Lembre de mim [Keith Kogane]

Como areia em meus dedos

Não segurei meu grito de fúria. Ninguém estava lá para ouvir e julgar-me delinquente.

Faziam seis meses desde que a Missão Cérbero foi dada como falha. Desde que Matt e Shiro sumiram com o Capitão Holt e que o Adam entrou em depressão. Fui expulso da Garrison faz cinco meses.

Shiro entrou na minha vida quando eu havia desistido de ter uma família novamente. Foi invadindo minha rotina e coração aos poucos, logo reclamando seu espaço permanente em ambos.

Matt veio logo depois. Foi meu único amigo naquela escola de merda. A gente às vezes aprontava juntos.

O Adam ... sinceramente, por muito tempo achei que ele seria só "o namorado chato do meu irmão", mas acabei afeiçoando-me a ele depois de uma fatídica noite onde eu não sabia nada de uma prova que ocorreria na manhã seguinte e ele me explicou tudo desde o início. Ganhei um notão no dia seguinte.

Mas, como aconteceu com o Papai, eles se foram.

Shiro e Matt com certeza não escolheram sumir, mas Adam estava bem consciente e sóbrio quando deixou de visitar-me e falar comigo e preocupar-se com minha integridade física, mental e psicológica.

Não o culpo. Eu não valho a pena. E parece que todos que se aproximam e passam a se importar comigo acabam morrendo ou sofrendo muito.

Por isso decidi que voltaria para a minha casa no deserto e passei a investigar ondas de energia estranhas. Eu meio que sentia que isso traria os dois de volta. Sentia-me responsável pelo que aconteceu.

Porém, tinha saudades de poder pilotar no simulador e ver o Adam todos os dias (mesmo com ele depressivo) e ... bom ... ver o Alfaiate todo dia, também. Só um pouquinho.

Não é como se eu tivesse um crush ridículo em alguém que nem sabe da minha existência. Jamais!

Cocei minha cabeça, voltando a analizar os dados em meu quadro.

— Eu vou achar vocês. Nem que demore décadas e que eu tenha que puxar vocês dois pela orelha. — prometi, segurando o choro — Eu ... provavelmente vou me afastar depois ... porquê todos que eu amo parecem sofrer por se aproximarem de mim, mas ... lembrem de mim ...

"Falando sozinho de novo", repreendi-me. "Não é como se eles fossem te ouvir ou tivessem a obrigação de lembrarem de um delinquente ansioso como você!"

Catei meu capacete, minha câmera e a chave de minha Cybermoto. Voei até as montanhas rochosas que investigava, decidindo escala-las um pouco.

"Vocês podem não se lembrar de mim, mas eu lembrarei de vocês. E não vou descansar até encontrá-los!"