Capítulo oito

Magsimula sa umpisa
                                    

— Preparei um almoço especial para você, meu filho — falou de forma carinhosa, se aproximando para beijar a minha face logo em seguida.

Ainda com a Júlia em meus braços, olhei para o piano de meus pais, que ficava na sala de visitas, e me aproximei. Adorava tocar e cantar para minha família e, em momentos como aquele, me recordava de quando eu era adolescente e ainda morávamos todos juntos, época em que compus minhas primeiras canções.

Coloquei a Julinha sentada ao meu lado no banco e toquei com alegria. Pude ver no rosto de todos o orgulho que sentiam de mim. Assim que terminei, minha mãe chamou para o almoço. Logo após a refeição, eu e meu irmão fomos para o quintal.

— Como andam as coisas? — perguntei, assim que sentamos em duas cadeiras velhas de balanço.

— Bem, graças a Deus. Agora, você é que me parece um pouco diferente. O que está acontecendo aqui dentro, mano? — perguntou, colocando a mão sobre o meu peito.

— Ah, cara, sinto falta de vocês, de ter alguém do lado.

— Nós também sentimos muito a sua — falou, com um sorriso terno no rosto. — Mas me conta, o que anda te angustiando tanto?

— Quero muito construir uma família pra mim, entende? Parece que sinto que chegou a hora disso. — Nossos olhares estavam conectados. — — disse a última parte em tom brincalhão em alusão à música sertaneja, fazendo meu irmão gargalhar.

— Entendo exatamente sobre o que está falando, mano. Esse momento também chegou para mim quando decidi me casar. Acho que mais cedo ou mais tarde a vontade de constituir família surge para todo mundo. — Deu um tapinha no meu braço. — Nunca mais falou com Fabiana? — Observou-me, receoso.

— Não. Está tudo acabado mesmo. Aliás, acredita que tenho andado pensando em uma moça que conheci esses dias num show? Ana. Já te falei sobre ela, lembrado? — Olhei para ele de lado, enquanto a cadeira continuava no seu balanço de vai e vem.

— Acho que me lembro. Mas o que ela tem de tão especial? — Ergueu uma sobrancelha, curioso.

— Nem eu sei te explicar, irmão, mas tem algo que me atrai nela, de uma forma estranha e boa, diferente das outras, sei lá — respondi reticente, e então sorrimos de forma cúmplice.

Ainda ficamos algum tempo ali fora balançando naquelas velhas cadeiras, sentindo o vento soprar nossas faces.

***

Depois da casa dos meus pais, fui a minha barbearia preferida. Apesar de ter usado cabelo comprido no passado, andava gostando de mantê-lo bem curto. Meu cabeleireiro era o mesmo há muitos anos e nos tornamos amigos.

— Oi, Greg! Vim dar um trato no visual — disse ao entrar, me divertindo por estar ali e revê-lo.

Assim que olhei em volta, percebi que o salão estava diferente, com uma decoração bonita e elegante. A parede do fundo havia sido pintada num tom de marrom, com uma textura parecendo mármore, o que chamou muito minha atenção. Também gostei bastante dos quadros novos com fotografias urbanas.

— Meu grande! Que bom tê-lo de volta. — Cumprimentou-me, com um abraço.

— Cara, isso aqui tá bonito. — Olhei ao meu redor com mais atenção.

— Então, amigão, resolvi que já era hora de mudar "o visu" do salão para algo mais moderno e aconchegante.

— Estou precisando dar uma mudada na cara do meu apartamento também. Você bem que podia me dar o contato de quem decorou o salão.

— Vou procurar e te entrego antes que vá. Agora sente-se! — Apontou a cadeira de corte. — Estava tendo uma feira de decoração aqui em São Paulo e dei umas voltas por lá, onde acabei conhecendo essa decoradora, uma garota muito bacana. Seus projetos chamaram minha atenção. Apesar de ela não ser daqui, combinamos a reforma, ela veio e planejou tudo, ficou por aqui até que estivesse pronto, muito atenciosa, o nome dela é Ana Dulmon.

Ao ouvir, meu coração disparou.

— Jura que o nome da decoradora é Ana Dulmon, Greg? — perguntei, espantado com a coincidência.

— É, sim. Por que o espanto? Você a conhece? — perguntou, e continuamos conversando enquanto ele cortava meu cabelo.

Saber que Ana tinha decorado o salão me deixou perturbado e eu não conseguia parar de pensar nela, tendo dificuldade para me concentrar ao que o meu amigo dizia.

Saí de lá e fui para casa, mas a tal garota ainda estava em meus pensamentos, então peguei meu celular e entrei no Instagram. Acabei reconhecendo lá uma foto do salão do Greg entre as postagens dela sobre seu trabalho. Sem conseguir parar de pensar na coincidência do fato, acabei adormecendo com o celular na mão, sentado em frente à TV.

Quando acordei no dia seguinte, meu primeiro pensamento foi nela.


(Deixem seus comentários. Beijos e até sexta-feira! Renata.)

Contra todas as probabilidades (DEGUSTAÇÃO)Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon