Talvez fosse aquilo faltando em si, a chamada autoconfiança ou, como acreditava, talvez fosse covarde demais para lidar com tudo o que aquela conversa poderia trazer ou, quem soubesse, levar.
— O mundo precisa de mais pessoas como a professora Hils. — afirmou Léia, dando uma colherada no seu iogurte de frutas.
— Concordo. — disse Yara. — Eu gostei do que ela disse para a Noelle no capítulo quinze. Com certeza é muito mais mãe pra ela do que Carmélia um dia possa ter sido.
— Totalmente! Convenhamos, aquela mulher é o rascunho do satanás! — quase sussurrou a última parte, não querendo chamar atenções desnecessárias para a mesa delas, já que o refeitório se encontrava cheio. A preta assentiu em concordância. — Lembro do dia em que eu cheguei em casa chorando, porque tinha comentado sobre minha orientação sexual na escola, e duas meninas da minha turma falaram que eu iria pro inferno. — riu sem humor. — O meu pai me disse mais ou menos as mesmas coisas que Hils falou pra Noe. Que as pessoas tendem a ser hipócritas e tóxicas, por isso, eu não devo me sentir errada por amar e querer ser feliz. Foi a partir daí que eu deixei de me sentir esquisita e anormal por, simplesmente, gostar de pessoas, no geral. Ele me fez perceber que isso faz parte de quem eu sou e eu não tenho que fugir, porque fulano ou beltrano aponta como sendo algo, sei lá, sujo ou totalmente inaceitável. Ninguém precisa aceitar. Eu é que tenho que fazer isso comigo mesma.
— Nossa, ele parece ser uma pessoa incrível! — deixou escapar, sorridente, cativada pela admiração com que ela lhe falava do pai.
Inevitavelmente lembrou do seu e, consequentemente, da conversa pendente que tinham.
— Ele é. — confirmou, voltando a degustar seu lanche, antes que o tempo de estar ali se esgotasse, e tivesse que voltar para a sala de aula.
Lacerda também ocupou-se em comer o que sobrara na sua bandeja, posteriormente pegando nos seus pertences para ir deixar o espaço, quando começou a se esvaziar.
Fechou o zíper do bolso da frente da sua mochila e a apanhou de cima da mesa, revelando por baixo o livro que ali pousara, ao tomar lugar à mesa.
— Recontos da mente. — Léia leu o título na capa parda, elevando o olhar brilhante para a preta já em pé. — Tu lê os livros da Carol Tana?!
— Sou fã número um, na verdade. — ergeu o indicador, orgulhosa. — Acho que posso dizer que cheguei quando tudo era mato, pois, eu acompanho a carreira dela desde o Wattpad e já li todos os livros, menos Quando cai a última folha. Aquele que ela lançou no mês passado. Sabe qual é? — Léia assentiu. — Então, eu nem consegui ir ao lançamento. Queria muito. Soube que, em menos de uma semana, os exemplares simplesmente esgotaram em todas as livrarias. Nunca tive dúvidas de que ela é espectacular!
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No Compasso das Estrelas | ⚢
Teen FictionPara uns, Porto Baixo não passava de uma cidadezinha praiana esquecida num canto qualquer da Costa Este e assolada pelas altas temperaturas. Para outros, deveria ser considerado um dos melhores destinos turísticos do país, devido às suas praias de a...
Capítulo 13
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