Capítulo 2

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A pá estava presente nas minhas mãos enquanto era obrigada a escavar covas no descampado. A rigorosa chuva batia nas minhas costas, assim como nas de mais pessoas que faziam outros tipos de trabalhos.

Tinha medo de ficar seriamente doente, uma vez que a medicina daqui é quase inexistente.

Richard estava do meu lado esquerdo, a fazer o mesmo trabalho que eu, a força e a fúria com que a sua pá se enterrava e atirava a terra era exagerada, ele parecia furioso com alguma coisa.

"Então, Richard," Começo, tentando atiçá-lo. "Como foi a tua primeira experiência quase-morte?" Solto uma gargalhada cínica, cheia de sarcasmo.

Ele atira a sua pá para o chão e caminha duramente na minha direção. Sem ter qualquer primeira reação, sinto a sua mão passar para o meu pescoço. Os seus olhos chispavam lume incandescente.

"Não tenho paciência para as tuas merdas, Ava!" A sua voz venenosa sussurra violentamente.

Solto mais uma gargalhada, afastando a sua mão da minha pele. Os nossos olhos intersetavam-se de uma forma interessante e doentia, como se os nossos pensamentos se pudessem comunicar por neurotransmissores.

"O que tens em mente?" Inquiro desta vez mais séria. "Em relação ao novato." Adiciono.

O seu olhar tornou-se interrogativo e a sua mão foi de encontro ao seu queixo, esfregando o mesmo.

"Não tens estatura para grandes coisas." Richard tenta constatar.

"Sou a mulher mais perigosa deste país, deve haver alguma coisa que eu possa fazer." Falo naturalmente, os nossos olhos permaneciam em constante contacto.

"Nunca me disseste o que fizeste para vires cá parar." A sua questão indireta faz-me bufar e revirar os olhos.

"Isso não é do teu interesse," Corto imediatamente a sua pitada de curiosidade. "Estás a perder uma boa oportunidade de ajuda, mas o problema vai ser teu quando ele te espetar uma faca no meio do teu olho azul." Sorrio, pegando novamente na minha pá para continuar o meu árduo trabalho.

"Tudo bem," Ele pondera o meu apelo. "Amanhã no refeitório digo-te o que tenho em mente." O seu robusto corpo dá meia volta, regressando à sua cova.

Após, aproximadamente, três horas a fazer o mesmo trabalho, somos chamados para dentro. Os meus pulsos são apanhados e sou levada para a minha cela. Antes que fosse empurrada lá para dentro, o guarda faz questão de me informar sobre alguma coisa.

"O nosso estabelecimento está lotado, não há mais nenhum local onde colocar o novo detento. Vais ter um colega de quarto, já viste que sorte?" A ironia e sarcasmo estão presentes na sua voz e olhar.

"O quê? Mas e se ele me matar?" Franzo as sobrancelhas.

"Vais morrer aqui de qualquer das maneiras, de certeza que sabes desenvencilhar-te." O objeto prateado é retirado dos meus pulsos e sou, finalmente, empurrada para dentro fazendo-me cambalear.

A iluminação na minha cela era fraquíssima, eu optava sempre por manter a lâmpada apagada, uma vez que me enervava a maneira como ela piscava sem cessar. Mas desta vez, necessitava dela para encarar o novo criminoso.

Assim que o fiz, o meu coração deu um salto ao ver os olhos verdes. Ele estava de pé no meio da cela, de forma assustadora. As suas mãos caiam ao lado do seu corpo em dois perfeitos punhos.

Tentei de forma descontraída ignorá-lo, mas era impossível visto que o seu olhar perseguia-me.

"Posso dormir um bocado ou vais tentar matar-me?" Resmungo enquanto me deito no sujo colchão que há no chão.

Ele parece acordar do seu psicótico transe e move-se para um canto, arrastando as suas costas pela parede de cimento. O seu comportamento é semelhante a de um louco mental que já cá está há mais de vinte anos.

Suspiro e tento fechar os olhos, apreciando o pequeno momento de descanso que posso ter.

"Harry Styles." A voz rouca foi projetada de uma esquina da cela à outra, fazendo-me levantar ligeiramente o corpo.

"Desculpa?" Levanto uma sobrancelha perante a sua estranha afirmação.

"É esse quem eu sou." Esclareceu, pousando a sua cabeça em cima dos seus joelhos.

Lembro-me agora que há aproximadamente oito horas atrás lhe tivera perguntado quem ele era no refeitório. O intrigante e arrepiante foi o facto de ele se lembrar, apenas agora, desta questão retórica posta por mim.

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Espero que estejam a gostar do rumo da história, porque eu estou a amar por enquanto :D

Digam-me o que acharam deste capítulo, e obrigada pelos comentários do capítulo anterior :3

LY ♡

Death Row || h.sWhere stories live. Discover now