O Diabo de Santa Claus • JiKook ✓

❄| Capítulo 3 |❄

- O vovô Noel disse que sim, mas ele não estava tão certo disso. - Jimin mordeu o interior das bochechas. - Na próxima vez, tenta não ameaçar me jogar no calabouço, porque acho que não vou conseguir correr tão bem.

Jungkook mudou o peso do corpo de um pé para o outro, sentindo-se um pouco mais incomodado do que antes.

Estranho. Em toda a sua vida ele só se importara consigo mesmo.

- Se está tão ruim assim, porque veio dançar com essas pessoas? - questionou, querendo mudar o foco da conversa.

- Não estou dançando. Vim ajudar o vovô a entregar os presentes de Natal, veja...

Jimin puxou uma sacola robusta que até aquele momento estava escondida pelas sombras da multidão. Após ela ser aberta, o filho do duque pôde vislumbrar dezenas de brinquedos.

- Quer me ajudar a entregar? - perguntou o menino inocentemente.

- Por que eu deveria fazer isso?

- Porque fazer pessoas felizes faz bem pra alma, senhor filho do duque. Venha, ajude-me!

Jimin jogou a sacola nos braços do garoto e o puxou para guiá-lo pelo amontoado de pessoas.

Cada vez que viam uma criança sem nada em mãos, Jungkook era incentivado pelo outro a dar a ela um dos brinquedos. No início, ele fez tudo de forma hesitante, um pouco tímida até, achando aquela situação inédita e esquisita.

As pessoas sempre o presenteavam, ele nunca precisou ou sentiu necessidade de dar algo em troca, e nem considerava esse um ato simbólico.

Foi somente após receber inúmeros sorrisos e palavras de gratidão genuínas que a parte frígida e indiferente de sua alma começou a amolecer.

E o semblante satisfeito de Jimin também era uma visão até que um pouco prazerosa de se ter.

Quando enfim esvaziaram a sacola, os dois se sentaram lado a lado num tronco caído que havia por ali e começaram a conversar.

- Quando você virá novamente para a cabana do vovô Noel? Ainda quer aprender a mexer em madeira?

- ... Talvez eu queira...

- Ah, diga logo que quer! - Jimin cutucou-lhe o braço usando o cotovelo.

O jovem nobre suspirou fundo.

- O meu pai não pode saber disso. Ele espera que eu aprenda a usar a espada, e não perder tempo com outras coisas.

- Compreendo... - Jimin cruzou os braços e pensou em algo. - Hm, você pode continuar fingindo que está comigo para treinar com a espada.

- ... Eu não deveria mentir. Mentir é pecado.

- É?

- Claro que é.

- ... Então quem mente irá para o Inferno?

- Decerto que sim.

Jimin refletiu um momento sobre aquilo.

- Então acho que os meus pais devem estar lá... Eles mentiram para mim quando disseram que voltariam para me buscar no dia em que me deixaram sozinho naquela floresta.

Jungkook o encarou emudecido, sem saber como reagir àquela triste história.

- Bem, eu acho que também vou para lá - continuou Jimin, entre sorrisos acanhados -, porque precisei mentir algumas vezes para conseguir comida.

- ... Não fale isso. O padre da capela diz que Jesus perdoa os necessitados. Eu acho... - O nobre contraiu os cantos da boca. - Jimin, você não tem medo do Inferno?