Spaces Between Us

Jaqueta de couro

Mais uma manhã em Londres, mais uma tigela de sucrilhos.

Ligo a TV para fazer algum barulho e sento no sofá. Não estou exatamente assistindo TV, mas sim pensando na noite anterior com Harry.

O que foi aquele delírio no meio do encontro? Meu Deus, que vergonha! Eu lá, imaginando besteira, e o Harry me olhando sem entender nada. Se bem que não era besteira. Não totalmente.

Ora, estava frio, muito frio, era normal eu querer um beijo para me esquentar. Meu Deus, o que estou dizendo?

Enfio uma colher cheia de sucrilhos na boca tentando suprimir meus pensamentos, quando o celular toca. Uma nova mensagem. Pego o celular.

Alguém ficou com a minha jaqueta ontem. Quando vai me devolver ela?
                                               Harry

Sorrio.

Nem tão cedo. - Respondo.

Envio. O celular vibra de novo.

Pretende fazer coisas ocultas com elas?

Talvez eu dê umas voltas com ela, se o dono dela não se importar.

Por que eu iria me importar com uma garota linda usando minha jaqueta?

Desligo a tela e mordo o lábio. Ok, definitivamente tem algo acontecendo aqui. Ligo a tela novamente.

Porque ela iria deixar seu perfume altamente feminino na sua linda jaqueta masculina.

Não vejo isso como um problema. Adoro perfume feminino.

Frase de mulherengo.

Frase de um apreciador de perfume.

Uma pausa.

Quando vamos nos ver de novo, garota perfumada?

Por mim, hoje mesmo.

Precipitado, arriscado, desesperado, mas sincero.

Então estamos com sorte.

Por quê?

Porque eu também quero te ver hoje.

Pausa para um sorriso.

Então, onde vamos hoje?

Eu escolho.

Você escolheu da última vez. Não é justo.

Tudo bem, então escolha.

Paro e penso. Quem eu estou tentando enganar? Eu não conheço Londres, quem mora aqui é ele e não eu.

Ok, você venceu, eu não conheço Londres. Onde vamos?

Surpresa. Mas não se preocupe, você vai gostar.

Tenho certeza que vou.

Esteja pronta às oito e vista algo bem flexível.

Flexível???

Desculpe, me expressei mal. Confortável.

Ok.

Ok.

Ai meu Deus, pare de flertar comigo.

Isso aqui não é A culpa é das estrelas Katherine. E ninguém morre no final.

Ainda bem.

Risos.

Te vejo às oito. - Diz ele.

Estarei lá.

Desligo a tela e paro para pensar. Droga, vou ter que ligar para a Marceline de novo. As ligações para o Brasil não são nada baratas. Mas é por uma boa causa.

Segundo encontro, aqui vamos nós.