GOLDFIELD - Nerdices e anális...

By Goldfield

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Livro de não-ficção criado para unir críticas, análises e comentários de minha autoria sobre filmes, games, s... More

Apresentação e considerações
Resident Evil: O debutante do mal (09/04/2011)
Resident Evil: Uma trasheira, mas com classe... (20/04/2011)
Tolkien, Martin, Fantasia Medieval e o Brasil de Hoje (18/02/2013)
Guerra Mundial Z (04/07/2013)
Homem de Aço (17/07/2013)
Pacific Rim (22/09/2013)
O Poderoso Chefão - Livro (27/09/2013)
O que é RPG? (22/01/2014)
A liberdade morre com um aplauso (08/02/2014)
Robocop de José Padilha (27/02/2014)
Lego: O Filme (23/03/2014)
A Rainha do Ar e das Sombras - Saga o Único e Eterno Rei (28/05/2014)
X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (01/06/2014)
Assassin's Creed: A Cruzada Secreta (22/06/2014)
Malévola (23/07/2014)
Assassin's Creed: Renascença (24/07/2014)
The Last of Us (29/12/2014)
O Exterminador do Futuro: As Crônicas de Sarah Connor (05/01/2015)
Vingadores: A Era de Ultron (01/05/2015)
O Exterminador do Futuro: Gênesis (04/07/2015)
Mad Max: Estrada da Fúria (07/07/2015)
Jurassic World (12/07/2015)
Filosofia do Ventilador (15/07/2015)
Homem-Formiga (11/10/2015)
Sobre Star Wars em minha vida (véspera da estréia do Episódio VII - 16/12/2015)
Star Wars: Episódio VII - O Despertar da Força (17/12/2015)
The Man in the High Castle - 1a. Temporada (09/01/2016)
Batman v Superman: A Origem da Justiça (27/03/2016)
Capitão América 3: Guerra Civil (01/05/2016)
X-Men: Apocalipse (23/05/2016)
Gotham - 2a. Temporada (e do porquê abandonei a série - 29/05/2016)
Lino Galindo e os Herdeiros do Trono do Sol (09/07/2016)
Esquadrão Suicida (29/08/2016)
Laranja Mecânica - Livro (29/11/2016)
Doutor Estranho (04/12/2016)
Star Wars: Rogue One (22/12/2016)
Assassin's Creed - Filme (22/01/2017)
Logan (05/03/2017)
Metal Gear Solid V: The Phantom Pain (09/04/2017)
Guardiões da Galáxia - Vol. 2 (01/05/2017)
Resident Evil VII (06/05/2017)
Assassin's Creed - Rogue (04/07/2017)
Mulher-Maravilha (05/07/2017)
Homem-Aranha: De Volta ao Lar (24/07/2017)
Assassin's Creed - Unity (26/07/2017)
Assassin's Creed - Syndicate (18/11/2017)
Uncharted - The Lost Legacy (27/11/2017)
Liga da Justiça (10/12/2017)
Star Wars: Episódio VIII - Os Últimos Jedi (17/12/2017)
Deus Ex: Mankind Divided (31/12/2017)
Assassin's Creed - Origins (18/02/2018)
Vingadores: Guerra Infinita (13/05/2018)
Han Solo (03/06/2018)
Far Cry 5 (30/07/2018)
Filme de Metal Gear Solid: Como eu faria? (07/09/2018)
Merlí (20/10/2018)
Aquaman (20/01/2019)
Assassin's Creed - Odyssey (28/01/2019)
Resident Evil 2 Remake (09/02/2019)
Capitã Marvel (10/03/2019)
Vingadores: Ultimato (01/05/2019)
Game of Thrones - 8ª Temporada (15/04/2019 a 20/05/2019)
Knightfall - 2ª Temporada (02/06/2019)
Coringa (16/10/2019)
Watchmen - Seriado (20/12/2019)
Star Wars: Episódio IX - A Ascensão Skywalker (28/12/2019)
The Mandalorian - 1ª Temporada (30/12/2019)
The Witcher - 1ª Temporada (02/01/2020)
Drácula - Seriado da Netflix (20/01/2020)
O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio (26/01/2020)
Do melhor ao pior Batman do cinema (08/03/2020)
Resident Evil 3 Remake (25/04/2020)
O Menino que Queria ser Rei (03/05/2020)
Stranger Things - Impressões gerais (28/12/2020)
Mulher-Maravilha 1984 (29/12/2020)
Impressões sobre o Monsterverse (26/02/2021)
Liga da Justiça - Snyder Cut (19/03/2021)
Godzilla Vs. Kong (03/04/2021)
Army of the Dead (23/05/2021)
Resident Evil: Infinite Darkness (08/07/2021)
Horizon Zero Dawn (22/07/2021)
O Homem do Castelo Alto - Livro (08/09/2021)
The Green Knight (14/09/2021)
Resident Evil Village (04/12/2021)
Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (19/12/2021)
Resident Evil: Welcome to Raccoon City (23/12/2021)
The Witcher - 2ª Temporada (27/12/2021)
The Batman (02/03/2022)
King's Man: A Origem (06/03/2022)
Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (08/05/2022)
Back to the Future: The Game (12/07/2022)
Indiana Jones and the Infernal Machine (21/08/2022)
Impressões sobre a franquia 007 (30/01/2023)
O Exterminador do Futuro - Novelização (31/01/2023)
The Last of Us - Seriado (14/03/2023)
Super Mario Bros: O Filme (07/04/2023)
Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes (01/05/2023)
Guardiões da Galáxia - Vol. 3 (14/05/2023)
Indiana Jones e a Relíquia do Destino (01/07/2023)
Oppenheimer (29/07/2023)
Barbie (31/07/2023)
Twisted Metal - Seriado (04/08/2023)
Batman 89 - HQ (02/09/2023)
Superman 78 - HQ (19/10/2023)
GoldenEye 007 - Novelização (19/12/2023)
007: Cassino Royale - Livro (29/12/2023)
Assassin's Creed Mirage (09/01/2024)
007: Viva e Deixe Morrer - Livro (05/02/2024)
Horizon: Forbidden West (24/03/2024)

The Last of Us - Parte II (04/01/2021)

7 0 0
By Goldfield

Terminei o jogo dia 31/12, após jogá-lo entre intervalos por praticamente 2 meses.

Estou dando uma pausa na revisão das minhas histórias à Amazon, para comentar a experiência.

Spoilers de toda a trama seguem abaixo.

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Como as pessoas que me seguem pelas redes sociais há mais tempo devem saber, eu não caio de amores pelo primeiro "The Last of Us".

O maior motivo foi o hype. Joguei o game no final de 2014, pouco mais de um ano após o lançamento. Tanto se falava sobre o quão revolucionário ele era, elencado até mesmo a um dos melhores jogos já criados, que o iniciei com a expectativa bem alta.

O resultado foi considerar o game muito bem feito, mas muito aquém da tal trama extraordinária esperada. Explicando: o primeiro jogo tem seu enredo centrado num trope (elemento / arquétipo narrativo) comum a várias obras de ficção: o protagonista de passado doloroso que se associa a uma criança, cria com ela uma relação paternal e é transformado no processo (sua jornada pessoal, geralmente, torna-se indissociável da jornada da criança, inclusive no sentido de protegê-la). Recentemente, "The Mandalorian" usou essa mesma premissa. Aposto que de cara você consegue se lembrar de várias outras obras que também fazem isso.

O problema, a meu ver, é que o roteiro do primeiro jogo não sai do feijão-com-arroz. Claro, é um feijão-com-arroz muito bem temperado e saboroso, mas não há nada de muito ousado ou provocador ali, em termos de enredo – e fui ao jogo justamente com essa sede. Ele executa o trope principal e outros tropes comuns a mundos pós-apocalípticos de maneira competente, e tem sua força realmente na questão técnica de como a narrativa é contada – harmonicamente atrelada ao gameplay, tendência que a Naughty Dog trouxe dos games da série "Uncharted". Porém, pela história em si contada, não consegui me envolver emocionalmente com muita profundidade – nem ser cativado como outros games já haviam conseguido.

Há algum tempo, joguei a primeira temporada de "The Walking Dead" da Telltale, e cheguei a postar que ele executou o trope do protagonista que se redime através de uma criança bem melhor que The Last of Us, além de ter uma ambientação pós-apocalíptica bem parecida.

A única virada mais marcante no primeiro jogo é o final. Ao invés da redenção, o Joel escolhe o caminho de privar a humanidade de uma cura, e realizar um massacre dos Vaga-Lumes, para salvar a Ellie. Respeito muito esse desfecho porque ele parte de um baita dilema utilitarista: manter viva a criança que deu novo sentido à sua vida, em detrimento de toda espécie humana, ou criar a vacina ao fungo que dizimou o mundo às custas da vida da menina. É um baita conflito moral, que inclusive já utilizei em aulas de Filosofia (alguém conhece o Dilema do Bonde?). E o melhor: a escolha de Joel não fica sem consequências. Elas finalmente vêm na continuação.

E que continuação, senhoras e senhores. Depois do feijão-com-arroz, é hora do filé mignon. Todo meu desafeto pelo primeiro jogo é totalmente convertido em admiração pela Parte II.

Em primeiro lugar, o jogo deve ser apreciado sem nunca perder de vista o ponto principal de seu argumento: quão destrutivo pode ser um ciclo de vingança entre duas pessoas; e o quão a violência é desumanizadora e capaz de gerar perdas, tornando cada vez mais difícil aos personagens se manterem íntegros diante da tentação de recorrer a ela num mundo devastado em que a sobrevivência exige seu uso.

Sempre admirei Hideo Kojima, criador da série Metal Gear, por sua proposta pacifista e antimilitarista de subverter a violência usada pelo jogador contra ele mesmo, tornando seu emprego questionável. "The Last of Us – Parte II" parte de um princípio muito similar, mas vai além.

No jogo, a ameaça dos infectados, embora exista, é colocada em segundo plano. Como a maioria das melhores histórias de apocalipse zumbi, o conflito humano toma o holofote. A grande questão que tudo permeia é: quais os limites? Até que ponto os personagens podem ir para compensar as dores que sofreram, infligindo mais e mais dor?

Percebam que todo mínimo inimigo humano no jogo tem nome – e a inteligência artificial inclusive grita de forma angustiante pelos companheiros toda vez que os derrubamos. Até os cachorros são nomeados. Cada morte causada pelo jogador tem peso. Bem rápido um roteiro supostamente preto e branco, no qual somos induzidos a tomar partido da Ellie tentando se vingar merecidamente da tortura e morte do Joel pela Abby, ganha inúmeros tons cinzentos.

Isso só fica ainda mais genial quando, na metade da experiência, tomamos controle da Abby. Quem me conhece sabe que adoro histórias em que os mesmos acontecimentos são contados por pontos de vista diferentes – razão de eu adorar tanto Resident Evil 2 e seus cenários A e B, nos quais jogamos alternadamente com os personagens. The Last of Us II faz algo parecido ao mostrar os três dias em Seattle tanto pela óptica da Ellie quanto da Abby, revelando que as duas são em grande parte iguais – vitimadas por perdas próximas e perigosamente tentadas à vingança para preencherem o vazio que as tomou.

Se Ellie gosta de viagens espaciais, cards de super-heróis e tocar violão, Abby é uma leitora voraz, entendida em medicina e colecionadora de moedas antigas. Ambas são extremamente humanas, capazes de amar e odiar, edificar e destruir. Ao término do jogo, é impossível pensar que a Ellie não faria o mesmo que a Abby caso fosse filha do médico morto pelo Joel no hospital. E, o mais intrigante: ao confrontar os Lobos para salvar Lev, Abby torna-se o próprio Joel, fazendo uma difícil escolha moral para proteger alguém a quem se afeiçoou. Indo contra tudo que acreditava ou considerava certo até então.

A autodestruição pela violência também surge pela luta entre as próprias facções em Seattle, cada vez mais exauridas pelo conflito contínuo; ou entre os Lobos, nos quais o líder Isaac torna-se mais cruel e autoritário do que a FEDRA (antes por eles combatida) jamais fora. Um cenário sanguinário e desesperador, criando no jogador a expectativa de quando os raios de sol retornarão em meio à tempestade – recuperando a inocência que considerávamos, principalmente no primeiro jogo, ainda passível de existência naquele mundo.

Também é bacana o quanto isso tudo é trabalhado via sutilezas. Não é preciso que um personagem se pegue refletindo "Oh, o que foi que me tornei?", ou tudo seja exposto em diálogos. A alternância de pontos de vista, flashbacks bem situados e dilemas vividos pelos personagens se encarregam, por si mesmos, de expor as transformações dos personagens e o sentido da narrativa. É um jogo escrito magistralmente.

Como mencionei a escrita, acho importante mencionar dois pontos do enredo muito criticados pelos jogadores na Internet – e a razão de eu discordar totalmente dessas implicâncias:

- A morte do Joel foi apontada como "forçada", havendo argumentos quanto a ele jamais ser capaz de cair numa armadilha como a da Abby. Antes de jogar, acreditei que a morte havia se dado num contexto de "Oi, somos um grupo de sobreviventes. Venha conhecer nosso esconderijo!" ou situação similar – que aí sim seria forçada. Porém, jogando, descobri que o encontro do Joel e da Abby se dá numa nevasca, com uma horda de infectados passando pela região. A urgência da situação permeia todo o gameplay, e o roteiro toma inclusive o cuidado de colocar a Abby salvando Joel e Tommy de uma situação difícil (na estação de bondinhos), estabelecendo um vínculo de confiança. Dadas as circunstâncias, faria sentido, sim, eles a seguirem. Absolutamente nenhum problema aqui.

- O final. Também por exagero e distorção dos comentaristas de Facebook, acreditei que a Ellie deixava Abby e Lev fugirem sem mais nem menos, inclusive com a frase "Eu te perdoo!". Mais uma vez, o roteiro tem o cuidado de encaminhar muito bem os acontecimentos, inclusive a Abby poupar a Ellie durante o confronto no teatro – já abrindo caminho à recíproca – e a seção final do enredo ser carregada de tensão e perdas, com o ciclo de violência entre as duas chegando às últimas consequências. A Ellie simplesmente tinha que interromper a espiral de ódio ali. Isso, aliás, é respeitar seu desenvolvimento como personagem. A verdadeira maneira de honrar a lembrança do Joel. E, como sempre, o jogo tem coragem de trazer consequências às escolhas de seus protagonistas. Depois de tudo, restam a Ellie lembranças e solidão. E confesso estar muito curioso quanto a como desenrolarão isso numa eventual Parte III.

Para não falar que não há defeitos, acredito que a campanha se estende um pouco além da conta. A mesma tônica do final poderia ser mantida com a trama terminando em Seattle. Abby capturada pelos Lobos ao invés dos Cascavéis, talvez? Embora considere o salto de anos importante, mostrando Ellie na fazenda com Dina e o bebê para reforçar o que ela perde ao escolher novamente a vingança, confesso que a trama poderia ser encurtada.

Este jogo também foi acusado de "lacração", como ocorre com diversas obras da cultura pop atualmente. Ele nada faz além de narrar uma história num mundo em que pessoas LGBTQI+ existem – igual ao mundo real, quem diria? Além disso, as questões de representatividade sequer compõem o enredo central – baseado nas repercussões da vingança e violência, como já comentado.

O ponto da narrativa em que há uma crítica social mais palpável é a introdução dos Serafitas (chamados pejorativamente pelos Lobos de "Cicatrizes"), uma das facções lutando pela Seattle pós-apocalíptica que consiste num culto religioso milenarista. Ao abordá-lo (principalmente no gameplay da Abby, quando encontramos Lev, perseguido por ser transgênero), há diversas discussões sobre fanatismo religioso – embora, como tudo que o jogo se propõe a debater, de forma sutil e contida; transmitindo o básico da mensagem sem sequer se aproximar de uma proposta panfletária. Até mesmo o arco de Lev é subentendido, por boa parte do jogo, como sua decisão de raspar os cabelos – questão que inclusive permeia segmentos religiosos reais e acaba se tornando outra ótima sacada do roteiro.

Vejo a polêmica em torno deste jogo como algo muito parecido com o que rolou em relação ao filme "Star Wars: Os Últimos Jedi" (o que previ desde antes do lançamento): uma obra mais ousada e menos previsível em termos de narrativa, também marcada por questões de representatividade, execrada pelos "nerds" em grande parte devido a esse segundo ponto, que torna o primeiro alvo de pedradas muitas vezes injustificadas.

Se por um lado vemos o quanto o meio, infelizmente, tornou-se preconceituoso, por outro é clara a tendência que a cultura de fã quer cada vez menos ser surpreendida e instigada, sempre exigindo a mesma narrativa feijão-com-arroz – por mais que, por trás de um molho pouco usual, esteja uma refeição bem mais apetitosa.

Aos que se propuserem a prová-lo, acredito vivenciarem uma das melhores experiências em games dos últimos anos. E que me fez encarar essa série com olhos bem mais interessados que antes.

No aguardo da Parte III. E que os roteiristas não se acovardem, contando as histórias que realmente tenham paixão em contar.

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