CAPÍTULO 6

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Não sei por quanto tempo prendo a minha respiração. Mas quando a solto, é o suficiente para me fazer entender o que vai acontecer se eu não me mexer agora.

Em uma onda de coragem, tento me soltar, dando um chute com a outra perna, o qual ele desvia facilmente.

— Você tá louco? Eu não vou pagar nada!

Ele me aperta mais forte. Eu gemo sem querer. O som doloroso parece errado aos ouvidos, e ainda mais quando o vejo morder o lábio inferior suavemente. Dura apenas um segundo. Talvez tenha sido só uma impressão minha...

Mas o mais errado de tudo é o arrepio que essa imagem me traz.

— O que diabos... Quem é você?! Onde eu estou e por que está fazendo isso?! — eu grito, extremamente incomodada, furiosa e com medo. Mais furiosa do que com medo agora. — Eu disse pra me largar de uma vez.

Suas sobrancelhas se franzem, e ele não abre a boca para me responder. Minhas tez se enruga, em uma expressão de raiva. Então, só então, ele alarga o aperto e solta meu calcanhar

Vou até o outro lado da cama em segundos e dessa vez ele não tenta me pegar. Só fica ali em pé, me encarando como se pudesse devorar a minha alma. Engulo em seco, tentando manter o meu queixo o mais alto que consigo.

— Sempre as mesmas perguntas... — ele resmunga, mas para si mesmo. E depois diz enfático para mim: — Você já se perguntou quem você é, senhorita Caligari?

Minha expressão é tomada por confusão. Tanto pela pergunta sem sentido, como pela forma que ele me chama.

— Meu sobrenome é Neri — cuspo. — Você se enganou. Pegou a pessoa errada!

— Dê a sua mão.

Fico ainda mais confusa quando ele me corta, estendendo sua palma para frente, para que eu pegasse. Sua roupa social vinha até a borda, deixando à mostra um relógio de prata, anéis e tatuagens cobrindo até o pulso.

É claro que eu nem me mexi.

Seus olhos dourados brilharam em chamas.

— Segure antes que eu perca a paciência.
E é claro que eu não espero nem um segundo para me arrastar e, com cautela, pousar minha mão sobre a dele estendida. Devagar... porque eu sentia como se eletricidade passasse da sua pele para a minha.

Na mesma hora seus dedos se fecham, prendendo minha mão como uma planta carnívora e me trazendo violentamente para perto. Meu corpo dá uma guinada para frente, e deixo escapar um arfar surpreso pelo puxão.

QDe uma hora para outra, estou tão perto do seu corpo que sinto seu perfume possuir meus sentidos. É daqueles que custam uma fortuna, forte, amadeirado. Tão único que eu nunca senti na minha vida, portanto não sei descrever. Só sei que é... entorpecente.

Deixa minhas pernas bambas.

Então sua voz rouca sussurra no meu ouvido, à medida que seus dedos se fecham cada vez mais contra os meus.

— Nunca se perguntou por que seu falecido avô viajava tanto? Era tão estúpida que nem cogitou os boatos?

— Você está me machucando...

— E sabe por que tudo isso? — ele me ignora.

— Sabe por que Marco Caligari se escondeu por trás de um sobrenome qualquer na América do Sul?

Do que diabos esse lunático está falando?!

— Do que inferno... — Eu tento puxar minha mão, tento me afastar, mas ele me mantém presa no lugar. Perto dele. De seu cheiro. Dos músculos. E do seu aperto. Mesmo assim, minha irritação sobressai. — Escuta aqui, eu não sei quem é você, não sei o que estou fazendo aqui, mas chega dessa merda de brincadeira! Meu avô se chamava Gilmar, e ele morreu. Eu não estou entendendo nada que sai da sua boca, é preciso ir trabalhar! Então me larga agora, ou eu vou...

DOMINADA PELA MÁFIA - SÉRIE BLOOD & SWEETWhere stories live. Discover now