Blood Eyes

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 Os projéteis da atiradora perfuravam o ar e destruíam em estilhaços os inimigos em seu caminho. Prinsbow sorriu ao ver o cavaleiro atravessando a porta com a pequena alquimista em suas costas, e uma sensação de alívio e talvez companheirismo logo floresceu em seu coração.

 Mas esta não era hora para comemorar, Corvinal estava claramente ferido e quase foi ao chão. Little Forest desceu das costas do corvo e tentou acudi-lo.

- Corvinal! Você está bem?! - Perguntava a criança, buscando reação no corpo quase imóvel e ajoelhado no chão de pedra.

 Os Undeads continuavam a ir na direção deles, uma pequena massa de ossos que parecia crescer a medida que se aproximava. Não havia tempo para perder naquele lugar, precisavam correr e se juntarem aos outros.

- Rápido! Não temos tempo!

 Little Forest ajudou o cavaleiro negro a se reerguer e tentou apoiá-lo em seus ombros, uma visão complicada até para Prinsbow, aqueles dois iriam morrer neste ritmo. A atiradora pensou em dizer para a criança descartá-lo... Mas ela sabia que isto não aconteceria, ela não soltaria seu salvador sem lutar.

 Prinsbow então se pôs a correr. Sua dívida com a criança já havia sido quitada, então ela precisava sobreviver e não ser atrasada pelos dois, por mais que isto soasse cruel em sua mente.

- Vai ficar tudo bem - Murmurava Alice para si mesma, tentando afastar as trevas em seu coração e persistir.

 Com passos ágeis, a garota de cabelos loiros rapidamente alcançou a porta escura no fim do corredor, a mesma escuridão dá qual estes monstros surgiram. O que havia além era um mistério, poderiam haver armadilhas, mas pensar nisto era irrelevante. Os pensamentos de Prinsbow estavam nos dois que deixara, mas seu corpo agia pelo instinto de sobreviver e logo ela atravessou a trevas.

 Novos caminhos pareciam existir agora, mas estava escuro demais para sua visão humana. Prinsbow não havia levado tochas consigo, e procurar incendiar algo neste lugar desconhecido era uma má ideia.

 Se permanecesse parada poderia ser atacada por um inimigo no breu, ao mesmo tempo que não poderia se guiar a um local seguro. A resposta para tal dilema, era apostar na sorte.

- Juro que este dinheiro não está valendo o risco - Murmurou Alice.

 Caminhar pela escuridão, guiada pelo próprio acaso. As possibilidades eram muitas, ela poderia ser pega numa armadilha ou mesmo encontrar um monstro gigante. Apesar de sua formidável habilidade com uma balestra, Prinsbow tinha medo de lutar sozinha, afinal suas opções se limitam muito se não tem alguém para distrair o adversário. Entretanto, havia a chance dela sozinha encontrar a saída deste lugar, mesmo que isto parecesse fantasioso demais.

 Tudo que fora esperado, acabou por não se tornar realidade. Alice sentiu levemente o chão ceder abaixo de seus pés, e antes que pudesse reagir seu corpo estava em queda e um grito escapou de sua boca. A garota despencou em uma enorme pilha ossos e cadáveres, pouco a pouco foi rolando até alcançar novamente um chão de pedra, sendo este de um andar inferior.

 Sem dúvida alguma aquilo havia lhe ferido, mas de certo modo os ossos podres amorteceram sua queda repentina.

 Com aquele cheiro intragável de morte no ar, Prinsbow começou a tossir enquanto se levantava, Foi neste momento que percebeu a presença de alguém lhe observando. Frente a Alice, se encontrava um garoto de cabelos loiros, vestindo uma cota de malha com os braços cruzados de forma impaciente.

- Cain...

- Imaginei que de um de vocês também cairia aqui, então me mantive esperando. Mas infelizmente, foi você - Resmungou o espadachim.

Corvinal - A Maldição do CorvoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora