Ou um pesadelo.

Um grande pesadelo onde eu não conseguia entender o que estava acontecendo.

Quem era Sophie?

Encaro novamente a garotinha da foto, tão jovem, seus olhos parecem encarar diretamente os meus e sinto minha cabeça doer tanto que acabo ficando tonto.

A cena deplorável se estendeu por mais alguns segundo até que eu tivesse forças suficientes para me colocar de pé.
Carrego alguns dos recortes e a foto junto comigo para fora do escritório.

Marie naquele instante observava minha mãe descer as escadas vagarosamente e parece se assustar ao ver o estado em que me encontro parado no vão da porta.
Consigo ver a dor que o olhar de Winifred Taylor carrega ao dirigi-lo à mim, e só os desvia pouco antes de se sentar no sofá.

Me aproximo dela e lhe estendo tudo que carregava em minhas mãos, recebendo um soluço contido em resposta.

- Quem.. quem é Sophie? - falo com a voz baixa e mais rouca que o normal, com as mãos trêmulas minha mãe pega os recortes e as fotos - eu preciso saber, agora!

Sento na mesinha de centro e afundo os dedos em meus cabelos.

- Soph era sua irmã, Roger... - minha mãe responde em um fio de voz, meu corpo todo estremece mas não saio da minha posição, apenas fecho os olhos quando sinto mais pontadas em várias áreas da minha cabeça. -, vocês era tão apegados e unidos.

O tom de voz em que cada palavra era proferida possuía um peso brutal, uma dor que só a mãe que perdeu um filho sente.

- Naquela noite você iria levá-la até a aula de dança, mas não conseguiram chegar até lá - ela inspira uma grande quantidade de ar antes de prosseguir -, alguém estava seguindo o carro, vimos por algumas câmeras que tinham por perto, ao tentar despistá-los um outro carro os atingiu, o lado em que Sophie estava sentada foi o mais danificado. Você não podia estar dirigindo, mas resolveu aceitar o pedido dela, o seu aniversário estava perto e era um pedido antecipado, eu devia ter impedido.

Balanço a cabeça negativamente quando a ouço chorar baixinho.

- Eu sei que você se sentiria culpado, sim, você se sentiria culpado. Quando o médico que cuidou de você nos informou que você simplesmente não lembrava de nada, eu vi que não deveria lhe fazer passar por toda a dor de saber sobre Sophie, seu estado poderia se agravar, suas lesões na cabeça podiam se tornar mais severas e....

A cada palavra eu ficava mais incrédulo, não conseguia acreditar no que meus ouvidos ouviam naquele momento.

- Você escondeu... você escondeu que eu tinha uma irmã? Escondeu que ela tinha morrido, eu nem sabia da droga desse acidente, eu não sabia nem que eu não lembrava de certas coisas.. - levanto-me abruptamente de onde eu estava sentado -, como ousou fazer isso? você não tinha esse direito!

Aponto o dedo na cara da senhora que a cada palavra minha se encolhia mais e mais no sofá caro.

- Eu estava fazendo isso pro seu bem, Rog.

- Pro meu bem? Pro inferno se isso era para o meu bem - dou uma risada sem humor e mais lágrimas escorrem dos meus olhos -, eu não sou um boneco fantoche que você pode fazer o que quiser, era a minha vida, a minha irmã, e eu nem lembro dela! - termino com a voz falha.

- Roger, por favor, tente entender... tente..

Pego a foto de Sophie em cima do sofá e saio da casa batendo a porta da frente. Entro no meu carro e piso no acelerador, o som dos pneus contra o asfalto ecoam alto pela rua. Sinto dores lacerantes no coração, a dor de perder alguém que aparentemente eu amava me atinge por completo. Me sinto perdido e agora entendo o porquê de sempre me sentir incompleto também.

Não me dou conta quando estaciono o carro na frente do pequeno bar e entro no estabelecimento. Ainda era cedo então o ambiente estava quase vazio se não fosse por mim e mais duas pessoas.
Sento na banqueta que fica na frente do balcão e espero até que uma moça me atenda.

- O que vai querer? - sua voz é firme, e os olhos curiosos parecem me analisar, talvez o meu estado não fosse dos melhores, a ponta do nariz avermelhada e os olhos inchados e molhados denunciavam que eu havia chorado.

- Me dê o que tiver de mais forte.

A garota que eu descobri se chamar Erika, pelo seu crachá, deposita um copo quadrado na minha frente e enche até a metade com um líquido amarelado que não faço questão de saber o que é.
Quando faz menção de levar a garrafa de volta, eu a seguro antes de beber o conteúdo do meu copo que desce queimando minha garganta.

- Deixe a garrafa aqui, por favor.

- Coração machucado, ãh? A primeira é por conta da casa.

- Coração, mente, carne, ossos... tudo está destruído aqui dentro. - murmuro baixinho, mas Erika, que já atendia outros clientes na outra extremidade do balcão, não podia me ouvir.

Encho o copo mais uma vez e bebo novamente em um só gole, talvez a bebida pudesse curar um pouco tudo isso.

ou não.


Como o meu coração deveria bater?
Como vou fazer isso passar?
Como o meu coração deveria bater?
Sem você?

(Without You - One Two)

•••

oi pessoas, como que cês tão? espero que bem.

uau, que merda tudo isso que aconteceu com o menino Rog :( vcs acham que o que a mãe dele fez foi certo?

prestaram atenção no que ela disse sobre eles terem sido perseguidos? hmmm

não tenho mais nada a dizer 😌

até a próxima
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ps: eu leio uma saga aqui no wattpad chama A Resistência (indico mt) e em cada final de capítulo a autora coloca um trechinho da música de mídia que tenha a ver. decidi me inspirar e fazer parecido aqui. ❤️

FIRST | maylorHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin