco, como estava envergonhado e constrangido por algo que ele deveria declarar legitimamente sem qualquer escrúpulo.  — E isso é tão estúpido. — JungKook respira, encharcando-se facilmente em zombaria. — Quer dizer, eu mal posso me sustentar. Todos os dias tenho medo de ser demitido ou de ser espancado por ofender um alfa. Como... como alguém iria se sentir seguro comigo?

Hoseok para sua caminhada e ele sente o calor ferver vorazmente seus olhos. O Jeon faz uma pausa um momento depois e se vira de volta, se desculpando, levantando as mãos e deixando escapar: — Merda, me desculpe. Eu estava apenas falando bobagem. Apenas me ignore, eu não quis dizer o que disse.

Hobi dá um passo à frente e cuidadosamente estende os braços, puxando o mais novo em sua direção, a bochecha batendo contra o peito do beta. Ele aperta os braços em volta da cintura de JungKook e respira debilmente, aninhando sua cabeça no calor dele. Ainda leva um tempo até que JungKook processe a situação, incapaz de sufocar qualquer palavra quando Hoseok o abraça. Ele finalmente envolve seus braços desengonçados ao redor do mais baixo, agachando-se ligeiramente para que seu nariz encoste no cabelo cheiroso do hyung.

— Jungkook, não tenha medo de amar. Você é uma pessoa incrível. Você merece muito mais, então não deixe o mundo impedi-lo de conseguir o que deseja. — as palavras são familiares, tendo sido enviadas por Jimin nesta mesma tarde. O sofrimento atrai suas íris para uma escuridão sem fim.

— Obrigado hyung. — o beta sussurra. — Você não sabe o quanto isso significa para mim, vindo de você.

De repente, o ódio se agita dentro de Hoseok e ele sente vontade de esmagar cada alfa que machucou JungKook. A atmosfera era sombria e ao mesmo tempo, ironicamente leve, os corações pesados, mas uma proximidade nascia entre os dois. O arrependimento trabalhava nauseante nas entranhas de Hoseok, mas ele encontrou um conforto distorcido na ilusão que envolveu em torno de todos e, inevitavelmente, do Jeon. Mesmo que seja uma miragem, é melhor do que nada.

Eles se separam depois que Hoseok compra uma refeição decente para o mais novo, o forçando a entrar em um táxi e se despedindo brevemente. A amargura deixa um apavorante gosto residual de desprezo e ressentimento, queimando acordes secos e pensamentos hediondos. O ômega vai até sua casa, sutilmente protegendo o rosto quando passa por um residente e bate na porta.

Em menos de dois segundos a porta se abre e os olhos de Jimin se fecham em um sorriso ofuscante, a reação mais tensa e entusiasmada do que o normal. Definitivamente havia algo errado.

— Hobi hyung! — Jimin ressoa, segurando a porta aberta enquanto joga sua mala no sofá. Ele se volta imediatamente para o amigo, franzindo a testa e inspecionando-o consternado. — Eu cozinhei lasanha de carne-

— O que aconteceu Jimin? Por que voltou para casa mais cedo? — ele suavemente questiona. Jimin pisca de volta e desconversa, um sorriso torto torcendo seus lábios de forma não natural.

— Do que você está falando? Nada aconteceu. Eu acabei saindo mais cedo já que o salão não estava tendo muitos clientes. Você devia comer agora enquanto está quente. — o ômega mais novo iria sair para buscar o jantar, mas Hoseok gentilmente segura seu pulso, puxando-o para olhá-lo nos olhos.

— Jimin. O que aconteceu?

O Park suspira cansado e finalmente desabafa.

— Um bando de alfas atacaram o salão hoje.

— O que?  — Hobi berra de horror e agarra o amigo, olhando-o preocupado. — Você está bem? Se machucou? Eles fizeram algo com você?

— Eu estou bem Hobi. Ryeowook hyung nos escondeu bem na sala dos fundos e eles foram embora depois de uma hora. Mas o salão está destruída agora, então...não vou trabalhar por um tempo. — Jimin sorri, fingindo não se importar com a gravidade da situação, incitando a raiva em Hoseok.  — Agora vamos, vamos comer. — ele se livra do seu aperto e vai para a cozinha.

O mais velho assiste em silêncio enquanto Jimin traz os pratos e a forma com a lasanha para a sala. Ele coloca a refeição na mesinha de centro, dando tapinhas em seu ombro.

— Eu fiz um ótimo trabalho. É melhor você cozinhar algo bom para mim no sábado. Faça um bolo também, ok? — Jimin murmura e Hobi o observa em silêncio, o aumento da miséria o sufocando.

Seu amigo poderia ter se machucado, ou pior, ter sido matado. E tinha acabado de trabalhar o dia todo processando números enquanto Jimin estava agachado e temendo por sua vida. Seu coração despenca tanto que novamente ele sente vontade de vomitar. Hoseok morde o lábio inferior e reprime as lágrimas que brotam de seus olhos.

Jimin olha para o mais velho e seus olhos se arregalam em choque.

— Hyung, por que está chorando? Eu realmente não estou ferido. Yah, eu que deveria estar chorando em vez de você. — ele estala a língua e ri baixinho.

— Por que você não me contou?  — Hoseok pergunta, seus braços tremendo. Ele envolve seus braços em torno do menor, reprimindo os soluços enquanto a memória obsessiva do primeiro encontro deles se repete em sua consciência.

Jimin não tinha um alfa para cuidar dele, e era tudo sua culpa! Se não tivesse o envolvido nas suas mentiras, o ômega poderia estar casado agora.

— Bebê chorão. — Jimin brinca, embora a tensão visivelmente diminua dele. — Eu te disse, não foi nada demais.

Hoseok solta um soluço, tentando conter suas lágrimas e Jimin acaricia sua cabeça até que se acalme.

[...]

— Saia! — o grito perturbado reverberou pela casa, cortando a atmosfera tranquila. Os criados permanecem fora do quarto, posicionados junto à porta entreaberta enquanto trocam olhares ansiosos. O jovem morador da casa se aproxima com determinação do homem agachado em um canto.

— Omma. — Yoongi desvia da caneca lançada em sua direção, a cerâmica se espatifando contra a parede atrás de si.
Taehyung imediatamente avança para ajudar mas ele levanta a mão, parando o assistente preocupado.

Jihoon gritava e agarrava a cabeça, rangendo os dentes vorazmente um contra o outro.

— Saia, saia, saia! Seu alfa imundo! Onde está Himchanie? Kibumie? — o ômega grita e puxa seus cabelos com força enquanto fios ficam em seus dedos. — Onde estão meus filhos?

Yoongi cuidadosamente dá um passo a frente, e seu omma instantaneamente vira a cabeça. Seus olhos estão encharcados de ódio absoluto e uma horda ameaçadora de insanidade. Jihoon agarra a caneta na mesa de cabeceira e o ameaça.

— Chegue mais perto e eu me matarei! — ele grita e golpeia a ponta contra o lado de sua cabeça, olhos lunáticos rolando.

Yoongi imediatamente dá um passo para trás e observa seu progenitor delirante com cautela. Jihoon ergue superficialmente os membros,  contraindo-se contra a parede com espasmos periódicos. Enquanto ele recupera um pouco da compostura, o alfa tenta novamente.

— Omma-

— Não me chame assim. — o ômega ferve, pressionando a caneta contra sua cabeça com mais força.

Yoongi olha para Taehyung e volta para a porta do quarto. O Kim entendendo a dica, se aproxima do mais velho ali e baixa sua voz para um volume suave antes de tentar um contato.

— Sr. Min, o senhor disse que queria ir à praia, certo? — Jihoon parece processar o que foi dito por um momento antes de seu aperto na caneta ficar mais leve, assentindo rigidamente. Ele coça o pescoço com força, arranhando a pele com as unhas um tanto grandes e, consequentemente, tirando filetes de sangue dali. Taehyung continua delicadamente. — Seu filho, Yoongi, quer levá-lo lá.

— Não é meu filho. — o ômega nega, balançando a cabeça violentamente. — Não é meu filho. Não é. Meus filhos são Himchanie e Kibumie. Ômegas. Nada de alfas. — o beta iria se aproximar ao ver que o mais velho novamente pressionou a caneta contra a cabeça mas, este abruptamente soltou um grito estridente.— Onde estão meus filhos? Eu quero ir para a praia. O oceano...água. — Jihoon foi até penteadeira delicada, examinando sua coleção de conchas e se acalmando temporariamente, enquanto cantarolava alegremente para si mesmo. — ele declara sinceramente, seu humor distorcendo cento e oitenta graus. —Conchas, conchas. Eu quero mais conchas. — o Min agarra as várias conchas de cores diferentes e pega uma delas, colocando-a no ouvido enquanto sorri apático.

Em um tom baixo para não incitar qualquer tipo de frenesi Yoongi dá um passo a frente porém, Jihoon não pensa duas vezes antes de pegar uma das conchas e arremessá-la em si.

— Pare de me chamar de omma! — o ômega uiva em fúria. — Eu não dei à luz você! Eu não dei à luz um alfa! Saia ou vou pular da janela! — Jihoon sobe no peitoril da janela, convulsionando
repetidamente e sacudindo as grades histericamente.

Taehyung avança para tentar conter o homem que luta e grita da janela, olhando para trás para seu chefe e persuadindo-o a sair com seus olhos
tranquilizadores.

Yoongi afina os lábios e dá um passo para trás, observando o homem que o criou com tanto amor por um momento mais
antes de sair relutantemente; os servos se curvam quando ele sai do quarto, compadecidos. Quando desce as vezes sacadas,um arrastar de sapatos atrai sua atenção e ele olha para cima, vendo Yonghwa chegando.

— Você está sempre criando confusão. —  o alfa suspira, arregaçando as mangas de seu terno. — Eu disse que não era para incomodá-lo. Ele não quer ver nenhum de nós. Quando você vai parar de tentar? — Yonghwa passa a mão pelos cabelos e o observa sem rodeio.

— É irritante. Não consigo me concentrar com todos esses gritos. — Byunghee, que estava sentado na  mesa de jantar o olha e comenta. — Você deveria simplesmente desistir. Não vale a pena.

— Como está na empresa? — Yonghwa questiona, cruzando os braços sobre o peitoral. Yoongi murmura algo secamente e Yonghwa dá de ombros. — Bem, eu soube que há muitos betas tentando burlar as regras se passando por alfas para se darem bem. Cuidado com eles. Você tem um em sua equipe de
programação, não é Yoongi?

— Me pergunto de onde eles estão tirando toda essa ousadia. — Byunghee reflete mas, estremece e balança a cabeça quando Jihoon continua a gritar ensurdecedoramente no andar de cima.— Nossa isso-

— Onde está o Himchan? — Yoongi interrompe a tagarelice que provavelmente iria se iniciar e Yonghwa bufa.

— Você está realmente procurando por ele?

— Omma quer ir para a praia de novo. — ele informa e Byunghee murmura preocupadamente.

— Yoongi, pelo amor de Deus, Himchan odeia você. Odeia nós. Apenas desista dele e do nosso omma.

— Acho que você teria mais sorte com Kibum. — Yonghwa menciona enquanto pega cigarro, o acendendo e dando uma tragada, exalando uma nuvem de fumaça.

— Estou saindo. — Yoongi diz e sai de casa, os gritos de seu progenitor diminuindo a medida que se afasta. Ele entra em seu carro e se reclina no assento, a exaustão de repente caindo com tudo em seus ombros.

O estado de Jihoon estava piorando rapidamente e era difícil monitorá-lo e entender suas necessidades, já que evitava os servos e os filhos alfas, ditando que veria apenas seus dois filhos ômega. Seu omma desprezava tanto os alfas quanto os betas, a casa e as terríveis consequências de um estranho chantageá-los sobre quaisquer segredos familiares.

Himchan tinha ficado sem contato no início da semana, provavelmente por causa de seu cio. Ele suspira, apertando os seus lábios enquanto olha para fora da janela. De repente, uma solução — possível mas, arriscada — que ele já vinha pensando há um tempo, volta a sua mente.

O alfa deixa escapar mais um suspiro cansado e acelera o motor, partindo.

[...]

Hoseok estava sentado de pernas cruzadas no sofá enquanto Jimin gargalhava estridente do programa de variedades que passava na TV, enchendo seu rosto com mais lasanha de carne. O ketchup se espalha por todo o rosto do ômega mais novo e ele agarra um lenço de papel, o passando. Jimin agradece e  rapidamente volta sua atenção para a televisão, apontando para um aluno do quinto ano que iria entrar.

Hoseok continua a brincar com sua colher, o apetite enfraquecido. O arrependimento continua a roer sua cabeça, junto com o atormentador 'e se'. Ele não pode deixar de pensar que foi sorte que o amigo tenha escapado ileso;  esse tipo de ataque era mais frequente nas zonas rurais do país mas, infelizmente estava provado que ainda assim, não estavam seguros onde quer que morassem.

O Jung suspira e se enrola contra o descanso de braço do sofá, envolvendo seus braços ao redor de suas pernas. Nesse momento, a campainha toca e ele quase quebra o pescoço estalando para olhar para a porta, desligando a televisão apressadamente. Jimin o olha e revira os olhos, o cutucando levemente.

— Você é muito paranóico Hobi, sério. Aposto que é apenas um vendedor de porta. Relaxa.

— E se for um dos que atacaram o salão? — Hoseok repreende, levantando-se e gesticulando para que o menor ficasse quieto.

Jimin faz careta e bate os dedos contra o apoio de braço enquanto vai olhar pelo olho mágico. Sinceramente, esperava de tudo mas, o rosto do lado de fora de sua porta faz seu sangue gelar. Ele corre de volta até o sofá e puxa o amigo, olhando para trás em perplexidade.

Não podia deixar o Min saber que tinha um amigo morando com ele, senão isso poderia implicará para Jimin também. Por isso quando a campainha toca novamente, ele rapidamente empurra-o para dentro de seu quarto e pede: — Não saia até eu mandar, ok? E não faça nenhum barulho.

Sem esperar por uma resposta, Hoseok fecha a porta e corre de volta até a sala. Ele despeja apressadamente os pratos na pia e se dirige para a porta, respirando trêmulo. Era agora ou nunca.

Hoseok abre a porta e nervosamente encontra os olhos de Yoongi, prendendo a respiração trêmula. O alfa o encara com sua expressão carrancuda de costume e limpa a garganta, seus olhos percorrendo-o por um breve momento. Ele pressiona as coxas nuas uma na outra, sua camisa larga caindo sobre o short pequeno.

— Sr. Min. — ele se curva, recusando-se a olhar o loiro nos olhos.

— Sr. Jung. — Yoongi o cumprimenta de volta. — Espero que não seja uma hora ruim. Eu gostaria de...discutir algo com você. Posso entrar? Não vai demorar muito.

Hoseok morde o lábio inferior, a paranóia querendo arranhando sua visão. A amargura atrai um paladar desagradável, mas ele tenta respirar ritimado.

— Ok. — ele mantém a porta aberta e destranca o portão para que o Min possa entrar. A ansiedade começa a tomar de si mas, mantém sua compostura o melhor que pode, mostrando um dos assentos ao alfa assim que ele entra e servindo-lhe um copo de chá gelado.

— Você já comeu, Sr. Min? — Hoseok murmura e Yoongi examina a lasanha de carne na mesa de jantar.

— Não, ainda não.

— Gostaria de uma porção? — o loiro acena prontamente e o ômega pega um prato, o servindo. Sentando-se no sofá oposta  ele tentar se acalmar.

Ainda há esperança. Yoongi não parece tão ruim e o dispensou esta semana, não é? Há uma chance de que ele queira apenas demiti-lo e ir embora sem dizer mais nada.

O alfa começa a devorar sua comida enquanto o observa. A quietude preenche a margem entre eles antes que ele fale.

— Você cozinhou isso?

Hobi fica tenso, verificando a mesa por quaisquer possíveis sinais de duas pessoas habitando o lugar antes de dizer algo.

— Sim. — ele responde e Yoongi se inclina para trás, se recostando no sofá. Seu olhar é cortante e ele repete a pergunta.

— Você cozinhou isso? — a maneira como seus olhos parecem o dissecar é enervante mas, Hoseok acena sem hesitar.

Yoongi o encara em silêncio por um longo momento sem um único desvio de expressão.

— Parece que tem o hábito de mentir, não é Sr. Jung? — as palavras penetram em Hoseok enquanto ele olha para o loiro, surpreso. — Eu sou mais observador do que você presume de mim.

O ômega desvia seu olhar e permanece sem palavras. O silêncio ruminou entre os dois, a tensão martelando nos seus ombros. A paranóia é exaustiva e já cansado, ele resmunga: — Por que exatamente está aqui, Sr. Min?

Desta vez, ele se obriga a olhar Yoongi nos olhos e uma sensação de formigamento percorre sua carne. Prazer. A respiração dele contra seus lábios. Ele arqueando as costas contra a mesa enquanto o alfa se empurra repetidamente, suas pernas ao redor dele e sua respiração fraca. Aquele orgasmo que o enviou a uma alta viciante, uma que se batia mentalmente por pensar em repetir por conta própria.

Yoongi expira longamente, desviando o olhar por um momento antes de finalmente volta seus olhos para si.

— Eu quero lhe pedir um favor.

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