Capítulo 10 - Conte a verdade

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— Acho que não tem mais o que fazer.

— Nem cogitar a idéia de arrancar as bolas daquele homem com o alicate?

A encaro surpresa, mas por fim acabo rindo. Hilary ri também.

— Havia me esquecido como era isso — ela revelou quando chegamos aos corredores.

Ergo as sobrancelhas.

— Isso o que?

— Ter amigos — ela sorri. — Tenho o Ethan, mas não é a mesma coisa.

— Pensei que você fosse do tipo popular — confesso fazendo uma careta. —, e mimada.

Ela ri.

— Ah, sim — ela joga uma das mãos para cima. — Você não deve ser a única.

— Por que não tem amigos? Você demonstra ser uma pessoa legal.

— Eu era uma idiota quando cheguei aqui — conta com pesar. — Era uma cobra ridícula. Aconteceu algumas coisas no passado das quais não gosto de lembrar, que me transformou em uma grande solitária.

— O Daniel me contou — revelo passando uma das mãos em minha testa. —, acredito que ele tenha me contado tudo.

Hilary para de andar e me encara com apreensão.

— Olha, sei que mal nos conhecemos, mas evite confiar no que o Daniel diz — alerta com a expressão séria. — Sei bem como é querer manipular as pessoas, eu mesma fiz muito isso, mas Daniel é mestre em criar mentiras que parecem ser reais — ela torce o nariz em uma careta. — Não acredite nele.

Desvio o olhar para o lado contrário do corredor e vejo Daniel encostado no armário conversando com um garoto um pouco mais baixo. Parecia ser uma conversa séria, mas quando ele olhou na minha direção e me viu o encarando ele sorriu e acenou.

— Quero saber a verdade, Hilary — enuncio voltando a caminhar ao lado dela.

— Acho que posso te contar — ela morde o lábio inferior apertando a alça da bolsa. — Mas promete que não vai me odiar? Eu juro que hoje sou uma pessoa melhor — assegurou com tensão.

— Não vou te odiar — levanto a minha mão como se fossemos fechar um acordo. — Somos amigas agora, não somos?

Ela abriu um sorriso grande.

— Somos — ela aperta a minha mão. — Amizade nascida da desgraça de uma das partes é quase uma amizade blindada.

— Acho que você tem razão.

— Claro que tenho — ela joga os cabelos loiros para trás dos ombros. — Podemos conversar amanhã? Preciso enviar uma mensagem para os meus pais pra dizer o que aconteceu.

Imagino Susie surtando quando souber que terá que vir até aqui. Ela odeia aviões tanto quanto eu.

Anuo com um aceno, me sentindo destruída depois do dia cansativo.

Hilary sorriu e acenou para mim, seguindo entre os alunos em direção aos dormitórios. Respiro fundo, me virando para o lado contrário, caminhando em direção ao campus.

— Acho que deu certo — Arthur vem até mim, caminhando ao meu lado. — Bem, pelo menos é o que eu acho. Carlos não me ameaçou de morte e isso deve ser um bom sinal.

— O que ele disse?

— Ele não disse — relatou com a testa franzida. —, mas demonstrou ter ficado decepcionado. Ele não pareceu ter ficado bravo, mas ficou triste e, confesso que preferia que ele ficasse bravo.

Só Mais Um ClichêWhere stories live. Discover now