Capítulo 10 - Conte a verdade

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— Você contou sobre as drogas? — indago pulando os dois degraus para fora do colégio.

— Contei — diz passando uma das mãos entre os cabelos. — Contei sobre tudo.

— Então, provavelmente, agora eu sou o problema — alego.

— Ah, você está falando do que aconteceu com o senhor Turner, certo?

Assinto, respirando fundo. Sentia que havia me enfiado em uma encrenca gigantesca.

— O diretor nos acusou de tentativa de homicídio — pronuncio, fazendo Arthur arregalar os olhos.

— Por que ele acharia isso?

— Porque é um idiota — balbucio com irritação. — Ele convocou nossos pais. A Susie vai querer me matar e o Carlos vai ter um ataque do coração quando souber que a filha dele está sendo acusada por tentativa de assassinato.

— Isso não vai acontecer, relaxa — garantiu com a voz tranquila. — Eles conhecem você, sabem que você seria incapaz de matar uma mosca.

Ele ri enquanto reviro os olhos.

— Não mataria uma mosca, mas não me importaria de matar o mala do meu irmão postiço.

Arthur gargalha me abraçando pelos ombros.

— Também te amo, maninha.

— Ridículo.

Foi difícil conseguir dormir naquela noite

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Foi difícil conseguir dormir naquela noite. Não deu tempo de participar da aula de música e acabei não comparecendo ao meu ensaio com o Ethan. Meu coração batia ligeiro quando me lembrava daqueles malditos olhos castanhos.

Me sentia como se tivesse dez anos de idade novamente, quando encarnei em uma paixonite infantil por ele, mas não demorou muito pra mim perceber que só estava confundindo as coisas. Ethan me amava – como amigo –, assim como eu o amava.

Mordo o lábio inferior enquanto encaro o teto branco do quarto.

Susie me mandou uma mensagem a algumas horas atrás, onde ela surtava enquanto digitava diversas mensagens de texto onde ela dizia que não havia criado filha assassina. Carlos pareceu levar numa boa, acho que ele acredita mais em mim do que imagino.

Me levanto, saindo do meio das cobertas que me mantinha aquecida e colocando um casaco azul por cima do pijama cheio de rostinhos de leões. É, eu sei, é um pouco infantil mas é o meu pijama favorito, ganhei de natal da minha vó no ano passado.

Me sentei em um dos bancos do campus. Não estava totalmente vazio, havia um casal em um banco um pouco afastado. Eles dois se beijavam e davam risadas altas, pareciam se divertir.

— Espero que não tenha sido expulsa e agora esteja se despedindo.

Levanto o olhar em direção a voz masculina conhecida por mim. Ethan se sentou ao meu lado. Ele vestia uma jaqueta de couro preta sobre o casaco vermelho e branco do colégio. Por um momento senti minhas bochechas corarem por estar com um pijama infantil.

Só Mais Um ClichêWhere stories live. Discover now