A sensação de impotência soca meu estômago. Quem definiu isso? Eles combinaram ou Eric tirou isso da própria imaginação? Balanço a cabeça. Não importa. Eu não vou ficar aqui para pagar pelos pecados de outra pessoa. Se eles acham que irei aceitar isso tudo passivamente estão muito enganados.

— Isso é um absurdo! — Jogo longe os meus cobertores, pulando para fora da cama. Elas não esperavam essa reação, me olhando surpresas. — Onde ele está?

Ninguém me responde, e eu não estou com paciência para esperar. Já esperei por tempo demais. Meto a mão na maçaneta e saio do quarto, pouco me importando com a altura do meu pijama. Depois do dia anterior, não será isso que irá me deter. Nada se compara àquela humilhação. Marcho pelos corredores como um touro em fúria, sem saber direito para onde estou indo. Esse lugar é imenso, mas ficar parada não é uma opção.

Clara, Emi e Nara me seguem, tentando me convencer a voltar para o quarto. Nara tenta me segurar pelo braço, mas faço-a me soltar apenas com o olhar. Na certa, temendo que eu fosse usar os dentes.

— Sofia, por favor! — Clara implora atrás de mim, mantendo certa distância. — Volta com a gente, podemos te explicar

Não — rosnei. — Não vou a lugar algum enquanto não encontrar... — É o tempo de eu virar o corredor e me deparar com filho da mãe parando de repente, erguendo uma das sobrancelhas para mim.

Os passos das meninas atrás de mim também cessam.

Eric. Tão lindo quanto desgraçado, o corpo perfeito de um predador disfarçado por debaixo do terno elegante. Qualquer mulher estaria hipnotizada por seu rosto perfeitamente lapidado, seduzida pelos seus olhos tão afiados quanto os de uma serpente.

Mas eu não. Tudo o que eu quero fazer é socá-lo.

E é isso que tento fazer.

Apesar do medo, fecho os punhos e ando a passos pesados até ele, então jogo minha mão contra seu rosto, esperando pegá-lo desprevenido. Quero bater nele tão forte que rasgue sua bochecha, mas sei que não tenho força para isso. Mas agora nada importa, eu só quero machucá-los pelo que fez comigo. Meu pulso é segurado no ar com um barulho seco, de pele batendo contra pele. Estou respirando afobada e rápido quando encaro seu rosto, uma sobrancelha erguida, a mão levantada me segurando a centímetros de atingir seu rosto.

Mesmo dessa distância, há o silêncio sepulcral. Nem uma respiração fora as nossas. Minha e dele. A minha alta e com raiva; a dele controlada e calma. As três meninas atrás de nós sequer se movem, e acho que nem respiram também.

— E-Eric, olha, não é o que...

— Eu quero que você me explique agora o que significa isso! Elas disseram que eu sou um pagamento de dívida! — interrompo a voz trêmula de Clara, sobrepondo a minha. Olho para Eric com ferocidade, raiva, ódio e, lá no fundo, um poço de medo. O abismo negro que são seus olhos me encaram de volta, sem demonstrar emoção. — Saiba que eu lido com uma sala de quarenta crianças de sete anos todos os dias. Sabe o que é lidar com você perto disso?

Eu não sei como essas frases estão saindo pela minha boca, mas elas simplesmente escapam, dançando pela minha língua.

Eric não desvia os olhos nenhum segundo dos meus, e começo a sentir as pernas fraquejarem por isso. É difícil sustentar esse olhar, é quase impossível segurar a vontade de desviar. Seus olhos são como um buraco negro, sugando toda a coragem que tive até agora.

— Oh, certo, ela quis te dar um tapa, foi isso mesmo? — A voz de Emi soa atrás de mim, carregada de sotaque cinismo. Ela parece bem chateada. Algo que eu disse? — Ela morde, dá tapas, te olha como se quisesse te matar... essa garota é um caso perdido, sem chances. Que tal então você desacordar ela, pegar os órgãos e vender? Problema resolvido!

Enquanto ainda nos encaramos, tento tirar meu pulso da posse de sua mão com força. É claro que não surte efeito. Ele continua me prendendo. Já estou de saco cheio disso! Então afino os olhos para ele, sussurrando com ódio:

— Se quer me matar, faça isso logo.

Eu posso estar sendo muito ousada e corajosa. Eu sei. Mas o que mais tenho a temer? Esse homem já tentou me vender. E eu já passei muita coisa na vida para permanecer aqui, estática, sem fazer nada. Só sentindo medo. Esperam que eu fique escondida, tremendo de medo, esperando eles decidirem o que fazer comigo? Que me mate então. Se meu destino é esse, não vou esperar sentada!

— O que está esperando, Eric? Essa vadi...

— Cala a porra da boca, Emily. — Sinto as paredes e o chão balançarem com o som da sua voz. — Ela é meu desafio pessoal. Eu decido o que faço com ela.

— Eu decido o que faço comigo mesma — rosno para ele, atraindo sua atenção de novo.

Eric me avalia.

E me solta.

— Saiam. Quero ficar sozinho com ela. — Ele ordena para para as três atrás de mim. Sem tirar os olhos de mim. — Eu estava mesmo querendo conversar com você, Caligari.

De novo ele me chamando por esse sobrenome.

As meninas atendem sua ordem sem pestanejar, embora Emi demore um pouco, contrariada. Tenho certeza que vou ter que enfrentar as consequências de ter dedurado elas depois... Mas vou deixar isso para depois. Estou lidando com o próprio demônio desse inferno agora.

— É Neri — corrijo. — E Conversar? Conversar com você? Depois do que você fez? Eu quero te ver morto. Eu não vou...

— Não vai? — Ele enfia a mão no meio da jaqueta de linho preta bem-passada, tirando de lá um... papel? — Isso é o seu Plano de Vida. Acho que vai querer saber o que preparei para você.


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Oláaa queridas... tudo bem? Desculpe o atrasinho, aconteceram coisas ontem que me desanimaram e não consegui postar. Agora vocês finalmente vão conhecer esse tal Plano de Vida! rsrsrs

O próximo capítulo não vai ser um capítulo propriamente dito, porque vamos postar os avatares dos personagens. Então a continuidade sai quinta-feira! :) 

Espero que tenham gostado, deixem um votinho e um comentário se puderem!!

Beijos!

DOMINADA PELA MÁFIA - SÉRIE BLOOD & SWEETحيث تعيش القصص. اكتشف الآن