É intimidante estar na presença de mulheres tão bonitas enquanto estou descabelada e de pijama. Não chego nem aos pés de nenhuma delas...

— Q-quem são vocês? — Sinto raiva de mim mesma por ter gaguejado. Estou em território inimigo, não posso demonstrar sinais de fraqueza.

— Nós já nos conhecemos, honey — A loira diz, ajeitando o cabelo. — Mas caso queira saber nossos nomes, eu sou a Emi. — Ela aponta para a morena e depois para a menina asiática. — Essas são a Clara e a Nara.

Não é bem o nome delas que eu queira saber, mas o que elas representam nessa loucura generalizada que estou vivendo. Mas tudo bem, quanto mais informações eu puder obter do inimigo, melhor.

— Não vai nos agradecer? — Nara me pergunta de repente, é a primeira vez que ouço a sua voz rouca e... como posso dizer? Muito sensual.

Franzo a testa. Não há nada a agradecer para ninguém aqui.

— Pelo quê?

— Foi difícil convencer o Eric a nos deixar te dar alguma roupa — Clara diz, com uma voz baixinha e dócil.

— Ele só aceitou se fosse pijama. — Emi diz. — Sinta-se grata.

Eric. O nome faz algo disparar dentro de mim e eu agarro o cobertor com força, tentando me proteger.

— Ele quem mandou vocês aqui?!

Elas se entreolham e caem na gargalhada. Minhas bochechas esquentam enquanto tento entender o que é tão engraçado.

— Oh não, nem pensar — diz Emi.

— Ele vai é reclamar quando nos encontrar aqui — Clara continua rindo, sem aparentar muito medo.

— O que vocês são dele? — pergunto, ainda mais confusa.

— Digamos que... Família. — Clara sorri, enrolando um dos seus dedos nos cachos.

Elas eram da família daquele monstro? E pior: ele tinha consideração por algo chamado família? E por que teriam feito algo por mim, que nem as conheço, e ainda posso acabar causando problemas para elas? Minha cabeça se enche de perguntas e mais perguntas. No meio disso, Emi continua me olhando, tombando o pescoço para o lado. Eu fico desconcertada, me recolhendo. Ela dá uma risada baixa, como se visse algo que eu não enxergo. Algo no meu rosto.

— Sabe, honey, você foi muito corajosa ontem à noite. — Emi disse, balançando seus cabelos dourados. — Nós apreciamos isso. Quando te conheci, pensei que você fosse só uma tolinha assustada, com aquela pintura na cara.

Quis perguntar da onde ela me conhece, mas Clara emendou:

— Eu não imaginei que uma professora de jardim de infância... fosse tão... tão feroz! Como Eric percebeu isso?

A palavra "jardim de infância" me faz murchar, nublando o resto da frase. Passou-se um dia e eu não fui para o trabalho. Um dia inteiro, e eu não tive tempo de pensar nas crianças, como faço todas as noites. Pensar em cada um, e como posso fazer para ajudá-los, elaborando brincadeiras e ensinamentos para colaborar com a inteligência e o aprendizado de um por um, principalmente os que levam um tempo diferente para aprender, como o Pablo e a Eduarda. Essas crianças precisam de mim, e do que eu tenho a oferecer. E eu estou aqui, numa situação irreal demais para acreditar...

Com a expressão triste e recolhida, também lembro de quando conheci Eric, e sua súbita mudança de planos para mim. Aquilo foi tudo atuação? Ele sabia desde o começo o que queria que eu fizesse? Ele queria... que eu matasse aquele homem? Por quê?

DOMINADA PELA MÁFIA - SÉRIE BLOOD & SWEETWhere stories live. Discover now